da Agência Pública
Saiba quem é e o que disse o policial legislativo do Senado investigado por atos golpistas
Alexandre Hilgenberg é servidor desde 1996; no dia 8 de janeiro ele pediu apoio a invasão do Congresso em suas redes
por Alice Maciel
O Policial Legislativo do Senado Federal, Alexandre Hilgenberg, que foi alvo de busca e apreensão da Polícia Federal na manhã de hoje (3/2) na investigação dos atos golpistas, pediu apoio nas redes sociais à deputada federal Bia Kicis (PL-DF) no momento em que o Congresso Nacional era invadido no dia 8 de janeiro. “Bia, vá URGENTE ao CONGRESSO… precisamos do teu apoio”, escreveu ele às 15h17, em resposta a um tuíte da deputada bolsonarista.
Lotado no departamento de Logística do Senado Federal, Hilgenberg é investigado por ter colaborado com os ataques que resultaram na invasão e depredação da sede dos três poderes. A denúncia contra ele foi enviada pela Polícia Legislativa à Procuradoria-Geral da República (PGR) na semana passada e a ação foi autorizada pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Nesta sexta-feira, durante a quarta fase da Operação Lesa Pátria, que tem o objetivo de identificar as pessoas que participaram, financiaram e fomentaram os ataques do dia 8, a Polícia Federal fez buscas na sede do Senado e na casa do agente. A ação ainda prevê o afastamento do cargo e o recolhimento das armas do policial legislativo.
Hilgenberg é servidor do Senado desde 1996 e atualmente recebe salário de R$ 22,5 mil. As investigações internas do Legislativo localizaram imagens suas comemorando a entrada dos bolsonaristas no Congresso. A Agência Pública apurou que as postagens do agente nas redes sociais também ajudaram a embasar a denúncia.
No dia seguinte aos ataques (9/1), ele pediu ao deputado federal e influenciador bolsonarista Gustavo Gayer (PL/GO) que visitasse os presos: “Deputados, Senadores façam uma força tarefa e façam uma visita aos detidos… @biakicis”, escreveu.
Quando o general Villas Boas defendeu as manifestações antidemocráticas, e os acampamentos em frente as quartéis, em publicação no 15 de novembro, Alexandre Hilgenberg escreveu: “Parabéns General! sua palavra tem grande peso no apoio em nossa luta! Brasil!”
A esposa de Alexandre, Anacleia Hilgenberg, esteve no acampamento do QG do Exército em Brasília — é o que indicam ao menos quatro postagens nas redes entre os dias 12 e 13 de dezembro. O acampamento, de acordo com Ricardo Cappelli, que atuou como Interventor Federal, serviu de centro para o planejamento dos atos antidemocráticos.
Troll bolsonarista
Além de ter compartilhado em suas redes sociais vários posts do ex-presidente Jair Bolsonaro e da deputada federal Bia Kicis ao longo do período eleitoral no ano passado, Hilgenberg também compartilhou posts atacando o então candidato, presidente Lula (PT) e atacou políticos que apoiavam o petista.
No dia 19 de outubro de 2022, por exemplo, ele compartilhou várias mensagens de cunho político em seu twitter. Uma delas trazia a frase: “o bom de Lula sair candidato é que teremos o número exato de idiotas no país”. Em outros dois posts no mesmo dia estava escrito: “eu não voto em Ladrão” e “Verás que um filho teu não foge à luta”.
Oito dias antes, Hilgenberg havia compartilhado um tuíte “Bolsonaro 22 sempre” com a mensagem: “Enquanto os ministros de Lula e Dilma se tornam presidiários. Os ministros de Bolsonaro se tornam senadores, deputados e governadores”.
O policial legislativo do Senado também já escreveu mensagens nas redes até mesmo atacando senadores. Em 28 de novembro, em resposta a uma postagem do senador Randolfe Rodrigues, ele escreveu: “Calma Randolf… se os conservadores erram, erram para aprender a acertar… diferente de vcs que erram para se profissionalizarem…”.
Sobre Pacheco, reeleito presidente do Senado, ele escreveu no ano passado referindo-se à tramitação da PEC da Transição: “Não é na cabeça… é no bolso… os clientes do pachecuzinho, que mataram centenas de mineiros afogados e soterrados na quebra das barragens, certamente vão ganhar na justiça… promessa dos ministros companheiros!!!”.
A então candidata à Câmara dos Deputados, ministra Marina Silva, também foi alvo do agente. Em 26 de outubro ela escreveu: “Pra votar no Lula não precisa ser petista, basta AMAR o Brasil” e Hilgenberg respondeu: “Caramba, teu conceito de amar precisa ser revisto… quem votaria em ladrão por amor… amor a quem? Só se for ao próprio umbigo!”.
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