Xadrez de Bolsonaro a caminho de tomar o poder, por Luis Nassif

Começa a ser desenhado o novo pacto, com Bolsonaro sendo convencido a se enquadrar, substituindo o estilo de ditador sem noção, pelas ferramentas básicas do populismo de direita

No “Xadrez do Pacto Ultraliberal com um Bolsonaro domesticado”, mostrei os indícios do novo pacto desenhado, que poderá salvar o mandato de Jair Bolsonaro e lançar nuvens pesadíssima sobre o horizonte da democracia.

A ofensiva em andamento é nítida em dois locais – no governo Jair Bolsonaro e em São Paulo, com João Dória Jr.

Trata-se de um pacto clássico, no qual o Executivo garante o apoio da Câmara, com oferta de cargos; dos poderes, com aumento de orçamento; e do mercado com desmonte selvagem do Estado. Tudo à custa de cortes em áreas essenciais, mas dotadas de baixo nível de influência corporativa.

O fio condutor é o desmonte do Estado, com preservação dos ganhos das corporações aliadas – Forças Armadas e Supremo, no Executivo Federal; Justiça, no caso de São Paulo. A conta será paga pela área social – com cortes nas verbas de educação, saúde, tecnologia. Enfim, nada diferente dos pactos clássicos do liberalismo selvagem, ultimamente aliado de presidentes trogloditas, como nos EUA.

Esses movimentos tem o efeito da fábula do sapo na panela com água quente. Todos se acomodam, permitindo a Bolsonaro avançar em seus objetivos de implementar um estado de exceção, não mais através de golpes truculentos, como desenhou semanas atrás, mas do avanço discreto e sistemático sobre as instituições.

O Xadrez terminava com uma constatação óbvia: “Julgar que Bolsonaro pode ser eternamente domesticado é a mesma coisa que dar uma dieta vegetariana para uma hiena, e apostar que nunca mais ela voltará a gostar de carniça”.

Os principais pontos do acordo estão se materializando rapidamente.

Introdução – a transformação do bolsonarismo

Bolsonaro assumiu a presidência da República dividindo o palco com dois personagens que atuavam como uma espécie de âncoras políticas: Sérgio Moro e Paulo Guedes. Moro garantia a adesão de parte da mídia e dos setores empresariais e da classe média; Guedes, a adesão do mercado.

Mas Bolsonaro não admitia dividir comando.

Primeiro, tratou de se desvencilhar de Moro humilhando-o seguidamente. Não contava com a capacidade de subserviência de Moro, que resistiu durante bom tempo a todas humilhações públicas. Saiu quando Bolsonaro resolveu acabar com o aparelhamento de Moro na Polícia Federal, substituindo por seu próprio aparelhamento.

Fora os estampidos dos primeiros dias, a saída de Moro significou o fortalecimento de Bolsonaro e a possibilidade de avançar sobre os sistemas de repressão – da Polícia Federal, através do Ministro da Justiça; a Controladoria Geral da República (CGU); e dos sistemas de inteligência.

Mas continuava com resistências na Câmara e no STF.

Bolsonaro tentou, então, partir para o confronto final.  Acentuou seu estilo de se fiar exclusivamente na militância radical. Seus arroubos foram interrompidos quando o STF (Supremo Tribunal Federal) o enfrentou através de dois episódios de corte: a ofensiva do Ministro Alexandre de Moraes contra as fake news e as medidas do Ministro Celso de Mello em relação à reunião ministerial de abril.

Ao mesmo tempo, o Supremo dava início a uma estratégia política habilidosa visando conter as pirações bolsonarianas. Dias Toffoli administrava os arroubos de Bolsonaro; Gilmar Mendes atuava como mediador junto ao Congresso e às Forças Armadas; enquanto Luis Roberto Barroso mediava lives de youtubers, já que o STF não é de ferro. E, na Câmara, Rodrigo Maia comandava uma frente contra os terraplanismos legais.

Bolsonaro tentou o golpe contra o Supremo, mas não obteve respaldo das Forças Armadas.

Ali, caiu a ficha de Bolsonaro sobre as ameaças representadas pelas investigações do Ministério Público Estadual do Rio de Janeiro sobre as rachadinhas e a possibilidade concreta dos filhos serem julgados, condenados e presos.

A partir dali, começa a ser desenhado o novo pacto, com Bolsonaro sendo convencido a se enquadrar, substituindo o estilo de ditador sem noção, pelas ferramentas básicas do populismo de direita, e a seguir nova estratégia para tomada definitiva do poder.

Ali começou a tomar forma a verdadeira ameaça de Bolsonaro.

Peça 1 – o pacto da popularidade

Os filhos mudaram a forma de mobilização da ultradireita, trocando as redes sociais por grupos de WhatsApp. Sem a barulheira infernal que provocavam, as Forças Armadas passaram a fechar os olhos para a nova legislação de armas e para o controle sobre a Polícia Federal, que esvaziou os centros de fiscalização do contrabando de armas em Itaguai.

O segundo fator de ajuste de conduta foram os resultados da renda básica na sua popularidade, inclusive em redutos anti-bolsonaristas como o Nordeste. Ali começou a desmoronar a crença supersticiosa de Bolsonaro em Paulo Guedes e a se desenhar um caminho óbvio: o da retomada dos investimentos públicos como maneira de recuperar a economia e garantir a reeleição.

Houve um primeiro desenho, com o Pró-Brasil, fuzilado por Guedes na infausta reunião ministerial de abril. Mas a lógica dos investimentos públicos passou a crescer cada vez mais. E a megalomania de Guedes condenou-o. Não cedeu em nenhuma frente e, publicamente, quanto mais enfraquecido mais se colocava como âncora de Bolsonaro. Sua última declaração deve ter calado fundo no coração pequeno de Bolsonaro: “Bolsonaro tem plena confiança em mim; assim como tenho plena confiança em Bolsonaro”, assim, ambos no mesmo plano.

É questão de tempo para dançar.

A recuperação da popularidade é peça essencial para consolidar os demais pactos.

Peça 2  – o pacto com a Câmara

O segundo pacto foi a recomposição da base política com a aliança com o centrão, substituindo as lideranças radicais novatas por velhas raposas e leiloando o setor público para sobreviver – como fizeram, anteriormente, Fernando Henrique Cardoso e Lula; e como não fizeram Fernando Collor e Dilma Rousseff.

Peça 3 – o pacto com as Forças Armadas

Não foram necessários dois dias para confirmar o pacto com as FFAAs, descrito no Xadrez. Na segunda-feira foi revelado que o orçamento da Defesa superará o da Educação. E, sem o desgaste das declaração estapafúrdias, será mais simples para as FFAAs fechar os olhos para abusos óbvios de Bolsonaro.

Gradativamente as FFAAs deixaram de ser ponto de apoio – como em qualquer democracia moderna – para assumirem a linha de frente da Saúde, do Meio Ambiente, dos setores de inteligência e, agora, dos planos de investimentos públicos.

Em troca, fecham os olhos para o aumento das vendas de armas para a população e para a expansão (agora discreta) do radicalismo bolsonarista. A infiltração cada vez maior de militares na máquina pública facilitará enormemente os planos de continuísmo do bolsonarismo.

Peça 4 – o pacto com o mercado

O novo pacto desenhado, como descrito no Xadrez, tornará Paulo Guedes descartável. Até agora Guedes se mostrou um operador ineficiente, criando problemas com a Câmara e sem capacidade de gerenciamento de sua equipe. O mercado quer queima de estatais e desmonte do Estado – apenas isso.

Ao mercado, será oferecida a privatização selvagem, tanto no Executivo federal quanto em São Paulo.

O novo desenho de orçamento privilegiará as corporações aliadas – Forças Armadas com Bolsonaro; Tribunal de Justiça, em São Paulo. A conta será paga com restrições aos gastos sociais, redução de verbas para educação, saúde, financiamento da inovação etc. Em síntese, repetindo os pactos imemoriais de uma sociedade atrasada.

A mídia cumpre adequadamente seu papel, demonizando qualquer gasto do Estado.

Peça 5 – o pacto com o Supremo

Sem destaque, o STF tem atuado firmemente contra direitos sociais e no desmonte do modelo de Estado. Cometeu um erro crasso, mas provavelmente intencional, de permitir a privatização de subsidiárias de estatais, sem aprovação do Congresso. Ali teve início os grandes negócios do momento, com subsidiárias sendo vendidas sem maiores cuidados provocando um esvaziamento gradativo da lógica econômicas das grandes estatais.

Tudo isso sem nenhuma discussão, sem a menor preocupação em organizar audiências públicas para melhor entender as consequências de cada decisão. Sua única missão cívica é usar as ferramentas de Pavlov para manter Bolsonaro sob controle. Quando ele ameaça ultrapassar a linha democrática, leva um choque e recua.

Paradoxalmente, é esse movimento de contenção que fortalece a estratégia mais perigosa, de tomada gradativa dos poderes de Estado através da cooptação e da infiltração em todas as instituições.

Peça 6 – os alertas de Fachin

O Ministro Luiz Edson Fachin tem dupla militância. No STF, tem sido o principal agente da destruição do sistema político, abrindo espaço para o bolsonarismo. Vez por outra, participa de algum evento e, chamado para palestrar, relembra o finado jurista Fachin, defensor das grandes causas.

Na última vez, citou o livro “Como as democracias morrem”, de Steven Levitsky e Daniel Ziblatt, para alertar para os riscos no caminho da democracia brasileira. Para Fachin, o Brasil está em recessão democrática, com o incentivo à violência, a demonização dos adversários e as ameaças de não aceitar derrotas para as urnas.

Não há nenhuma esperança que o Ministro Fachin abra algum espaço para o jurista Fachin poder ressurgir das sombras e acordar o Supremo para a ameaça óbvia à democracia, representada pelo novo-velho Bolsonaro.

Nem se percebe nenhum sinal de vida nas forças de oposição, inertes, acomodadas em denúncias óbvias contra Bolsonaro, mas sem capacidade de articular qualquer linha de resistência.

Luis Nassif

45 Comentários

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    1. Ta ali pq obviamente a opinião do GGN é a dos fatos. Maduro é um ditador. Incrível como na esquerda brasileira tem tanta gente pronta pra passar pano pra ditadura Venezuelana

      1. Quando se está eternamente ameaçado pelos EUA, financiador dos golpistas venezuelanos, somente um governo duro com apoio das forças armadas e do povo, consegue sobreviver e manter sua soberania. Infelizmente não temos nenhum dos dois aqui no Brasil.

      2. Não sei quando iremos perceber que piorar a esquerda não vai melhorar a direita. Temos que pensar em melhorar a sociedade como um todo, e as práticas políticas também. Pois ninguém vai derrotar ninguém definitivamente, sendo assim precisamos conviver. “Quando você dança com o diabo, você não muda o diabo, o diabo muda você”. Andrew Kevin Walker. Justificar ditaduras é se tornar naquilo que você combate. Depois reclamam quando dizem que a esquerda brasileira quer a ditadura corena, os “comunistas”. E não é só isso, quantas vezes ouvimos influenciadores de esquerda dizer à época dos governos peteístas que seria justificável se aliar ao centrão e às práticas políticas do toma lá dá cá, afinal era preciso usar as práticas da direita para governar. Deu no que deu.

    2. Bolsonaro não está a caminho de tomar o Poder. Ele já tomou. Nas últimas Eleições. E tomará novamente, nas próximas. E isto é doloroso para um Projeto de Poder Ditatorial Absolutista Caudilhista Esquerdopata Assassino Fascista que nunca acreditou na liberdade das urnas e no exercício do Poder pela Vontade Livre, Facultativa e Soberana do Povo Brasileiro. Qual é o grande projeto da Oposição em convencer o Povo Brasileiro, que é melhor que o projeto do Governo Bolsonaro? Desmerecer a Justiça e restabelecer Criminosos? AntiCapitalismo de Estado junto a Indústria da Miséria e Pobreza mantendo a Sociedade Brasileira dependendo de um Poder Público e Político Criminoso e Corrupto? Pobre país rico. 90 anos de NecroPolítica replicados em 4 décadas de farsante Redemocracia desmoronam. Mas de muito fácil explicação.

  1. Você esqueceu de mencionar algumas coisas. A primeira é o apoio volúvel do Centrão. O segundo é o desejo de Bolsonaro de iniciar uma guerra indesejada pelas Forças Armadas. A terceira é o estrago que a redução das exportações para a China (de grãos, frango e carne) causará na base ruralista de Bolsonaro. Impossível dizer qual será a música que os evanjegues irão dançar. Na eleição eles eram bolsonaristas. Agora que a arrecadação das igrejas deles está em declínio a lealdade dos pastores tem que ser comprada a um preço que o Estado não pode pagar. A imprensa não gosta de Bolsonaro. Ele não tem pedigree tucano. Os juizes são uns filhos da puta que só pensam em seus salários. Quem tentar se apoiar neles vai afundar numa ganância sem limites num país com recursos cada vez mais limitados. A perpetuação de Bolsonaro não é certo. Ele pode até querer jantar a esquerda, mas a verdade é que ele está pendurado pelas bolas.

    1. Quando o exército estiver entranhado totalmente no poder, mesmo que um setor forte, que traz o dinheiro grosso pro país, como agricultura, quiser atacar Bolsonaro, este contará com a blindagem de FFAA e PMS, os setores que terão tudo o que quiser de Bolsonaro. Já começou ano passado, com a tirada das FFAA da reforma da previdência. Continua esse ano com aumento no gasto com as FFAA. Bolsonaro percebeu que não precisa entrar em confronto com STF e outros: basta deixar claro que não mexerá em um centavo do privilégio deles e eles o deixam quieto. Veja SP= Dória quer asfixiar as universidades públicas, mas nada contra milhões pro judiciário daqui. Se isso custará a destruição da pesquisa científica do Brasil, fazer o que? Deus quis assim.

  2. Tudo vai depender do tamanho da crise econômica pos-covid……poder ser um tsunami que derrube tudo e todos…..e eu me pergunto de onde vão tirar dinheiro para o tal Pró-Brasil…

  3. Com o auxílio na pandemia, que atingiu mais 50 milhões de pessoas e em valores maiores que o Bolsa-Família entregava, Bolsonaro inverteu o conselho de Maquiavel: “Faça o mal de vez só, e o bem aos poucos”. Daqui por diante, temos mais de 2 anos até a eleição e a única coisa que ele tem a oferecer são maldades. Bolsonaro deu um splint antes dos mil metros em uma corrida de 2 mil. Como ele vai conseguir manter o ritmo? Tá certo que este auxílio se deve a Câmara dos Deputados, mas como ele está sendo visto pela população como o responsável – daí seus índices de popularidade – também será visto como o responsável quando a coisa virar. A classe política, o mercado, o judiciário,a imprensa e todos mais estão gastando o Bolsonaro. Em 2022 ele vai está pior que o Sarney no fim do mandato.

    1. Pois é, é um governo que só fez maldades, não tem nada de positivo para mostrar e um saco de mortos e violencias nas costas………com um histórico desss qualquer oposição sensata estaria sapateando…o problema é que parte dessa oposição fingida concarda com as politicas do coiso, só tem vergonha em demosntrar…….

  4. Países civilizados não jogam gente das FFAA no governo. Por um motivo muito simples: se pra punir um civil por corrupção é um parto da montanha ( vide Bob Jefferson e seus 4 milhões que ele confirmou que roubou e que eu saiba nunca devolveu ), imaginem mexer com um militar – pois mexer com 1 é como mexer com toda a instituição e, portanto, eterno foco de crises. O pior dos mundos está se desenhando = Bolsonaro dá um chute nos fundilhos de Guedes, põe a máquina pública pra financiar obras ( e aí o exército vai se lambuzar, pois a lava jato tratou de destruir as empreiteras) , só que na primeira crise de commodites, como a que Dilma 2 enfrentou, o país quebra e provavelmente já não haverá empresa pública pra tentar amortecer a queda. Só que aí as FFAA já estarão totalmente entranhados no poder e blindarão Bolsonaro enquanto este lhe der todo o dinheiro e privilégio que puder. Assim, as explosões sociais serão contidas por PM-lícias e Milícias, que farão os tonton macouts do Haiti na época de papa e baby Doc parecerem policiais canadenses. Ou seja, aquilo que Bolsonaro acusava a esquerda – de transformar o país numa Venezuela – será realizado por esses mentecaptos. Aí a chance de haver um confronto militar entre as duas nações ( dum lado a maior economia da América Latina e do outro um dos países com mais petróleo no mundo ) estará por um fio – e terá nos bastidores superpotências ( EUA x Russia)O pior dos mundos.

  5. A análise do Nassif faz todo o sentido. Eu não caio nessa conversa de que o Bolsonaro pode ser domado pelas instituições como muitos apregoam por aí, sendo o cientista político Alberto Almeida o mais entusiasta defensor dessa tese. Não é uma posição apenas ingênua, mas deslocada de tudo o que temos visto em matéria de fortalecimento de práticas e discursos autoritários nos últimos anos. Nem tampouco imagino que o bolsonarismo vai estancar no jogo populista eleitoreiro (como geralmente acontece no plano democrático), abrindo os cofres para a população mais pobre, a fim de angariar cada vez mais apoio, com a perspectiva de continuidade por vitórias eleitorais. Eles estão ganhando tempo e consolidando ainda mais o Bolsonaro como liderança que veio para ficar. Além disso, estão conseguindo ampliar o apoio popular ao governo, o que vai ser de fundamental importância no momento de dar o passo arriscado para a concentração de poder . Não nos enganemos, o Bolsonaro nunca vai desistir da sua “missão” de se tornar um líder autocrático. Ainda que a estratégia tenha mudado, o objetivo permanece o mesmo, e ele ter substituído a afobação inicial pelo aparelhamento através das Forças Armadas, foi uma jogada mais inteligente e que aumentam as suas chances de sucesso futuro, sobretudo porque desarma a oposição que estava se levantando contra o governo. Eu não tenho a menor dúvida que as eleições de 2022 estão comprometidas. O confronto final, prenunciado pelo Luis Nassif, vai acontecer. A diferença é que o Bolsonaro e suas hienas estão se preparando para isso, ao passo que a oposição está totalmente desarticulada.

  6. “Nem se percebe nenhum sinal de vida nas forças de oposição, inertes, acomodadas em denúncias óbvias contra Bolsonaro, mas sem capacidade de articular qualquer linha de resistência.”
    Oposição acomodada caro Nassif. As vezes, se preocupam com Bolsonaro erguendo um anão. Ou se preocupando porque o cara da Venezuela ilustra introdução do Xadrez…

    1. Essa é a esquerda brasileira: Nos militantes um Ideologismo infantil (cada qual querendo demonstrar, sabe-se lá a quem ou por quê, um esquerdismo mais “verdadeiro” e “puro”. Ou apresentando uma defesa irracional dos partidos de esquerda do país, como se eles fossem mais importantes que os próprios problemas do país) ; Nos partidos políticos de esquerda, um cinismo estarrecedor, uma acomodação muito própria ao status quo (status quo de forças parasitárias). Em ambos os lados uma mediocridade e uma frouxidão muito próprias da população, do povo brasileiro.

  7. Nassif, você está sendo injusto com a esquerda brasileira.

    Ainda que você esteja certo sobre a inércia da esquerda essa inércia têm uma razão: TODAS as vezes em que a esquerda tentou algo que poderia ser efetivo o exército brasileiro ameaçou reagir com violência, o exército brasileiro só tolera “democracia” se for um presidente de extrema direita pateticamente alinhado com os EUA no poder.

    Desde 2008 a democracia brasileira é uma FACHADA para uma ditadura militar.

    1. O Sr. Luis Nassif está sendo injusto com a esquerda? Só se for ao ser referir aos partidos que “compõem” uma oposição política que simplesmente não existe no país, como “a esquerda” !
      Querer buscar desculpas para a inércia da esquerda é muito cômodo, mas como justificar esta inércia ao longo de 3 mandatos de uma partido de esquerda (PT) e contando com um clima favorável para um trabalho de real mobilização e educação popular, de articulação e consolidação de aliança entre movimentos populares, de fortalecimento de sindicatos e de toda uma orientação decididamente pública da vida política nacional? A justificativa, creio eu, talvez seja a inexistência de uma verdadeira esquerda brasileira, mas a existência de muitos partidos ditos “de esquerda”, com uma grande capacidade de guerrearem entre si pelos seus interesses partidários-eleitoreiros e com uma capacidade ainda maior de colonizar alguns partidários de um ideologismo infantil.
      O que foi o sucesso popular da “esquerda” nesse período de 3 mandatos de governo do PT ? Na verdade não foi sequer um sucesso da esquerda (que não aproveitou o momento político favorável para uma união política, nem para uma modificação estrutural da superestrutura intelectual e operacional dos serviços e poderes públicos), nem do PT (que se apequenou como partido), mas sim de LULA e de uma fração histórica e historicamente popular do PT (fração do partido já sem nenhum poder, à época, de determinação nas decisões do mesmo, mas que pelo menos com suas idéias de orientação pública impediram a completa aristocratização do partido). Todo o sucesso da dita “esquerda” se resumiu então ao sucesso popular de LULA junto às massas do país e ao sucesso técnico-administrativo dos programas de governo tocados para a frente pelo seu carisma e liderança (PAC, Bolsa Família, PROUNI etc…), porque mesmo o conteúdo (de idéias públicas e populares, e passíveis de serem trabalhadas em uma mobilização e politização popular) existente nesses programas e fruto dessa mencionada fração histórica do PT, foi suplantado pelo sucesso carismático e técnico-administrativo do ex-presidente. Enquanto isso há quem defenda “a esquerda”.

  8. Confesso que não entendo essa preocupação ansiosa. Bolsonaro tem mandato até dezembro de 2022. Em outubro desse ano, daqui a 26 meses, portanto, haverá eleição presidencial mais eleições gerais para renovação do Congresso e governos estaduais.
    Bolsonaro será reeleito ou, se as coisas estiverem ruins demais, teremos a vitória de alguém da oposição. Só isso.
    O Brasil não é a Venezuela, nem muito menos a China. Temos mais de 30 partidos políticos. São interesses demais para caber num esquema tão simples assim. Nem Getúlio Vargas aguentou muito tempo, e olha que ele foi ditador num Brasil rural.

  9. Como já consignado por mim em comentário anterior,não dou mais a mínima e joguei todas as minhas esperanças nos motivos de força maior.A prisão de Bensonn lá,a derrubada do veto do aumento do funcionalismo aqui(a comentarista Natuza Neri da Globonews quase infarta enquanto xingava o Senado de tudo que é nome feio),eleição de Biden acolá,quem sabe não cai um Jumbo 747 por vacilo das torres de controle acolá, referenciarmos SATANÁS uma vez por dia alhures,e por aí vamos que vamos..Fora disso aí é pura perda de tempo.Procurem o Sr.Clever Mendes de Oliveira se a razão não me assiste.

    1. Mate o homem mas não erre o nome,reza a lenda.O nome do pilantra mor é Steve Bannon.Se a prisão dele fosse na República Federativa da Capadoçagem eu não daria a mínima.Não é o caso.A cana se deu nos EUA,e como os ventos pro lado de lá indicam mudanças radicais,a prisão dele pode ter consequências graves,em um certo País Sem Jeito,assim que ele começasse cuspir os feijões,por exemplo::Como eu elegi Bozo e seus cães de aluguel.É exatamente um dos motivos de força maior ao qual eu me agarro.No mais é muito Xadrez e pouco resultado.Tenho razão meu querido seu Clever?

  10. Sempre depois de qualquer crítica contra a direita, os críticos sempre vem com uma alfinetada contra o imobilismo da esquerda frente ao rolo compressor dos todos poderes da república x o povo e a esquerda. Pergunto! Por que não apresentam soluções, alternativas, estratégias ou idéias para a esquerda ao invez de só critica-las?

    1. Ulisses, também me pergunto isso há anos. E quando posto essa pergunta no site de analistas e pensadores que sabem o que dizem, que tem uma visão muito mais acurada que nós, pedindo encarecidamente que se estão de fato tão preocupados com o país, porque não procuram as lideranças da esquerda e mostram suas análises e sugestões?
      Sabe o que recebi como resposta, para todas essas perguntas postadas? Isso mesmo, um silêncio de cemitério.

  11. Acrescento q a mudança de conduta do Bolso,foi simplesmente pq não estava dando certo a estratégia de incentivo ao caos e confronto para jogar-nos uns contra os outros(dividir para conquistar)lembram dos inimigos petistas corruptos fomentado dia e noite?Abusaram para causar uma resistência forte no povão,sendo assim ter os “terroristas”nativos,aprontando,com isso repercurtindo ganhariam a opinião pública (objetivo final) não funcionou a estratégia deepstetiana,este povo é pacífico (outrora briguento)e muito resiliente,povo maravilhoso,os heróis eram pra ser os militares q chegariam e colocariam ordem no caos(ordo ab chao)deu errado,kkkk,vai ser o contrário,o Brasil q se desenha,já nascerá fracassado, não tem como dar certo um País para poucos,estamos com risco de fragmentação do nosso território,e advinha quem fomenta e permite isso?Militares,os grandes responsáveis pela nossa perda de soberania,e admito,esta foi minha maior decepção,tinha outra imagem das forças armadas,o povo vai ter q descobrir isso naturalmente,como eu infelizmente descobri,talvez seja um processo de longo prazo,com as humilhações diárias das “forças de ocupação”estrangeiras,inclusive já estão acordando entre si,quem fica com o quê do Brasil !!O pt sozinho lutando contra isso, não dá nem pro cheiro !!!

  12. O relato ou narrativa é impecável; não consigo acrescentar nada. Mas uma pergunta, que parece meio acadêmica mas interessa aos inquietos na política como ela é: em que esse movimento todo discrepa do velho e renitente ‘pacto de elites’, que vingou e triunfou toda vez que a opinião pública começou a questionar os alicerces da ordem? Não se trata só de ‘salvar’ JB e seus asseclas, mas de prover respostas convencionais às críticas mediáticas das instituições e da farsa econômica neoliberal.

  13. Bolsonaro está domado? Ou apenas farseando, como desde seus tempos de sindicalista de quartel e de caserna. terrorista. Suas mentiras públicas (ex. desrespeito ao referendo das armas, gripezinhas, etc.) são sustentadas com o mesmo negacionismo ensaboado que contruiu ao longo de suas décadas inúteis de “carreira”, promovendo-se (e reelegendo-se, como a 3 filhotes, +1 ou 2 vêm aí) bem sucedidamente com suas meras bizarrices.
    Mentir é fácil: “esse desenho não é meu”, “o povo quer armas”, “é gripezinha”, “a Amazonia não está queimando”, “o governo deu bilhões pra isso e aquilo” (e nem isso nem aquilo vêem a cor do dinheiro), “não estava pescando em Angra”, “EU não posso mais dar tanto dinheiro” (dos impostos e não dele).
    O fato é que na arte de promoção pessoal ele não é bobo. E sua mudança de atitude não é pessoal, é por assessoria, pois os os filhotes também mudaram (além da “incômoda” questão Queiroziana).
    A incompetência daqueles que o percebem como uma real ameaça ao país é que estão sendo incompetentes. Exemplos?
    1) A míRdia que quer queimá-lo pessoalmente (Globo, Folha, até o Estadão), em sua AMBIGUIDADE pessoa “ruim” x política econômica “boa”(Guedes), passa uma mensagem confusa para o público. Por isso se atém a bobagens como frases pessoais mas não à destruição de um país.
    2) Não consegue por ex. deixar claro que o auxílio-emergencial (muito mal feito) é dinheiro dos impostos e não “do governo”, que propôs (Guedes) um pagamento único de 200 reais e não destes 600 continuados, graças ao Congresso.
    3) Até o Congresso e STF lhe ajudam: seja por fazer uma votação idiota e inoportuna ( e destacada) sobre aumento de servidores, transformando-o em “rei do bom senso” (e não em meramente proteger sua munição financeira, pública), seja por combater a (nefasta) desinformação (promovida de dentro do governo) com autoritarismo e personalismo, seja pelo presidente da Câmara declara destacadamente que “não vê crimes” para impeachment.
    4) A inacreditável decisão do STF de que um dossiê (feito na moita) precisa ser interrompido, pois é “muito feio” fazer isso! Não vai ter nenhum processo criminal?! Até a Sara “Girowinter” pode acessar coisas “feias e proibidas”. Ou vereadores enviarem informações para o exterior em papel de pão. E?…
    Vejamos ainda que há perigosas mudanças possíveis logo à frente: Fux na presidência do STF, 2 ministros desta corte não alinhados a serem substituídos por alinhados, eleições para as presidências no Congresso, além dos já comentados crescimento popular, aparelhamento das instituições, composição com o centrão e que tais.
    Ou seja: além das competências sociopatas de um lado, temos as incompetências à suas oposição de outros
    Um maluco está dançando e os que lhe batem palmas abafam os que ficam só resmungando.

  14. Ou, a trágica e perversa história de um país das elites e classes médias mais atrasadas, deseducadas, narcísicas e manipuláveis do planeta, que apoiaram demagogos psicóticos como Joaquim Barbosa, Moro e seus assemelhados, destruindo a democracia e os princípios mais basilares da civilidade e do Direito, transformando o Brasil em um Hospício nonsense, maligno e ingovernável….. Por fim, todo o processo dessa ignorância dantesca nos legou Bolsonaro, instituições frágeis, toscas, falidas, e a loucura é tanta, que uns, estão perdidos, catatônicos, ainda satanizando Lula e o PT em suas almas confusas, outros, pior, celebram, porque, afinal, “perdemos o risco de cair nas mãos dos comunistas e suas mamadeiras de piroca”….. – Pobre Brasil!…. Chacota do mundo, desprezo do mundo, carniça de oligarquias desumanas, frívolas, canalhas no seu DNA milenar…… O artigo do Nassif, de um realismo absoluto, aponta o que nos espera…… Qualquer ser humano minimamente normal e lúcido, tem que se sentir um tanto deprimido, desesperado e impotente diante de tanto horror…… Não se ache um “marciano” se você for um destes….. Viramos sim, um mundo-matrix perverso e insano, viramos sim, um Hospício governado por um ser bestial e demente, viramos sim o país em que a palavra DANTESCO é pequena para descrever o que nos tornamos……

  15. Luiz Nassif finalmente caiu na real e percebeu que não há mais volta. Caminhamos para oito anos (ou mais) de bolsonaro e para a consolidação do Brasil como república bananeira. Não há nada no horizonte que possa impedir essa desgraça anunciada. Que deus (qualquer um) nos ajude…

  16. A denúncia contra a Globo pelo doleiro Messer acaba por aditar mais um ingrediente a favor da estratégia de JB – calando o veículo de maior penetração entre os pobres e remediados. Bannon está encrencado, mas suas ideias dão frutos aqui no Bananão.

  17. Cenário terrível, mas compatível com o que infelizmente se desenha. Estamos caminhando em ritmo acelerado para nos tornarmos uma nova colônia em tempos pós-modernos. As futuras gerações viverão num país em escombros e miserável pela própria natureza… Lastimável!

  18. Pelo que eu deduzo lendo o texto, Bolsonaro e família nunca serão julgados pelos seus crimes. Também, que Bolsonaro será reeleito via urnas ou via golpe (se perder), perpetuando-se no poder como um ditador ou imperador do Brasil, escudado e garantido pelas FFAAs, STF e Congresso Nacional, financiados pelos banqueiros e a elite brasileira. Diante disso, acho que preciso achar a minha corda…

  19. Vou ter que discordar completamente do Nassif!!!
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    Espero que não seja banido do GGN, porém esse foi o pior xadrez do Nassif e vou explicar o porquê.
    Por princípios de centro do Nassif ele se nega a aceitar uma coisa que falseia por completa a sua análise, que o Fascismo não é um acidente nem mesmo algo fora da sociedade capitalista que existe. Fascismo é a válvula de escape da Grande Burguesia para quando a situação de crise pode se agudizar e terminar num governo realmente de esquerda. Ou seja, é a última saída para continuar no poder desprezando o que chamamos a democracia liberal, quando esta chega ao esgotamento e a única saída possível é através de um governo de esquerda mesmo, apela-se para o fascismo.
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    Certamente o Nassif conhece muito mais os meandros do poder político brasileiro do que eu, entretanto chegamos ao atual governo simplesmente porque esse caminho falhou, logo um governo fascista é uma saída. Porém o governo fascista não será perpetuado com Bolsonaro no poder. Será implantado a partir dos elementos da direita do partido Democrata norte-americano, os mesmos que grampearam a Dilma, a Petrobrás e vitaminaram o Moro. Temos que deixar claro que todos os elementos do golpe contra o governo do PT foram tramados e executado pelo partido Democrata enquanto o simpático e falsamente progressista Barack Obama estava no poder e a Hillary Clinton era a sua secretária de Estado dos Estados Unidos sucedida pelo John Kerry que continuou com a mesma política agressiva e intervencionista de Hillary.
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    Trump, assim como Bolsonaro, foram políticos que simplesmente atrapalharam o projeto dos conservadores que sabem comer com garfo e faca e interromperam uma série de políticas que seriam levadas a cabo tanto internamente nos USA como no exterior. Agora com Joe Biden tudo deve voltar ao lugar no Norte e provavelmente também na terra tupiniquim.
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    Um projeto fascista exige muito mais do que alguém que nem sabe direito o que é fascismo, logo a procura de uma estabilidade de extrema direita será procurada quando a figura de Bolsonaro for eliminada. Bolsonaro não pode ser derrubado em 2019, pois pela constituição teria que haver novas eleições, por isso Bolsonaro não cairá antes do fim do ano.
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    A partir de janeiro de 2020 se Bolsonaro sofrer um impeachment, ou um acidente, ou morrer por qualquer motivo ou ainda renunciar. Com isso quem o sucederá será Mourão, mais fascista que Bolsonaro, pois ele sabe o que é fascismo, com essa queda a alta Burguesia com conselho e aprovação do futuro governo de Washington, terá dois anos para procurar uma saída, que pode ser desde uma eleição até um regime de exceção. É simples e não exige nenhuma grande elucubração são dois anos que contarão a partir de primeiro de janeiro quando o destino de Bolsonaro será selado e aí que saberemos o que vai acontecer. Não podemos esquecer que ao fim desses dois anos Lula terá 77 anos, e mesmo que restituído seus direitos políticos, uma pessoa de 77 anos é muito frágil e voltar alguma doença ou simplesmente pegar outra é algo muito comum e ninguém vai estranhar e o cenário para uma eleição a presidência da república sem Lula certamente não dará nenhuma vitória para a esquerda.

  20. Li todos os comentários e com pesar, vejo as criaturas do esgoto tomando a maioria dos comentários do GGN. Eu não teria essa liberdade toda se tentasse me manifestar em algum site do Gabinete do Ódio.

  21. … e colocar Stalin nessa colagem de fotos é, no mínimo, uma baixaria histórica… Como atribuir a Diderot, por ser Diderot, os males que a Revolução Francesa não conseguiu superar…

  22. É um clima triste. Que fim melancólico levou a bafejada trazida pela Constituição de 88. Aquela ordem já não existe mais. O desmantelamento virou regra. Resta saber onde iremos parar e o que ainda restará de pé do que entendíamos por Democracia (se é que sobrará algo).

  23. “O mercado quer queima de estatais e desmonte do Estado – apenas isso.” Só ouvi verdades. Ao que parece, não temos lá muitos parlamentares sendo parachoques, impedindo que a população pague essa conta pesada. A ordem de 88 chegou ao fim, sem maiores estertores, pelo visto. Com grande apoio, em impressionante medida, do próprio povo brasileiro, o qual escolheu o caminho da autossabotagem. Eleger Presidente da República um homem do jaez de Jair Bolsonaro não é outra coisa além de optar pela própria destruição. Adeus Carta de 88.

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