“Reação desproporcional e indiscriminada de Israel em Gaza é inadmissível”, declara Lula no Egito

Ana Gabriela Sales
Repórter do GGN há 8 anos. Graduada em Jornalismo pela Universidade de Santo Amaro. Especializada em produção de conteúdo para as redes sociais.
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Lula discursou em sessão extraordinária do Conselho de Representantes da Liga dos Estados Árabes

Presidente Lula discursa na Sessão extraordinária da Liga dos Estados Árabes, no Cairo (Egito). | Foto: Ricardo Stuckert

O presidente Lula afirmou, nesta quinta-feira (15), que a conduta de Israel na guerra contra o Hamas é “desproporcional”, “indiscriminada” e “inadmissível”. Em visita oficial ao Egito, o líder brasileiro ressaltou que seu retorno à capital Cairo se dá “no contexto da terrível catástrofe humanitária na Faixa de Gaza”.

A reação desproporcional e indiscriminada de Israel é inadmissível e constitui um dos mais trágicos episódios desse longo conflito. As perdas humanas e materiais são irreparáveis. Não podemos banalizar a morte de milhares de civis como mero dano colateral”, discursou Lula em sessão extraordinária do Conselho de Representantes da Liga dos Estados Árabes.

O presidente também condenou o ataque “indefensável” do Hamas contra Israel em 7 de outubro, mas destacou que “em Gaza, há quase 30 mil vítimas fatais, na maioria crianças, idosos e mulheres. 80% da população foi forçada a deixar suas casas.  Ante nossos olhos, a população de Gaza sofre de fome, sede, doenças e outros tipos de privações, como alerta a Organização Mundial de Saúde”.

“Basta de punição coletiva”

Neste sentindo, Lula não deixou de manifestar sua indignação aos países que suspenderam recursos para financiar a Agência das Nações Unidas de Assistência e Obras aos Refugiados da Palestina (UNRWA), principal responsável pela ajuda humanitária destinada a quase dois milhões de palestinos em Gaza.

Conforme noticiado pelo GGN, todas essas suspensões tiveram como base uma investigação de Israel de que 12 funcionários da UNRWA teriam participado dos ataques promovidos pelo Hamas no dia 07 de outubro.

No momento em que o povo palestino mais precisa de apoio, os países ricos decidem cortar a ajuda humanitária à Agência da ONU para os Refugiados da Palestina (UNRWA). As recentes denúncias contra funcionários da agência precisam ser devidamente investigadas, mas não podem paralisá-la. Refugiados palestinos na Jordânia, na Síria e no Líbano também ficarão desamparados. É preciso pôr fim a essa desumanidade e covardia. Basta de punição coletiva”, afirmou Lula. 

Nesta semana, o chefe da UNRWA, Philippe Lazzarini, afirmou que a agência começará a registar um fluxo de caixa negativo no próximo mês, ou seja, irá gastar mais dinheiro do que deve receber das doações, o que colocará em xeque a única entidade capaz de fornecer ajuda humanitária na escala necessária à Faixa de Gaza. 

Lula garantiu repasses a agência. “Meu governo fará novo aporte de recursos para a UNRWA (ÚNRUA). Exortamos todos os países a manter e reforçar suas contribuições. A tarefa mais urgente é estabelecer um cessar-fogo definitivo que permita a prestação de ajuda humanitária sustentável e desimpedida e a imediata e incondicional liberação dos reféns”, pontou.

“Não haverá paz enquanto não existir um Estado palestino”

O presidente não parou por aí e ressaltou que a posição brasileira sobre um Estado palestino é clara:

A posição do Brasil é clara. Não haverá paz enquanto não houver um Estado palestino, dentro de fronteiras mutuamente acordadas e internacionalmente reconhecidas, que incluem a Faixa de Gaza e a Cisjordânia, tendo Jerusalém Oriental como sua capital. A decisão sobre a existência de um Estado palestino independente foi tomada há 75 anos pelas Nações Unidas. Não há mais desculpas para impedir o ingresso da Palestina na ONU como membro pleno. A retomada das negociações de paz é uma causa universal. E é a nossa causa“, completou.

Assista o discurso na íntegra:

Israel tem primazia de não cumprir decisões da ONU

Já em outro momento, em declaração à imprensa ao lado do presidente do Egito, Abdul Fatah Al-Sisi, Lula aproveitou para reforçar que os membros do Conselho de Segurança das Nações Unidas (ONU) não devem fomentar guerras.

É preciso que tenha uma nova geopolítica na ONU. É preciso acabar com o direito de veto dos países. E é preciso que os membros do Conselho de Segurança sejam atores pacifistas e não atores que fomentam a guerra. As últimas guerras que nós tivemos, a invasão ao Iraque não passou pelo Conselho de Segurança da ONU, a invasão à Líbia não passou pelo Conselho de Segurança da ONU, a Rússia não passou pelo Conselho de Segurança para fazer guerra com Ucrânia e o Conselho de Segurança não pode fazer nada na guerra entre Israel e Faixa de Gaza”, disse Lula.

Eu não encontro uma explicação porque a ONU não tem força suficiente para evitar que essas guerras aconteçam, antecipando qualquer aventura. Porque a guerra não traz benefício a ninguém, ela traz morte, destruição e sofrimento”, acrescentou o presidente.

A única coisa que se pode fazer é pedir paz pela imprensa, mas ao que me parece, Israel tem a primazia de descumprir, ou melhor, de não cumprir nenhuma decisão emanada da direção das Nações Unidas, então é preciso que a gente tome decisão”, declarou Lula. 

Relação com Egito

Na manhã desta quinta, os governos do Brasil e do Egito assinaram dois acordos bilaterais para facilitar a exportação de carnes e ampliar a cooperação em ciência e tecnologia. Lula ainda propôs elevar as relações entre os dois países ao nível de parceria estratégica, uma vez que são importantes em seus continentes e não podem ter uma relação pequena.

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Ana Gabriela Sales

Repórter do GGN há 8 anos. Graduada em Jornalismo pela Universidade de Santo Amaro. Especializada em produção de conteúdo para as redes sociais.

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