Aquecimento Global: 500 ppm?

Coisa estranha este Aquecimento Global.

Temos frotas de cientistas e políticos prontos a jurar que sem mudar o caminho o fim estará próximo. Depois, quando é assinado um acordo inútil mas politicamente gratificante, eis que ninguém fala (quanto até não partem os aplausos).

Porque temos que ser claros e directos: o acordo não vinculativo (entre as outras coisas, nem vinculativo é…) sobre as alterações climáticas que -Estados Unidos e China acabam de assinar permitirá que a concentração de dióxido de carbono na atmosfera possa exceder as 500 ppm (partes por milhões) até o final do século, superando assim o actual nível de 400 ppm.

Já era previsto ultrapassar este limite, pois o acordo de Kyoto estabelecia o limite de 450 ppm, mas o novo documento vai alem e permite que para a atmosfera sejam atirados mais 50 ppm. Se já agora 400 ppm conseguem derreter o gelo do Árctico (enquanto aumenta aquele do Antárctico…) e aumentar significativamente o nível dos oceanos, o que acontecerá com 500 ppm?

Em síntese, este acordo não faz nada para impedir o desastre que, alegadamente, marcará o fim da agricultura, da urbanização e da civilização.

É o silêncio?
Não, é pior. Porque depois temos May Boeve, director executivo da 350.org, que afirma:

Não é por acaso que, depois da maior mobilização na história do clima, os líderes mundiais estão agora a intensificar os seus esforços ambientalistas. Este anúncio é um sinal de que o Presidente Obama está levando muito a sério a questão climática e está disposto a oferecer uma verdadeira resistência perante os principais poluidores do planeta.

Isso significa que uma organização que vê em 350 ppm o limite máximo de CO2 (daí o nome) acolhe com satisfação o novo objectivo de 500 ppm. Sem esquecer que o simpático Obama continua com a política do seu predecessor, o simpático G. W. Bush, que assinou mas não ratificou o Protocolo de Kyoto.

É bom saber isso porque explica algumas cosias. Em primeiro lugar, como afirma o engenheiro Dmitry Orlov, o facto de que nunca houve uma verdadeira luta para o clima mas apenas uma vazia acção política do costume. Acção que tem como protagonistas os Estados Unidos e a China.

A Casa Branca se apressou a realçar o seu bom comportamento: “a nova meta dos EUA será duplicar a redução da poluição derivada do carvão em 1,2 % por ano (média nos anos de 2005 – 2020) para 2,3-2,8 % por ano entre 2020 e 2025”.

Suspiro de satisfação: há uma efectiva redução das emissões de dióxido de carbono nos Estados 
Unidos. É pouco, é insuficiente, mas no entanto há.

O problema são as causas: a actividade de produção nos EUA está gradualmente a diminuir e não por razões ambientalistas. Obama admite que há um um colapso económico em curso e que esta tendência só irá acelerar.

A prova? Na China.
O novo limite de 500 ppm significa que a China poderá continuar a crescer. Assinar o acordo sobre o clima permitiu fazer uma boa figura perante os cidadãos, cada vez mais alarmados com a degradação ambiental impossível de ignorar (ar irrespirável em áreas urbanas, rios cheios de carcaças de suínos e outras maravilhas). Mas mais crescimento (indispensável para manter a estrutura chinesa tal como foi pensada) significa mais combustíveis fósseis.

Verdade, falou-se também de fontes renováveis, como o vento e o sol. Mas estas energias não podem, nesta altura, manter em funcionamento um complexo industrial “normal”, ainda menos um agressivo como é o chinês.

Depois há o nuclear: a China tem planos para construir novas instalações para um terawatts adicionais de energia nuclear. Parece uma boa notícia (ok, esquecemos Fukushima por enquanto), pois aparentemente com o nuclear não há emissões tão prejudiciais, mas assim não é: as centrais nucleares consomem uma enorme quantidade de energia (obtida a partir de combustíveis fósseis) durante os anos da longa fase de construção; depois há os custos e a energia necessários para armazenar o lixo tóxico e, para acabar, as operações de fecho, complexas, demoradas e caras.

Se depois, durante a fase de exploração, é extraído um bónus como no caso de Fukushima Daiichi…bom, inútil até fazer cálculos energéticos ou ambientais.

Há algo que não bate certo.
A campanha contra o dióxido de carbono? Mas o dióxido de carbono é um indicador da presença humana, reduzir o CO2 significa reduzir a actividade humana porque a realidade é que não temos energias alternativas tão eficientes e baratas.

Todavia, todos os Países que assinam os vários tratados estão agarrados com unhas e dentes ao dogma do crescimento: como é possível crescer e diminuir a nossa “pegada” no ambiente? Não há maneira e a “optimização” dos processos de produção é apenas um paliativo de curto prazo: a exploração dos recursos naturais, a poluição, a emissão de gases nocivos, tudo continuaria obrigatoriamente num planeta condenado ao crescimento nos actuais moldes.

É a nossa mesma presença que altera de forma pesada o ambiente: só a actividade de criação de animais para consumo humano (em escada industrial) é responsável pela emissão da maior parte de CO2 em todo o planeta…ops, desculpem, esta é uma notícia que as associações ambientalistas não querem espalhar, desculpem, façam de conta de não ter lido nada, pode ser? 

Portanto, este acordo permite que as classes políticas possam apresentar uma derrota ambiental como um sucesso de cooperação e diplomacia, mantendo imutadas ou até piorando no longo prazo as perspectivas “verdes”. Nós continuaremos a ser condicionados com o mantra do Aquecimento Global enquanto a poluição (aquela verdadeira, feita não apenas de dióxido de carbono) prosseguirá a estragar irremediavelmente o planeta. Prémio final: mais e mais potentes centrais nucleares.

E até temos que ficar contentes….

Ipse dixit.

Fontes: Club OrlovVegolosi, Wikipedia (várias páginas da versão inglesa) 

http://informacaoincorrecta.blogspot.com.br/2014/11/aquecimento-global-500-ppm.html

 

 

Redação

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