O pior do Brasil não é o analfabeto político, é a mídia que manipula, diz Cynara Menezes

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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"Um jornal se dizer plural é enganação. O que existe é imprensa plural e, infelizmente, no Brasil, não temos uma imprensa plural", diz a jornalista do blog Socialista Morena

A jornalista Cynara Menezes, do blog Socialista Morena, em entrevista ao canal TV GGN.

Quando o assunto é democracia e eleições, o “pior do Brasil” não é o “analfabeto político”, mas sim a mídia de massa que manipula informação e mente para formar uma opinião pública enviesada, que atenda aos interesses dos donos dos grandes meios de comunicação. É o que avalia a jornalista Cynara Menezes, do blog Socialista Morena, em entrevista para o programa Cai Na Roda, da TV GGN.

No bate-papo com a redação, Cynara falou de sua trajetória pela Folha de S. Paulo e Veja, entre outros veículos da mídia corporativa, e de como o machismo na política e episódios de assédio cruzaram seu caminho. Ela também elogiou a estratégia de Lula em não entrar em divididas que envolvam as chamadas “pautas identitárias”, evitando assuntos em que o bolsonarismo nada de braçada.

Além de questionar as pesquisas eleitorais e comentar a possível chapa de Lula com Geraldo Alckmin, Cynara falou de como era ser uma mulher de esquerda dentro da imprensa comercial, entre outros tópicos.

Cynara também respondeu às perguntas dos inscritos no canal do GGN no Youtube (inscreva-se gratuitamente aqui e acompanhe a programação do canal). Uma delas foi sobre o chamado “analfabeto político”, apontado por um seguidor da TV GGN como o responsável por eleger figuras como Jair Bolsonaro.

“O pior do Brasil é a mídia manipuladora das pessoas”, disse Cynara. “Qual a moral que um grande jornal tem para cobrar o bolsonarismo por fake news, se eles mentem? Porque um jornal como o Estadão todo domingo dizer que Lula é igual Bolsonaro, é mentira. Comparar Lula a Bolsonaro, dizer que Lula é uma ameaça à democracia brasileira, é fake news. Eles estão no mesmo nível do Alan dos Santos [do blog Terça Livre]. São eles [grandes jornais] que causam essa lavagem cerebral na cabeça das pessoas que têm menos conhecimento de política.”

Cynara lembrou que no Brasil existe um certo preconceito de origem e de classe social que sempre se destaca em anos eleitorais. Geralmente, a população Nordestina é acusada de não saber votar por ser a região que, historicamente, mais deposita sufrágios no PT. Mas estaria na mídia de massa a face mais “nefasta” da criação do sentimento antipetista (que precede o bolsonarismo) na sociedade brasileira.

Para Cynara, é lamentável que desde o fim da ditadura o campo progressista, em termos jornalísticos, não tenha conseguido se reposicionar. Hoje, a Folha de S. Paulo tenta construir uma imagem de jornal defensor da democracia e mais plural entre os concorrentes, mas artigos como o que defendeu “racismo reverso” mostram que essa pluralidade de ideias é falsa.

“Um jornal se dizer plural é enganação. O que existe é imprensa plural e, infelizmente, no Brasil, não temos uma imprensa plural”, cravou Cynara.

SOBRE O CAI NA RODA. O programa Cai Na Roda é um semanal de entrevistas feito exclusivamente pelas mulheres da redação GGN. No centro da conversa está sempre uma mulher que traz informações ou reflexões sobre os assuntos de interesse nacional. Lançamento em meio a pandemia de Covid-19, o programa já conta mais mais de 80 entrevistas com mulheres que se destacam na política, ciência, direitos humanos, cultura, entre outros setores. Confira a playlist aqui.

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

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