Governo Bolsonaro regulamentou 2 mil novas armas por dia, nos últimos 3 meses

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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2 mil armas são registradas, diariamente, pelos chamados CACs, graças a decretos e portarias do governo Bolsonaro

Foto: Reprodução

O número de pessoas que podiam usar e portar armas no Brasil (605 mil) já era quase o dobro do que todos os militares das Forças Armadas (360 mil) e muito superior a quantidade de policiais no país (406 mil), na metade deste ano. Os números que pareciam não poder aumentar chegaram a um novo ápice no final deste ano: 2 mil armas são registradas, diariamente, pelos chamados CACs, os caçadores, atiradores e colecionadores.

Trata-se da consequência dos decretos de Jair Bolsonaro e decisões implementados logo no início de seu governo. Levantamento do Instituto Sou da Paz revelou que, ao todo, Bolsonaro assinou 17 decretos desde 2019 regulamentando e facilitando o acesso às armas.

O gatilho do governo Bolsonaro

Ainda, no período de seu governo, mais 19 portarias foram assinadas pelo Ministério da Justiça, da Defesa e Exército; 4 regulamentações da Polícia Federal; 2 resoluções do Ministério da Economia para a compra das armas e 2 projetos de lei enviados pelo governo Bolsonaro.

O presidente Jair Bolsonaro também derrubou medidas de fiscalização das armas, como as portarias 46, 60 e 61, de março de 202, que rastreava os Produtos Controlados pelo Exército (PCEs), nas quais se incluem as armas e munições dos CACs.

Fonte: Instituto Sou da Paz

Na reportagem “A formação das milícias bolsonaristas”, de Victor Farinelli para o GGN, os especialistas Leonel Radde (PT-RS) e Felippe Angeli mostraram que as medidas de Bolsonaro permitiram os colecionadores não ter limites para a aquisição de armas de fogo.

“Os atiradores e caçadores têm um limite de 60 a 100 armas de fogo, o que é gravíssimo porque pra quê um indivíduo teria acesso a essa quantidade de armas de fogo”, relatou o vereador Radde.

Já Felippe Angeli, do Instituto Sou da Paz, revelou que podem ser registrados como CACs membros de organizações criminosas, milícias e facções. “A gente começa a ver o crime organizado mesmo comprando armas, registrando laranjas como CACs, que são os caçadores, atiradores e colecionadores, e arrumando laranjas para adquirir armamento no mercado legal.”

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Desde que a reportagem foi escrita, o número de CACs e também de armas não parou de crescer. Até agosto, a média mensal de novas armas era de 26 mil. Nos últimos três meses que se tem registro, entre setembro e novembro deste ano, foram feitos 184 mil cadastros de armas, ou uma média mensal de mais de 60 mil novas armas por mês.

Os dados foram levantados por reportagem de Carlos Madeiro, do Uol, com base na LAI, pelos registros do Exército. Entre janeiro e novembro deste ano, foram registradas mais de 390 mil novas armas adquiridas por CACs no país.

Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

2 Comentários

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  1. A tragédia brasileira está apenas começando. Os animais armados por Bolsonaro não entregarão pacificamente suas armas, pois eles estão dispostos a usá-las para provocar uma mudança de regime político.

  2. Se é verdade ou fake news, não posso afirmar, mas dizem que pessoas estão em prontidão para uma breve futura chamada, que significa a defesa do Brasil contra o inimigo. Dizem até que alguns irão para as fronteiras do país. Como ninguém sabe para que, ou por que, também existe a dúvida se é fake news ou verdade. Porém, não custa nada ficar atento

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