Pastore, Moro e política econômica em debate

Tatiane Correia
Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.
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Luis Nassif e Marcelo Auler conversam com Gabriel Galípolo sobre novo conselheiro de presidenciável e ferramentas de política monetária

Jornal GGN – A escolha de Affonso Celso Pastore, economista e ex-presidente do Banco Central, foi um dos temas da TV GGN 20 horas desta sexta-feira (19/11), onde os jornalistas Luis Nassif e Marcelo Auler conversaram com o economista Gabriel Galípolo.

Nesta semana, Pastore foi indicado como “conselheiro” para macroeconomia da campanha de Moro, que agora está filiado ao Podemos.

“Ele (Pastore) sempre foi característico por esses artigos bem ortodoxos, bem padrões sobre aquela visão fiscalista da economia”, explica Galípolo.

“Recentemente, teve no Congresso um debate sobre teoria moderna monetária e dívida pública no qual ele disse, e eu fiquei surpreso: ele fez uma defesa do programa Bolsa Família e disse que é contra a lógica do Estado Mínimo, se opondo justamente ao Friedman e ao von Mises”, explica o economista.

Segundo Galípolo, sempre existe uma tentativa de explicação de todas as mazelas que existem da economia, associadas a uma questão de uma má gestão fiscal sempre sobre a ideia de tem de arrecadar mais do que gasta.

“Inclusive, ele (Pastore) alega que as elevações nas taxas de juros que a gente vem assistindo mais recentemente, que começaram a partir deste ano, estariam associados às políticas de auxílio emergencial, que teriam sido malfeitas e auxiliado um número de pessoas que seria quase que o dobro daquela que seria necessária”

“Ele (Pastore) faz uma conta dizendo que mais ou menos tem 25 milhões de pessoas que precisariam desse tipo de auxílio, e que o programa auxiliou mais do que o dobro disso”, diz Galípolo.

Neste sentido, o economista destaca que o programa de socorro não buscava ajudar pessoas em condições de vulnerabilidade pela linha da pobreza ou da miséria, “e sim fazer com que as pessoas que não tinham acesso a outra renda sem ser saindo de casa ficassem em casa para poder se preservar”.

“Um segundo ponto é analisar que a gente não consegue enxergar essa correlação que é defendida nem neste ponto agora e nem em uma história mais longa”, ressalta o economista.

Correlação entre juros, dólar e reservas

Gabriel Galípolo destaca que as taxas de juros começam a subir a partir deste ano de maneira mais acentuada, especificamente no começo do ano.

“(O ciclo de alta dos juros) começa a partir da vitória do Biden e que a taxa de juros internacional começa a subir. O programa de transferência de renda foi anunciado no final de março, começo de abril. De lá em diante, a taxa de juros derreteu”, diz Gabriel Galípolo.

“(Os juros caíram) sobre a perspectiva de que a economia não ia andar (…)”, ressalta o economista.

Galípolo também destacou a questão do superávit primário, que o Brasil registrou de forma sucessiva entre os anos de 1999 e 2014. Contudo, o país tem registrado déficits desde 2015.

“O maior (déficit registrado), no ano passado. O ano passado foi o ano em que a gente teve a menor taxa de juros da história do país”, afirma Galípolo. “Então, se eu fosse fazer uma correlação dava o inverso”.

“Como é que a gente vai municiar com ferramentas adicionais, para a gente ter mais instrumentos para fazer a política monetária?”, pergunta Galípolo. “Ter reservas foi, talvez, uma das coisas mais importantes que aconteceram na economia”.

“Antes, o Brasil era devedor em moeda estrangeira e, hoje, o Brasil tem mais reservas em moeda estrangeira do que ele tem dívida em moeda estrangeira. Isso muda completamente o jogo”, diz o economista.

“Agora, você tem dívidas em uma moeda que você é emissor dessa moeda, então você tem muito mais controle sobre isso”, explica Galípolo, ressaltando que o país “continua controlando o câmbio desse jeito, colocando taxa de juros lá em cima para tentar manter a distância relativa – toda vez que o dólar se mexe, você tenta fazer com que o real se mova junto, se aprecie junto, e isso custa juros mais altos”.

“A gente tem uma série de instrumentos que deveriam ser inseridos adicionalmente e, quando a gente olha pra fora, o que aconteceu nos EUA, na Europa, isso é muito claro (…)”

“O Brasil faz swap cambial, é interessante que a gente consiga fazer atuações no câmbio, na flutuação do câmbio quando entender que é interessante, não queimando as reservas – se for possível fazer isso com algum tipo de custo que tenha custo em reais é preferível do que ter um custo em dólares (…)”

Veja a análise de Galípolo, além do debate entre Marcelo Auler e Nassif sobre Moro, na íntegra da TV GGN 20 horas. Clique e confira!

Tatiane Correia

Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.

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