Jornal GGN – Qualquer vacina que tenha atingido uma taxa de eficácia acima de 50% em ensaios clínicos tem potencial para interromper as cadeias de transmissão do novo coronavírus e acabar com a pandemia. É o que afirma ao GGN a epidemiologista e pesquisadora da Fiocruz, Dra. Margareth Dalcolmo.
Em entrevista exclusiva a Luis Nassif, na noite de quarta (6), Dalcolmo explicou que “não há melhor vacina: todas as vacinas são boas iguais.”
“Qualquer vacina que tenha uma eficácia, em estudo [clínico randomizado], acima de 50% é suficiente para, no mundo real, alcançar a quebra da cadeia da transmissão do vírus, que é o que queremos encontrar”, disse.
“Uma vacina com mais de 55%, 60% de eficácia, ela acaba com a pandemia, controla a transmissão, controla o número de casos graves que exigem a hospitalização e, sobretudo, tem maior impacto na mortalidade da doença.”
Dalcolmo lembrou que a famigerada imunidade de rebanho, de que tanto tem se falado desde o começo da crise sanitária, só é alcançada no “mundo real” dentro do contexto da vacinação.
Nesta quinta (7), o Instituto Butantan divulgou que a vacina Coronavac, desenvolvida pela chinesa Sinovac, aferiu 78% de eficácia em casos leves e até 100% de eficácia em casos moderados e graves. A vacina de Oxford, que será produzida pela Fiocruz, tem, em média (considerando a primeira e segunda dose), 70% de eficácia e impediu desenvolvimento de casos graves.
Segundo Dalcolmo, no dia 9 de janeiro, a Fiocruz receberá o primeiro lote de insumos farmacêuticos ativos (FIA) para começar a produzir a vacina da Astrazeneca em solo brasileiro. O contrato entre o Ministério da Saúde, Fiocruz e Astrazeneca prevê que o País possa vender vacinas para outros países da América Latina ou doar o excedente produzido para o sistema Covax Facility.
Dalcolmo reafirmou na entrevista que outras vacinas, como a Pfizer, também devem entrar no programa nacional de vacinação. “Eu não aceito de modo algum que o Brasil não possa ter vacina da Pfizer”, disse. Ela lembrou que toda capital brasileira tem “freezer abaixo de 80 graus. Isso não é absolutamente uma questão para as grandes cidades.”
Na entrevista a Nassif, a médica também falou do futuro da tecnologia e o desenvolvimento de vacinas, e alertou para o fato de que a pandemia de Covid-19 não será a última. A próxima, aliás, tem tudo para surgir no Brasil.
“O maior celeiro de coronavírus no mundo não é a China, é a Amazônia. Se nós continuarmos a depredar a Amazônia como estamos fazendo, nós podemos ter a próxima pandemia mundial nascendo no Brasil. Há toda uma condição ecológica que pode propiciar isso, da mesma maneira que ocorreu com a febre amarela.”
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