TV GGN 20h: A vitoria de Biden e o Brasil

O ex-ministro Celso Amorim é entrevistado por Luis Nassif; acompanhe uma análise do impacto de uma vitória de Joe Biden sobre o Brasil

O ex-ministro Celso Amorim é o entrevistado da TV GGN 20 horas desta quarta-feira (04/11), que avalia o impacto de uma vitória de Joe Biden sobre o Brasil. Veja mais na thread a seguir – https://youtu.be/0N2a7v3N7SI

O programa começa com a análise dos dados de covid-19, com queda na média semanal de casos mas uma leve alta nos óbitos registrados no Brasil, com destaque para a segunda onda de casos em Santa Catarina.

Sobre as eleições norte-americanas, constam 264 representantes para Biden, faltando a apuração de Geórgia, Carolina do Norte, Nevada e Pensilvânia. “O ponto interessante são os votos por correio, que Biden tem vantagem em todos os estados”

“Vemos um quadro de mudança nos Estados Unidos, a pior praga que apareceu na política americana, e na história da política americana que é o Trump, com todos os seus desdobramentos pelo mundo, desde o primeiro-ministro de Israel e o Bolsonaro”.

Nassif entrevista o ex-ministro das Relações Exteriores Celso Amorim, onde o assunto abordado foi a eleição norte-americana e seu impacto sobre o Brasil.

Ao se confirmar a vitória de Biden, Amorim diz que muita coisa vai mudar em termos de organizações multilaterais. “Olha, muda muita coisa. O Trump foi um caso muito fora da curva dentro, inclusive, dos governantes norte-americanos”

“Todos eles sempre defenderam o interesse norte-americano, mas sempre dentro de um projeto global. O Trump é a negação disso tudo, a negação de valores aceitos internacionalmente pelos dois partidos nos EUA historicamente – não quero dizer que eles não tenham sido descumpridos ou violados em certas ocasiões (…)”

“Não tô dizendo que essas coisas não ocorram, mas não é a doutrina de que tem que ser tudo unilateral”, diz Amorim. “Para a América Latina, vai ter um impacto muito grande, os EUA continuam sendo e continuarão a ser por muito tempo a potência mais influente em grande parte do mundo”

“Eu acho que muda para todo mundo e, se você encarar esse fato ao mesmo tempo em que na América Latina – especificamente na América do Sul – ocorrem coisas em sucessão (citando Argentina, Bolívia e o plebiscito no Chile) eu acho que você tem uma mudança substancial”, diz Amorim.

Sobre o Itamaraty, Amorim diz que tudo vai precisar se adaptar de alguma maneira. “Não sei como que fica, como que vai ficar o Almagro – Luis Almagro, secretário-geral da OEA -, que de certa forma se tornou uma peça acessória do Conselho de Segurança Nacional norte-americano”

“A OEA sempre foi, com raras exceções, muito submissa aos desígnios norte-americanos, mas na maior parte do tempo era com uma certa elegância. Agora não, se tornou uma coisa escrachada”, diz Amorim

“Acho que, aqui no Brasil, a questão não é o Ernesto Araújo (…) Mas vem do presidente a orientação. Apenas o Ernesto Araújo, ao invés de moderar ou colocar panos quentes, ele acelera e agrava. Isso vai, de alguma maneira, vai ter de se ajeitar. E vai ser uma questão duplamente séria, em termos de valor e de políticas”

Sobre a disputa Estados Unidos/China, Amorim diz que essa disputa não é uma coisa trivial. “Acho que o espírito de cruzada que existe hoje, sobretudo dirigido pelo Mike Pompeo e também pelo Steve Bannon, do qual o Trump até usa oportunisticamente, o fato é que esse espírito de cruzada vai acabar”

A íntegra da entrevista de Luis Nassif com Celso Amorim pode ser vista aqui – https://www.youtube.com/watch?v=9qhvGGbyK

Para Amorim, Joe Biden vai ser uma espécie de Carter – continua a defesa dos interesses americanos, mas com interesse nos direitos humanos e proteção ambiental. “O relevante são as nuances que vem por aí”, explica Nassif

O que pode ser bom ou ruim com Biden? Para Nassif, Biden “traz um pouco mais de civilidade para a diplomacia internacional, traz o revigoramento das instituições multilaterais. Para ser o contraponto do Trump, ele vai ter que defender temas de direitos, não vai ter outro jogo”

Sobre a vacina da Fiocruz/Manguinhos, o sistema de aprovação pela Anvisa foi agilizado por meio de um sistema de aprovação dinâmica e, se tudo correr rápido, as vacinas começarão a ser produzidas no primeiro trimestre de 2021.

“E o Bolsonaro respondeu ao STF sobre a compra de vacinas contra a covid. Para Bolsonaro, somente o poder executivo – ou seja, ele – possui condições de definir quais vacinas poderão a seu tempo integrar uma possível campanha nacional de vacinação”

“Evidente que, se sair a vacina chinesa antes, evidente que o machão vai ceder. Mas é um primário, um primário”

Sobre o caso Mariana Ferrer, Nassif diz: “as explicações são terríveis. O advogado, com aquela truculência toda, diz que o vídeo foi editado. E o promotor diz que tudo não foi colocado. Então, é uma questão enrolada”

Nassif também apresenta um trecho da 72ª reunião anual da SBPC (Sociedade Brasileira Para o Progresso da Ciência), da qual foi um dos palestrantes.

Nassif ressalta que uma das maiores ameaças à democracia é a dispersão ampla da informação – “você não tem mais um organizador da discussão”

“As universidades tem uma produção intelectual que é um contraponto relevante ao discurso dominante da mídia (…) Isso pega na dispersão”.

“Você não tem uma articulação, uma estrutura que permita a você montar uma rede e trazer de forma sistemática os estudos que brotam das universidades”

“O modelo sindical entrou em parafuso, e as esquerdas em geral não abriram a porta para a rapazeada que conhecia profundamente as novas ferramentas de comunicação. Então, você teria que estabelecer modelos”

Nassif abre espaço para o comentarista Vinícius Amaral, que aborda o andamento da reforma administrativa. Segundo Amaral, o mês começa sem nenhum avanço na tramitação das leis orçamentárias.

“Nem mesmo a comissão mista de orçamento do Congresso foi instalada, em virtude das disputas políticas relacionadas à eleição para presidência das casas. Nesse cenário, é cada vez mais provável que o Orçamento de 2021 seja aprovado somente no ano que vem, provavelmente em fevereiro ou março”, diz Amaral

“Nesse cenário, é fundamental que a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) seja aprovada ainda esse ano. Sem LDO, não haveria base legal para realizar nenhuma despesa em 2021 (…) ”

Sobre o projeto de lei orçamentária encaminhada pelo governo ao Congresso em 31 de agosto, Amaral ressalta que “ele não contém nenhum programa que virá substituir o atual auxílio emergencial (…) Ele só poderia ser pago após a aprovação do Orçamento de 2021”

“Com isso, há um grande risco que o ano de 2021 comece sem um programa mais abrangente de manutenção de renda das pessoas, o que pode ter graves implicações econômicas e sociais”, ressalta Amaral.

Amaral também destaca a falta de avanços sobre a fonte de financiamento do novo programa social do governo. “Todas as propostas que o governo apresentou até o momento foram rapidamente rejeitadas por serem condicionais ou ilógicas”

“Quando você pega o auxílio emergencial, ele foi importante para garantir que a economia não afundasse de vez, mas um ponto que foi importante também foi a manutenção da renda dos funcionários públicos”, diz Nassif

Redação

4 Comentários

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  1. Se não fosse a pandemia, Trump vencia de lavada. No início da pandemia pode ter vacilado pensando nos negócios, principalmente hotéis e campos de golfe, depois percebi o erro, mas preferiu não voltar atrás, já era tarde e apostou na retórica.
    De qualquer vai ter VAR
    Trump já pediu recontagem em Wiscoin, Michigan, e Pensilvânia, além de pedir anulação dos votos enviados pelo correio na suprema corte.

    1. Roberto: então fica escrachada que esta estória de pandemia foi usada com interesses políticos para tentar mudar a realidade das eleições norteamericanas, como está sendo usada com o mesmo objetivo aqui no Brasil. E dizem que é Trump que desce nos lugares mais baixos?

  2. No Brasil as atividade das milicias pesaram na decisão do enfrentamento da pandemia,

    Elas recebem percentual do faturamento do comércio, além disso com a redução da atividade comercial, diminui a circulação de cargas comerciais e caminhões, o que diminui a possibilidade de rouba de carga e de assaltos,

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