Economista irlandês diz que desigualdade no Brasil é escolha política

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Foto: Agência Brasil
 
 
Jornal GGN – O economista irlandês Marc Morgan Milá disse em entrevista à Folha que a desigualdade de renda no Brasil é uma escolha política.
 
“A história recente indica que houve uma escolha política pela desigualdade e dois fatores ilustram isso: a ausência de uma reforma agrária e um sistema que tributa mais os pobres. Para nós, estrangeiros, impressiona que alíquotas de impostos sobre herança sejam de 2% a 4%. Em outros países chega a 30%. A tributação de fortunas fica em torno de 5%. Enquanto isso, os mais pobres pagam ao menos 30% de sua renda via impostos indiretos sobre luz e alimentação”, afirmou.
 
Morgan, segundo a Folha, está no Brasil para participar de estudos com economistas do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada). O grupo pretende lançar, em 2017, uma série da desigualdade brasileira com início em 1926.
 
Ao jornal, o economista informou que, hoje, o “grupo dos 1% mais ricos tem cerca de 1,4 milhão de pessoas, com renda anual a partir de R$ 287 mil. O 0,1% mais rico reúne 140 mil pessoas com renda mínima de R$ 1,4 milhão. Enquanto isso, a renda média anual de toda a população é de R$ 35 mil. É uma discrepância muito grande. Esse é o ponto importante no caso brasileiro: a concentração do capital é muito alta.”
 
Para ele, a carga tributária, alta e desigual no Brasil,a caba reduzindo os benefícios concedidos aos mais pobres por meio de programas de redistribuição de renda. Mais do que isso: é possível afirmar que é a própria população mais vulnerável a responsável por financiar boa parte das políticas sociais com seus impostos.
 
“As transferências chegam aos mais pobres, mas o sistema tributário injusto faz com que o ganho líquido se torne menor. Como esses programas representam cerca de 1,5% da renda nacional, o nível de redistribuição que se pode obter com eles é limitado. Fora que as transferências são financiadas por impostos que incidem sobre o consumo. E como o consumo pesa mais no orçamento dos mais pobres, é possível dizer que os mais pobres estão pagando por parte das transferência que recebem.”
 
Leia a entrevista completa aqui.
Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

20 Comentários

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  1. A escolha é politica, mas a

    A escolha é politica, mas a operacionalização só é possível com apoio jurídico!

    Um mau administrador politico conta com apoio em tribunais de justiça e tribunais de contas!

    Que fazem vistas grossas ou recebem por fora para permitir maus feitos!

    Juízes se tornaram em muitos casos “Guarda costas de políticos corruptos!”

    Muitos turistas vêm ao Brasil conhecer favelas!

    Nos países deles, um administrador que permitir isso pode ir preso!

    Aqui se prende quem lutar pelos pobres!

    A diferença é jurídica!

    Será que estou inventando ou não olhando a nossa realidade direito?

  2. Resposta pra esse irlandês:
    A

    Resposta pra esse irlandês:

    A desigualdade poítica não é uma escolha política como foi o fatídico IRA que, diga-se, não deu em nada;

      Só atrasou o Reino Unido.

    A desilgualdade é fruto de ESCOLHAS políticas que a população elege.

       E por ironia do destino foram os  irlandeses os mais categóricos pra não adotar o Brexit.

           E perderam !

    1. Acho que a leitura diária do estadinho

      está confundindo a cabeça dos seus parcos leitores: a Republica da Irlanda ou Eire não fez nenhum plebiscito sobre o Brexit.

      E o IRA era um problema do Reino Unido e não da Republica da Irlanda ou Eire.

      Mas o fato que é chato quando vem alguem de fora e enxerga o que a burguesia brasileira foi ensinada, inclusive pelo estadinho, a não enxergar.

      1.   UAU.
          Depois dessa, se o

          UAU.

          Depois dessa, se o tal “anarquista” fosse mesmo sério nunca mais aparecia aqui. Como ele não é, vai fazer de conta que não tomou uma SOVA e logo volta para escrever alguma outra idiotice.

          

  3. e quanto pesa o pagamento da dívida?

    sem dúvida que é soma de todos os programas de transferência de renda que pesam e não os 400 bi usados para pagar o rentismo…conta outra cara pálida…

  4. Não só a desigualdade, mas o

    Não só a desigualdade, mas o péssimo ensino publico tambem é politica de estado,

     

    qualquer educador que estuda a questão da educação no páis afirma isso, por incrível que pareça quando discutem ensino no Brasil chamam diversos “cabeças gordas” mas nenhum deles…..

  5. escolha
    “A história recente indica que houve uma escolha política pela desigualdade”
    a escolha não é recente, começou com a escolha de uma economia baseada na escravatura.
    um país com metade da população composta por escravos, que não eram considerados totalmente humanos.
    hoje a proporção ainda é maior, 1% de senhores.
    lá atrás, as duas experiências de sociedades livres, sem escravos, a República Guaraní e o Paraguay do Francia e dos Lopes, foram devidamente exterminadas e o solo salgado.

  6. Discordo. A política só

    Discordo. A política só existe no espaço construído por desiguais (Hannah Arendt). No Brasil não há este espaço. Só existe a desigualdade. Logo, a desigualdade não é fruto de escolhas. Ela é o produto da ausência de política. Isto explica a obsessão hierárquica da elite bestial.

    1. Quem sempre fez as escolhas no Brasil?
      Em nossa história, vemos que, sempre que o povo se aproxima da condição de influir em alguma escolha real e consequente, sobrevém um golpe. Desde 1964, quem vem fazendo as escolhas no Brasil são as mesmas oligarquias que dominam este país desde a colônia. Quem desenhou esse sistema tributário absurdamente injusto foram os tecnocratas da Ditadura Militar.  E ele só piorou ao longo das décadas, tornando-se cada vez mais regressivo e brutal para 99% dos brasileiros, enquanto agracia o 0,1% do andar de cima com benesses de causar vergonha a qualquer pessoa minimamente honesta. Mais uma vez, estamos assistindo passivamente o andar de cima a “fazer escolhas” por nós, o velho “pacto das elites”.  Eles decidem e nós, abestalhadamente, pagamos a conta. Em 2018, mais uma vez, seremos impedidos de fazer qualquer escolha.  Esta é a vontade da plutocracia, do 0,01%, que os 99% são incapazes de contestar.

  7. “A história recente indica
    “A história recente indica que houve uma escolha política pela desigualdade e dois fatores ilustram isso: a ausência de uma reforma agrária e um sistema que tributa mais os pobres. Para nós, estrangeiros, impressiona que alíquotas de impostos sobre herança sejam de 2% a 4%. Em outros países chega a 30%. A tributação de fortunas fica em torno de 5%. Enquanto isso, os mais pobres pagam ao menos 30% de sua renda via impostos indiretos sobre luz e alimentação”, afirmou.

    Infelizmente ele está certo….. Nossa elite e classe média são absolutamente INDIFERENTES à miséria, dor, sofrimento, degradação à sua volta….. é como se o mundo se resumisse aos seus círculos fechados de amigos, familiares e no máximo aos pequenos gestos de educação e civilidade que eventualmente estendam aos trabalhadores mais humildes próximos a eles, suas empregadas domésticas, os porteiros de seus prédios, no máximo……
    .
    Por isso o DESPREZO com que tratam or programas sociais, e até mesmo o nojo, o ódio que sentem em relação a Lula, o PT……
    .
    Nunca foram às ruas quando os governos antes de Lula nada faziam para ajudar nossos pobres e miseráveis….. Mas foram às ruas, tomados de fúria selvagem, contra Jango e depois contra Lula e Dilma…… Aécio os representa! FHC os representa! Dória Jr. os representa…… Somos esse país de fome, desigualdades, sofrimentos incontáveis por conta dessa elite e classe média insensíveis, ignaros, narcísicos, EXCLUDENTES…….
    .
    São eles que votam e celebram políticos, falas e ações que mantêm as coisas como eles estão acostumados que elas sejam……. é assim que é…….

  8. O maior erro dos governos petistas…

    … foi não ter feito uma reforma tributária progressiva, que transferisse o peso da carga dos impostos dos mais pobres para os mais ricos.

    1. Falar é fácil
      São apenas duas palavras: reforma tributária.  Mas para realizá-las é necessário ter um Congresso Nacional e uma sociedade menos retrógrada, coisas que nunca tivemos. Mais fácil é jogar a culpa na Geni e esperar tranquilo que essa elite escravista, por milagre, se torne honesta e consciente. A reforma tributária só será conquistada com muita luta e não vemos hoje sequer a consciência necessária para levantá-la.

    2. Dilma Confundiu Controle Remoto com Controle da Direção e…

      O maior erro dos governos petistas foi manter o comando da Globo nas mãos da família Marinho.

  9. Patrimonialismo é a Política, Desigualdade é que o Mantém

    A Desigualdade não “é escolha política”, como também não é “o produto da ausência de política” (conforme comentário), mas apenas necessidade da efetiva escolha política da classe dominante, o Patrimonialismo, adensado pelo Rentismo e outras práticas “modernas”, de mesmo objetivo, tendo o Estado por garantidor e os Desiguais como fornecedores do “excedente”.

    No Brasil, o Patrimonialismo e Cia. não sobrevive sem a Desigualdade campeã, por isso a cada luz amarela, um golpe.

    Não será com conciliação que construíremos a nação brasileira através de um estado justo, moderno e democrático.       

    1. economista…

      Não é escolha. É a falta de escolha. É a farsa de Democracia e Estado que temos. A Sociedade nada pode comandar, fiscalizar, interferir. Bovinamente, aperta um botãozinho colorido e acredita que isto é Democracia. Ou a fazem crer. 

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