Xadrez para entender as  teorias conspiratórias, comentário de LeoV

Por LeoV
comentário no post Xadrez para entender as  teorias conspiratórias, por Luis Nassif

Bem além do mito “Junho de 2013”

Críticas à social-democracia estão longe de esgotar o entendimento de onde chegamos sem uma autocrítica da esquerda autônoma e anticapitalista.
23/07/2018

Por Leo Vinicius

(…)
MBL (Movimento Brasil Livre): sua formação data de novembro de 2014, segundo o Wikipedia.

Vem pra Rua: segundo o Wikipedia, sua formação data de outubro de 2014.

Ambas organizações de direita emuladas da esquerda, a partir do alcance que o MPL e alguns dos slogans e significações que caracterizavam suas mobilizações tiveram em junho de 2013. “MBL” é uma imitação fonética de “MPL” e “Vem pra Rua” é um slogan cantado frequentemente em manifestações da juventude mobilizada pelo MPL. Ora, o uso desses signos retirados ou copiados da esquerda tinha como objetivo trazer com eles significações a eles associadas: sim, significações como de rebeldia, apartidarismo, independência, ação direta, horizontalidade… Aquelas mesmas que estavam na constituição de um novo ciclo de lutas urbanas já na década passada, com potencial de mudar o panorama das lutas sociais no Brasil, como destaquei no início deste artigo.

Amauri Gonzo chamou o dia 20 de junho de 2013 muito interessantemente de “revoada das bandeiras vermelhas”. No dia 20 de junho, o MPL de São Paulo foi às ruas para comemorar a revogação do aumento da tarifa. Naquele dia na Avenida Paulista toda a esquerda apanhou ou esteve em vias de apanhar da extrema-direita, a qual agia abertamente e à vontade sobre o terreno formado por uma classe média que foi às ruas de verde e amarelo com grande ajuda da convocação dos grandes meios de comunicação. Violência e hostilidade contra camisas vermelhas que iria se tornar relativamente comum em dias de manifestações anticorrupção nos anos seguintes, e até hoje, como em atentados com arma de fogo contra o acampamento Lula Livre ou contra a própria caravana de Lula antes de ser preso.

Voltando àquela semana de junho de 2013, em quase todas as grandes cidades a situação era tensa entre a esquerda e a direita que começava a ir às ruas. Mas o que é muito ilustrativo do que queremos mostrar está no testemunho de Amauri Gonzo nesse dia 20 de junho. Ao encontrar por acaso um pequeno bloco anarquista de bandeiras vermelhas e pretas, percebeu que havia várias pessoas em volta, de verde e amarelo, gritando para esse bloco anarquista: “sem partido!”, “sem partido!”. Segundo o relato, os anarquistas estavam desesperados tentando explicar a essas pessoas que se alguém inventou isso de não ter partidos em manifestações eram exatamente eles![6] Significações que eram tidas como essencialmente de esquerda e libertárias tiveram penetração social, mas naquele “momento de virada”, como definiu Amauri Gonzo, pudemos descobrir ou perceber que elas não eram inevitavelmente emancipatórias, e se voltavam contra a própria esquerda que havia as criado e/ou difundido através de suas ações e lutas.

Embora o fascismo em constituição que temos presenciado nitidamente no Brasil nos últimos anos tenha, como todo fascismo, elementos de diferentes origens políticas e sociais, o que liga os acontecimentos de junho de 2013 a ele é:

i) a circulação de temas e significações entre esquerda e direita, mais especificamente a renovação e inspiração que a direita encontrou, durante aqueles eventos de junho de 2013, em um movimento de esquerda;

ii) a penetração social de certas formas de ação e de significações que um movimento de classe trabalhadora, de esquerda, que ultrapassou a direção do PT e dos sindicatos mas que não conseguiu se sustentar de maneira estável, forneceu ao fascismo que foi se constituindo em seu lugar.

A passagem abaixo de João Bernardo parece uma bela síntese descritiva do processo que também temos presenciado nesses últimos cinco anos no Brasil:

Nenhum fascismo se limitou a ser uma resposta da ordem à revolução. Todos eles foram, antes de mais, uma revolta dentro da ordem, e por isso começaram por procurar na esquerda uma inspiração que permitisse renovar a direita, ao mesmo tempo que transportaram para a esquerda alguns temas gerados na direita. O cruzamento entre correntes da direita e da esquerda e a sua acção recíproca não foram o resultado de um processo, mas a condição prévia desse processo[7].

Ora, a composição ocorrida em junho de 2013 com a referência política do MPL, as significações a ele associadas, a legitimação-convocação às ruas pelos grandes veículos da imprensa após o dia 13 de junho e a pauta “anticorrupção” que veio com ela constituíram o modelo que a direita iria utilizar nos anos seguintes, particularmente no processo de mobilização, pressão social e consequente “legitimação popular” ao impeachment da presidenta Dilma Rousseff. O surto de revolta de junho de 2013 continha o modelo a ser usado pela direita[8].

(…)

Bem além do mito “Junho de 2013”

Luis Nassif

14 Comentários

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  1. A descrição do MOMENTO em que a direita intimida uma tímida e intimidável esquerda, principalmente pelas chamadas manifestações do tipo horizontal onde a liderança se dilui e pode ser facilmente controlada por um grupo pequeno mas bem organizado de direitistas, é muito bem feita pelo artigo de Leo Vinicius.
    Só discordo na ausência de autocrítica das esquerdas como um vetor que levou ao acovardamento dos militantes de esquerda, temos que claramente enxergar neste processo de 2013 uma espécie de evolução das revoluções coloridas (anos 2000) e primaveras árabes (anos 2010).
    Não ver um articulação mais centrada nos próprios sistemas de inteligência norte-americano, é simplesmente não enxergar a existência de MANUAIS EDITADOS POR THINK TANKS (National Endowment for Democracy (NED), National Democratic Institute (NDI), Freedom House ou l’Open Society Institute.) Quem não acreditar na interferência estrangeira (USA) nas chamadas revoluções coloridas sugiram que leiam o artigo de um jornalista do Le Monde, Régis Genté, intitulado: Les ONG internationales et occidentales dans les « révolutions colorées » : des ambiguïtés de la démocratisation (Revue Tiers Monde 2008/1 (n° 193), pages 55 à 66), quem não souber Francês pode utilizar o tradutor do Google. Atenção, o jornalista não é de esquerda.
    O interessante é que o jornalista vai o detalhe da ação das ONGs e do dinheiro que elas receberam dos USA, mas ele diz que foram somente um auxílio.
    Já a influência na primavera Árabe fica claro num artigo da Radio Free Europe/Radio Liberty (RFE/RL) que é uma estação de rádio e organização de comunicação fundada pelo Congresso Norte-Americano intitulado “Exporting Nonviolent Revolution, From Eastern Europe To The Middle East” (https://www.rferl.org/a/exporting_nonviolent_revolution_eastern_europe_mideast/2316231.html)
    Cabe destacar que a origem de tudo isto começa por uma organização denominada OTPOR que na Iugoslávia fez oposição “pacífica” ao presidente Slobodan Milošević até que o mesmo passasse por um longo julgamento por crime de guerra. Durante o quarto ano do julgamento Slobodan Milošević morreu misteriosamente na cela devido a um “ataque cardíaco” que não foi até hoje elucidado.

    1. Então mostre onde e como houve influencia estrangeira em 2013.
      A influencia da burguesia nacional foi obvia e clara; primeiro criminalizando e depois numa tentativa até bem sucedida de capturar as manifestacoes de junho.
      Nao precisou nem de influencia estrangeira.

    2. No Chile, neste ano de 2019, o que a direita fora do Chile disse?

      Que as manifestações tinham dedo da Venezuela! Só muda a cor, mas a lógica de colocar a população como incapaz de agir por si própria está em todos os governantes.

      Lembro que nas revoltas contra aumento da tarifa em Florianópolis em 2004, a prefeita e sua claque também dizia que eram “pessoas de fora”. É claro, é sempre um meio de tentar deslegitimar, mas carrega também uma visão dos governados: são incapazes, dóceis. Logo, só pode ser algo externo.

      No Chile, que começou com grupos juvenis se manifestando com ação direta contra o aumento das tarifas de transporte, quem estava por trás? Os EUA também? Ou foi a Venezuela?

      Quando se vem com esse tipo de teoria sem base na história dos movimentos sociais locais e das lutas locais, o que o sujeito que as formula demonstra é seu total distanciamento do que acontece “no chão da fábrica” do seu próprio país.

      Em 2013 no Brasil não havia nenhum movimento de direita social articulado. Isso só foi ocorrer a partir do final de 2014. A Globo precisa da CIA e do Departamento de Estado dos EUA pra he dizer o que fazer? Não né.

    3. No Chile, neste ano de 2019, o que a direita fora do Chile disse?

      Que as manifestações tinham dedo da Venezuela! Só muda a cor, mas a lógica de colocar a população como incapaz de agir por si própria está em todos os governantes.

      Lembro que nas revoltas contra aumento da tarifa em Florianópolis em 2004, a prefeita e sua claque também dizia que eram “pessoas de fora”. É claro, é sempre um meio de tentar deslegitimar, mas carrega também uma visão dos governados: são incapazes, dóceis. Logo, só pode ser algo externo.

      No Chile, que começou com grupos juvenis se manifestando com ação direta contra o aumento das tarifas de transporte, quem estava por trás? Os EUA também? Ou foi a Venezuela?

      Quando se vem com esse tipo de teoria sem base na história dos movimentos sociais locais e das lutas locais, o que o sujeito que as formula demonstra é seu total distanciamento do que acontece “no chão da fábrica” do seu próprio país.

      Em 2013 no Brasil não havia nenhum movimento de direita social articulado. Isso só foi ocorrer a partir do final de 2014. A Globo precisa da CIA e do Departamento de Estado dos EUA pra lhe dizer o que fazer? Não né.

  2. -> É muito louco ver os comentários aqui neste artigo. Parece que a pessoas nao leram o que está escrito. Ou perderam qualquer capacidade de reflexão e razão. O neopetismo virou um bando de fanáticos…

    – Lula dá uma declaração na qual mais uma vez caracteriza Junho de 2013 como o marco zero do Golpe de 2016;

    – os sites Lulistas desenterram a entrevista de Elisa Quadros;

    – nenhum deste sites procurou ouvir a opinião atual de Elisa Quadros;

    – quando a Ponte Jornalismo publica o artigo de Elisa Quadros aqueles mesmos sites permanecem em silêncio – com a exceção deste GGN;

    – mesmo neste GGN a reação dos leitores é de alinhamento incondicional com Lula;

    – este é o resultado de 13 longos anos (mas vem de longe, de muito antes) mais quase 4 anos após o golpe do Lulismo operar permanentemente pela supressão do contraditório e interdição da crítica – inclusive com os habituais assassinatos de reputação;

    – quanto ao GGN, tem o padrão majoritário de leitores que formou ao longo de seu trajetória, pois sempre foi cúmplice ativo de Lula e do Lulismo – com as honrosas exceções de praxe que apenas confirmam a deplorável regra.

    grande abraço
    .

    1. Perfeito arkx, com ressalvas ao último item. Não são exceções; há mais vida e diversidade nos comentários no GGN do que em outros lugares de esquerda (tipo 247, etc).

    2. Esse “grande abraço” de tamanduá você está destinando exatamente a quem? Nem a turminha dos dedinhos pra cima e pra baixo querem graça com você depois que Ciro Gomes comprou seu passe por um tostão de mel coado.Vá adubar oh xereta enganador.

  3. Nunca vou me esquecer de um dia:17/06/13, uma segunda-feira. Lembro bem. Nesse dia eu liguei a TV e vi como a Band (com o Datena) e Globo conseguiram capturar as manifestações focando pessoas e cartazes que urravam contra a “corrupição” e contra a PEC transformando a coisa toda num movimento contra a Dilma e o PT.
    Também não vou esquecer que o PT não entendeu nada do que estava acontecendo, tendo a reação mais estúpida possível na ocasião…. E, pelo visto, tirando o Lula, não entende até hoje.
    Também não vou esquecer que o Putin e o Erdogan avisaram a Dilma que o movimento era orquestrado de fora e ela nada fez… Devia no mínimo ter denunciado…
    Também não vou esquecer que nesse dia começou nossa tragédia. Tudo por conta de um bando de manifestantes imbecis que não sabem nada de nada e que foram tratados como são, ou seja, idiotas úteis.
    Deus! Quantos erros foram cometidos. Erros que qualquer um menos imbecil enxergava de longe. Mostra o quanto a esquerda ainda tem que amadurecer…

  4. ao contrário da narrativa lamuriosa da Ex-querda, não foi Junho de 2013 o ovo da serpente do Golpeachment. a via de acesso ao poder de uma Direita sem voto foi chocada pela repetida negativa da Ex-querda em se relacionar positivamente com Junho de 2013.

    outra enorme distorção presente na visão que a Ex-querda formou sobre Junho de 2013 é elaborar suas conclusões a partir da perspectiva da av. Paulista – onde na grande manifestação da noite de 20/06/2013, após o recuo no reajuste das tarifas, houve uma forte participação de grupos proto fascistas.

    mas esta investida da Direita não ocorreu no restante do país. ao contrário, na mesma noite no Rio de Janeiro, uma gigantesca multidão ocupou literalmente toda a av. Pres. Vargas, num comparecimento muito maior do que o de SP, sem registro de presença minimamente significativa de grupos de Direita.

    esta manifestação no Rio foi brutalmente reprimida pela PM na frente da prefeitura, no final da av. Pres. Vargas. ao sofrerem um bombardeio cerrado de balas de borracha, spray de pimenta e gás lacrimogêneo, seguido do ataque da cavalaria da PM, os manifestantes recuaram. em seguida grupos se reagruparam ao longo da avenida e enfrentaram os policiais. assim surgem os adeptos da tática Black Bloc no Rio.

    Junho de 2013 é o marco inicial de um interregno

    em Junho de 2013 o sistema de poder estabelecido com a Nova República começa a ruir, assim como 1977 marca o início do fim da Ditadura.

    a partir de 1977, com a retomada dos movimentos sociais, iniciou-se um longa e tortuosa travessia. a falência histórica do velho já acontecera, mas não sua falência política. no vácuo deste interregno, através da luta entre os diversos setores sociais, ocorre a construção de um novo sistema de poder.

    ainda estamos até hoje no meio de uma destas arriscadas travessias. no vácuo deste interregno proliferam as patologias sociais: criaturas monstruosas, fenômenos bizarros e sintomas mórbidos.

    em Junho de 2013 o clamor das ruas era claro: mais participação, mais direitos, mais Democracia.

    aquele foi o momento mais favorável para o Lulismo operar seu giro à Esquerda, o que chegou timidamente a ensaiar, sem nunca ter tido nem desejo, e muito menos capacidade, para concretizar.

    o Lulismo desperdiçou todo seu capital político, quando Dilma estava nos píncaros da popularidade, na patética ilusão que a promíscua conciliação de classes jamais esgotaria seu prazo de validade.

    ainda assim, o Lulismo insistiu em isenções e desonerações, sem nada mais produzir senão alavancar o lucros de uma lumpenburguesia então já em plena operação para sabotar o governo de Dilma Roussef.

    desde então, com a representação política em colapso, a Ex-querda escondeu-se na negação da realidade.

    o sistema de poder começou a ruir diante de todos, atônitos e incapazes de esboçar propostas, assistiram passivamente seu passo a passo no rumo de uma derrocada anunciada.

    fonte: os Brasis: um fantasma ainda assombra
    https://jornalggn.com.br/blog/arkx/os-brasis-um-fantasma-ainda-assombra
    .

  5. -> Se a esquerda não conseguir ou não souber canalizar a necessidade humana de se revoltar, contra a ordem, será com ajuda da direita que será canalizada, a favor da ordem. Depois de anos com a esquerda sendo associada a governos – ao status quo – e ao politicamente correto, não é difícil entender como uma figura como Bolsonaro se tornou ícone antissistema ou candidato contracultural, e por que grupos ultraneoliberais e conservadores como o MBL conseguiram ter inserção na juventude.

    esta é a questão! é a partir do diálogo com ela, em busca de respostas a como canalizar a revolta contra a ordem que se erguerá uma nova Esquerda.

    são dois os rumos para a reconstrução da Esquerda no Brasil, paralelos mas de muita proximidade:

    – a Esquerda revolucionária, uma vanguarda cujo exemplo atual de embrião é a propostas da Revolução Brasileira, levada à frente por Nildo Ouriques, entre outros;

    – uma frente reformista radical, resgatando a proposta fundadora do PT.
    .

  6. Honestamente, a linha de pensamento que aqui vejo desfilar, causa espécie! Embalados pelos seus manuais, parecem crer que tudo se desenrola segundo previsões estabelecidas há quase dois séculos.
    Presos aos parâmetros que servem de paradigma a esta linha de pensamento, parecem ignorar as mudanças dos desejos individuais e, por consequência, coletivos. Parecem ignorar as novas formas de comunicação e o efeito que provocam sobre mentes despreparadas para tanta informação, o que torna mais fácil crer do que analisar detidamente a todas. Parecem ignorar o hedonismo de uma juventude que quer ganhar projeção, às custas de causas sociais que só abraçam de modo cosmético.
    Naqueles 2013, uma pergunta que causava perplexidade é se toda a multidão que reclamou dos preços, andava de ônibus. Fiz esta pergunta a jovens que me convidaram para ir à manifestação. Responderam-me que não andavam, mas iam reclamar “disso daí”. Disso o quê? retruquei. “Ah, dessa corrupção”. Mas qual, de quem? Ao fim disseram que iam mesmo para fechar a ponte e quem sabe aparecer na TV.
    O tal povo, aquele que cabisbaixo não protesta contra os aumentos escorchantes das passagens, não vai a manifestações porque o patrão cortará o ponto. Irá apenas àquelas que o patrão abona, ou seja, contra o PT. A maioria que depende do mísero dinheirinho contado, não pode se dar ao luxo de ter descontos, sob pena de sobrevir a fome e desespero. É fácil ficar falando de direita e esquerda, ou como diria Millor, ronco de fome não interrompe férias de intelectual na Europa.
    O buraco é muito mais embaixo que lados ideológicos igualmente tolos.
    Prescrever é para tolos que não padecem do mal para o qual pensam ter a cura.
    As pessoas se vendem para sobreviver, somos todos prostitutos, apanhando dos clientes, sendo menosprezados e, vez ou outra, desaguamos numa raiva brutal contra tudo e todos.
    Todos querem mais, porque foram ensinados a querer. Ninguém se contenta! a todos sempre é cobrado mais. Mais estudo, mais comportamento, mais bens, mais consumo. Somos todos amaldiçoados pelos deuses como foi Tântalo.
    Ao invés de quebrar o feitiço ficam falando bobagens sobre partido. DANEM-SE os partidos e seus ideólogos de merda, que estão preocupados com os estamentos do poder, enquanto a população que mal conseguiu adquirir um aparelho celular de merda, o perde para outro mais miserável que vai vende-lo para satisfazer seu egoísmo ou desgraça.
    A cupidez dos que exploram o outro, para vocês é apenas nuance ideológica, quando é uma tragédia humana gravíssima, que não será superada apenas por lutas, mas por uma educação radical e sensata.
    Vocês apenas semeiam com ideias áridas, desprovidas de sentimento por este povo que luta à moda dos cegos, sem enxergar o inimigo nem os objetivos que devem alcançar.
    São como as figueiras secas, seus frutos são velhos, passados e amargos

  7. Caramba…

    O “todos contra o PT”, PT, PT, se consolidou em 2012. Há referências na imprensa e tudo.

    Antes disso, ainda na ressaca da derrota de 2010 o senhor FHC publicara artigo falando em “bater bumbo” para a classe media…

    Em setembro de 2012, com juros lá em baixo – a renda fixa “não esta dando nada”, era o que se falava – os alugueis disparando por causa do financiamento integral de imóveis usados, danou-se, a coalizão foi formada. A direita partidária já enjoada de perder eleição, vendo juros baixos, infraestrutura contratada e emprego e salario em alta, surtou.

    Todas (isso quer dizer todas) as campanhas eleitorais da falecida nova republica foram feitas em cima do antipetismo (a partir do laboratório aqui do Rio contra o Brizola)…

    De Fernando Collor a Fernando Henrique, de Serra e Alckmin I e II, passando por Aécio, todas as campanhas eleitorais foram montadas em cima do antipetismo.

    Só eles (e quem mais gosta do colóquio) se surpreenderam quando despontou uma candidatura “antipetista raiz”, sim a de torturadores e matadores, essa mesmo.

    Poucos entenderam a adesão do boçalnaro ao neoliberalismo. Para ele, “é o que tem” contra o PT, PT, PT.

    É A MESMA BOÇALIDADE DE MERCADO! se encontraram!

    O pensamento keynesiano, que salvou (salvou de salvar mesmo) o capitalismo duas vezes nos últimos cem anos, é mandado “pra Cuba” às sardonicas hoje em dia….

    Cadê o pessoal “do centro”?

    Ah, o Luciano Huck está falando de “desigualdaaadeee”….

    Meu deuxxx!

  8. Para aqueles que ainda têm dúvidas quanto à participação americana e que acham que toda teoria da conspiração é paranoia e delírio de mentes especulativas. Informem-se sobre o “rimland”, não é nada recente e contextualizem tudo para os dias que correm.

    O papel da América Latina e da América do Sul

    Para que os Estados Unidos conseguissem manter uma luta permanente contra qualquer potência rival, fosse originária do Rimland ou do Heartland, ou ainda, conseguissem lutar para impedir uma aliança entre potências do Heartland e do Rimland, era fundamental manter a supremacia incontestável na América do Norte e uma hegemonia no que Spykman denomina Hemisfério Ocidental, ou seja, as Américas. [5][8]
    Spykman definiu o continente americano, do ponto de vista geopolítico, como primeira e última linha de defesa da hegemonia mundial dos EUA. Assim, manter a supremacia na América do Norte e Caribe somada à hegemonia na “ilha-continente” América do Sul, era fundamental para o sucesso da estratégia global americana, podendo mesmo ser considerado como o primeiro grande pilar da hegemonia global dos Estados Unidos. Na América do Norte e Caribe não existiriam ameaças reais ou potenciais críveis. Mas na América do Sul, a região do chamado ABC (Argentina, Brasil e Chile), poderia articular uma aliança antiamericana, que na visão de Spykman, nunca poderia ser tolerada. Como destacado por Fiori:

    “Nas palavras do próprio Spykman: “para nossos vizinhos ao sul do Rio Grande, os norte-americanos seremos sempre o “Colosso do Norte”, o que significa um perigo, no mundo do poder político. Por isso, os países situados fora da nossa zona imediata de supremacia, ou seja, os grandes estados da América do Sul (Argentina, Brasil e Chile) podem tentar contrabalançar nosso poder por meio de uma ação comum ou do uso de influências de fora do hemisfério” (pg. 64). Nesse caso, conclui: “uma ameaça à hegemonia norte-americana nessa região do hemisfério (a região do ABC) terá que ser respondida por meio da guerra” (pg. 62).” Spykman, N. , America ’s Strategy in World Politics, Harcourt, Brace and Company, New York, 1942.[5]

    Na prática a guerra direta não foi o padrão de resposta americano durante a Guerra Fria. Este modelo de resposta com “guerra externa” de Spykman acabou substituído pelo padrão de Henry Kissinger, de “guerra interna”, em que foram utilizadas as forças armadas e policiais locais contra setores de suas próprias populações nacionais.[9]
    Com o deslocamento do centro geopolítico global do Atlântico para o Pacífico, e o envolvimento militar dos Estados Unidos em duas guerras simultâneas, no Rimland (Iraque) e no Heartland (Afeganistão), o papel da América do Sul também se altera. Por um lado perde relevância o cenário do Atlântico, que foi fundamental na II Guerra Mundial. Por outro lado, superada a lógica da Guerra Fria, e com o aumento da coordenação multilateral na região, inclusive com a criação da UNASUL, a ilha-continente pode superar a simples lógica da barganha restrita com o “colosso do norte”, podendo se posicionar como ator global pela primeira vez. Entretanto ainda não são claros os limites geopolíticos desta capacidade de barganha nem da negociação desta autonomia.

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