Petróleo na Margem Equatorial: O desafio entre desenvolvimento e sustentabilidade

Renúncia ao petróleo, especialmente em um momento em que o mundo inteiro continua buscando esses recursos, não pode ser imposta de forma unilateral, defende especialista em geopolítica

A exploração de petróleo na margem equatorial brasileira tem gerado intensos debates no Brasil, envolvendo questões econômicas, ambientais e de soberania. Em entrevista exclusiva ao TVGGN 20H da última sexta-feira (7), James Onnig, professor de geopolítica da Fecamp e pesquisador da PUC, expôs suas reflexões sobre os desafios e as oportunidades dessa área rica em hidrocarbonetos, que vai desde o Amapá até o Rio Grande do Norte.

Onnig começa lembrando que a Petrobras já explora petróleo e gás na Amazônia há mais de 45 anos, em regiões como Coari, no Baixo Solimões. A presença de dutos que levam petróleo e gás para Manaus, com extensões que chegam até 300 km, é um exemplo da experiência da empresa na exploração em regiões sensíveis.

“Não podemos esquecer que o Brasil tem uma história vitoriosa na exploração de petróleo. Quando pensamos na bacia de Campos, por exemplo, sabemos que a Petrobras é especialista em águas profundas, capaz de extrair petróleo a mais de 6 mil metros de profundidade”, disse James.

Ele também ressaltou que a exploração da margem equatorial tem grande potencial, sem a necessidade de perfurar a grandes profundidades, o que, segundo ele, pode ser um triunfo tecnológico para o país.

O especialista destacou que a questão ambiental não deve ser negligenciada, mas que o debate precisa ser mais equilibrado. “A sustentabilidade precisa ser observada, mas a renúncia ao petróleo, especialmente em um momento em que o mundo inteiro continua buscando esses recursos, não pode ser imposta como uma imposição unilateral”, argumentou James.

Além disso, o especialista acredita que o petróleo geraria recursos suficientes para financiar a transição para fontes de energia mais limpas, caso o Brasil adote uma estratégia bem planejada de exploração e uso desses recursos.

Ao longo da entrevista, a inovação e a tecnologia também foram temas recorrentes. James lembrou que, desde a década de 1950, quando a Petrobras foi fundada, o Brasil investiu em pesquisa e inovação no setor de energia. “O desenvolvimento de novas tecnologias, como as que possibilitam a exploração do pré-sal e a criação de novos equipamentos, coloca o Brasil como um líder no setor de energia mundial”, afirmou.

A retomada dos programas de inovação, incluindo parcerias com startups e o desenvolvimento de novos equipamentos e tecnologias, foi um ponto positivo destacado por James. Contudo, ele alertou para a necessidade de superar as dificuldades políticas e econômicas geradas por crises internas, como a Lava Jato, que afetaram a confiança do mercado na Petrobras.

Um dos pontos mais críticos abordados na conversa foi a disputa pela soberania sobre a Amazônia Azul, região que inclui a margem equatorial e outras áreas do território brasileiro. James destacou a importância do mapeamento de sedimentos para garantir que o Brasil mantenha o controle sobre essas águas.

“O limite de nossas águas territoriais está consolidado, mas a luta pela soberania continua. É essencial que a Petrobras, com o apoio da comunidade científica e da sociedade civil, se mantenha firme na defesa dos nossos interesses”, disse James, ao comentar sobre a importância de o Brasil manter o controle sobre as áreas de exploração do pré-sal.

Em relação ao futuro do petróleo, James é claro: “A era do petróleo pode estar chegando ao fim, mas ele ainda será necessário para a transição energética. O petróleo será, sem dúvida, uma fonte de recursos para o Brasil por muitos anos”, afirmou.

Ele também comentou sobre a necessidade de se buscar alternativas mais sustentáveis, mas com a cautela de que a substituição do petróleo por fontes limpas e renováveis ainda é um processo complexo e gradual. “Não podemos ser ingênuos ao pensar que podemos abandonar o petróleo da noite para o dia. A substituição por fontes mais confiáveis será um processo demorado.”

A margem equatorial brasileira, com seu imenso potencial de reservas de petróleo, continua sendo um ponto estratégico para a economia nacional. Porém, como destaca James, a exploração dessa área deve ser feita com cuidado e planejamento, levando em consideração tanto as necessidades econômicas do país quanto a preservação ambiental.

“Agora é hora de explorar, mas sempre com responsabilidade. O petróleo vai continuar a fazer parte da sociedade por muito tempo, e o Brasil tem a chance de usar essa riqueza para impulsionar sua transição energética e o desenvolvimento do país”, conclui o especialista.

Assista a entrevista completa em:

*Matéria feita com o apoio de ferramentas de inteligência artificial.

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8 Comentários

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  1. É impressionante a demanda reprimida, em todos os quesitos – humanos, naturais, …, desse país, uma pena que só presta para os fins de poucos, não bastassem os entraves colocados por esses poucos, agora tem os dos dedos de um certo ambientalismo exagerado, aja contradição?!

  2. O Musk ta salivando pra pegar isso ai, aliás, as petroleiras americanas ja sugam o pwtroleo da Margem Equatorial, que não fica na Foz do Amazonas e sim a 500 km dali.

    1. Falar do ouro negro e omitir sua transformação que realmente gera riqueza é uma tremenda omissão! Não adianta ser pioneiro em águas profundas e entregar de mão beijada esse tesouro! Quando falaremos do investimento pesado é nós pesado nos derivados?

  3. Explorar pra que? Se a riqueza do nosso solo revertessem em nosso benefício talvez valesse o sacrifício.
    As riquezas da terra sempre são para os outros, estranha conta que não fecha. Milhões de africanos se amontoam como baratas enquanto límpidos diamantes saem de suas mãos calejadas. Pobres almas secam no deserto criando cabras e camelos e portentosas cidades são construídas no mesmo deserto somente para uso e gozo de quem não trabalha.
    Assim fica chato destruir a natureza e dizer que haverá progresso.
    Progresso para quem , cara pálida?

  4. Tv Digital.
    A Tv Digital é para servir as pessoas.
    A Tv Digital não tem o funcionamento correto.
    O Livre Arbítrio é diminuído.
    A Tv Digital fere o Código Penal. DECRETO-LEI N. 2.848, De 7 DE DEZEMBRO DE 1940.

  5. Sobre este assunto, reproduzo aqui artigo do Engenheiro Vitor Padua, publicado originalmente no LinkedIn e reproduzido no JB online, intitulado “Seis fatos sobre a exploração na Margem Equatorial” que precisamos conhecer
    1) A Petrobras já perfurou 700 poços na Margem Equatorial com zero incidentes e pretende investir na região U$3 bilhões entre 2025 e 2029 e perfurar 15 poços.

    2) Por mais que o nome da Bacia seja Foz do Amazonas, o campo que a Petrobras deseja explorar está a 500km da Foz do Rio Amazonas. Como comparação, o Campo de Búzios, 2º maior produtor do país está a 200km das paradisíacas praias do Rio de Janeiro e o Campo de Tupi, o maior produtor, é o campo mais afastado do continente e está a 300km do Parque Estadual de Ilha Grande, paraíso natural com mais de 100 praias.

    3) A Petrobras informou que em 31/12/24 a relação entre as reservas provadas e a produção (indicador R/P) está em 13,2 anos, ou seja, se novas reservas não forem exploradas hoje, daqui a 10 anos, já voltaremos a ser importadores de petróleo, dependentes da variação do dólar ou do preço do Brent. Isso já foi dito pela diretoria da empresa em diversos fóruns.

    4) Cidade de Maricá, no Rio de Janeiro recebe R$4 bilhões por ano dos royalties do Petróleo. Esse dinheiro vem sendo investido em desenvolvimento da cidade e mudança direta na qualidade de vida da população. O estado do Amapá tem o 2º pior IDH do Brasil (0,688) e apenas 12% das residências tem acesso a esgoto, o pior do Brasil. O dinheiro vindo da exploração da Margem Equatorial trará uma revolução social para o estado.

    5) Tudo que a Petrobras informou no estudo ambiental sobre o bloco FZA-M-59 já está pronto. Não é papel! Medidas de mitigação, controle e monitoramento dos impactos das atividades. Projetos para monitorar e atender à fauna, gerenciar resíduos, acompanhar e controlar efluentes. Ações de comunicação social e de educação ambiental dos profissionais, ações de proteção da biodiversidade, entre outras.

    Em caso de emergências, resposta rápida: estrutura com equipamentos de última geração para o controle do poço e a coleta do óleo. Além disso, uso de embarcações especializadas, barreiras oceânicas para contenção e coleta do óleo e equipes treinadas para lidar com essas situações. Já os simulados são realizados regularmente para testar a estrutura de resposta e continuar aperfeiçoando os nossos processos.

    6) Essa região é potencialmente viável! Nossos vizinhos da Guiana já estão explorando a região desde 2019 com 3 FPSO (Liza Destiny, Liza Unity e Prosperity) com uma produção diária de 640.000bpd e com mais 3 FPSO saindo do forno (One Guyana, Errea Wittu e Jaguar), essa produção vai para 1.200.000bpd. O PIB da Guiana aumentou 63% em 2022 e 38% em 2023!

  6. A exploração é viável e inevitável. Com as medidas ambientais cabíveis de mitigação e controle em caso de vazamentos, planejamento e projetos bem executados, não tem porque não explorarmos a área, é uma riqueza nossa que deve ser usada. Porém, a preocupação é se o retorno dessa exploração servirá ao povo, ou irá somente encher mais os bolsos de uma determinada classe de “funcionários do povo”?!

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