Asfoc-SN, da Fiocruz, responde: Avançar é melhor que dividir

Portanto, é leviano afirmar que o sindicato estaria dificultando as negociações. Falta ponderação e lucidez no texto composto por Costa

Asfoc-SN, da Fiocruz, responde: Avançar é melhor que dividir

O Portal GGN publicou nesta quarta, 21, bem cedinho, texto do servidor aposentado da Fiocruz Eduardo de Azeredo Costa, em que, já começando pelo título, o autor acusa a Asfoc -SN – sindicato que representa os trabalhadores e trabalhadoras da Fundação – de estar constrangendo os servidores nas votações do processo de negociação salarial com o Ministério da Gestão e Inovação (MGI) e de votar a mesma pauta que teria sido derrotada. Não fossem as acusações, gravíssimas, apenas um frouxo amarrado de argumentos insensatos, o artigo teria caído como um raio no meio desta semana – em que, coincidentemente, foram abertas as inscrições para concorrer às eleições da presidência da Fiocruz. Tanto maior seria o estrago porque, também coincidentemente, a matéria surge no mesmo dia da reunião do MGI com a presidência da Fiocruz, o sindicato e, excepcionalmente, uma comissão de trabalhadores ligados ao comando da greve determinada em assembleia.

Felizmente, os estragos esperados não se deram, por um detalhe: o artigo é vergonhosamente fake. E a comunidade Fiocruz bem o sabe.

Bastaria, em defesa de a Asfoc estar no cumprimento de sua missão de respeitar as decisões da assembleia, lembrar que a reunião com o MGI foi negociada pelo próprio sindicato. Bastaria dizer que a Asfoc agiu, juntamente com a presidência da Fiocruz, buscando esta e outras agendas em Brasília pelo apoio e pela unidade em prol da melhor equação para a negociação. Bastaria dizer que esse processo deriva de a categoria, em assembleia, ter primeiro rejeitado a proposta do governo e enviado contraproposta (de 60% de aumento, coincidentemente defendida por Costa), a qual foi rejeitada pelo MGI. Bastaria dizer que então o ministério devolveu a proposta anterior com vários ajustes e como condicionante para a categoria decidir entre celebrar o acordo ou não.

Entretanto, interessa a Costa ocultar que são momentos distintos de deliberação.

Oculta que a primeira votação ocorreu em um contexto de negociação aberta à discussão de propostas, enquanto a segunda respondeu a um ultimato do MGI com prazo, exigindo a aceitação de acordo ou a retirada da mesa de negociação. Dito de outro modo, no primeiro cenário são tratados índices, noutro, o risco de ficar sem nenhum para 2025. A narrativa de repetição de uma mesma proposta sem evolução ou contexto omite nuances essenciais e induz o leitor ao erro.

Distorcer os fatos sobre as negociações renovaria a cortina de fumaça sobre a realidade: o tempo de mesa aberta foi, na reta final, capturado por uma proposta distante do contexto real de negociação – alardeada e defendida em assembleia pelo grupo de Costa, coincidentemente, enquanto acusaram a Asfoc e até a presidência da Fiocruz de inação.

Mas a comunidade Fiocruz conhece bem todo o processo, pois a Asfoc garantiu que, para a decisão informada da categoria, todas as ações restem fartamente documentadas e disponíveis 24 horas por dia para consulta de qualquer cidadão, associado ou não.

E é aí, nos registros reais de assembleias, que não há nenhuma coincidência com o texto de Costa, porque ele é deliberadamente enganador – como a tentativa de seu grupo de impor sua narrativa sobre o contexto econômico quer, de certo modo, ignorar que a posição do sindicato sempre esteve sustentada por uma avaliação criteriosa da conjuntura atual. O contexto em que outras categorias do serviço público, que representam já 90% dos servidores federais, optaram por assinar acordos não pode ser ignorado – e poderia a estagnação salarial ainda mais grave, o risco de zero dinheiro em 2025. Apesar da mesa fechada, o sindicato buscou o MGI para um encontro e bancou toda a logística para estar em Brasília a comissão que os trabalhadores nomearam – e deixaram Costa de fora. Coincidentemente.

A intenção das práticas sectaristas e caluniosas parece ser atacar a Asfoc, não fosse o óbvio: a eleição sindical já passou sem que houvesse qualquer resistência então. Agora, outubro vai chegando e as disputas de poder que estão no calendário são outras: vão da presidência da Fiocruz às municipalidades em alinhamento ou não com o governo Lula. Coincidentemente, agora Costa busca dar relevância e pertinência à sua agenda de maneira curiosa: vinculando a resistência da Fiocruz contra o acordo a uma forma de sustentação à posição do presidente Lula contra os altos juros!

Quando extrapola a missão e os objetivos do sindicato e da própria presidência da Fiocruz, Costa leva à conclusão de que o minguante grupo que representa não reflete a maioria dos servidores. Pelo contrário, é uma minoria que instrumentaliza forças políticas adversas ao atual governo, desviando insidiosamente o foco da luta legítima por direitos e pela valorização dos servidores.

É importante ressaltar que as negociações não começaram agora, mas têm se estendido desde 2023, antes mesmo de a nova gestão da Asfoc assumir. Desde o segundo semestre de 2023, o ASFOC-SN tem se empenhado em defender os direitos dos trabalhadores da Fiocruz, buscando não apenas o reajuste salarial, mas também a implementação do Reconhecimento de Resultados de Aprendizagem (RRA), um direito assegurado em 2015, mas nunca implementado; a incorporação da gratificação por desempenho ao vencimento básico, de modo a valorizar a remuneração dos servidores aposentados; e garantir a paridade de reajustes entre ativos e aposentados. Estes pontos são cruciais para a valorização dos servidores que, ao longo dos anos, têm dedicado suas vidas à saúde pública e à pesquisa científica no Brasil. Em abril deste ano, o sindicato assinou o acordo para o reajuste de benefícios como alimentação, saúde per capita e auxílio-creche, além de garantir mesas específicas para a discussão de reajuste salarial e reestruturação de carreiras.

Esse processo culminou na primeira rodada de negociações específicas da Fiocruz em 15 de maio, com uma proposta inicial formalizada pelo governo em 20 de maio. Essa proposta, que sugeria a conversão dos 15 steps das carreiras de Nível Superior (NS) e Nível Intermediário (NI) em 20 steps de progressão, com rebaixamento da entrada nas carreiras, foi prontamente rejeitada pelos servidores, o que demonstra a disposição do sindicato em lutar por condições mais justas para seus representados.

Desde então, assembleias foram realizadas em diversas unidades da Fiocruz, em mais de 18 estados do Brasil, incluindo o Distrito Federal, para garantir a escuta das demandas dos trabalhadores e a transparência no processo de negociação. Apesar da rejeição da proposta por 657 votos, a assembleia continuou com novas propostas e encaminhamentos, reafirmando o compromisso do sindicato em buscar o melhor para seus servidores. A direção da ASFOC-SN, consciente dos riscos envolvidos, garantiu a continuidade das negociações e, coincidentemente, a agenda de hoje com o MGI.

Portanto, é leviano afirmar que o sindicato estaria dificultando as negociações. Falta ponderação e lucidez no texto composto por Costa, que em nada contribui para a solução das divergências que caracterizam as negociações desse tipo. Ao contrário, servem para abrir e aprofundar fissuras, turvando ainda mais a possibilidade de uma aproximação virtuosa das questões em jogo. Enquanto Costa desrespeita os leitores do Portal GGN, ignorando fatos e optando por uma narrativa que serve a interesses particulares, todos os passos da Asfoc foram dados com transparência e responsabilidade, sempre em prol dos interesses dos trabalhadores da Fiocruz.

Todo o processo foi amplamente divulgado e discutido nos canais de comunicação do sindicato, como o Instagram @asfocsn e o hotsite www.asfocnalutasempre.com.br, onde a sociedade em geral, gestores públicos, a imprensa e os servidores – independentemente de serem nível superior ou intermediário, associados ou não ao sindicato, ou de estarem na ativa ou aposentados – podem acessar toda a informação sobre este complexo processo.

A Asfoc continuará firme em sua missão histórica de representar os interesses dos servidores da Fiocruz , com responsabilidade e consequência, lutando por um acordo justo e pela valorização de todos os que têm defendido o SUS e contribuído para a saúde pública no Brasil.

O texto não representa necessariamente a opinião do Jornal GGN. Concorda ou tem ponto de vista diferente? Mande seu artigo para [email protected]. O artigo será publicado se atender aos critérios do Jornal GGN.

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