Lula compara Guerra em Gaza a atuação de Hitler; Israel pede explicações

Presidente afirmou que falta governança no mundo para cessar guerra de um exército bem preparado contra mulheres e crianças

Lula discursa na Etiópia e defende novamente a criação de Estado palestino. Crédito: Ricardo Stuckert

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se envolveu em nova polêmica ao comentar conflitos durante uma coletiva de imprensa em Adis Abeba, na Etiópia. Lula comparou os ataques israelenses contra Gaza ao genocídio promovido por Adolf Hitler, durante a Segunda Guerra Mundial. 

“O que está acontecendo na Faixa de Gaza com o povo palestino não existe, não é um momento histórico. Aliás, existiu quando Hitler resolveu matar os judeus. Então, não é possível que a gente possa colocar um tema tão pequeno, deixar de ter ajuda humanitária. Quem vai ajudar a reconstruir aquelas casas que foram destruídas? Quem vai retribuir a vida de 30 mil pessoas que já morreram? E de 70 mil que estão feridos? Quem vai devolver a vida das crianças que morreram sem saber porque estavam morrendo? Isso é pouco para mexer com o consenso humanitário?”, questionou o chefe de Estado.

O presidente brasileiro pontuou ainda que o que está acontecendo no mundo é “a falta de instância de temperação”, uma vez que não há, a nível global, governança dos demais chefes de Estado. 

“Qual é o tamanho do coração solidário dessa gente que não está vendo que, na Faixa de Gaza, não tá acontecendo uma guerra, mas um genocídio. Não é uma guerra entre soldados e soldados. É uma guerra entre um exército altamente preparado e mulheres e crianças”, defendeu Lula. 

Repercussão

Ainda que outros países já tenham chegado ao consenso de que Israel promove um genocídio na Faixa de Gaza, tanto que a África do Sul acusou os israelenses à Corte Internacional de Justiça (CIJ), em Haia, as declarações do presidente brasileiro não tiveram boa repercussão. 

No X, o ministro das Relações Exteriores de Israel, Israel Katz, informou que vai convocará o embaixador do Brasil para uma reprimenda sobre os comentários feitos por Lula.  

“Isso não comprometeria o direito de Israel de se defender”, disse Katz no X, acrescentando que o enviado seria convocado na segunda-feira.

A declaração ofendeu ainda a Confederação Israelita do Brasil (Conib), que repudiou a declaração de Lula classificando-a como infundada. 

Confira a íntegra da nota:

“A Conib repudia as declarações infundadas do presidente Lula, comparando o Holocausto à ação de defesa do Estado de Israel contra o grupo terrorista Hamas. Os nazistas exterminaram 6 milhões de judeus indefesos na Europa somente por serem judeus. Já Israel está se defendendo de um grupo terrorista que invadiu o país, matou mais de mil pessoas, promoveu estupros em massa, queimou pessoas vivas e defende em sua Carta de fundação a eliminação do Estado judeu. Essa distorção perversa da realidade ofende a memória das vítimas do Holocausto e de seus descendentes. O governo brasileiro vem adotando uma postura extrema e desequilibrada em relação ao trágico conflito no Oriente Médio, abandonando a tradição de equilíbrio e busca de diálogo da política externa brasileira. A Conib pede mais uma vez moderação aos nossos dirigentes, para que a trágica violência naquela região não seja importada ao nosso país.”

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11 Comentários

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  1. Einstein Carta ao New York times sobre a Palestina
    Carta ao New York Times:
    Partido Nova Palestina: Visita de Menachem começa e objetivos do movimento político são discutidos
    ________________________________________
    Aos Editores do New York Times:
    Entre os fenômenos políticos mais perturbadores de nossos tempos está o surgimento no recém-criado Estado de Israel do “Partido da Liberdade” (Tnuat Haherut), um partido político muito parecido em sua organização, métodos, filosofia política e apelo social aos partidos nazistas e fascistas. Foi formado a partir da adesão e seguimento do antigo Irgun Zvai Leumi, uma organização terrorista, de direita e chauvinista na Palestina.
    A actual visita de Menachem Begin, líder deste partido, aos Estados Unidos é obviamente calculada para dar a impressão de apoio americano ao seu partido nas próximas eleições israelitas e para cimentar os laços políticos com elementos sionistas conservadores nos Estados Unidos. Vários americanos de renome nacional emprestaram seus nomes para saudar sua visita. É inconcebível que aqueles que se opõem ao fascismo em todo o mundo, se corretamente informados sobre o histórico político e as perspectivas de Begin, possam adicionar seus nomes e apoio ao movimento que ele representa.
    Antes que danos irreparáveis sejam causados por meio de contribuições financeiras, manifestações públicas em nome de Begin e a criação na Palestina da impressão de que um grande segmento da América apoia elementos fascistas em Israel, o público americano deve ser informado sobre o histórico e os objetivos de Begin e seu movimento.
    As apreensões públicas da festa de Begin não são nenhum guia para seu caráter real. Hoje falam de liberdade, democracia e anti-imperialismo, quando até há pouco tempo pregavam abertamente a doutrina do Estado fascista. É nas suas acções que o partido terrorista trai o seu verdadeiro carácter; a partir de suas ações passadas, podemos julgar o que se pode esperar que ele faça no futuro.
    Ataque à Vila Árabe
    Um exemplo chocante foi seu comportamento na aldeia árabe de Deir Yassin. Esta aldeia, fora das estradas principais e cercada por terras judaicas, não tinha tomado parte na guerra, e tinha até lutado contra bandos árabes que queriam usar a aldeia como sua base. Em 9 de abril (THE NEW YORK TIMES), bandos terroristas atacaram esta vila pacífica, que não era um objetivo militar nos combates, mataram a maioria de seus habitantes240 homens, mulheres e crianças e mantiveram alguns deles vivos para desfilar como cativos pelas ruas de Jerusalém. A maioria da comunidade judaica ficou horrorizada com o ato, e a Agência Judaica enviou um telegrama de desculpas ao rei Abdullah da Transjordânia. Mas os terroristas, longe de se envergonharem de seu ato, orgulharam-se desse massacre, divulgaram-no amplamente e convidaram todos os correspondentes estrangeiros presentes no país a ver os cadáveres amontoados e o caos geral em Deir Yassin.
    O incidente de Deir Yassin exemplifica o caráter e as ações do Partido da Liberdade.
    Dentro da comunidade judaica, eles pregaram uma mistura de ultranacionalismo, misticismo religioso e superioridade racial. Como outros partidos fascistas, eles foram usados para quebrar greves e pressionaram pela destruição de sindicatos livres. Em seu lugar, eles propuseram sindicatos corporativos no modelo fascista italiano.
    Durante os últimos anos de violência esporádica anti-britânica, os grupos IZL e Stern inauguraram um reinado de terror na comunidade judaica palestina. Professores foram espancados por falarem contra eles, adultos foram baleados por não deixarem seus filhos se juntarem a eles. Por métodos de gângsteres, espancamentos, quebra de janelas e roubos generalizados, os terroristas intimidaram a população e cobraram uma pesada homenagem.
    O povo do Partido da Liberdade não teve qualquer participação nas realizações construtivas na Palestina. Eles não recuperaram nenhuma terra, não construíram assentamentos e apenas diminuíram a atividade de defesa judaica. Seus esforços de imigração, muito divulgados, foram minuciosos e dedicados principalmente a trazer compatriotas fascistas.
    Discrepâncias Vistas
    As discrepâncias entre as afirmações ousadas que agora estão sendo feitas por Begin e seu partido, e seu histórico de desempenho passado na Palestina não têm a marca de nenhum partido político comum. Este é o carimbo inconfundível de um partido fascista para quem o terrorismo (contra judeus, árabes e britânicos) e a deturpação são meios, e um “Estado Líder” é o objetivo.
    À luz das considerações anteriores, é imperativo que a verdade sobre o Sr. Begin e seu movimento seja divulgada neste país. É ainda mais trágico que a alta liderança do sionismo americano tenha se recusado a fazer campanha contra os esforços de Begin, ou mesmo a expor a seus próprios eleitores os perigos para Israel do apoio a Begin.
    Os abaixo assinados, portanto, tomam este meio de apresentar publicamente alguns fatos importantes sobre Begin e seu partido; e de exortar todos os interessados a não apoiarem esta última manifestação do fascismo.
    ISIDORO ABRAMOWITZ, HANNAH ARENDT, ABRAHAM BRICK, RABINO JESSURUN CARDOZO, ALBERT EINSTEIN, HERMAN EISEN, M.D., HAYIM FINEMAN, M. GALLEN, M.D., H.H. HARRIS, ZELIG S. HARRIS, SIDNEY HOOK, FRED KARUSH, BRURIA KAUFMAN, IRMA L. LINDHEIM, NACHMAN MAISEL, SEYMOUR MELMAN, MYER D. MENDELSON, M.D., HARRY M. OSLINSKY, SAMUEL PITLICK, FRITZ ROHRLICH, LOUIS P. ROCKER, RUTH SAGIS, ITZHAK SANKOWSKY, I.J. SHOENBERG, SAMUEL SHUMAN, M. SINGER, IRMA WOLFE, STEFAN WOLFE.

  2. E-mail enviado ao Ministério da Defesa de Israel há alguns minutos.

    Israel quer explicações do Brasil porque Lula comparou Netanyahu a Adolf Hitler. Nenhuma explicação é necessária, o genocídio de palestinos porr tropas nazisraelenses com requintes de crueldade (incluindo o assassinato de milhares de crianças inocentes em seus berços) é suficientemente eloquente. O que Lula tem que explicar ao povo brasileiro é o motivo do Brasil não enviar tropas para impedir Israel de continuar a matança.

    Essa é a versão em português. O original foi enviado em inglês.

  3. Israel parece aquele moleque que tem um irmão mais velho que as outras crianças e por isso se sente empoderado para chutar a canela de todo mundo. O grande fiador do genocídio em Gaza se chama Joe Biden.

  4. Acertou na crítica, errou na comparação descabida.

    Mas, conseguiu uma reação forte, de certa forma funcionou.

    Por outro lado passou pano pro Putin, investigações ? Então tá.

    Aqui , na fuga do caras, disse investigações mas atencipou uma culpa dos agentes.

    1. Afirmar que “parece que teve conivência de alguém do sistema’ equivale a antecipar culpa dos agentes?
      As vezes o problema não está em quem fala, mas em quem ouve e interpreta o que foi dito ao sabor de suas conveniências e interesses.

  5. A carapuça se encaixou perfeitamente na cabeça dura de Israel. Só cegos não vêem que a Faixa de Gaza é um campo de concentração multitudinário e que ali não há guerra, há um exército altamente preparado promovendo carnificina de mulheres, crianças, idosos e jovens indefesos e que não têm prá onde fugir.

  6. Não é apenas a instrumentalização do antissemitismo que faz do atual governo israelense e sua política de “segurança” uma entidade odiosa. É a instrumentalização de algo profundamente entranhado na alma de seus extratos mais fundamentalistas e conservadores, a noção de “Povo Eleito”. O povo eleito de Deus não pode ser atacado nem criticado, sejam lá quais forem as causas e razões dos ataques e\ou críticas. Só isso pode explicar a irracionalidade explícita das manifestações do governo de Israel, que ignora por completo a realidade de um genocídio que perdura há mais de setenta anos, variando apenas no grau de intensidade e explicitude de seus propósitos, ou seja, varrer da face da terra seus inimigos. Se os palestinos recorrem ao terror, não fazem mais que emular todos os povos da história do mundo que foram submetidos a ocupação ou ataques, como os próprios judeus o fizeram, desde o tempo dos zelotes, até aqueles que explodiram o Hotel King David em 1946. A rigor, não era isso – eliminar os judeus da face da terra – que pretendia Hitler, como o próprio Netanyahu parece ter declarado, às vésperas de uma visita a Alemanha em 2015: https://www.diariodocentrodomundo.com.br/netanyahu-ja-defendeu-hitler-nao-queria-exterminar-os-judeus/ . Os nazistas estavam de olho nos bens e propriedades dos judeus, para fins de expropriação e financiamento de sua máquina de guerra, mas essa é uma outra história. E quem se deu mal nessa foram os judeus pobres, o famoso dono ‘do lojinha’, e não os ricaços de nomes opulentos e bens mais opulentos ainda, que tinham como safar a própria pele. É esse outro judeu, o pobre, o despossuído, morador de guetos, que sofreu séculos de perseguição e humilhações, pogroms e massacres. O judeu que apoia o genocídio é descendente daqueles judeus que se alinharam ao nazismo, e que Hannah Arendt expôs em seu livro sobre Eichmann, sofrendo, naquela ocasião, a mesma sorte de acusações que hoje se fazem a qualquer um, de Roger Waters a Lula, que ouse criticar Israel. Se isso for verdade: https://news.un.org/pt/story/2019/08/1685021 , talvez explique alguma coisa, e torne inteligível o genocídio. Se não for, então só nos resta dar a César o que é de César: o que impulsiona o governo de Israel é o ódio, por mais que eu tenha, particularmente, dificuldades em acreditar que a mobilização de tamanhos recursos, em armas e dinheiro, seja creditável a algo tão banal quanto o ódio gratuito. Prefiro acreditar que os americanos e o atual governo de Israel estão de olho é nos lucros futuros que o extermínio dos palestinos poderão gerar. Viva os palestinos, viva os judeus pacifistas. Guerra dá lucro!!

  7. É de se observar que neste novo mandato, pós infame prisão, Lula está menos “cheio de dedos” (já lhe falta um…) para falar verdades inconvenientes a quem quer que seja. Mais notável é a míRdia brasileira a dar mais destaque às reações à sua fala (“repreensão, vergonhoso, persona non grata”, etc.) do que ao real problema em si. Vale tudo contra este “atrapalhador” (segundo eles) de interesses escusos do 1% de capatazes e corretores da nação braZileira, valendo fugas inéditas em ~2 décadas de sistemas prisionais (criado por ele mesmo) a moedinhas de lâminas d’água em pistas de aeroportos (onde 2 dos 3 piores acidentes aéreos da nossa história aconteceram). Tem que ser cascudo mesmo. E redobrar cuidados com as milícias, Mossad (?) e até a Abin (Arapongagem BraZileira de Inutilidades).

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