Mamadeira erótica: Globo leva 3 anos para desmentir fake news contra o PT na eleição de 2018

Com três anos de atraso, PT foi procurado pelo jornal para se manifestar sobre uma das maiores fake news disseminadas em 2018

O jornal O Globo levou mais de três anos para publicar uma matéria desmentindo a fake news criada em favor da campanha de Jair Bolsonaro em 2018, acusando os governos do PT de distribuir “mamadeiras eróticas” nas escolas públicas infantis, com o intuito de combater a homofobia.

A matéria, publicada no dia 28 de outubro de 2021, diz que agora o PT foi procurado pelo jornal para se manifestar sobre uma das maiores fake news disseminadas em 2018.

A assessoria de imprensa do partido disse me nome que o vídeo sobre a mamadeira erótica, que voltou a circular, é totalmente falso. “É mentira que governos do PT tenham produzido ou distribuído a qualquer tempo qualquer material que pudesse ser chamado de ‘kit gay’. É falso e criminoso todo conteúdo associado a esse tema nas redes sociais.”

No vídeo falso, um homem diz: “Olha aqui ó, vocês que votam no PT. Essa aqui é a mamadeira distribuída na creche”, diz o homem, no vídeo. “Distribuída na creche para seu filho, com a desculpa de combater a homofobia. Olha o bico como é, ó. Tá vendo? O PT e o Haddad pregam isso para o seu filho (…) Isso faz parte do ‘kit gay’. Invenção de Haddad.”

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O site do PT e o Ministério da Educação desmentiram a publicação à época, assim como uma agência de checagem – o Projeto Comprova – também fez uma matéria informando que a mamadeira erótica era uma fake news. Isso ocorreu em setembro de 2018, em meio à eleição presidencial.

ATRASO COINCIDE COM DECISÃO DO TSE SOBRE FAKE NEWS NAS ELEIÇÕES

Chamada da reportagem de O Globo, em 28 de outubro de 2021, desmentindo uma das maiores fake news da eleição de 2018, sobre o PT ter distribuído mamadeiras eróticas nas escolas públicas. Retratação foi feita com 3 anos de atraso

O desmentido atrasado do jornal O Globo coincide com o julgamento da chapa vencedora da eleição de 2018. Jair Bolsonaro e Hamilton Mourão tiveram o registro questionado em duas ações movidas pelo PT e partidos coligados na última corrida presidencial. A oposição ao atual governo acusou uso indevido dos meios de comunicação e abuso de poder econômico, incluindo o disparo em massa de fake news pelo WhatsApp.

Conforme o GGN explicou nesta matéria aqui, o Tribunal Superior Eleitoral reconheceu que Bolsonaro foi beneficiado por disparos em massa de maneira “indevida”, mas se recusou a cassar o mandato do ex-militar alegando que a Coligação Povo Feliz de Novo não provou o teor das mensagens disparadas, o alcance, seu financiamento, impacto sobre eleitorado e grau de ligação do crime com a campanha oficial de Bolsonaro-Mourão.

Por 7 votos a 0, o TSE manteve o registro da chapa que venceu a eleição de 2018 na base das fake news, mas advertiu que, a partir de 2022, o uso desse método rasteiro não será mais tolerado.

“Nós já sabemos como são os mecanismos, nós já sabemos agora quais provas rápidas [podem ser obtidas], em quanto tempo e como devem ser obtidas e não vamos admitir que essas milícias digitais tentem novamente desestabilizar as eleições, as instituições democráticas a partir de financiamentos espúrios não declarados, a partir de interesses econômicos também não declarados e que estão também sendo investigados”, asseverou o ministro Alexandre de Moraes, que deve presidir o TSE durante o pleito de 2022.

Leia também:

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Redação

2 Comentários

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  1. Leniência do TSE!

    Na gestão do Fux, antes do processo eleitoral de 2018, foi constituído um grupo de estudo pelo TSE para analisar o uso das redes nas eleições. O trabalho foi concluído mas decretaram sigilo no relatório.

    Aposto que já tinham conhecimento dos trambiques que os fascistas usaram depois. Certamente os pacotes já estavam à venda no mercado e duvido que alguma denúncia não tenha chegado ao TSE. Provavelmente foi o que motivou a constituição da tal comissão.

    É preciso exigir a derrubada do sigilo daquele relatório para sabermos até que ponto o TSE pode ter sido corresponsável pela eleição fraudulenta.

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