Tem 100 países comemorando a fala do Lula, garante professor de política internacional

Em entrevista ao GGN, Dawisson Lopes afirma que a "crise" entre Israel e Brasil não tem a escala que tentam vender na mídia

Foto: Sergio Dutti/PSB

A principal notícia do dia foi a repercussão da declaração do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que durante viagem à Etiópia, comparou as ofensivas de Israel à Faixa de Gaza ao holocausto promovido por Adolf Hitler, além de chamar a guerra de genocídio. 

Na mídia e no meio político, a repercussão tem sido negativa, uma vez que oportunistas usaram a irritação do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, que chegou até a convocar o embaixador brasileiro para explicações, para atacar o governo federal e até para pedir um impeachment. 

Mas como o GGN mostrou nesta segunda-feira (19), a fala de Lula não só converge com as leis internacionais como espelha princípios civilizatórios previstos na constituição brasileira.

Durante o programa TVGGN 20H, o professor de política internacional da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Dawisson Belém Lopes, reafirmou a necessidade da declaração contundente do presidente, que, aliás, subiu o tom há várias semanas a fim de criticar a insistência de Netanyahu em tentar dizimar o povo palestino. [Assista a íntegra da entrevista abaixo]

Lula vem subindo o tom não é de hoje. Em termos de substância, o que ele disse ontem não difere em nada do que foi dito nas duas, três semanas anteriores. O conteúdo já estava posto. Acontece que se ele mantivesse um discurso ‘comportadinho’, ele poderia fazer mais uma centena que não geraria nem de longe o impacto que o discurso de ontem gerou“, comenta Lopes. 

Crise?

O professor está monitorando as redes sociais, comunidade acadêmica e matérias da mídia desde o último final de semana e garantiu: a repercussão negativa sobre as declarações de Lula não é global e se resume ao Brasil e Israel. A crise não tem a escala que querem fazer parecer que ela tem.”

A coragem do presidente brasileiro em nomear as atrocidades cometidas por Israel desde 7 de outubro foi um golpe certeiro para capturar a atenção das pessoas mundo afora. Tem 100 países comemorando a fala do Lula“, garante Lopes. 

No cenário global, a imagem de Netanyahu e de Israel não é positiva, não apenas entre os países da América do Sul, tendo em vista as diversas manifestações realizadas na Europa em apoio ao povo palestino. 

Até porque, enquanto o número de mortos israelenses vitimados pelo Hamas se mantém em torno de mil, o de palestinos beira os 30 mil óbitos. Israel deixou ainda mais de 68 mil pessoas feridas, impôs a restrição de recursos básicos para a população da Faixa de Gaza, como alimentos, remédios, água, energia elétrica e internet, além de mandar que a população rumasse para o sul. Cerca de 90% dos palestinos perderam suas casas. 

As tropas israelenses não pouparam sequer os hospitais. No último domingo (18), o segundo maior hospital da Faixa de Gaza deixou de funcionar, depois de um mês de ocupação dos soldados de Netanyahu. E há a expectativa de uma ofensiva contra Rafah, cidade que reúne refugiados.

E não há, até o momento, qualquer indício de que a guerra está próxima do fim, até porque membros do governo israelense já declararam, em diversas ocasiões, que o conflito só acabará junto com o Hamas e que expulsar todos os palestinos para o Egito não seria uma solução ruim, até porque os palestinos já estão acostumados a perder territórios. 

Covardia

O professor de relações internacionais afirma que o genocídio só terá fim quando houver uma intervenção resoluta dos Estados Unidos, principal aliado de Israel, e dos demais países que “mantém o cinturão de proteção” aos israelenses. 

Mas, em vez de exigir o fim das atrocidades cometidas majoritariamente contra mulheres e crianças palestinas, os Estados Unidos e alguns países da União Europeia deixaram de oferecer apoio à Faixa de Gaza. 

São esses países que agora viram as costas da forma mais covarde, inclusive tirando recursos, asfixiando financeiramente instituições que cuidam dos refugiados palestinos. A forma como o bloco ocidental sabota as instituições que eles criaram é vexatória“, conclui Dawisson Lopes.

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Camila Bezerra

Jornalista

6 Comentários

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  1. Uma correção importante que muda todo o contexto…. Lula comparou o atual governo de Israel a Hitler…. Não sei povo…. Ao que me consta a própria população de Israel tolera a extrema direita devido a guerra

  2. Já passou portanto da metade dos países reconehcidos, ressaltando que salvo desinformação, ZERO países criticando publicamente exceto, claro, Israel e a oposição e sua míRdia de um certo país da “East South America”.

  3. Lula cometeu um crime gravíssimo contra a humanidade: comparou o massacre que o governo genocida de Usrael tá perpetrando contra o indefeso povo palestino com o que os Nazistas fizeram com os Judeus, Comunistas, Ciganos deficientes físicos, homossexuais. Deve ser exemplarmente punido para aprender a respeitar o governo genocida de Usrael

  4. Quem discorda do massacre dos Palestino perpetrado pelo governo genocida de Usrael está a favor do Hamas e não a favor dos Palestinos; quem critica o governo genocida de Usrael, dá uma cusparada na cara dos Judeus e não no focinho de um governo genocida. Valeu, Lula.

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