Lula fará expedição pelo país para conter o avanço da extrema-direita

Camila Bezerra
Jornalista

Em coletiva de imprensa, presidente defendeu ainda o desempenho de Haddad e Galípolo e anunciou novo programa de crédito

Crédito: Ricardo Stuckert/ PR

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) participou, nesta quinta-feira (30), de uma coletiva de imprensa em que afirmou que irá retomar as viagens pelo país, a fim de conversar com a população.

Apesar de dizer não se importar com as pesquisas de popularidade, que pela primeira vez apontaram que a maioria dos entrevistados está insatisfeita com a gestão petista (49%), Lula garantiu que o maior contato com o povo é uma forma de combater o avanço da extrema-direita no Brasil. 

“A democracia, na verdade, será a grande derrotada se a gente permitir o crescimento da extrema-direita no mundo inteiro, como está acontecendo, se a gente permitir a vitória da fake news, como está acontecendo,  e se a gente permitir a mentira, sabe, vitoriosa, sabe, ganhando da verdade. Então este ano é um ano que eu vou me dedicar muito, mas muito, pode ter certeza que eu estou 100% pronto para começar a viajar ao Brasil, para começar a percorrer os estados brasileiros,  para começar a visitar a sociedade brasileira, estabelecer uma conversa muito verdadeira, para que a hora da verdade, sabe, possa dizer para o país como é que nós estamos”, ressaltou o chefe de Estado. 

Lula garantiu ainda que terá encontros mais frequentes com os jornalistas, a fim de responder todos os questionamentos que souber, a fim de evitar ruídos e exaltar as conquistas do governo.

“Vocês estão lembrados que eu estava em Hiroshima, em janeiro de 2023, por ocasião do G7, quando o FM disse que o Brasil só ia crescer 0,8%. E eu disse para ela, olha, você não conhece o Brasil, você não conhece o tipo de governo que nós fazemos, e você vai perceber que o Brasil vai crescer muito mais. E aconteceu que o Brasil cresceu 3,2%”, continuou o presidente.

O chefe de Estado lembrou ainda a retomada da indústria nos últimos anos. “É esse Brasil que nós vamos discutir com o povo brasileiro em 2025, nas ruas desse país. Eu digo sempre o seguinte, eu digo sempre que quem quiser derrotar a política do meu governo vai ter que aprender a fazer luta de rua, porque é mais fácil ficar na internet mentindo. Agora, é muito difícil ter coragem de ir para a rua, conversar com o povo e discutir com o povo as coisas que estão acontecendo no país.”

Economia

Questionado sobre o aumento da taxa Selic, estipulado pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central na última quarta-feira (29), Lula ressaltou a competência técnica do presidente da autarquia, Gabriel Galípolo, e também a autonomia para a definição da taxa básica de juros.

“Tenho 100% de confiança no trabalho do presidente do Banco Central e eu tenho certeza que ele vai criar as condições para entregar ao povo brasileiro uma taxa de juros menor, no tempo em que a política permitir que ele faça”, opinou o presidente da República.

Lula também defendeu a atuação do ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), após críticas de Gilberto Kassab, presidente do PSD. Em entrevista, Kassab afirmou que Haddad seria fraco. Lula, porém, reafirmou o mérito do ministro da Fazenda ao conquistar a aprovação da reforma tributária. 

Uma medida que será anunciada nos próximos dias é o acordo entre governo e bancos, que criaram o crédito consignado para o setor privado. “Parecia uma coisa impossível, estávamos há 6 meses discutindo. Ontem chegamos a um acordo que é possível fazer sem prejudicar nada. Vai ser o maior programa de crédito da história desse país.”

Reajustes

A gasolina e o diesel ficarão mais caros a partir de fevereiro, tendo em vista o reajuste do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços (ICMS). Questionado sobre a autorização para tal aumento, Lula negou envolvimento no assunto. 

“Eu não autorizei aumento do diesel, porque desde o meu primeiro mandato que eu aprendi que quem autoriza o aumento do petróleo, do derivado de petróleo, é a Petrobras e não é o presidente da República”, garantiu o presidente. 

Já em relação à inflação dos alimentos, Lula disse que o aumento dos alimentos que compõem a cesta básica atinge diretamente os trabalhadores e brasileiros mais humildes, justamente aqueles que o governo quer proteger. 

“Não tem sentido fazer um sacrifício enorme, de fazer políticas públicas para fazer com que o dinheiro chegue na conta e depois esse dinheiro será comido pela inflação. Não tomarei nenhuma medida daquelas que são bravatas. Não farei cotas, não coloquei helicóptero para viajar à fazenda e prender boi como foi feito no tempo do Plano Cruzado, não vou estabelecer nada que possa significar o surgimento de mercado paralelo”, informou o presidente.

As alternativas para a contenção e redução de preços são o estímulo ao aumento da produção de pequenos e médios agricultores, que respondem pelo mercado nacional, e financiamento para a modernização da produção de alimentos.

Questão ambiental

Lula também lamentou os recentes anúncios do presidente norte-americano Donald Trump, que prometeu deixar a Organização das Nações Unidas (ONU) e o acordo de Paris.

Agora, os esforços do presidente estarão concentrados na realização da COP30, em Belém, no Pará. 

“É isso que a gente vai fazer, porque nós temos que fazer uma luta muito grande nessa questão do clima. Não é uma coisa pequena. Se a gente não fizer uma coisa forte, essas COP vão ficar desmoralizadas, porque se aprova as medidas, fica tudo muito bonito no papel, e depois nenhum país cumpre”, emendou.

“O Trump acabou de anunciar a saída do Acordo de Paris, mas os Estados Unidos já não tinham cumprido o Acordo de Kyoto. Ou seja, os países se comprometeram a dar US$ 100 bilhões por ano para os países em desenvolvimento em Copenhague, em 2009, e até hoje não deram. Agora, a necessidade é US$ 1,3 trilhões, eu tenho certeza que eles não vão dar”, lembrou o presidente. 

“Então é preciso que a gente faça uma discussão séria, se nós queremos discutir a questão do clima com seriedade, se nós queremos fazer com que haja uma transição energética de verdade, se nós queremos mudar o nosso planeta para a gente poder sobreviver nele, e chegarmos a ter no máximo um grau e meio de caloria, ou nós vamos brincar, ou nós vamos brincar de falar na questão do clima”, afirmou o chefe de Estado.

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4 Comentários

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  1. Camila por gentileza fala para o Nassif mudar o logo do ggn para letras “alinguiçadas”ele é teimoso falei oara ele isso a anos e até agora ainda ta esse logo por acaso vc sabe se ele fez no Canva?EU FICO MUITO ASSUSTADO COM TUDO ISSO,DEVE SER COISA DE VELHACO !!!

  2. Hahahahaha…

    Nosso Joe Biden vai a guerra.

    Meu Zeus.

    O que contém a extrema direita, Joe, é distribuição de renda.

    O pobre aceita ser pobre, desde que não veja tanta diferença e tanta injustiça social.

    Com a desigualdade, que acarreta um estado seletivo, progresso para rico e ordem para o pobre, vem a frustração e o adubo dos excrementos da extrema direita.

    Meu Zeus, eu nunca pensei que Lula pudesse fazer um papel de imbecil desses.

  3. Será que Lula tomou conhecimento daquela tese de que o neoliberalismo na economia e promessas não cumpridas de avanços sociais feitas por governos – inclusos os ditos de esquerda – facilitam a emergência e o sucesso de políticos de extrema-direita?

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