Denunciados pela linguagem, por Eliane Brum

Sugerido por Leo V

Do El País

Denunciados pela linguagem

Fabiane era inocente. Nós, ao exaltarmos a sua inocência como principal razão para que ela não fosse assassinada, somos culpados 

O linchamento de Fabiane Maria de Jesus nos denuncia pela palavra. Há um horror, o linchamento. E há o horror por trás do horror, que é a exacerbação da inocência da vítima. É preciso que este também nos espante, porque ainda mais entranhado, suas unhas cravadas fundo numa forma de pensar como indivíduos e de funcionar como sociedade. Nem todos são capazes de pegar um pedaço de pau para bater na cabeça de uma mulher até a morte por considerá-la culpada de um crime, mas é grande o número daqueles que, ao contarem o caso na última semana, enfatizaram: “Ela era inocente”. Não como uma informação a mais no horror, mas como a mais importante. Essa também foi a frase escolhida para ilustrar as camisetas dos que protestavam contra a sua morte: “A dor da inocência”. Mas talvez seja na exaltação da inocência que nossa violência se revele em sua face mais odiosa. O que pensamos ser luz, prova de nossa boa índole, é feito da matéria de nossas trevas mais íntimas. É a exacerbação da inocência que mostra o quanto nós – mesmo os que não lincham pessoas na rua – somos perigosos.

E se ela fosse culpada?, como provoca o título da matéria de Marina Rossi, aqui no El País Brasil. E se ela fosse uma mulher que praticasse magia negra com crianças? Seu assassinato por um bando de pessoas na rua estaria justificado? Então alguém poderia agarrá-la, outro arrastá-la e um terceiro passar com a roda da bicicleta sobre a sua cabeça? É isso o que estamos dizendo quando nos espantamos mais com a inocência de Fabiane do que com o seu assassinato?

O linchamento de Fabiane produziu uma narrativa fragmentada, que revela mais sobre os autores do discurso do que sobre a vítima. O suspeito V. B., eletricista, 48 anos, justificou-se, ao ser preso: teria golpeado Fabiane com um pedaço de madeira porque achou que o boato era “verdade”. O suspeito L.L., ajudante de pedreiro, 19 anos, que teria passado com a bicicleta sobre a cabeça de Fabiane, explicou: “Diante da gritaria das pessoas que tinham reconhecido a mulher, não tive dúvidas de participar do tumulto”. O suspeito C.J., pintor de paredes, 22 anos, teria puxado Fabiane pelos cabelos para se certificar de que era ela mesma, antes de ajudar a matá-la.

Em nenhum momento apareceu o choque por ter espancado uma pessoa com um pedaço de pau, passado sobre a cabeça de alguém com a bicicleta, agarrado uma mulher pelos cabelos. Passada a explosão da hora, a questão que motivou até um pedido de desculpas à família, por parte de um dos suspeitos, era o erro. Mas o erro não seria assassinar – e sim assassinar a pessoa errada. Se havia razões para o arrependimento era a inocência de Fabiane – não o ato de matar. “Não é ela, não é ela”, teria avisado alguém em um dos vídeos de sua morte. Não arrebente porque não é ela. E se fosse?

Se a exaltação da inocência estivesse restrita aos assassinos – e a quem assistiu ao assassinato sem nada fazer para impedi-lo – seria mais fácil. Mas foi a inocência de Fabiane que motivou, nos mais variados espaços, perguntas retóricas como: “onde estamos?” ou “que país é este?”. Entre os tantos comentários sobre o caso, lamentando a morte de Fabiane, talvez o do governador do estado de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), seja o mais revelador.

Fabiane foi linchada no sábado (3/5), no bairro de Morrinhos, na periferia do Guarujá, no litoral paulista, e morreu, no hospital, na segunda-feira (5/5). Tinha 33 anos. Na quarta-feira (7/5), o governador, que pretende tentar a reeleição, foi ao Guarujá para, entre outros compromissos, reinaugurar a maternidade do Hospital Santo Amaro – o mesmo onde, segundo o jornal O Estado de S. Paulo, Fabiane teve de esperar um dia para conseguir vaga na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Durante a cerimônia, Alckmin manifestou-se sobre a morte de Fabiane, nos seguintes termos: “É inadmissível um ato de barbaridade como esse, tirando a vida de uma pessoa que não tinha nada a ver com a desconfiança da população, até porque tudo não passou de um boato”.

Uma boa questão de interpretação para a prova de língua portuguesa do próximo vestibular. O que, exatamente, o governador está dizendo ao povo do estado que governa? Qual é, para ele, a questão central no linchamento? O que é inadmissível, segundo Alckmin? Linchar uma pessoa, qualquer pessoa, ou linchar uma pessoa inocente?

A exaltação da inocência de Fabiane revela a não inocência da sociedade brasileira na série de linchamentos que vem atravessando o país. As palavras revelam o que também alimenta o espancamento e a morte de pessoas por cidadãos nas ruas. É no discurso, às vezes subliminar, às vezes explícito, que é reeditado cotidianamente o pacto histórico de que há uma categoria de brasileiros que podem ser mortos – ou que ao menos seu assassinato seria justificável. É esta mesma lógica que tolera – quando não deseja – a tortura e a morte de presos nas delegacias e nos presídios do Brasil. Encarar os linchamentos como algo que só pertence ao bárbaro, que é sempre o outro, é ocultar a nossa responsabilidade, a de cada um, com uma máscara de inocência. Fabiane era inocente. Nós, ao exaltarmos a sua inocência como principal razão para que ela não fosse assassinada, somos culpados.

A barbárie não deveria nos surpreender, como se fosse nova entre nós. A sociedade brasileira historicamente a tolera, quando não a estimula. Como já foi dito mais de uma vez, também aqui, ela está nas raízes da formação do Brasil. A barbárie chegou junto com os que se anunciavam como civilizados diante dos povos indígenas que aqui estavam – os bárbaros. E foram também os chamados civilizados que promoveram uma força de trabalho escravo, alimentada por negros trazidos da África (e também por índios). Nem a escravidão nem o extermínio indígena foram superados no Brasil – e as marcas de uma e a reedição do outro fazem parte do cotidiano do país, hoje.

Fingir que a barbárie é surpreendente não vai nos ajudar a combatê-la. No Brasil atual, indígenas, ribeirinhos e quilombolas têm sido expulsos de suas terras por atos do próprio governo federal – e muitos deles têm sido mortos por pistoleiros, a mando de fazendeiros. É assustador o número de moradores de rua assassinados no Brasil nos últimos tempos, assim como o de crimes por homofobia. A retirada de pessoas de suas casas para a construção de estádios da Copa do Mundo é conhecida – ou deveria ser – por todos. A violência nos presídios e as execuções nas favelas e periferias tornaram-se uma banalidade só interrompida por espasmos. Mesmo os linchamentos estão longe de nos ser estranhos, o que em nada diminui o seu horror e a necessidade de combatê-los.

Se há algo de novo é talvez a forma como as palavras encarnaram para tornar Fabiane uma pessoa para o linchamento. A internet não criou – nem piorou – o humano. Ela apenas o revelou como nunca antes. Ela deu-nos a conhecer. Antes não sabíamos o que pensava o vizinho ou o caixa do banco ou o sujeito que nos cumprimentava na padaria. Agora, ele grita na internet – e, mais do que grita, exibe todo o seu inferno. Passeia o time completo, com titulares e reservas, de seus ódios e preconceitos. Na internet, o humano perdeu o pudor de suas vísceras. Ao contrário, em vez de ocultá-las, passou a exibi-las como um troféu de autenticidade.

É nesse contexto que o dono do perfil no Facebook “Guarujá Alerta” postou, em 25 de abril, a seguinte “notícia” – que jamais poderia ser chamada de notícia porque sequer foi apurada antes de ser publicada: “Boatos rolam na região da praia do Pernambuco, Maré Mansa, Vila Rã e Areião, que uma mulher está raptando crianças para realizar magia negra… Se é boato ou não devemos ficar alertas”. Nenhum pudor de postar um boato. Zero pudor. Ao contrário, a internet nos mostra que há um orgulho no despudor, no “assumir” a falta de princípios, confundindo-a com o que é apresentado como “coragem de denunciar”.

Alguns dos comentários de homens e mulheres, postados na sequência, mostra a disseminação do ódio, travestida como defesa do bem: “Mata essa filha da puta. Quem achar, sem dó”/ “Se vir pro Morrinhos vai tomar só rajada essa cachorra”/ “Vamos fazer uma magia de revolta com ela, ‘botando fogo nela’”. Logo surgiu um retrato falado, que seria descrito pela imprensa como o de uma mulher “negra e gorda”, em seguida a foto de uma loira.

Dias depois da publicação do boato, Fabiane, com pouca ou nenhuma semelhança com qualquer uma das imagens, foi linchada. Inclusive crianças participaram do seu espancamento. O retrato falado tinha sido feito em 2012 pela polícia carioca e referia-se a uma suspeita de ter sequestrado uma criança na zona norte do Rio. Nenhum menino ou menina desaparecera na região do Guarujá nos últimos tempos, o crime não existia. Mas as “bruxas” começaram a ser vistas em toda parte – e também em outras regiões do país, na qual o boato foi reproduzido. Fabiane foi a única morta, mas várias mulheres podem ter corrido o risco de ser assassinadas. De novo, as mulheres e a bruxaria, como nas fogueiras da Inquisição.

(Só um parêntese. Vale pensar sobre o peso da palavra escrita nessa tragédia. Sobre o quanto a palavra escrita, agora na internet, é decodificada ainda por muitos, em especial por aqueles que ao longo da história tão pouco tiveram acesso a ela, como “verdade”. A frase “está no jornal” ou “li no jornal”, usada para assegurar a veracidade de algo diante de outros, é agora também “está (ou li) na internet”. É o que mostra a quantidade de spams com boatos os mais estapafúrdios que atravancam todos os dias as caixas de e-mail e também as redes sociais, porque muitos os replicam, sem apurar a fonte ou sequer duvidar, para alertar seu circuito de conhecidos, familiares e amigos sobre ameaças terríveis. Falta muito para que a leitura crítica, tanto da imprensa tradicional quanto da mídia alternativa, como de qualquer outra produção narrativa, se estabeleça para a maioria, tão carente de educação no país.)

Quando Fabiane foi agarrada naquele sábado, carregava um livro de capa preta. Quem passava por ela, viu nele uma obra de magia negra. Quando ela ofereceu uma fruta a uma criança na rua, o gesto foi interpretado como uma tentativa de sedução. Foi só alguém gritar “é ela, é ela”, para o linchamento começar. É importante compreender como Fabiane tornou-se bruxa. Mas também é fundamental entender como ela deixou de ser bruxa.

O feitiço ao contrário é revelador. O livro de magia negra era uma Bíblia. A fruta oferecida era um gesto de generosidade. Fabiane era branca, era religiosa, era mãe de duas filhas, era dona de casa e gostava de crianças. Sua única “mácula”, para o senso comum, seria um diagnóstico de “transtorno bipolar”, relacionado nos relatos “ao parto da primeira filha”. Mas, mesmo neste caso, ela foi poupada do preconceito costumeiro, associado às doenças mentais, por depoimentos como este, de uma amiga: “(Nas crises) ela saía abraçando as pessoas, falando que amava todo mundo, nunca fez mal a ninguém”.

Fabiane, portanto, não só era inocente, como era a imagem da inocência. Era o retrato idealizado do feminino ligado à maternidade. Não tenho como aferir o quanto essa imagem, desfeito o feitiço, colaborou para a comoção do país. Mas suspeito que bastante. E isso também revela o quanto nós não somos inocentes.

E se Fabiane fosse “negra e gorda”, como descrita no retrato falado? E se Fabiane exibisse piercings e tatuagens pelo corpo? E se Fabiane fosse lésbica? E se Fabiane fosse agressiva? E se Fabiane fosse do candomblé ou do batuque ou de outra religião afro-brasileira, as quais os pastores evangélicos neopentecostais tanto relacionam nos templos e nos programas da TV com satanismo, uma atitude criminosa pouco ou nada combatida? E se Fabiane fosse bruxa? E se Fabiane fosse o oposto da idealização feminina? Será que tantos hoje chorariam por ela?

E Fabiane seria, por isso, menos inocente?

Talvez, se sua imagem não correspondesse ao estereótipo da mãe de família, ouviríamos coisas como: “Também, com aquela aparência, era fácil confundi-la”. Ou: “Essa história está mal contada, boa coisa ela não era”. Talvez então o feitiço jamais fosse desfeito e Fabiane continuasse na lista não escrita das pessoas “lincháveis”. É possível? Ou estou exagerando? Gostaria de estar exagerando, mas me arrisco a suspeitar que não.

Vale a pena prestar atenção ao comentário de L., ao ser preso e pedir desculpas à família de Fabiane. “Peço desculpas à família, estou muito arrependido. Desculpa mesmo. A gente vê a nossa mãe em casa, nossa tia, e imagina que poderia ter sido com elas”. De repente, o algoz percebe que sua vítima não é mais uma “bruxa”, uma diferente, uma outra, mas sim semelhante às mulheres da sua família que ocupam um lugar materno. E, como filho, sobrinho, dessas mulheres, semelhante a ele mesmo. Pela lógica imediata, se a conversão em bruxa pela turba enlouquecida, da qual ele fez parte, aconteceu com Fabiane, por que não aconteceria com sua mãe, com sua tia? Com ele, com cada um de nós? Será também um medo novo que faz aumentar a comoção por Fabiane? E agora, que a barreira dos “lincháveis” foi rompida e uma mãe de família, uma devota, morreu a pauladas?

Um dos suspeitos disse à polícia que dois outros autores do linchamento de Fabiane foram executados pelo tráfico. A informação foi publicada na imprensa. Se queremos de fato enfrentar a barbárie, precisamos saber se essa afirmação é verídica. E, se for verídica, precisamos exigir que os assassinos dos assassinos sejam investigados, julgados e punidos, no rito da lei. Do contrário, somos só bárbaros que acreditam que linchadores devem ser mortos, no olho por olho, dente por dente. Como aqueles bárbaros que salivam em suas casas quando assistem à notícia de que estupradores foram violados na cadeia, onde estão sob proteção do Estado.

Chorar pelos inocentes é fácil. O que nos define como indivíduos e como sociedade é a nossa capacidade de exigir dignidade e legalidade no tratamento dos culpados. O compromisso com o processo civilizatório é árduo e exige o melhor de nós: respeitar a vida dos assassinos. Fora isso, é só demagogia.

Há vários apelos circulando na internet sobre as palavras “justiceiro” e “justiçamento”. Quero trazer a reflexão para cá, porque já descobrimos há muito – e também agora – que as palavras são poderosas. E andam. E encarnam. E revelam. E autorizam. Linchamento não é “justiçamento”. É crime. Linchador não é “justiceiro”. É criminoso. Seja uma pessoa ou uma turba, quem mata é assassino. Quem lincha e mata não quer justiça, quer vingança – às vezes sem nem mesmo saber do quê. Se queremos superar a barbárie, talvez seja necessário jamais confundir “justiça” e “vingança” – também nas palavras.

Eliane Brum é escritora, repórter e documentarista. Autora dos livros de não ficção Coluna Prestes – o Avesso da Lenda, A Vida Que Ninguém vê, O Olho da RuaA Menina Quebrada, Meus Desacontecimentos e do romance Uma Duas. Email:[email protected]. Twitter:@brumelianebrum

Redação

13 Comentários

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  1. Excelente texto. Traz o

    Excelente texto. Traz o fenômeno à sua real dimensão: quem cometeu o crime é o responsável. Existem correlações, mas jamais relação de cusa-efeito, para explicar as ações de cada um envolvido noo evento. Desde quem efetivamente pegou no pau para acertar na cabeça da vítima até os omissos que não fizeram nada para coibir a ação. Traz à baila os arquétipos que estão em jogo: a figura da mulher, sedutora, mãe, sábia. O mesmo arquétipo está na raiz do linchamento virtual da Sheherazade: a bruxa sedutora, como a responsável pelo encantamento que atingiu o país e que está fazendo com que as pessoas estejam saindo por aí, linchando. Como somos primários em nossos institntos atávicos, não?

  2. Ela cometeu o “erro” de envolver o governo do PT nas críticas

    “Fingir que a barbárie é surpreendente não vai nos ajudar a combatê-la. No Brasil atual, indígenas, ribeirinhos e quilombolas têm sido expulsos de suas terras por atos do próprio governo federal – e muitos deles têm sido mortos por pistoleiros, a mando de fazendeiros. É assustador o número de moradores de rua assassinados no Brasil nos últimos tempos, assim como o de crimes por homofobia. A retirada de pessoas de suas casas para a construção de estádios da Copa do Mundo é conhecida – ou deveria ser – por todos. A violência nos presídios e as execuções nas favelas e periferias tornaram-se uma banalidade só interrompida por espasmos. Mesmo os linchamentos estão longe de nos ser estranhos, o que em nada diminui o seu horror e a necessidade de combatê-los.”

    Só por causa desses trechos verdadeiros, os pelegos, fakes especialmente, não irão gostar do que ela escreveu. Na cabeça desse povo, é assim que funciona.

    1. Mas Argolo, a retirada de

      Mas Argolo, a retirada de pessoas nao “he soh por causa de estadios”. Esse reducionismo, essa falta de detalhamento faz muita diferenca. Muitas pessoas tem sido “expulsas” de casa, e vejam soh, recebdno indenizacao para isso, para construcao ou expansao de estrados, de corredores de onibus, para metro, etc. Nao se trata de defender o Governo Federal. Se trata de ser um pouco mais honestos com nos mesmos. Todos nos reclamamos do mal planejamento das cidades brasileiros, fazer qualqer tipod e Obra, seja de infraestrutura seja de mero lazer esportivo, passa irremediavelmente pela desapropriacao. Alis, usar a palavra “expulsas” requer muito cuidado devido ao seu peso, do contrario, fica muito leviano. 

      A questao dos Quilombolas, indios, etc, mortos por pistoleiros eh uma realidade que assombra o pais desde muito tempo. O PT peca e muito nessa questao. Mas o que eh interessante nessa maluqice total eh que os fazenderios, usineiros odeiam o PT por estar fomentando estes grupos, por “dar terras a indios vagabundos, quilombolas, ribeirinhos”. Ou seja, de fato o PT eh culpado mais uma vez, ele tenta promover direitos desses grupos sem confrontar veementemente as oligarquias do nosso Brasil Rural.

       

      Por fim, pow Argola, na moral, esse seu papo de chamar as pessoas de pelegos a todo momento vai na contra-mao do seu bom comentario tratando do clima anti-PT que se instaurou aqui no Brasil. Vc critica esse tipo de sentimento, mas ao usar o termo pelgo para tudo simplesmente para qualquer discussao achando que essa adjetivacao encerra o assunto. Vamos lah meu caro, sei que eh mais inteligente do que isso.

       

      Abs

      1. Expulsão

        Francy, desapropriação pagando direitinho, ok – mas em Pernambuco teve gente que recebeu uma merreca pelo seu imóvel desapropriado, imóvel com benfeitoria e que ocupava há anos. De forma que o sujeito sai de uma boa casa própria para passar a morar de aluguel. Na prática isso é expulsão, sim, infelizmente. Esse tipo de coisa precisa ser apontada porque é uma flagrante injustiça, e é preciso criticar todo mundo que tem responsabilidade, o que nesse caso inclui o governo estadual do PSB do Sr. Eduardo Campos.

        1. Porque recebeu uma merreca?

          Porque recebeu uma merreca? Vc jah se fez essa pergunta. Eh claro que o Estado nao pode deixar as pessoas desassitidas, mas se ele for pegar a Letra fria da Lei, imovel irregular nao recebe indenizacao em funcao de desapropriacao por interesse publico.  Dai vem a importancia das pessoas terem informacao e buscarem saber a situcao do terreno e fazerem de tudo para legaliza-lo. Eu sei que o que a Lei determina como preco justo para desapropriacoes pode ser bem aquem do esperado pelo desapropriado.  Mas eh preciso ter cuidado, como a Lei manda em caso de enriquecimento injustificavel. Por exemplo, muita gente busca embelezar a sua casa quando vislumbra uma possivel despropriacao do imovel. A Lei esta ali e a pessoa sabe que se essa mudanca ter sido feito em menos de um ano da saida, nao adianta que o calculo sera baseado no valor medio dos imoveis da regiao. Assim, se o caro for o “mais bem d evida da regiao” onde a maioria eh mais pobre do que ele, ele irah receber menos, prejuizo na certa. Isso eh complicado, ter que sair de casa por um preco que nao seja aquele que vc mesmo determina eh complicado, mas como fazer?

          1. Entendo o seu ponto, mas falo de merreca MESMO

            Entendo o seu ponto, mas falo de merreca MESMO, um valor de indenização ridículo, que não dá para comprar nada além de um barraco numa favela! Aí é fogo mesmo. Se pelo menos botasse o cara num apartamento de conjunto popular, a família dele não ficaria desassistida, entende? Não é uma questão de dinheiro, é uma questão humana.

  3. Nossa, mas quanta complicação!

    Conforme o texto, o Alckmin disse apenas o seguinte: “É inadmissível um ato de barbaridade como esse, tirando a vida de uma pessoa que não tinha nada a ver com a desconfiança da população, até porque tudo não passou de um boato”.

    Daí a autora se baseia nessa declaração para defender a tese de que o Alckmin acharia normal o linchamento se a pessoa fosse culpada… Ora, isso é uma inferência dela. A menção à inocência da pessoa pode ser apenas uma ênfase num dado chocante: uma pessoa foi linchada, e além disso ela era INOCENTE. A comunicação tem isso, agora vamos patrulhar a linguagem espontânea das pessoas? Ao fim e ao cabo o texto dela é enorme para passar uma mensagem bastante simples. Em suma: quando a pessoa precisa argumentar demais, provavelmente seu argumento é que está errado.

    1. Flavio, eu discordo de vc,

      Flavio, eu discordo de vc, nao se trata e patrulha. A autora deu exemplos claros, nao soh do Alckimin, para mostrar que isso que vc chama de “lingagem espontanea” naa mais eh do que atos falhos deixando escapar nossos reais valores. A ideia do teto estah corretissima, associar a inocencia o arrependimento e nao ter arrependimento pela morte em si. Talvez muitos tenham se identificado em certa extensao com o que disse a autora, talvez dai a brabesa.

      1. “Brabesa”?

        Francy, se essa “brabesa” foi uma indireta pra mim, te digo que até agora não fiz nenhum comentário sobre o fato do linchamento em si. Nenhum. Nessas ocasiões de tragédia as pessoas se sentem compelidas a manifestarem comoção em público, quase como uma obrigação, deve ser a mentalidade cristã arraigada na nossa cultura. O que houve para esse linchamento, e comento agora, dá para resumir numa palavra: MEDO. Superstição. MEDO. Ignorância. MEDO. Vamos ler Bertrand Russell que está tudo lá. Ao dar educação, informação e tirar a viseira da religião, a sociedade melhora significativamente. Mas note que mesmo um país avançado como a Noruega não ficou livre de aparecer um idiota matando um monte de gente. Então tem algo obscuro mesmo na natureza humana. Quem trabalha na área penal deve ver uma monte de casos de gente aparentemente pacata que se tornou assassina. É difícil para nós admitirmos que o monstro brota da condição humana.

    2. Se trata de uma inferência

      Se trata de uma inferência dela, e de qualquer um que ler o que ele disse com raciocínio lógico. Se ele achasse barbárie linchamento, independente de “inocência”, ele nem tocaria no assunto de ela não ter a ver com o tal boato.

      Questão de lógica.

  4. Por que ter tanta compaixão

    Por que ter tanta compaixão pelos culpados? Vocês busca uma bondade divina (de deixar nas mãos de deus, ou no caso, da Justiça)que eu nunca vou possuir então. Se o “mau” que eu fizer, eu fizer somente contra pessoas más (que machucam os outros sem motivo), ainda mais com o intuito de que eles PAREM com isso, não me consideraria má. Me consideraria uma bem-feitora para a sociedade que você tanto fala. O linchamento lhe parece bárbaro? Bom, sociedades podem parecerem o quanto civilizadas você deseja, mas o íntimo do ser humano é bárbaro de qualquer maneira. Se canalizarmos a nosso “terror” contra pedófilos e assassinos psicóticos, não ligo. O linchamento é falho pois pode punir inocentes (e por que não exaltar os inocentes? Desde quando deixou de ser coisa boa?). Mas adivinha só, todo método é falho. E quer coisa mais falha que a nossa Justiça? O prisão abriga inocentes e as ruas estão cheias de criminosos. Se a lei falha tanto, volto pras cavernas e OLHO POR OLHO MESMO!

    E mais, bonita a sua frase “O que nos define como indivíduos e como sociedade..” e tal, mas não quer dizer nada. O que é para você “definir como individuo”, como “sociedade”? Essas ideias parecem interessantes mas só ficam boiando no mar quando se pensa mais a fundo. Eu sou um individuo, com você querendo ou não, ainda mais se considerarmos o que a palavra significa: ser/criatura avaliada isoladamente em relação à sociedade. Teria sido melhor vocês falar diretamente “O que nos define como BONS indivíduos ou como uma boa sociedade”, pois sabemos que era isso o que você queria dizer. Mas dai entram mais questões: o que nos faz bons? O que nos faz ser uma boa sociedade? Isso é EXTREMAMENTE relativo. Eu, particularmente, diria que é uma sociedade sem bruxas que fazem rituais com crianças. Certamente os justiceiros seriam um dos últimos na minha lista de “gente má”.

  5. Por que ter tanta compaixão

    Por que ter tanta compaixão pelos culpados? Vocês busca uma bondade divina (de deixar nas mãos de deus, ou no caso, da Justiça)que eu nunca vou possuir então. Se o “mau” que eu fizer, eu fizer somente contra pessoas más (que machucam os outros sem motivo), ainda mais com o intuito de que eles PAREM com isso, não me consideraria má. Me consideraria uma bem-feitora para a sociedade que você tanto fala. O linchamento lhe parece bárbaro? Bom, sociedades podem parecerem o quanto civilizadas você deseja, mas o íntimo do ser humano é bárbaro de qualquer maneira. Se canalizarmos a nosso “terror” contra pedófilos e assassinos psicóticos, não ligo. O linchamento é falho pois pode punir inocentes (e por que não exaltar os inocentes? Desde quando deixou de ser coisa boa?). Mas adivinha só, todo método é falho. E quer coisa mais falha que a nossa Justiça? O prisão abriga inocentes e as ruas estão cheias de criminosos. Se a lei falha tanto, volto pras cavernas e OLHO POR OLHO MESMO!

    E mais, bonita a sua frase “O que nos define como indivíduos e como sociedade..” e tal, mas não quer dizer nada. O que é para você “definir como individuo”, como “sociedade”? Essas ideias parecem interessantes mas só ficam boiando no mar quando se pensa mais a fundo. Eu sou um individuo, com você querendo ou não, ainda mais se considerarmos o que a palavra significa: ser/criatura avaliada isoladamente em relação à sociedade. Teria sido melhor vocês falar diretamente “O que nos define como BONS indivíduos ou como uma boa sociedade”, pois sabemos que era isso o que você queria dizer. Mas dai entram mais questões: o que nos faz bons? O que nos faz ser uma boa sociedade? Isso é EXTREMAMENTE relativo. Eu, particularmente, diria que é uma sociedade sem bruxas que fazem rituais com crianças. Certamente os justiceiros seriam um dos últimos na minha lista de “gente má”.

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