TV GGN 20h: O assédio sexual no mundo da política

Veja o comentário diário de Luis Nassif sobre os últimos acontecimentos na política e na economia nesta sexta-feira, 18 de dezembro

A respeito da covid-19 e a vacinação obrigatória, Nassif cita a entrevista conduzida pela repórter Patricia Faermann onde a advogada especialista em Direito Médico, Mérces da Silva Nunes, mestre e doutora pela PUC-SP, explica que não há razões para a obrigatoriedade da vacina contra a Covid-19 ter gerado polêmicas.

“A desfaçatez com que você usa o Judiciário para questões políticas é horrível”, diz Nassif. “O Judiciário vai ter que cair a ficha, hoje estamos em um clima similar ao dos anos 70 em relação a essa questão do Judiciário”

Após caso de assédio de um deputado a uma colega em público em São Paulo, Nassif entrevista Maíra Recchia, advogada e coordenadora geral do Observatório de Candidaturas Femininas da OAB-SP, responsável pelo acompanhamento de campanhas e candidaturas, focando na violência contra a mulher

“Infelizmente, esse caso é mais comum do que se imagina. A gente viu ontem a deputada sendo claramente assediada, o deputado muito provavelmente cometeu crime de importunação sexual, e pode perder o seu mandato por quebra de decoro parlamentar”, diz Maíra.

“Isso nada mais é do que uma reprodução de que muitas mulheres passam diariamente nos poderes políticos desse país”, pontua a advogada.

“Pelo Observatório de Candidaturas Femininas, que foi lançado esse ano pela OAB-SP, nós acompanhamos essas eleições nesse recorte de gênero e a gente mediu que houve um aumento exponencial da violência política de gênero”.

Maíra confirma que os exemplos de machismo e misoginia mostrados nas escalas mais elevadas do poder aceleraram o processo de violência contra as mulheres. “Teve uma escalada de ódio contra as mulheres, nessa questão da misoginia propriamente dita, e essas pessoas se sentiram autorizadas”.

Se tem alguém lá em cima que dá o exemplo, que fala qualquer tipo de bobagem, que inclusive ataca diretamente as mulheres, essas pessoas que corroboram dessa mesma opinião se sentem legitimadas para fazer o que bem entendem, e aí a gente vê essa selva que estamos vivendo hoje”

“E não é uma prerrogativa nem das mulheres da esquerda nem da direita, enfim, do centro. Infelizmente, todas as mulheres que ocupam a política acabam sendo vítimas de alguma maneira desse machismo estrutural”, afirma a advogada.

Com relação ao deputado envolvido no caso Isa Penna, Maíra afirma que o Observatório oficiou ontem mesmo a Comissão de Ética da Assembleia Legislativa para que sejam tomadas providências pois “a conduta que ele praticou pode ensejar a quebra do seu mandato”

“Para além disso, a própria deputada está assessorada e ela poderá representar criminalmente, então muito provavelmente – o meu entendimento e o de outras pessoas com quem conversei – é de que se trata de uma importunação sexual, e ele pode responder por esse delito”

O crime de importunação sexual é passível de cinco anos de prisão – “além de uma ação cível indenizatória pelo assédio que ela sofreu”, diz Maíra.

“Há uma curiosidade, quando a gente fala de machismo estrutural, que é uma Comissão de Ética da Assembleia Legislativa formada por cinco homens e uma única mulher (…) A gente espera que haja um olhar atento”, ressalta a advogada.

A violência atinge com mais força a mulher negra e, segundo a coordenadora do Observatório de Candidaturas Femininas da OAB-SP, isso foi visto claramente na corrida eleitoral.

“A gente precisou de ferramentas de inserção administrativa para que as mulheres pudessem ser candidatas, e agora também para que as mulheres negras pudessem receber algum tipo de fundo especial para o financiamento das campanhas”

“E a gente sabe que, lá na base da pirâmide, de fato quem mais sofre são as mulheres negras”, afirma Maíra. “Se a gente vê isso na casa do povo, imagine como as mulheres como um todo não passam dentro de suas próprias residências, sofrendo todo tipo de violência”

Maíra ressalta que o preconceito com as mulheres que ocupam espaços na política é uma questão social. “As mulheres ocupam muito pouco esses espaços, e os homens de um modo geral entendem que o corpo delas é propriedade dos homens como um todo”

“Então, o que é necessário é que a gente comece a ocupar mais esses espaços. A gente precisa que a política tenha mais mulheres. Costumo dizer que as mulheres hoje são a maior parte da população, e os índices de eleitas nas Câmaras Municipais são de 16%. No Congresso Nacional, 15%”

“Ainda que a gente mude a esfera, saindo do município e indo para Brasília, para os grandes centros, para o Governo Federal, para as câmaras altas, na realidade essas mulheres sendo minoria acabam sofrendo todo tipo de abuso”

“Tem um dado que é muito significativo: a gente tem uma Senadora da República eleita desde 1979, e só temos um banheiro feminino no Plenário do Senado desde 2016. Então a violência não é só a que a gente vê”.

Nassif explica a parceria fechada com o Instituto [D’Vinci]³, especializado em ciência de dados: um projeto que vai permitir ao leitor através do GGN acessarem as informações e elaborarem indicadores.

Leonardo Ramires, um dos desenvolvedores do projeto, explica que o objetivo foi “fazer a coleta desses dados em bases disponibilizadas pela OMS”. No caso do Brasil, foram usados os dados disponíveis pelo Brasil.IO, que fez o trabalho de coleta de diferentes fontes

“A gente pode construir um painel, que traz muitas análises e vai permitir que as pessoas consigam interagir e realizar as análises durante todo o painel que for disponibilizado”, pontua Ramires. Em linhas gerais, o projeto busca coletar e estruturar bases de dados para um conjunto de painéis para acompanhar a evolução da pandemia no Brasil e no mundo, para permitir a análise jornalística.

O projeto está em fase final de ajustes, e estará disponível para consulta em breve. Fique de olho aqui e nas redes sociais do @JornalGGN para saber mais.

Redação

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