Reforma da Previdência passa a ultimato de parlamentares e empresários

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Foto: Reprodução
 
Jornal GGN – A menos de uma semana para o início da votação da reforma da Previdência, prevista no Plenário da Câmara no dia 20 de fevereiro, líderes partidários e a bancada governista tentam os últimos esforços para obter o quórum mínimo para a aprovação da emenda constitucional.
 
O cronograma foi definido ainda no fim do ano passado pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), após a votação ser cancelada antes do recesso parlamentar. Maia, um dos defensores da medida, manifestava publicamente que não iria pautar a reforma da Previdência se não houvesse votos suficientes para a sua aprovação.
 
A decisão já é consenso dentro do governo: “A minha avaliação é que a gente tem que colocar em votação com a garantia de votos. A gente não pode ir pra um risco. Não é nem uma questão de governo, é uma questão do Estado brasileiro”, disse o líder do governo na Câmara, Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), à Agência Brasil. 
 
“Você impor uma derrota a uma matéria como essa não é uma derrota do governo, é uma derrota que acaba repercutindo mal para o país todo e acaba impondo sanções que talvez sejam muito graves num momento como esse. É melhor ter a prudência de colocar uma matéria como essa com a convicção de que nós aprovaremos, como aconteceu com a trabalhista e outros temas”, agregou.
 
O mínimo necessário e tentado pelo governo de Michel Temer até os últimos minutos são de 308 votos entre os 513 deputados. A medida ainda precisaria ser aprovada em dois turnos de votação na Câmara. Caso o número não seja atingido até a próxima terça, a reforma seria colocada em discussão no Congresso, desde o zero, apenas no fim deste ano.
 
Na corrida contra o tempo, empresários, parlamentares e o governo tentam juntar votos. A discussão e articulações serão intensificadas nesta semana e entre sábado e domingo o presidente Michel Temer, Rodrigo Maia e o presidente do Senado, Eunício Oliveira (MDB-CE), se reúnem para fazer as contas e definir estratégias sobre o rito a ser seguido na semana seguinte.
 
Nesse impasse, empresários e representantes da indústria e do agronegócio pressionam, também, pela aprovação da matéria. Os lobbies estão sendo feitos em deputados federais indecisos, que somam cerca de 120 parlamentares atualmente. Com o fim do carnaval, a tática é apelar para as mudanças no texto de autoria de Arthur Maia (PPS-BA), apresentado na semana passada.
 
Considerada um pouco mais flexível, a proposta traz a manutenção da pensão integral a viúvas de policiais civis, federais e rodoviários federais mortos durante o trabalho, entre outros pontos, que poderiam adquirir mais votos a favor. 
 
Na esfera do Executivo, prefeitos e governadores também foram convocados a se mobilizar pela pressão sobre a pauta. Os políticos são apoio fácil com a necessidade de fòlego para as crises fiscais nas federações. “As mudanças vão ajudar municípios e Estados que estão quebrados a voltar a investir. É importante que eles agreguem votos e a gente precisa que eles ajudem”, disse Rodrigo Maia, a jornalistas, no Rio de Janeiro.
 
O apoio também vem de figuras como o presidente da Fiesp, Paulo Skaf, que acertou com o mandatário Michel Temer trazer apoio de centenas de entidades para pressionar os deputados. No Senado, a medida precisaria contar com pelo menos 49 senadores para valer.
 
 
Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

2 Comentários

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  1. Reforma pra o ‘mercado’ crer

    O governo é inepto e, até o julgameno, suspeito de corrupção e quadrilhagem. Mas essa encenação mediática de esforço pela ‘reforma’ da previdência não é pra valer, pois eles sabem que este ano não dá e que os resultados da ‘reforma’ serão (seriam) pífios e a longo prazo. A encenação e as mentiras pretendem criar uma atmosfera de “dei tudo de si”, para angariar apoio do ‘mercado’ para a arrecadação de dinheiro para os futuros processos judiciais; e também para justificar o fracasso retumbante das políticas neoliberais salvacionistas.  Este é o verdadeiro móvel dessa azáfama fajuta e mendaz, que é aquilo que em futebolês se chama “correr pra não chegar”… Enquando isso, seguem assando as batatas do golpismo corrupto e ladravaz.

  2. A Casa Grande Escravagista

    Os senhores de escravos não podem deixar passar essa oportunidade de amarrar novamente os trabalhadores ao tronco. Precisam que seus lacaios instalados no congresso nacional, muito bem pagos, façam o serviço completo de destruição do Brasil e da sua agenda de direitos conquistada a duras penas nos ultimos 100 anos. Vergonha nacional esse Congresso. Vai para o lixo da história junto com a Globo e o Judiciário.

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