TVGGN: Hugo Motta não deve ser tão agressivo quanto Lira na Câmara

Para cientista político, Arthur Lira não deve integrar a gestão Lula em possível reforma ministerial, por não embarcar em 'governo que está afundando'

Crédito: Marina Ramos/ Agência Câmara

O Congresso elege, neste sábado (1°), seus novos presidentes que ficarão no cargo no próximo biênio, além de definir a nova mesa diretora. O senador Davi Alcolumbre (União-AP) e o deputado federal Hugo Motta (Republicanos-PB) são os favoritos para vencer a disputa. 

Para entender este cenário, o programa TVGGN 20H da última sexta-feira (32) contou com a participação do cientista político Claudio Couto, para destrinchar o futuro do Congresso. 

Em relação à Câmara, o cientista político acredita que há uma certa incógnita, tendo em vista que Motta, de apenas 35 anos, é muito jovem para ocupar tal cargo. Porém, ele acredita que o provável novo líder dos deputados será menos agressivo em comparação a Arthur Lira (PP-AL), atual presidente da Casa.

“O Lira, digamos, estava muito claramente nessa escola de Eduardo Cunha, que é um predador. Acho que o Lira, com mais sutileza de alguma forma, bem que sutileza é um termo que para aplicar o Lira fica difícil, mas menos espalhafatosamente do que o Cunha. O Lira era aquele cara que botava a faca no pescoço do governo o tempo inteiro. Não chegava a ser um predador no sentido do cara que joga fogo na casa. O Lira ainda calculava um pouco melhor os seus passos, mas tinha aquele estilo muito agressivo que o Cunha também”, analisa Couto.

Em relação ao Motta, o cientista político acredita que o candidato não deve imprimir o mesmo estilo de Arthur Lira. “É um político que está chegando ao cargo muito importante, numa etapa ainda precoce até, da sua carreira parlamentar, não é comum que se chegue a um cargo dessa magnitude tão cedo. Então, se ele seguir aquela ideia do samba, né? Como que é? Eu vim de lá pequenininho, alguém me avisou para pisar nesse chão devagarinho, aí ele vai ter que realmente, ele talvez seja um pouco menos hostil ao governo do que foi o Lira”, continua. 

Futuro político

Em relação à expectativa de reforma ministerial, em que Lira e o atual presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG) seriam alçados ao alto escalão do governo, Claudio Couto afasta esta possibilidade no caso do deputado federal. 

“O Lira que eu acho que não vai para ministério nenhum, porque ele deu uma entrevista e já falou que ‘não entra em barco no governo que está dando errado’, que ‘não entra em barco que vai afundar’, essa foi a expressão que ele usou. Então, está mais se posicionando como opositor do que propriamente como alguém disposto a entrar no governo”, emenda.

Outra questão seria como alocar o ex-presidente da Câmara no governo. “Lembro de ver gente falando até que colocaria o Lira na articulação política, mas esse seria o caso mais pronto e acabado de botar a raposa para cuidar da galinha, né? Difícil de imaginar uma situação mais terrível do que essa.”

Para satisfazer os anseios de Lira, que mira o Ministério da Saúde, o governo teria de dar ao ex-líder dos deputados que apoiou a reeleição de Jair Bolsonaro (PL) em 2022 uma pasta do mesmo calibre do Ministério dos Transportes, chefiado por Renan Filho, adversário político de Lira em Alagoas.

“Por todas essas razões e ainda se tratando de quem se trata, de todas as desavenças que houve entre o Lira e o governo, envolvendo essa questão das emendas e alguns outros temas também, eu acho que é mais provável que o Lira fique ali jogando solto do que propriamente embarque no governo ou vá com tudo para a oposição”, conclui Couto.

Confira a entrevista na íntegra:

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2 Comentários

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  1. Vamos lá.

    Essa análise de que Hugo Motta seja menos voraz que Lira, se contradiz no próprio texto.

    Ora, um cara de 35 anos que senta na cadeira não está de bobeira.

    Se ele faz o estilo predador espalhafatoso como cunha e Lira ou um predador mais silencioso e sutil, só o tempo dirá.

    Mas o certo é, ninguém chega ali sendo caça.

    Lira não vai entrar no governo não porque está afundando, mas porque sabe que ganha muito mais batendo e assoprando, sem se subordinar ao presidente, porque um ministro é funcionário do presidente e do governo.

    Pacheco aceitou essa subordinação porque teve a garantia de apoio para o governo mineiro, mas ficará preso a esta alternativa.

    É pouco para quem foi presidente do congresso.

    Mas, cada um seu cada um.

    Lira, nesse cálculo, me pareceu muito mais esperto.

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