
O presidente Lula voltou a criticar, nesta terça-feira (18), o Banco Central e o presidente da instituição, Roberto Campos Neto. Segundo o petista, a única coisa desajustada no país, neste momento, é o comportamento da organização, responsável por que definir a taxa básica de juros da economia brasileira, a Selic – que deve continuar elevada, apesar do mandatário ser contrário.
“Só temos uma coisa desajustada neste país: é o comportamento do Banco Central. Essa é uma coisa desajustada. Presidente que tem lado político, que trabalha para prejudicar o país. Não tem explicação a taxa de juros estar como está“, declarou Lula, em entrevista à Rádio CBN.
“Temos situação que não necessita essa taxa de juros. Taxa proibitiva de investimento no setor produtivo. É preciso baixar a taxa de juros compatível com a inflação. Inflação está controlada. Vamos trabalhar em cima do real“, acrescentou Lula.
A influência política de Campos Neto
Ainda em relação a Campos Neto, Lula destacou que o atual presidente do BC, cujo mandato termina neste ano, sofre influência política, inclusive do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos). Lula citou uma festa que aconteceu na capital paulista.
“A quem esse rapaz é submetido? Como vai a festa em São Paulo quase assumindo candidatura a cargo no governo de SP? Cadê a autonomia dele?“, questinou.
“A festa foi do Tarcisio pra ele [Campos Neto]. Homenagem do governo de São Paulo para ele, certamente porque governador de SP acha maravilhoso taxa de juros de 10,5%. Quando ele se ‘autolança’ a um cargo. Vamos repetir o Moro? Presidente do BC está disposto a fazer o mesmo papel que Moro fez? Paladino da justiça com rabo preso“, disse.
Neste cenário, Lula declarou que deve indicar para sucessão de Campos Neto uma pessoa que tenha “compromisso com o crescimento do país“.
Redução de gastos
O mandatário foi questionado também sobre o possível corte de gastos do governo. De acordo com ele, o governo deve encaminhar uma proposta de Orçamento ao Congresso.
Lula não deu detalhes sobre redução de despesas, mas ponderou que nenhuma medida de contenção de gastos “é descartável“.
“Nada é descartável. Eu sou um político muito pragmático. A hora que mostrarem provas que as coisas estão erradas, a gente vai mudar”, completou.
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Lua mente de novo.
Não, o presidente do BC não é “a única desajustada”.
Ao contrário, ele age exatamente como se espera.
A coisa desajustada é Lula e o PT, esse governo covarde e frouxo, sem a menor coragem de enfrentar os temas polêmicos necessários.
A discussão mais importante a ser feita neste momento é o porquê no Brasil essas reuniões do COPOM causam o efeito que causam. Não é somente o que defende quem ocupa a presidência do BCB , mas a execução das atribuições do Banco Central. O interesse na função da política monetária e dos juros não são restritas ao setor financeiro,, mas dizem respeito a toda a sociedade brasileira. Diante de qualquer especulação de inflação é requisitado o aumento da taxa de juros. E evidentemente que a economia de um País não é só isso. Todo o desenvolvimento do Brasil está submetido ao bom funcionamento da economia. Não existe futuro para uma sociedade incapaz de conduzir o próprio progresso e desenvolvimento. A simples decisão na última reunião do COPOM de baixar ro ritmo de redução na taxa de juros foi suficiente para o mercado entender que o BCB não tem o controle na mão. Se cedeu nisso sem maiores razões, pode ceder a qualquer pressão. Autônomo, independente, o BCB é uma instituição de Estado e tudo o que é emitido por ele só possui valor por causa da declaração REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL. O mercado financeiro é apenas uma parte interessada.
Lula, mesmo com alguns defeitos novos, não pode exercer e muito menos fazer deste mandato, que pode ser o último no cargo de presidente, um mandato de efeito borracha, ou seja, que apague o visível destaque positivo de seus mandatos anteriores e que tanto enriquece a galeria presidencial da nossa histórica República Federativa do Brasil.
Todas as suas vitórias nas eleições presidenciais, sem nenhuma sombra de dúvidas, lhe foram concedidas pela confiança em suas promessas de campanha e pelo desejo de que ele não se deixasse aprisionar pelo sistema perdulário, golpista e elitista, que faz barbaridades para não largar o osso da ganância e das tenebrosas e espúrias transações.
Essa página sombria e marginal que o sistema mandatário escreve, cada vez mais arrasa o nosso país, as nossas riquezas, o nosso combalido meio ambiente, a nossa soberania e não satisfeito tenta fazer da imensa população não eletizada, a sua eterna escrava e prisioneira.
O eleitorado de Lula, ainda que preocupado com o cerco que tentam fechar contra ele, prefere vê-lo encarando, lutando, revidando e mantendo acesa a chama da oposição contra os golpistas, os vendidos, os traidores, os elitistas e toda forma de traição a nação, do que vê-lo mendigando e fazendo um papel indigno e ultrajante, para um líder e representante do povo trabalhador e cumpridor da lei e da ordem.
A luta e a determinação, ainda que sem a vitória merecedora, certamente manterá acesa a chama da indignação para clarear os caminhos dos nossos futuros e modernos abolicionistas.
Todos sabiam que RCN faria isso. Surpresa zero. A surpresa é Lula não ter imaginado um plano B pra lidar com isso. Não posso crer que Lula tenha acreditado que Haddad iria, com sua racionalidade uspiana, converter RCN. Na distribuição da fila da malandragem, Haddad passou longe. Poderia ter 1 por cento da malandragem do Roberto Campos, o avô. Se tivesse, Haddad não teria adotado o caminho do arcabouço fiscal – que só funciona, basicamente, se nossa elite se dispor a cortar parte de seus privilégios. Não duvido que Haddad não tenha ficado surpreso ao ouvir um não vindo dos 17 setores desonerados da folha de pagamento até a previdência militar, que paga pensão pra filha ‘virgem’ e pra família de militar expulso das FFAA. O arcabouço fiscal perdeu o encanto e agora é calabouço fiscal. E por causa disso Haddad já está dando ouvidos ao canto da sereia de desvincular o salário mínimo dos benefícios da previdência e acabar com o piso obrigatório da educação e saúde ( duas bandeiras de Paulo Guedes ). A opção menos inviável é, como martela o Nassif, Lula abraçar um projeto de produção e se jogar nele de corpo e alma – como JK fez pra mostrar que o Brasil tinha que ser um país industrial – e não apenas agrícola, como pregava a elite da época. Dois anos jogados fora por um erro de cálculo que é inadmissível em uma figura política como Lula.