Paulo Guedes é vira-lata e continuará no governo mesmo com debandadas, diz Nassif

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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"O mercado sabe há meses que Guedes é um blefe total. O poder dele é acenar com o negócio das privatizações". Assista ao vídeo

O ministro da Economia do governo Bolsonaro, Paulo Guedes
Foto: Marcos Corrêa/PR

A debandada da equipe econômica em meio as discussões controversas sobre a criação de uma bolsa no valor de R$ 400 para famílias pobres em ano eleitoral, e no mesmo dia em que a Câmara dos Deputados aprovou um limite ao pagamento de precatórios e mudanças que, na prática, furam a lei do Teto de Gastos, não deve mudar muita coisa para Paulo Guedes.

Na visão do jornalista Luis Nassif, do GGN, Guedes é uma “vira-lata” que, mesmo desmoralizado junto ao mercado, vai continuar arrumando desculpas para permanecer no governo de Jair Bolsonaro, ainda que novas demissões coletivas aconteçam.

Nassif, observou, contudo, que Guedes sempre usou o Teto de Gastos para emplacar suas ideologias junto ao governo. A se ver o que fará com a vontade indomável da ala política do governo, que quer estourar o Teto para emplacar projetos com o intuito de alavancar a popularidade do presidente.

“Guedes, para manter poder dentro do governo, transformou a Lei de Teto em tabu. Se a Lei se mantém, e o orçamento fica curto, ele fica com armas para fazer o que ele fez: cortar salário do funcionalismo, vender estatais, controlar o orçamento, cortar da saúde e educação. [A Lei do Teto] foi o poder de chantagem dele sobre o governo”, comentou Nassif.

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“O MERCADO SABE QUE PAULO GUEDES É UM BLEFE”

Ainda de acordo com o Nassif, apesar do terremoto no mercado financeiro com o anúncio da debandada, a tendência é que a questão seja esquecida com o tempo. “O mercado sabe há meses que Guedes é um blefe total. Qual é o poder do Guedes? O negócio das privatizações”, apontou, lembrando que o ministro da Economia acena, agora, com a privatização da Petrobras.

A questão central, de acordo Nassif, é que a elite financeira do País, sem visão de projeto nacional, surfa em qualquer onda. “A elite brasileira tem um espírito mercantil. Qualquer negócio é negócio. Para os profissionais, crise é momento de ganho também. Ganham em cima da queda e alta do dólar. Então ficam com esse jogo [com Guedes], mesmo sabendo que vai levar ao aprofundamento da crise.”

Ainda na visão de Nassif, “Guedes vai se enfraquecendo”. Com a saída de quatro secretários do Ministério da Economia, ligados ao Orçamento e Tesouro Nacional, “vem o pessoal político que passará a controlar o orçamento. Já tiram dinheiro da Ciência e Tecnologia para entregar ao orçamento secreto – que é a maior corrupção da história – e tudo vai sendo desmanchado.”

Nassif fez comentários sobre a demandada da equipe econômica em live na TVGGN com o linguista Gustavo Conde, do Canal do Conde. Eles também conversaram sobre como o relatório da CPI enquadra o clã Bolsonaro e a retirada do crime de genocídio indígena do texto final. Apesar disso, na visão do Nassif, a família presidencial poderá ser julgada em cortes nacionais e internacionais.

Leia mais:

1 – Offshore de Guedes e a lógica da lavagem de dinheiro no Brasil

2 – IPCA comprova: nunca houve Ministro como Paulo Guedes, por Luis Nassif

3 – O incrível terraplanismo econômico da Lei do Teto, por Luis Nassif

2 Comentários

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  1. “O Mercado sabe há meses…” Que merda de Mercado é esse. Vamos especificar. O próprio Nassif já desceu a lenha nesse tal de Mercado, a começar por se dar nome ao que ninguém sabe direito o que é.

  2. É um blefe, mas não para o mercado. É um blefe para aqueles que votaram em Bolsonaro acreditando que o “posto ypiranga” iria trabalhar para aumentar o poder de compra do salário, para gerar empregos, para adotar políticas de fortalecimento do capital produtivo, para melhorar a vida do povo, etc.,etc.,etc.
    Para o Mercado – essa merda de nome que oculta o binômio Bancos/Corporações – tanto faz se ele é um blefe ou não, basta que siga sendo o que é, ou seja, um infiltrado dele mesmo, Mercado, para garantir o seguimento da política econômica que o beneficia, e que vem, em seus moldes atuais, desde FHC, e ganhou o salvo-conduto da “Carta aos Brasileiros” – alguém aí se lembra dessa desgraça? – que a manteve praticamente incólume ao longo do período Lula-Dilma, e voltou a ser entronizada desde Joaquim Lévy, com a sequência natural de Temer e Bolsonaro.
    Ao Mercado – leia-se Bancos/Corporações – pouco importa quem está no Planalto, como aos Rothschild pouco importava quem fazia as leis, desde que seu banco imprimisse a moeda – o que importa é que seus interesses permaneçam intocados, e a política efetiva do governo de plantão mantenha seus ganhos igualmente intocados, e não tributados, e que se criem oportunidades para abocanhar bens e serviços públicos lucrativos – único setor em que o Guedes ainda não conseguiu se mostrar 100% eficaz.
    Como tal, Guedes será, no futuro, considerado um caso de sucesso, para aqueles a quem serve: os Bancos e as Grandes Corporações – que é a merda do Mercado a que o Evandro Condé se refere.
    Para o povo, será o que os outros foram: mais um na lista daqueles que capitanearam a economia brasileira na direção da espoliação e empobrecimento da população. E quando Bolsonaro der mostras de que não terá mais utilidade, o binômio colará sua inhaca em outro. Já tem alguns: Eduardo Leite, Sérgio Moro, dentre outros.
    Até o Tiririca serve.
    Em último caso, o Mercado acenará para o próprio Lula, e uma possível nova Carta – ou bilhete aos brasileiros, fechando com um “é verdade esse bilete”, para que o emprego volte, o consumo aumente, o país cresça, e gere riqueza, e haja o que espoliar e mercadejar, para um novo golpe mediante as mesmas velhas acusações, e uma nova rodada de espoliação e mercadização da economia.
    É isso. Um remake, nada mais.

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