Enquanto o Brasil suporta uma ministra da Mulher que alimenta guerrilhas ideológicas contra todas as conquistas histórias das mulheres, a Argentina ostenta na figura de Elizabeth Gómez Alcorta o que se espera de uma líder que se propõe a combater o machismo enraizado na sociedade.
Nesta quarta (2), Elizabeth é destaque no Clarín, um dos maiores jornais argentinos, por fazer um discurso exemplar perante um caso de estupro coletivo que aconteceu em Palermo Soho, bairro de Buenos Aires, quando 6 homens com idades entre 20 e 24 homens vitimaram um jovem dentro de um carro.
Ao contrário do que muitos formadores de opinião pública e políticos afirmam há décadas, Elizabeth deixou claro que os envolvidos no estupro não são “monstros”, eliminando a ideia de excepcionalidade em sua conduta.
Para a ministra, a população precisa admitir que são homens comuns, socializados nesta sociedade, uma sociedade que precisa perceber que é parte do problema pois cultiva uma cultura do estupro.
“Não se trata de acontecimentos isolados, nem de acontecimentos ligados a homens com um problema particular. (…) Eles não são monstros, são homens socializados nesta sociedade. Isso implica que todos nós temos que nos comprometer”.
“Assim como aprendemos a nos cuidar e a saber quais são os riscos, os homens também aprendem certas práticas: a prática de que nossos corpos, nossas vidas, não têm valor”, disse a ministra em declarações à TV Pública.
Elizabeth ainda criticou a “lógica corporativa” entre os homens, “onde talvez um homem possa sentir que está errado, mas é difícil dizê-lo e sair do corporativo, da irmandade: é assim que ele é socializado.”
“O que falta é mudar a matriz da sociedade”, afirmou, defendendo mais políticas públicas e investimentos para que o País “desaprenda séculos de violência”.
O estupro coletivo ocorreu na tarde segunda-feira. Os seis jovens estavam em um Volkswagen Gol estacionado ao lado da calçada. De acordo com os vizinhos, do lado de fora do carro ficaram dois deles atuando como vigias”, enquanto outros quatro abusavam sexualmente de uma jovem de 20 anos. Todos foram presos e acusados de abuso sexual.
Com informações do Clarín
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