Suécia e Holanda fecham suas prisões, por Luiz Flavio Gomes

Enviado por José Carlos – Spin

Do Instituto Avante Brasil

Suécia e Holanda fecham prisões. Brasil fecha escolas e abre presídios

1) Introdução

Antes foi a Holanda (fechou 8 presídios em 2012). Agora é a Suécia que acaba de fechar 4 presídios. Desde os anos 90 o mundo todo estava somente enchendo as cadeias. De repente, nasce uma tendência contrária. Será que vai se sustentar? Em vários países o número de presos está diminuindo. As causas? Redução da criminalidade, enfoque mais compreensivo em relação ao tema drogas, baixa reincidência, aplicação de mais penas alternativas, inclusive para pequenos roubos, para os furtos e lesões não graves etc.

Por que Holanda e Suécia estão fechando prisões, enquanto Brasil e EUA estão aumentando os presos? Por que Noruega tem baixo índice de reincidência, enquanto são altos os índices no Brasil? Por que vários países estão diminuindo os presos e as prisões, enquanto o Brasil está fechando escolas para construir presídios? Por que países como Suécia e Holanda dão tratamento ameno à questão das drogas, enquanto Brasil e EUA continuam com a mentalidade puramente repressiva?

Uma boa pista que se poderia sugerir para entender essas abissais diferenças pode residir na cultura de cada país: patriarcal ou alteralista. Um ponto relevante consiste em examinar o quanto os países mais liberais já se distanciaram do arquétipo do Pai (patriarcal) para fazer preponderar o arquétipo da alteridade. No campo econômico, apesar de todas as crises mundiais e locais, as nações mais prósperas neste princípio do século XXI (países nórdicos, Suíça, Canadá, Japão etc.) são as mais cooperativas, as mais solidárias (ou seja, as que contam com menos desigualdades). As que seguem mais firmemente o arquétipo da alteridade (não o patriarcado). Trata-se, neste caso, de uma cooperação intencional, deliberada. O progresso econômico sustentável depende dessa prática cooperativa. Nenhuma sociedade é rica plenamente se grande parcela da sua população está mergulhada na miséria e na pobreza.

2) 13/11/2013 – 12h05 – Suécia fecha quatro prisões porque população carcerária despenca

RICHARD ORANGE. Em “GUARDIAN” (MALMO)

“A Suécia está passando por tamanha queda no número de prisioneiros recebidos por suas penitenciárias, nos últimos dois anos, que as autoridades da Justiça do país decidiram fechar quatro prisões e um centro de detenção.

“Vimos um declínio extraordinário no número de detentos”, disse Nils Oberg, diretor dos serviços penitenciários e de liberdade vigiada suecos. “Agora temos a oportunidade de fechar parte de nossa infraestrutura, por não necessitarmos dela no momento”.

O número de presidiários na Suécia, que vinha caindo em cerca de 1% ao ano desde 2004, caiu em 6% de 2011 para 2012 e deve registrar declínio semelhante este ano e no ano que vem.

Como resultado, o serviço penitenciário este ano fechou prisões nas cidades de Aby, Haja, Bashagen e Kristianstad, duas das quais devem ser provavelmente vendidas e as duas outras transferidas a outras instituições governamentais para uso temporário.

Oberg declarou que embora ninguém saiba ao certo por que caiu tanto o número de detentos, ele espera que a abordagem liberal adotada pela Suécia quanto às prisões, com forte foco na reabilitação de prisioneiros, tenha influenciado o resultado ao menos em alguma medida.

“Certamente esperamos que os esforços investidos em reabilitação e em prevenir a reincidência no crime tenham tido impacto, mas não acreditamos que isso baste para explicar toda a queda de 6%”, ele disse.

Em artigo de opinião para o jornal sueco “DN”, no qual ele anunciou o fechamento das prisões, Oberg declarou que a Suécia precisava trabalhar com mais afinco na reabilitação de prisioneiros, e fazer mais para ajudá-los quando retornam à sociedade.

Os tribunais suecos vêm aplicando sentenças mais lenientes a delitos relacionados às drogas, depois de uma decisão do supremo tribunal do país em 2011, o que explica ao menos em parte a queda súbita no número de novos presidiários. De acordo com Oberg, em março deste ano havia 200 pessoas a menos por crimes relacionados a drogas na Suécia do que em março do ano passado.

Os serviços penitenciários suecos preservarão a opção de reabrir duas das prisões desativadas, caso o número de detentos volte a subir.

“Não estamos em momento que permita concluir que essa tendência persistirá em longo prazo e que o paradigma mudou”, disse Oberg. “O que temos certeza é de que a pressão sobre o sistema de justiça criminal caiu acentuadamente nos últimos anos”.

Hanns Von Hofer, professor de criminologia na Universidade de Estocolmo, disse que boa parte da queda no número de detentos pode ser atribuída a uma recente mudança de política que favorece regimes de liberdade vigiada de preferência a sentenças de prisão em caso de pequenos roubos, delitos relacionados a drogas e crimes violentos.

Entre 2004 e 2012, o número de pessoas aprisionadas por roubo, delitos relacionados a drogas e crimes violentos caiu respectivamente em 36%, 25% e 12%, ele apontou.

De acordo com dados oficiais, a população carcerária sueca caiu em quase um sexto desde o pico de 5.722 detentos atingido em 2004. Em 2012, havia 4.852 pessoas aprisionadas, ante uma população de 9,5 milhões de habitantes na Suécia [O Brasil fechou 2012 com 550 mil presos, para 201 milhões de pessoas; o Brasil tem 20 vezes mais população e mais de 100 vezes a população prisional].

COMPARAÇÃO

De acordo com dados recolhidos pelo Centro Internacional de Estudos Carcerários, os cinco países com maior população de presidiários são os Estados Unidos, China, Rússia, Brasil e Índia.

Os Estados Unidos têm população carcerária de 2.239.751 detentos, o equivalente a 716 detentos por 100 mil habitantes. A China tem 1,64 milhão de detentos, ou 121 prisioneiros por 100 mil habitantes. Na Rússia, há 681,6 mil detentos, ou 475 por 100 mil habitantes.

As prisões brasileiras abrigam 584.003 detentos, ou 274 por 100 mil habitantes. Na Índia, a população carcerária é de 385.135 detentos, ou apenas 30 por 100 mil habitantes.

Entre os países com mnmores populações carcerárias estão Malta, Guiné Equatorial, Luxemburgo, Guiana Francesa e Djibuti. A Suécia ocupa o 112º posto na pesquisa de população carcerária.

3) HOLANDA

Em 2012 o Ministério da Justiça holandês divulgou que estava fechando oito prisões e demitindo mais de 1200 funcionários. O motivo foi a queda no número de presos, que vinha ocorrendo nos últimos anos, deixando muitas celas vazias. Países como Brasil, Rússia e Estados Unidos se mostram como os maiores países encarceradores, atingindo médias altíssimas de encarceramento e de números de presídios.

Durante os anos 1990, a Holanda enfrentou uma escassez de celas de prisão, mas um declínio nas taxas de criminalidade, desde então, levou ao excesso de capacidade no sistema prisional. O país, que tem capacidade para cerca de 16.400 presos abrigava 13.700, em 2012, 83% da sua capacidade total.

Em 2013 foram noticiadas pela imprensa holandesa algumas grandes reformas para o sistema prisional holandês.  Essas reformas foram introduzidas a fim de economizar 340 milhões de euros, uma grande parte dos milhões de euros de cortes que estão a ser implementados pelo Ministério da Segurança e Justiça até 2018.

Uma série de cortes foi feita na tentativa de se criar de condições mais austeras para os presos na Holanda. Algumas atividades oferecidas aos presos agora serão limitadas a 28 horas por semana, e mais da metade de todos os prisioneiros vão ser alocados em várias celas conjuntas.

O secretário de Estado da Segurança e Justiça, Fred Teeven, o responsável por trás dos planos, espera aumentar o uso de identificação eletrônica, a fim de preencher a lacuna deixada pelas instituições de fechamento.
Aqueles presos que estiverem detidos com aparatos eletrônicos, serão forçados a procurar e manter um emprego para si, e se eles não conseguirem, serão forçados a fazer serviço comunitário em seu lugar. Se um detento eletrônico não tiver um emprego, então a ele só será permitido deixar sua residência por até duas horas por dia.

Até setembro de 2012, segundo o Departamento de Justiça holandês, haviam 13.749 presos nas prisões holandesas, desses 967 eram estrangeiros ilegais no país, uma taxa de 82 presos para cada 100.000 habitantes, baseados na estatística de 16.790.000 habitantes, segundo a Eurostat. Nos presídios holandeses, assim como no Brasil, a taxa de presos em situação provisória também é alta, 40,9% em setembro de 2012. Do total de presos em situação de encarceramento 5,8% eram mulheres, 1,7% menores e 24,6% estrangeiros. Nesse mesmo período haviam 85 estabelecimentos prisionais em funcionamento no país. Desses, 57 era designados para presos adultos, 11 eram instituições para menores, 4 para presos estrangeiros em situação ilegal e 13 clínicas de tratamento psiquiátrico penal.

4) De 1994 a 2009 o Brasil fechou escolas e construiu muitos presídios

A informação, embora chocante e indigesta, é verídica. A partir dos dados do IPEA – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada -, coletados pelo Instituto Avante Brasil, sabe-se que no período compreendido entre 1994 e 2009 houve uma queda de 19,3% no número de escolas públicas do país: em 1994 haviam 200.549 escolas públicas contra 161.783 em 2009.

Isso se deve, em grande parte, à unificação das pequenas escolas rurais em escolas urbanas. De qualquer modo, num país com mais de 15 milhões analfabetos absolutos (não sabem ler nem escrever), deveríamos ampliar, não diminuir escolas.

Em contrapartida, no mesmo período, o número de presídios aumentou 253%. Em 1994 eram 511 estabelecimentos, este número mais que triplicou em 2009, com um total de 1.806 estabelecimentos prisionais.

Ora, quando nos deparamos com um país que ao longo de 14 anos investe mais em punição e prisão do que em educação (menos presídios, contra menos escolas), estamos diante de um país doente, que padece de uma psicose paranoica coletiva.

O Brasil ainda não descobriu o que é efetivamente prioritário. Uma inversão absoluta de valores: exclusão social e “cultura prisional” do cidadão. Menos Estado social e mais Estado policial. Verdadeira alienação. Um país que ocupa o 85º lugar no ranking do IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) deve se dar conta de que investir em educação é mais que um grande passo, é quase o todo. A brilhante experiência da Coréia do Sul é um exemplo disso.

5) Brasil e EUA

Brasil e EUA seguem rumo oposto ao fechamento das prisões holandesas e suecas. Com números de encarceramentos altíssimos, os Estados Unidos lideram o ranking dos países que mais prendem no mundo, segundo o Departamento de Justiça dos EUA: 716 a cada 100.000 habitantes cumpriam pena dentro do sistema penitenciário americano, em 2011, para uma população de 312 milhões no período. A população carcerária estimada era de 2.239.751, sendo que 735.601estavam em prisões locais e 1.504.150 em prisões federais, incluindo prisioneiros estaduais em instalação de privação, segundo o Bureau de Estatísticas da Justiça Nacional dos EUA.

Nos 4.575 estabelecimentos prisionais americanos (3.283 cadeias locais, 1.190 em instalações estaduais de confinamento e 102 instalações federais de confinamentos), até 2011, 21,5% eram presos que estavam em situação de prisão provisória, 8,7% eram mulheres, 0,4% menores e jovens prisioneiros e 5,9% estrangeiros.

Os EUA tinham, em 2010, cerca de 2.100.000 prisioneiros. Desses, 866,782 estavam em cadeias locais, 1.140.500 em prisões locais e 126.863 estavam em prisões federais, somando uma taxa de ocupação de 106%.

O Brasil é um dos países com a maior taxa de encarceramento do mundo. De acordo com os dados do Ministério da Justiça – Departamento Penitenciário Nacional, até junho de 2012, cerca 288 pessoas estavam presas para cada grupo de 100.000 habitantes, um total de quase 550.000 presos para um população de 190.732.694 habitantes.

Desse total, quase de 40% é relativa aos presos provisórios, 6,5% são do sexo feminino e 0,6% são estrangeiros. Ao contrário dos EUA e da Holanda, não há menores presos no sistema penitenciário brasileiro, para eles há estabelecimentos penais especiais.

Nesse período, haviam 1420 estabelecimentos penais, sendo que desses 407 são penitenciárias femininas, 80 masculinas, 68 colônias agrícolas femininas e 3 femininas, 56 casas de albergados masculinas e 9 femininas, 769 cadeias públicas masculinas e 11 femininas, 27 hospitais de custódia e tratamento masculinos e 5 femininos e 13 patronatos masculinos e 1 feminino. Em 2012 haviam, oficialmente, 309.074 vagas prisionais, um déficit de vagas de 78%.

6) Violência no Brasil e nos EUA

Desse cenário pode-se que concluir que encarceramento em massa não leva a queda nos números da violência.

Os EUA, apesar da 3º melhor posição no ranking entre os países de desenvolvimento humano muito elevado, apresentou uma taxa de 4,8 mortes para cada grupo de 100.000 habitantes, em 2010, ficando com a 5º maior taxa de homicídios entre os países com alto grau de desenvolvimento. Já se entre os cinco países melhores colocados no ranking do IDH, Noruega (1º), Austrália (2º), Holanda(4º) e Alemanha (5º), os EUA são o país com o maior número de mortes por 100.000 habitantes, registrando quase 5 vezes mais que o segundo colocado, a Austrália, que registrou em 2009 uma taxa de 1 homicídio para cada grupo de 100.000 habitantes.

O país (EUA), que detém o maior número de portes de armas per capita do mundo, tem recebido alertas do governa Obama para conter a violência. Um estudo do Martin Prosperity Institut (Gun Violence in U.S. Cities Compared to the Deadliest Nations in the World)que compilou dados de vários órgãos, fez uma comparação das mortes por arma de fogo nas cidades dos EUA, comparando-as com as taxas de mortes dos países mais violentos pelo mundo. Descobriu-se que Nova Orleans, a cidade que mais mata por arma de fogo no país tem quase a mesma taxa de mortes que Honduras, o país que mais mata no mundo. Detroit foi comparada a El Salvador, Baltimore foi comparada a Guatemala, Miami foi comparada a Colômbia e Washington comparada a São Paulo.

Da mesma maneira, o Brasil vem mantendo índices muito elevados de violência. Em 2011, segundo o Datasus, órgão do Ministério da Saúde, foram registrados 52.198 homicídios,  Em 2010, haviam sido registradas 52.260 mortes por homicídios. A política de segurança pública é cada vez mais falha, apesar dos milhões aplicados todos os anos erroneamente. Investe-se demasiadamente em construções de novos presídios e armamento da policia, enquanto o número de escolas é cada vez mais reduzido e tratado pelo governo com descaso.

Que seja possível aprendermos com a Holanda e a Suécia, que conseguiram diminuir seus índices de forma brutal, a educar, e  a fornecer subsídios aqueles que estão ou já estiveram em situação de cárcere, oportunidades de educação e trabalho.

7) Noruega como modelo de reabilitação de criminosos

O Brasil é responsável por uma das mais altas taxas de reincidência criminal em todo o mundo. No país a taxa média de reincidência (amplamente admitida mas nunca comprovada empiricamente) é de mais ou menos 70%, ou seja, 7 em cada 10 criminosos voltam a cometer algum tipo de crime após saírem da cadeia.

Alguns perguntariam “Por quê?”. E responderia com outra pergunta: “Por que não”? O que esperar de um sistema que propõe reabilitar e reinserir aqueles que cometerem algum tipo de crime, mas nada oferece para que essa situação realmente aconteça. Presídios em estado de depredação total, pouquíssimos programas educacionais e laborais para os detentos, praticamente nenhum incentivo cultural, e, ainda, uma sinistra cultura (mas que divertem muitas pessoas) de que bandido bom é bandido morto (a vingança é uma festa, dizia Nietzsche).

Situação contrária é encontrada na Noruega.  Considerada pela ONU, em 2012, o melhor país para se viver (1º no ranking do IDH) e de acordo com levantamento feito pelo Instituto Avante Brasil, o 8º país com a menor taxa de homicídios no mundo, lá o sistema carcerário chega a reabilitar 80% dos criminosos, ou seja, apenas 2 em cada 10 presos voltam a cometer crimes; é uma das menores taxas de reincidência do mundo. Em uma prisão em Bastoy, chamada de ilha paradisíaca, essa reincidência é de cerca de 16% entre os homicidas, estupradores e traficantes que por ali passaram. Os EUA chegam a registrar 60% de reincidência e o Reino Unido, 50%. A média europeia é 50%.

A Noruega associa as baixas taxas de reincidência ao fato de ter seu sistema penal pautado na reabilitação e não na punição por vingança ou retaliação do criminoso. A reabilitação, nesse caso, não é uma opção, ela é obrigatória. Dessa forma, qualquer criminoso poderá ser condenado à pena máxima prevista pela legislação do país (21 anos), e, se o indivíduo não comprovar estar totalmente reabilitado para o convívio social, a pena será prorrogada, em mais 5 anos, até que sua reintegração seja comprovada.

No presídio, um prédio, em meio a uma floresta, decorado com grafites e quadros nos corredores, e na qual as celas não possuem grades, mas sim uma boa cama, banheiro com vaso sanitário, chuveiro, toalhas brancas e porta, televisão de tela plana, mesa, cadeira e armário, quadro para afixar papéis e fotos, além de geladeiras. Encontra-se lá uma ampla biblioteca, ginásio de esportes, campo de futebol, chalés para os presos receberem os familiares, estúdio de gravação de música e oficinas de trabalho. Nessas oficinas são oferecidos cursos de formação profissional, cursos educacionais e o trabalhador recebe uma pequena remuneração. Para controlar o ócio, oferecer muitas atividades educacionais, de trabalho e lazer são as estratégias.

A prisão é construída em blocos de oito celas cada (alguns deles, como estupradores e pedófilos ficam em blocos separados). Cada bloco contém uma cozinha, comida fornecida pela prisão e preparada pelos próprios presos. Cada bloco tem sua cozinha. A comida é fornecida pela prisão, mas é preparada pelos próprios detentos, que podem comprar alimentos no mercado interno para abastecer seus refrigeradores.

Todos os responsáveis pelo cuidado dos detentos devem passar por no mínimo dois anos de preparação para o cargo, em um curso superior, tendo como obrigação fundamental mostrar respeito a todos que ali estão. Partem do pressuposto que ao mostrarem respeito, os outros também aprenderão a respeitar.

A diferença entre o sistema de execução penal norueguês em relação ao sistema da maioria dos países, como o brasileiro, americano, inglês é que ele é fundamentado na ideia que a prisão é a privação da liberdade, e pautado na reabilitação e não no tratamento cruel e na vingança.

O detento, nesse modelo, é obrigado a mostrar progressos educacionais, laborais e comportamentais, e, dessa forma, provar que pode ter o direito de exercer sua liberdade novamente junto a sociedade.

A diferença entre os dois países (Noruega e Brasil) é a seguinte: enquanto lá os presos saem e praticamente não cometem crimes, respeitando a população, aqui os presos saem roubando e matando pessoas. Mas essas são consequências aparentemente colaterais, porque a população manifesta muito mais prazer no massacre contra o preso produzido dentro dos presídios (a vingança é uma festa, dizia Nietzsche).

Redação

12 Comentários

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  1. Fhecar escola e abrir presídios?

    Qualquer semelhança com os estado das treze listas é pura coincidência, e se os presídios forem privatizados melhor ainda.

    Vão continuar no obscurantismo medievo. Só falta o reinicio da caça às bruxas.

    1. A causa dos crimes não é a desigualdade social

      “Quanto menos desigualdade social, menos criminosos”

      Volta e meia vejo essa frase por aí, sempre repetida com a segurança de que emite uma sentença definitiva e da mais alta dignidade. Currupaco, papaco…

      Examinando mais de perto, a tese não se sustenta. A maioria dos países de alta criminalidade, de fato, também apresenta altos níveis de desigualdade social. Mas a desigualdade social é característica da maioria dos países do mundo. Há muitos exemplos de países pobres e desiguais que tem taxas de crime muito inferiores à nossa, como o autor do artigo bem citou a Índia. Eu penso que crime e desigualdade não têm uma relação causa-efeito entre si, mas são partes de uma síndrome mais ampla, característica da maioria dos países pobres: poucos recursos para combater o crime, muitos motivos para cometê-lo.

      A verdadeira causa do crime é a impunidade. Como todo negócio, o crime prospera quando compensa os riscos. O garoto da favela vira traficante pelo mesmo motivo por que o político filho de pai rico pratica a corrupção: porque já viu alguém antes dele fazer aquilo sem ser punido.

      1. Perfeito!

        Por mais que a desigualdade seja um fator, como explicar o caso da Tailândia, um país com alta desigualdade e índice de criminalidade baixíssimo? Eu suspeito que o modelo de colonização latinoamericano (incluindo aspectos como a exploração de commodities, a escravidão, a falta de apego às instituições) combinado com a ineficiência geral do Estado (polícia, judiciário, …) têm sido os fatores primordiais para a violência na região. Se não fosse assim, cabe uma simples pergunta: os índices de criminalidade caíram proporcionalmente à queda na desigualdade nos últimos anos?

        Outro ponto que está “enchendo o saco” é essa discussão sobre o fechamento de escolas. Ninguém está levando em conta a transição demográfica? Já há relatos no Brasil inteiro de diretores de escola ansiosos por conta do número decrescente de alunos matriculados. Não conheço o plano de SP, portanto pode ser que ele tenha milhões de defeitos; no entanto, a tendência é sim na redução no número de vagas para os ensinos fundamental e médio, simplesmente por falta de procura.

  2. Uma explicação: em muitos

    Uma explicação: em muitos estados, o salário inicial de um soldado da PM é muito maior que o salário inicial de um professor da rede estadual de estado, ambos em 40 horas semanais de trabalho. Na outra ponta, em praticamente todos os estados, os desembargadores dos TJs estão recebendo rendimentos mensais muito superiores aos tetos constitucionais, mas, não só eles, como também promotores dos MPs. Ainda há, contudo, outra questão: só agora, em outubro de 2015, ao que parece a relação escravocrata de trabalho doméstico está sendo definitivamente extirpada de nossa sociedade. 

  3. Não dá para comparar Brasil e Suécia

    O perfil dos criminosos suecos e holandeses é muito diferente do perfil dos criminosos brasileiros. Lá a maioria cometeu pequenos delitos para os quais penas alternativas são aplicáveis; aqui a maioria cometeu delitos graves para os quais penas alternativas não são aplicáveis. O presidiário sueco é geralmente um sociopata potencialmente recuperável, o presidiário brasileiro é geralmente um criminoso profissional ciente de que os ganhos do crime compensam os riscos.

    Mas por outro lado, a comparação do Brasil com os EUA é óbvia. Apesar de pertencer ao primeiro mundo, o passado histórico dos EUA guarda muitos paralelos com o do Brasil, e disto resulta, entre outras similaridades, uma taxa alta de crime. Mas é preciso lembrar que os EUA conseguiram nas últimas décadas uma significativa redução do número de crimes em várias cidades, como Nova York, como produto das políticas de “tolerância zero”. Portanto, os EUA são o exemplo de sucesso que devemos seguir. Não há sentido nenhum em buscar o exemplo de realidades totalmente diversas da nossa, como a da Suécia e Holanda.

    O artigo também repete a falsa dicotomia Escola X Presídio. A ideia ingênua de que o crime se previne abrindo escolas podia fazer algum sentido 80 anos atrás, quando muitos brasileiros moravam longe de qualquer escola, ficavam analfabetos, e sem conseguir emprego, acabavam entrando para o crime. Atualmente a maioria dos criminosos abandona a escola por decisão própria, ao constatar que uma carreira criminosa dá mais lucro. E na verdade muitos nem abandonam a escola, já que têm ali um local dominado por eles, onde podem surrar os professores, vender drogas e arregimentar membros para suas quadrilhas. Se no passado o combate ao crime passava por mandar os bandidos à escola, hoje é urgente tirar os bandidos da escola, para que cessem de ameaçar e corromper seus colegas.

  4.  
     
    A IMPRESSÃO É QUE OS

     

     

    A IMPRESSÃO É QUE OS CARAS ADORAM ENXUGAR GELO. SE BEM…SE PERSISTE POR TANTO TEMPO ASSIM, ALGO HÁ DE VALIOSO. HÁ QUEM GANHE MUITO COM ISSO. SERIA O CASO DE SEGUIR O RASTRO DO DINHEIRO?

    …“Por que Holanda e Suécia estão fechando prisões, enquanto Brasil e EUA estão aumentando os presos? Por que Noruega tem baixo índice de reincidência, enquanto são altos os índices no Brasil? Por que vários países estão diminuindo os presos e as prisões, enquanto o Brasil está fechando escolas para construir presídios? Por que países como Suécia e Holanda dão tratamento ameno à questão das drogas, enquanto Brasil e EUA continuam com a mentalidade puramente repressiva?”…

     

    Rapaz!… Quê coincidência, em?… O mesmo fenómeno tem ocorrido com o ineficaz (?), porém, rentável  combate encetado pelos norte-americanos  ao “TERRORISMO” internacional.  Este caldo engrossou muito, a partir de 20 de Março de 2003, quando as forças majoritariamente americanas e britânicas, invadem o Iraque para eliminar os terroristas e levar a “DEMOCRACIA USA” àquela região ainda incivilizada. Logo partiram pra exterminar os terroristas e recolher as famosas “armas de destruição em massa.” Tudo destruido, milhares de futuros terroristas mortos. Declaram-se vencedores.

    Essa etapa se encerra no fim do ano de 2011, quando a eficiente polícia do mundo arruma seus panos… e se retiram para outras diligências salvacionistas. Seguem pro Afeganistão. Depois, pra Líbia. Ora, estão na Síria e de volta ao Iraque. Países em que há mais de um ano, despejam toneladas de bombas. Enquanto o resultado tem sido o enorme incremento no número de terroristas. Em vez de reduzir, só fez aumentar. Será que eles não percebem a merda que fazem? Ou…quem sabe…é pra ser assim mesmo. Uhm…somente agora tou tendo uma idéia…

    Orlando

  5. Um problema por demais

    Um problema por demais complexo para ser interpretado por uma, duas ou três hipóteses mesmo que estas possam pelo menos explicar parcialmente suas efetivas origens, a exemplo dos modelos ou arquétipos do tipo alteridade ou patriarcal. 

    Deixemos os EUA de lado para focar no Brasil. Os países nórdicos podem até servir como um parâmetro desde que façamos as devidas distinções que são enormes e provavelmente intransponíveis a curto e médio. Um objetivo já beirando ao utópico. 

    Temos uma população de 200 milhões de habitantes onde predominam: o multirracialismo, o multi pluralismo cultural e um fosso social histórico e de níveis africanos. Não há como transpor as experiências de uma Holanda, Noruega, Suécia, Austrália, nações antípodas sejam quais forem os  termos para comparação.

    Acredito que o mais adequado seria perseguir algumas metas factíveis e que gerarão resultados a curto prazo considerando que vivemos em situação caótica em termos de violência e de encarceramentos, uma das suas derivações. O que falta, por exemplo, para se rever o quesito relativo às modalidades de penas, hoje ainda muito centradas na reclusão e não nas alternativas(prisão domiciliar, prestação de serviços comunitários etc)?

     

     

  6. Brasil, não!


    O título do artitgo do cidadão é malandro. NO Brasil fecham escolas, é bem diferente de BRASIL fecha escolas. Fica parecendo que é por iniciativa do governo federal. E nós bem sabesm quem quer fechar escolas. Malandinho, esse rapaz.

  7. A violência vem declinando

    Nas mais de 800 páginas do livro The Better Angels of our Nature (Viking 2011), Steven Pinker mostra, apoiando-se em uma massa gigantesca de dados, que a violência vem declinando desde o século XV. Na Inglaterra, país que tem oa mais antigos registros de violência, no ano 1400 o número de homicídios por 100 mil habitantes era pelo menos 50, hoje está em 1%. No século XX, o declínio se acentuou. Esse é um fenômeno mundial, mas na AL o declínio tem sido muito lento. 

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