Antes da reunião com Mantega, diretor da GM diz que demissões são irreversíveis

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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Diretor da GM diz a Mantega que as demissões em fábrica de São José dos Campos são irreversíveis

    Elaine Patricia Cruz
    Repórter da Agência Brasil

    São Paulo – As demissões em uma das oito fábricas da General Motors (GM), em São José dos Campos (SP), responsável pelo veículo modelo Classic, são irreversíveis, disse na tarde de hoje (3) Luiz Moan, diretor de assuntos institucionais da General Motors (GM) e presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). A declaração de Moan foi dada a jornalistas no prédio da presidência da República, na Avenida Paulista, em São Paulo, após ele ter sido convocado para uma reunião pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega.

    Moan disse que prefere conversar com o sindicato dos trabalhadores antes que o número de demissões seja oficializado. No entanto, pressionado por jornalistas, ele declarou que as demissões vão atingir 1.053 trabalhadores, número que engloba os funcionários que já aderiram aos quatro Programas de Demissão Voluntária (PDV) feitos durante todo o ano passado. Moan não confirmou o número de empregados que já aderiram ao PDV. Os funcionários que não aderiram ao PDV foram comunicados sobre a demissão no final de dezembro.

    “Tivemos agora uma reunião com o ministro Guido Mantega, que está muito preocupado com as notícias advindas da nossa fábrica em São José dos Campos”, disse Moan. Segundo ele, durante a reunião, o ministro foi informado de que as demissões são irreversíveis. “Não há a mínima chance de reversão”.

    “Em apenas uma [das oito fábricas lá existentes], que é a de montagem de veículos leves, estamos tendo dificuldade neste momento. Esta dificuldade começou desde 2008 quando, nessa fábrica, montávamos quatro modelos de veículos e, em função de insucesso na negociação da GM com o sindicato local, os investimentos de reposição de novos modelos não foram feitos em São José dos Campos”, explicou.

    A unidade, que produzia o modelo Classic, encerrou a produção em agosto do ano passado, informou Moan. “Desde agosto, a GM colocou esses funcionários em licença remunerada e arcou com todos os salários até 31 de dezembro, para cumprir um acordo que foi assinado com o sindicato”, disse.

    O acordo com o Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos foi assinado em janeiro do ano passado, onde a empresa comunicou ao sindicato e ao Ministério do Trabalho e Emprego que encerraria as atividades de montagem de veículos de passageiros em dezembro de 2013. Segundo o diretor da empresa, o acordo foi inteiramente cumprido. Por meio do acordo, destacou ele, a empresa se comprometeu a garantir 750 postos de trabalho ligados diretamente à montagem de veículos e mais 303 nas áreas de manuseio e de abastecimento da linha de montagem.

    Agência Brasil procurou hoje representantes do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e região, mas foi informada de que o sindicato se encontra em recesso durante esta semana, mas uma nota do sindicato do dia 30 de dezembro já criticava as demissões na GM, que tiveram início dois dias antes da divulgação desta nota.

    “A medida foi tomada no momento em que a fábrica não está em atividade, com a ampla maioria dos trabalhadores em férias coletivas até o dia 20 de janeiro, gozando do merecido descanso após um ano de intensa produção. O Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos, filiado à CSP-Conlutas, sequer foi comunicado pela empresa sobre as demissões, o que caracteriza total falta de transparência por parte da GM”, diz a nota.

    O sindicato também criticou o fato de, até este momento, não ter sido informado sobre o número de trabalhadores que serão atingidos pela medida. No dia 8 de janeiro deve ocorrer uma assembleia dos metalúrgicos.

    Edição: Fábio Massalli

     

    Lourdes Nassif

    Redatora-chefe no GGN

    10 Comentários

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    1. É hora de mudar

      O setor da indústria automotiva é um dos mais beneficiados pelo governo.

      O setor já demonstrou que aceita benesses do governo, mas não adere ou respeita a contrapartida, o que está certo pelos princípios do liberalismo.

      O governo erra ao ter privilegiado este setor em detrimento ao de transportes públicos.

      Resultado caos nos transportes públicos, dependência da economia em relação à automotiva de passeio, caos no trânsito, mortes e doenças.

      A própria população cobra crescer, crescer, crescer, esquecendo que qualidade de vida está no desenvolvimentismo.

      O governo dependente do crescer, empregos e PIB; a indústria automotiva é imbatível nestes itens

      O governo terá que avançar reduzindo esta dependência e abrindo novos focos.

       

      1. Isso mesmo

        Devemos tirar o carro como elemento principal da equação de crescimento econômico do Brasil. Não precisa haver desemprego de metalúrgicos.Trabalhadores demitidos poderiam ser destinados à produção de trens e vagões (ressuscitar a Santa Matilde?)

    2. Primeiro de muitos?

      Acabou de anunciar a vinda de mais uma montadora para o Brasil, a Land Rover que se instalará na região de Itatiaia. Com isso a capacidade de produção continua aumentando frente a uma demanda saturada e em vias de queda, entre outros motivos por questões de endividamento de boa parte da população com menor poder aquisitivo. As vendas de carros em 2013 ficaram abaixo (pouco, é verdade) dos volumes do ano anterior, pela primeira vez em muitos anos.

      Acho que infelizmente essas demissões na GM só são as primeiras, e que outros cortes em outras montadoras, sem contar o resto da cadeia, acontecerão, a menos que o governo, mais uma vez, ceda à pressão do setor e amplie os benefícios que ele já recebe.

    3. Um detalhe que esses “dirigentes”

      dessa montadora esquecem ou que escondem debaixo do tapete: demitir operários da linha de montagem só porque não conseguem vender o peixe, ops, o veículo que sai dessas linhas na realidade é passar um belíssimo atestado de incompetência pura de sua própria (dos dirigentes) capacidade de direção. 

      Claro, pela física a corda arrebenta do lado mais fraco, no caso os operários. Mas, se, em vez de demissão em massa, por exemplo, trouxessem para essa linha de montagem um veículo que estivesse vendendo bem, talvez até tirando de outra fábrica um pouco de sua capacidade, assim que emplacassem um novo sucesso de vendas, essa montadora teria duas linhas de montagem à disposição, ao invés de uma apenas. 

      Mas não, preferem pagar a mais meio salário por ano (multa de 40% + 10% do FGTS) para seus experientes operários e colocá-los na rua, do que procurar por alternativas. Alternativas talvez até mais caras, mas de menor impacto social. Sem considerar o custo do tal PDV – sai quem acha uma posição melhor no mercado, deixando os mais fraquinhos na casa.

      Este tipo de decisões se dá, primeiro pela incompetência e em segundo lugar, pela mania imbecil de dirigentes de sempre optar pela solução mais fácil de justificar perante as chefias, não importando quanto custa.

      Se o PT pudesse falar mais grosso, poderia pura e simplesmente eliminar do cadastro de fornecedores do governo essa montadora, enquanto perdurar esta questão social. E/ou também exigir a substituição de toda a diretoria dessa montadora. 

      1. Informações sobre a FNM (Fábrica Nacional de Motores)

        Do Wikipédia :

        A ideia de criar a Fábrica Nacional de Motores surgiu em 1939, no período da história brasileira chamado de Estado Novo. Era o governo do presidente Getúlio Vargas, que desejava transformar o Brasil em uma economia industrializada.1 Data desta época a fundação de empresas estatais como a Companhia Siderúrgica Nacional (1941), a Companhia Vale do Rio Doce (1942), a Companhia Nacional de Álcalis (1943), a Companhia Hidrelétrica do São Francisco (1945) e outras.

        Nesse espírito, o então coronel Antônio Guedes Muniz propôs a construção de uma fábrica de motores aeronáuticos que atenderia à aviação militar e à nascente produção nacional de aviões para uso civil.

        Muniz foi aos Estados Unidos e fechou um contrato para produzir motores radiais Curtiss-Wright R-975. O dinheiro chegou quando o Brasil entrou na Segunda Guerra Mundial, como parte dos acordos firmados com os EUA. Assim, em 1942, foi fundada a Fábrica Nacional de Motores. A construção em Xerém (distrito de Duque de Caxias, no pé da Serra de Petrópolis) correu durante a guerra. Eram enormes e modernas instalações.

        Quando saiu o primeiro avião com motor FNM, em 1946, a guerra já havia acabado e os EUA torravam seus excedentes militares. Só a FAB tinha 180 motores Wright importados em estoque.

        Getúlio fora deposto e o interesse pela industrialização do Brasil esfriara. O novo presidente, Eurico Gaspar Dutra, mandou suspender a produção de motores. Para salvar a FNM, Muniz (já alçado a brigadeiro) pôs a fábrica para fazer desde peças para máquinas industriais a eletrodomésticos. Em 1947, a estatal teve ações vendidas na bolsa.

        Só em 1949 é que Xerém encontrou seu rumo: graças a um acordo com a marca italiana Isotta Fraschini, a FNM foi a primeira empresa a fabricar caminhões no Brasil. Estreou com o D-7.300, um modelo bicudinho com motor a diesel e capacidade para 7,5 toneladas de carga. Uns 200 caminhões deste tipo chegaram a ser feitos, mas a Isotta estava em má situação financeira na Europa e interrompeu o envio de peças.

        O jeito foi encontrar outro fornecedor de tecnologia: a estatal italiana Alfa Romeo. E foi com o modelo “cara chata” FNM D-9.500 que a linha de Xerém foi reativada em 1951.2

        A nacionalização dos FNM (já chamados pelo povo de “Fenemê”) aumentou. Em 1958, foi lançado o modelo D-11.000, também derivado dos Alfa italianos. Era o caminhão pesado e se tornaria lendário em nossas estradas, com seu jeitão bruto e o som inconfundível do motor a diesel de seis cilindros, todo de alumínio.

        Caminhão FNM 210

        Em 1960, a FNM lançou-se na produção de um sedã de luxo, o FNM-2000 JK. Era o automóvel mais estável e veloz fabricado no Brasil na época, mas também o mais caro. Com o golpe militar, o novo governo fez uma intervenção e, em 1968, a velha parceira Alfa Romeo assumiu o controle da FNM, que continuou a fazer automóveis, caminhões e chassis de ônibus.

        Em 1972, veio um novo caminhão pesado, o FNM 180. Sua mecânica era basicamente a do velho D-11.000, mas a cabine era mais moderna. Na mesma linha, foi criado o FNM 210.

        A gama de automóveis também passou por uma evolução: após o 2000, foi lançado o 2150 e, em março de 1974, foi lançado o Alfa Romeo 2300, um modelo fabricado exclusivamente no Brasil.

        A operação de Xerém, porém, nunca deu grande lucro. Em 1977, a fábrica foi vendida à Fiat — que continuou a fazer o modelo 180 por mais dois anos e fechou as portas da pioneira FNM.3 Ao longo de todas as suas fases, a empresa produziu aproximadamente 15.000 veículos.4

        Viagem nostálgica pela BR-116

        O trio de FNM D-11.000, na BR-116, a caminho de Salvador

        Entre janeiro e fevereiro de 2011, caminhões FNM saíram de Curitiba e de São Paulo para uma viagem nostálgica até Salvador.5 O comboio era formado por três D-11.000 (um modelo 1961 com cabine Brasinca, um cavalo mecânico de 1964 e um platafoma de 1965). A bordo estavam apaixonados por caminhões antigos, que queriam reviver os tempos em que os Fenemês dominavam o cenário da rodovia BR-116. Entre ida e volta, foram 5.110 km ao longo de dez dias.

         

      2. Lamentável a opção do PT pelo

        Lamentável a opção do PT pelo capital internacional, em macroeconomia ainda nem aprenderam o beabá, não acredito que o ministro Mantega seja tão trouxa atoa…

        Quem mandou irrigar os “Campeões Nacionais”…

    4. Pleno emprego?

      Todo mundo tem medo de demissão em massa, mas os empregados da GM não são de primeira linha? Então pode demitir que vão encontrar emprego em outro lugar.

      O PT tem que perder o medo de demissões em seu próprio quintal.

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