Bolsonaro e a vida pública marcada pela ideia de morte, por Janio de Freitas

"Uma indústria de vocacionados para a violência, de recorrentes a armas, de maníacos da morte. Tudo isso em uma só pessoa”

Jornal GGN – A vida pública do presidente Jair Bolsonaro é marcada por expressões de incentivo à morte, especificamente, à ação de tirar a vida alheia. A avaliação é de Janio de Freitas, na coluna deste domingo (12), na Folha de S.Paulo.

“Iniciante na carreira militar, sua estreia no noticiário se deu pela maneira como pensou em elevar os vencimentos dos tenentes. Não com um manifesto, greve, um movimento de solidariedade civil. Sua atitude foi ameaçar de explosão o abastecimento de água do Rio e de explodir quartéis, caso não saísse o aumento”, relembra se referindo às primeiras aparições de Bolsonaro à imprensa, em 1986, quando por meio de uma reportagem na revista Veja ameaçou atacar quartéis e a principal adutora que leva água para a capital do Rio de Janeiro, caso o governo não aumentasse os salários de militares.

“Os danos à vida dos cariocas, com inestimáveis vítimas, e as mortes de oficiais e soldados eram indiferentes ao seu estado muito mais do que reivindicatório. A mesma ideia de vitimação de inocentes que ocorre a terroristas da Al Qaeda, do Estado Islâmico, do Boko Haram”, pontua Janio.

Afastado do Exército, Bolsonaro entrou para a carreira política, sempre apresentando ligações com policiais de moral questionável, incluindo àqueles ligados a milícias no Rio. Em Brasília, como deputado federal, sua relação foi maior com a bancada da bala e ruralistas. Além disso, nesses 30 anos de vida parlamentar, Bolsonaro nunca deixou de expressar sua “apologia dos crimes de morte da ditadura, torturadores, policiais degenerados e operações de extermínio”, completa Janio.

“Questões como saúde e educação nunca o interessaram. Já a tomada de terras indígenas, o morticínio de tribos por grileiros, madeireiros e policiais, a expulsão de favelados não deixaram de o animar: contra as vítimas, sempre na defesa da violência. A letal, sobretudo. Trinta anos de vida mansa, egocêntrica, desumana em muitos sentidos”, completa o articulista.

Na campanha à Presidência não foi diferente, e um dos símbolos mais usados por Bolsonaro foi a pose de pistoleiro imitando armas com as mãos, propagando “sempre a difusão das armas letais, a validade da morte alheia a pretexto de defesa, a promessa prioritária de armar os civis (…) Programa para saúde, educação, retomada do crescimento, emprego —nada, isso seria programa para vida”, pontua Janio.

Após assumir o poder, Bolsonaro deu substância à sua ideia de morte, alterando o Estatuto do Desarmamento para facilitar a posse de armas e, mais recentemente, levando ao Congresso proposta que garante mais abertura à portabilidade de armas. Antes disso, durante um evento de agronegócio, o presidente prometeu criar um projeto de lei para garantir a impunidade ao proprietário de terra que mate ou mande matar invasores.

“É o inovador do direito de ser assassino”, reflete Janio, completando:

“A nova amputação, já quase extinção, do Estatuto do Desarmamento veio, agora, acrescentando à função liberatória aberrações não esperáveis nem de Bolsonaro. Porte de arma para repórter de assuntos policiais é atrair tiros sobre jornalistas, o que poderia dar aos Bolsonaros alguma sensação de justiça à sua maneira, mas demonstra ignorar também o que são jornalismo, repórter e imprensa”, além da liberação para que menores de idade possam praticar tiros em clubes sob a autorização dos pais.

“Uma indústria de vocacionados para a violência, de recorrentes a armas, de maníacos da morte. Tudo isso em uma só pessoa —do que temos exemplo. Cá em minha vida longa, desconfio muito dessa liberação de posse e porte de armas, e estoque de munição, para “dar direito à defesa pessoal””, conclui Janio. Clique aqui para ler sua coluna na íntegra.

Redação

10 Comentários

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  1. A menção aos traços marcantes dessa figura abjeta convida à reflexão sobre duas questões:
    Uma é uma evidencia da incoerência do personagem, a outra é didática.
    A primeira questão que salta aos olhos é o surrealismo de um personagem falastrão, que vomita frases feitas, ex-oficial expulso das forças armadas, cujo único tema de discurso, com poder de encantar seus seguidores, é a segurança individual das pessoas, nunca tenha sido capaz de entender nada, especialmente sobre SEGURANÇA pessoal. Pois nem ele, nem seus seguidores milicos, demonstraram de forma cabal que não sabem nada de segurança publica e nem privada, porque não são capazes de cuidar da segurança de um evento com duzentas pessoas, com vinte PF (policiais fake), dezenas de valentões bombados, em que foi possível a ocorrência de um suposto atentado protagonizado por um único cidadão, sem qualquer conhecimento ou treinamento militar, armado de uma faca de cozinha, que exige contato corpo a corpo com a vítima!!?? Ou seja, se ele, a vítima indefesa, estivesse portanto uma pistola Glock automática, teria sido ferido do mesmo modo.
    A segunda questão é que esse cidadão candidatou-se à Presidência da República mas não se elegeu. Porque ele não cumpriu nenhum dos ritos exigíveis a uma eleição democrática. Ele foi, na realidade, é preciso repisar, alçado ao mais alto cargo da administração do país no âmbito de um GRANDE ACORDO NACIONAL, com STF, com tudo que, nas palavras de Sérgio Machado a Romero Jucá, teria sido avençado, primeiro, em nome do gangster Michel Temer. Depois, num segundo momento, o GRANDE ACORDO prosseguiu vigente em torno do nome de QUALQUER UM que não tivesse nenhum compromisso com o interesse público.
    E, por último, mas mais importante, porque é aí que entra a parte didática, no TUDO, da expressão, “com STF, com tudo”, estão o judiciário inteiro, os verde saúvas (com crédito para jcordeiro), a agiotagem rentista, cujo candidato era o Amoedo ou o Xuxú, e a fração dominante do empresariado sonegador de impostos. Isso precisa ser repisado e deixado muito claro para ser ensinado às crianças nas escolas (se não forem escolas de partido único) para que fique muito bem registrado na história que, dessa vez, não se deve permitir que se repita. Alô Academiaaaa!!

  2. A morte é a eterna má companheira e sempre nos faz chorar muito; nem mãe poderia ser por princípio e fim, muito menos, meio, como parece querer o ser-objeto do texto do Jornalista Janio de Freitas, publicado hoje na FSP.
    Neste Dia das Mães, Viva a Vida, portanto, a quem dá a Vida, a quem dá própria Vida, a quem cuida, com amor e solidariedade, da natureza e do semelhante, mesmo quando este é diferente de si próprio-a em fenótipo e na escala social.
    Mães não gostam da morte: elas fazem a Vida florescer a cada dia.

  3. Ele é uma fraude, não consegue nem cumprir as idiotices que prometeu em campanha…..

    Mas a verdade é uma só, ele e seus eleitores se merecem……são o espelho um do outro…….

    O circo de horrores apresentado pelo congresso durante a votação do impeachment é a cara de uma parte da sociedade brasileira…….a parte mais feia e podre……

  4. CELSO AMORIM: MILITARES CONTROLAM OS EXCESSOS DE BOLSONARO

    Para o ex-chanceler e ex-ministro da Defesa, é preferível que os integrantes das Forças Armadas permaneçam no governo; “Sair para quê? Vão fazer uma revolução contra? Vão chamar o PT, o PCdoB, quem para governar? Não vão. Prefiro ter eles lá”; à TV 247, ele diz ainda não acreditar numa ascensão dos militares à presidência; assista

    12 DE MAIO DE 2019 ÀS 06:44

    https://www.brasil247.com/pt/247/poder/393011/Celso-Amorim-militares-controlam-os-excessos-de-Bolsonaro.htm

    NA REALIDADE, o que Celso Amorim está propondo é que os generais sejam as BABÁS do Bolsonaro.

    Veja um possível diálogo entre um general (G) do exército braZileiro e o bebê Bolsonaro

    G – Bolsonaro, você já fez cocô 5 vezes só hoje de manhã e eu estou cansado de limpar suas merdas.

    Bolsonaro – Hug, gugu, mama, grunt!

    G – E pare de grunhir porque senão no dia das crianças nós não lhe daremos de presente o fuzil Ar-15 e a pistola semi-automática da Tauros que nós lhe prometemos.

  5. Cada dia mais me convenço que, pelo menos no RJ, teve muita comunidade votando no cabestro. Seja por atuação de grupos fora da lei ou por atuação de “pastores” ligados a mercadores da fé, como malafaias, macedos, etc.
    Até hoje estes eleitores de cabresto talvez ainda não possuam consciência total do embusteiro que ajudaram a eleger.
    Já Bosonaro cada vez mais deixa de ser um simples caricato para assumir o papel de incendiário perigoso. Tomemos por exemplo a questao da liberação das armas. O sujeito baixa decreto que facilita a posse de armas, chegando como ele mesmo declarou, “no limite da lei”. Depois, quando questionado sobre a constitucionalidade do decreto, o cidadão, presidente de um país, portanto que deveria ter o mínimo de responsabilidade com suas palavras e seus atos, simplesmente arrota: “se for inconstitucional o decreto não vale”
    Nao é assim que uma pessoa digna, uma pessoa lúcida, um governante responsável, deve se portar. O que conseguiu com este decreto irresponsável foi incentivar aquela parcela nazista do seu eleitorado (esta sim que sabe porque votou nele) a atacar os órgãos responsáveis por barrar mais esta insanidade, incluem-se o Congresso e o STF.
    Ou seja: É mesmo um perigoso incendiário.

  6. tanatos, segundo freud, no google….

    “Pulsão de morte (em alemão: Todestrieb), também conhecida como Tânato, é um termo introduzido pelo psicanalista austríaco Sigmund Freud em 1920.[1]

    Na sua teoria das pulsões Sigmund Freud descreveu duas pulsões antagónicas: Eros, uma pulsão sexual com tendência à preservação da vida, e a pulsão de morte (Tânato) que levaria à segregação de tudo o que é vivo, à destruição. Ambas as pulsões não agem de forma isolada, estão sempre trabalhando em conjunto segundo o princípio de conservação da vida. Como no exemplo de se alimentar, embora haja pulsão de vida presente – sendo a finalidade de se alimentar a manutenção da vida – ela implica-se à pulsão de morte, pois é necessário que se destrua o alimento antes de ingeri-lo. Aí presente um elemento agressivo, de segregação, este se articula à pulsão primeira, como sua necessária contraparte na função geral de conservação.
    finalmente a grande mídia produziu um texto que alerta sobre os perigos do verdadeiro bolsonaro.
    é uma contraposição do que existia, a vida,
    a política de inclusão social petista….

  7. Imbecil, sim, coerente: mais ainda.
    Se o cabra tem a morte do outro como prazer; se foi treinado para matar; se se deu bem na vida ameaçando matar todo mundo; se foi candidado eleito prometendo matar e deixar matar, esperar que ele se importe com outra coisa é ser injusto com o eleito.
    Ele nunca disse que faria diferente.
    Aliás, nem discurso, nem debate, nem programa de governo, nem presença física ele teve para ser eleito.
    Quem foi capaz de votar num imbecil doente, assassino, bestial e sem capacidade de articular um discurso coerente, não pode agora esperar ” Programa para saúde, educação, retomada do crescimento, emprego —nada, isso seria programa para vida”, conforme pontua Janio.
    E ele veio de quadrilha, formando com seus filhos, a família “cristã” respeitável que governará os homens de bens.
    Saravá! e Hosanas!

  8. Sejamos honestos, ele apenas conseguiu espaço porque nossa sociedade e modo de vida são necrófilos.
    Há um filósofo africano (da república dos Camarões), Achille Mbembe (http://www.ihu.unisinos.br/186-noticias/noticias-2017/564255-achille-mbembe-a-era-do-humanismo-esta-terminando), que escreve sobre isso (https://n-1publications.org/necropolitica) mas mesmo quem o cita, ou se refere à mesma realidade, não aplica o que isso significa à vida prática: quem de nós ainda observa a si mesmo e à maneira como vive de modo a entender por que e para quê?
    Estamos fazendo isso ao ignorarmos solenemente (insolentemente), e eu diria sacrilegamente para os crentes e hipocritamente para os descrentes, a crise ambiental ou ecológica: porque ninguém quer realmente mudar o mundo, porque ninguém quer abrir mão de seu conforto comodista, porque… (façam como nas lições escolares do século passado, completem as lacunas, rs, é terapêutico).

    A palavra é o que o ser humano tem de distintivo e no entanto, a gangue e seus similares em todo o “globo da morte terrestre” demonstram o quanto ela é banal(izante) se desvencilhada do seu potencial de ação no mundo – no caso deles, funciona como “ordem a ser obedecida sem refletir”, portanto, não mediada e impassível de responsabilização pelas suas consequências, o que também é feito por ditos progressistas que a veneram como símbolo estanque e não como representação em contato com o mundo, passível de agir sobre ele, trocando em miúdos, é só blah, blah, blah e va(cu)idade -; e isso tem ficado patente com a vergonhosa atitude da sociedade brasileira em relação aos temas ambientais e ecológicos.
    Que tal parar de jogar pedra no Judas (será naturalmente expelido por uma sociedade curada de si mesma) e de negarmos a Natureza, de novo e de novo? – poema-recado do professor Carlos Vogt no site ComCiência (http://www.comciencia.br/afetos/#more-3995), que me lembrou de uma música (“as aparências enganam, aos que odeiam e aos que amam”) – o fascista não é um acidente, é o sintoma de uma doença que é a de todos nós, por ação ou omissão; onde erramos para que ele esteja na posição que está? esta a pergunta que precisamos responder, e a resposta está EM NÓS.

    “Afetos
    No samba da desunião
    o amor casa com o espelho
    o ódio com a ilusão”

    “Por que esperar, se podemos começar tudo de novo, agora mesmo?
    A humanidade é desumana mas ainda temos chance
    O sol nasce pra todos, só não sabe quem não quer” (“Quando o sol bater…”)

    “Mas é claro que o sol vai voltar amanhã
    Mais uma vez, eu sei
    Escuridão já vi pior, de endoidecer gente sã
    Espera que o sol já vem
    Nunca deixe que lhe digam que não vale a pena acreditar no sonho que se tem
    Ou que seus planos nunca vão dar certo (…)
    Se você quer alguém em quem confiar, confie em si mesmo” (“Mais uma vez)

    Animation short film PLANTO | BCU Award winning 2017 | AISHKHI STUDIO – Akhil Narayanan
    https://www.youtube.com/watch?v=pafDRMcDaK0

    Quando o sol bater na janela do teu quarto – Legião Urbana
    https://www.youtube.com/watch?v=WTXrT5cgyCg

    Mais uma vez – Legião Urbana
    https://www.youtube.com/watch?v=RMkfhKOJHBQ

    Sampa/SP, 12/05/2019 – 22:28

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