Bolsonaro se mostra mais cômodo na Hungria e chama Viktor Orbán de “irmão”

Presidente brasileiro insistiu no falso relato de que teria influenciado Putin sobre conflito com a Ucrânia, decisão tomada antes de sua chegada à Rússia

Jair Bolsonaro e Viktor Orbán (foto: Reprodução TV Brasil)

Após deixar a Rússia, o presidente Jair Bolsonaro fez a segunda parada de sua viagem internacional nesta quinta-feira (17/2), em Budapeste, onde se mostrou muito mais confortável ao ser recebido pelo primeiro-minitro húngaro Viktor Orbán.

Em breve declaração aos meios de comunicação, Bolsonaro não escondeu o sorriso nem poupou elogios a Orbán, “a quem eu praticamente trato como um irmão, dadas as afinidades que nós temos”.

No primeiro minuto do discurso, o mandatário brasileiro pode ter cometido uma nova gafe, ao descrever a Hungria como um “pequeno grande irmão” do Brasil. Bolsonaro explicou que “pequeno (em comparação com o Brasil) se levarmos em conta nossas respectivas extensões territoriais, e grande pelos valores que nós representamos, que podem ser resumidas (sic) em quatro palavras: Deus, Pátria, Família e Liberdade”. A definição provocou uma reação estranha no semblante do presidente húngaro.

Viktor Orbán é governa a Hungria desde maior de 2010. Sua chegada ao poder é vista pelos meios internacionais como um dos símbolos do crescimento da extrema direita na Europa, por ser um dos primeiros de uma nova onda que se estabeleceu a partir de um forte discurso contra as enorme ondas migratórias provocadas pelas guerras em países como Síria, Iraque, Líbia e Afeganistão – especialmente no Leste Europeu, em países outrora pertencentes à chamada “Cortina de Ferro” socialista, a chegada de caravanas de imigrantes sírios e iraquianos em busca de refúgio foi o caldo de cultivo que favoreceu a instalação de governos ultranacionalistas, dos quais o húngaro foi o pioneiro.

Além de destacar a sintonia ideológica com Orbán, Bolsonaro aproveitou o encontro para reforçar a narrativa de que ele poderia ter tido alguma influência na decisão da Rússia em retirar parte das suas tropas da fronteira com a Ucrânia.

Apesar de reconhecer que o presidente russo Vladimir Putin tomou a medida antes do encontro entre os dois, no momento em que o avião presidencial brasileiro acabava de ingressar no espaço aéreo russo, Bolsonaro voltou a apostar no termo “coincidência ou não”, para manter viva a dúvida sobre uma possível participação sua no conflito.

“Entendo, sendo coincidência ou não, como um gesto de que a guerra realmente não interessa a ninguém”, afirmou o presidente brasileiro.

No entanto, o fato objetivo é que houve um acordo na terça-feira (15/2) entre o russo Vladimir Putin e o chanceler alemão Olaf Scholz, que também esteve em Moscou esta semana. O segundo garantiu que o ingresso da Ucrânia na OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte) não contará com apoio do seu país e da União Europeia, e o primeiro assegurou, em contrapartida, que diminuiria a presença militar na fronteira ucraniana.

A partir destas informações, confirmadas e registradas em áudio e vídeo pelos governos da Rússia e da Alemanha, e também por toda a imprensa internacional, não resta nenhuma dúvida de que a presença de Bolsonaro não teve qualquer influência no conflito entre russos e ucranianos.

A íntegra da declaração de Bolsonaro na Hungria pode ser vista neste vídeo do canal Sputnik Brasil.

1 Comentário

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  1. A melhor explicação para o passeio de bozo, o recruta 00 e seus filhotes zero à esquerda é apenas a produção de matéria eleitoral, atividade que ele se especializou desde os tempos de visitas irregulares a quartéis para se eleger e reeleger, inclusive colocando um filho menor de idade para concorrer com a própria mãe dele.
    Aliás, naqueles tempos, vereador era um cargo municipal, que o assessor do presidente transformou em cargo internacional.
    Se considerarmos que os filhos nos custam em média bem mais que 150 mil mensais entre salários, encargos, verbas e benefícios, o presidente tem uma assessoria familiar (pública) que lhe custa uma “pechicha”…
    Ficamos mais atentos às gafes, besteiras e mentiras que ele(s) fala(m) diariamente.
    Como tudo neste desgoverno, devidamente “naturalizado”.

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