O cheiro de operação política na Lava Jato contra Cid Gomes e Camilo Santana

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Lava Jato faz operação que ataca a imagem de Cid Gomes (PDT) e Camilo Santana (PT) em meio ao calendário eleitoral de 2020, sendo que a delação que sustenta a investigação tem 3 anos e meio

Jornal GGN – A grande mídia ajuda a Lava Jato a bater bumbo nesta sexta-feira (16) para uma operação da Polícia Federal contra o “grupo de Cid Gomes no Ceará por caixa 2”, segundo a manchete de O Globo. Na verdade, o que o Ministério Público Federal criminaliza, ancorado em delação premiada, são doações oficiais.

Na matéria publicada às 11:27, o leitor vê que Cid Gomes (PDT) ganha todos os louros pela suposta corrupção, mas a batida policial passou longe da casa dele.

A fase ostensiva da investigação mirou empresas que trabalharam para a campanha do governador Camilo Santana (PT) em 2014, e à reeleição de Cid em 2010. Santana também não sofreu busca e apreensão hoje.

De acordo com as informações iniciais, o que a PF procura são provas de que empresas de marketing eleitoral receberam recursos nas duas campanhas por meio de contratos fictícios, custeados pela J&F.

Sim, a denúncia contra o “grupo político de Cid” foi montada em cima da delação premiada de Joesley e Wesley Batista, donos da holding.

A imprensa tomou conhecimento da delação em maio de 2017. Aqui a primeira dúvida: por que Lava Jato demorou 3 anos e meio para buscar provas independentes? O timing também é curioso. Age em meio ao calendário eleitoral de 2020, quando a família Gomes testa o poder de fogo na Prefeitura de Fortaleza.

Neste ínterim, entre a delação e a ação policial, a Justiça autorizou a quebra de sigilo fiscal e bancário de Cid Gomes e Camilo Santana. Analisaram as contas de ambos por 1 ano e meio. Nenhuma irregularidade foi encontrada ou vazada até agora. Mas são eles os alvos de questionamentos perante a opinião pública e publicada hoje.

Se é lawfare ou não a nova operação da Lava Jato, a conferir. Mas que ajuda a mudar a pauta logo depois que um senador aliado de Jair Bolsonaro foi flagrado com R$ 33 mil na cueca, ajuda.

A DENÚNCIA

A Lava Jato acredita, a partir da delação dos Batista, que o “grupo de Cid Gomes” recebeu R$ 25 milhões em propinas disfarçadas de doação eleitoral.

Em 2010 o então secretário da Casa Civil do Ceará, Arialdo Pinho, teria pedido R$ 4,5 milhões para a reeleição de Cid. “R$ 3,5 milhões [teriam sido pagos] por meio de notas frias, e R$ 1 milhão por meio de doação oficial.” Em troca, o governo teria liberado alguns créditos que empresa da holding tinha a receber no Estado.

Em 2014 o próprio Cid teria pedido R$ 20 milhões para a campanha de Camilo Santana, ao que Wesley Batista respondeu que era difícil contribuir sendo que havia R$ 110 milhões em créditos de ICMS acumulados a receber.

O então deputado federal Antônio Balhmann teria prometido liberar os créditos. A grande mídia não deixa claro se a contrapartida foi executada ou não, nem como e quando. Há dois anos e meio, Cid disse à imprensa que não há lógica nem cronologia na denúncia dos Batista.

Dos R$ 20 milhões doados, “R$ 10,2 milhões [saíram] por via oficial para vários candidatos do Ceará, e R$ 9,8 milhões por meio meio de notas fiscais frias.”

Cid Gomes e Camilo negam irregularidades.

A Lava Jato divulgou a setores da imprensa o número de 17 mandatos de busca em três capitais (Fortaleza, São Paulo e Salvador). Até o fechamento desta publicação, o nome das pessoas jurídicas e físicas envolvidas na ação desta quinta (16) era desconhecido.

A DELAÇÃO DOS BATISTA

Vale lembrar: a delação da J&F foi considerada imprestável pela própria Procuradoria-Geral da República sob Rodrigo Janot, além de ter sido maculada pela participação do então procurador Marcelo Miller. O Supremo Tribunal Federal julga se os benefícios concedidos aos irmãos serão anulados.

Joesley foi autor de histórias esdrúxulas, como a conta bancária no exterior “para Lula e Dilma Rousseff” – sendo que o empresário era o único com acesso ao fundo, usado inclusive para bancar seus luxos e despesas pessoais em Nova York.

PDT EM FORTALEZA

O candidato do PDT na disputa pela Prefeitura de Fortaleza está em terceiro lugar, e a estratégia para aumentar a intenção de voto em José Sarto é justamente ligá-lo aos feitos da família Gomes no Ceará. Lideram a disputa o capitão Wagner (PROS) e a petista Luizianne Lins.

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

3 Comentários

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  1. Ciro sempre gritando a culpabilidade do Presidente Lula amparado neste tipo de justiça!
    No teu quintal não será diferente! Lembra daquele que nunca reclamou quando pegavam os vizinho que eram, mas ele não era, etc.?

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