Mordido pela “mosca azul”, Gilmar pode concorrer a presidente em eleição indireta

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Jornal GGN – O ministro Gilmar Mendes, membro do Supremo Tribunal Federal e presidente do Tribunal Superior Eleitoral, foi mordido pela “mosca azul”, segundo o Blog do Moreno (O Globo), e suas ambições políticas podem levá-lo a uma disputa pela presidência da República numa eventual eleição indireta, promovida pelo Congresso em caso de cassação de Michel Temer.
 
O Brasil 247 analisou a finalidade dos discursos duros que Gilmar têm feito nas últimas semanas como um atrativo ao mercado e à classe política interessada em uma saída para a crise provocada pela Lava Jato. Gilmar teria mais condições de reunir essas forças do que Temer tem de governar.
 
 

Fonte: Blog do Moreno 
 
 
Do Brasil 247
 
Discurso duro faz de Gilmar o nome mais forte para uma eleição indireta
 
O fracasso do governo de Michel Temer em sua missão mais importante – ao menos, naquela que justificou o golpe de 2016 – pode abrir espaço para que o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, se torne presidente da República, ainda em 2017.
 
Qual era essa missão? Temer deveria garantir proteção a seus aliados no parlamento, ajudando a estancar a sangria da Lava Jato. No entanto, com nove ministros na lista de Janot, um ministro da Justiça ligado à máfia dos fiscais agropecuários e ele próprio citado de forma constrangedora nas delações da Odebrecht, Temer tem se mostrado incapaz de garantir essa blindagem. Prova disso foi a mais recente etapa da Lava Jato, que, ontem, atingiu pessoas ligadas a senadores importantes, como o próprio presidente do Congresso, senador Eunício Oliveira (PMDB-CE).
 
Paralelamente, Temer também não tem mais o que oferecer a outro pilar importante do golpe de 2016 – o mercado financeiro. Sua reforma da Previdência, inviável e rechaçada até por aliados, já foi adiada para agosto ou setembro e o Palácio do Planalto tenta ganhar tempo com um projeto de terceirização que praticamente acaba com a CLT.
 
Sem serventia para parlamentares e banqueiros, Temer recebeu ainda uma outra notícia negativa, na tarde de ontem, quando o relator de sua cassação no Tribunal Superior Eleitora, Herman Benjamin, lhe deu 48 horas para apresentar suas alegações finais. Já se sabe que Benjamin irá propor sua cassação e que a jurisprudência do TSE impede a divisão da chapa.
 
Enquanto isso, o ministro Gilmar Mendes tem feito discursos que soam como música para os parlamentares, que seriam os eleitores do novo presidente, em caso de cassação de Temer e eleição indireta. Ontem, ele criticou duramente os vazamentos da Lava Jato feitos pela Procuradoria Geral da República e falou até em anular as delações da Odebrecht. Num aceno ao setor produtivo, afirmou que a Operação Carne Fraca, que causou prejuízos gigantescos ao País, foi provocada por uma disputa por holofotes na Polícia Federal. Gilmar disse ainda que não é papel de autoridades cavalgar escândalos.
 
Com esse discurso, Gilmar se cacifa para se tornar presidente numa eleição indireta, com apoio do establishment político e econômico, caso Temer se torne uma mala pesada demais para ser carregada. Detalhe: no sábado, o colunista Jorge Bastos Moreno, do Globo, disse que Gilmar foi “picado pela mosca azul”, sem fornecer maiores detalhes.
 
Abaixo, a fala de Gilmar:
 
Senhores Ministros, no início da semana passada, foi noticiado que o Procurador-Geral da República enviou ao STF várias representações, com base em material produzido em colaborações premiadas relacionadas à Operação Lava Jato.
 
Muito embora o material esteja sob sigilo, parte do conteúdo das representações foi divulgada em veículos de comunicação social.
 
No último domingo, dia 19.3.2017, foi publicada matéria pela Ombudsman da Folha de São Paulo, Paula Cesarino Costa, intitulada “Um jato de água fria”. Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/colunas/paula-cesarino-costa-ombudsman/2017/03/1867852-um-jato-de-agua-fria.shtml.
 
A matéria comenta justamente o vazamento de informações sob segredo de justiça. Afirma que “a cobertura dos principais órgãos de comunicação _ impressos, televisivos e eletrônicos_ trazia versões inacreditavelmente harmoniosas” do conteúdo dos pedidos do Procurador-Geral da República. Narra que “vazaram para os jornalistas os mesmos 16 nomes de políticos _ cinco ministros do atual governo, os presidentes da Câmara e do Senado, cinco senadores, dois ex-presidentes e dois ex-ministros”.
 
Trata-se de um fenômeno tristemente conhecido e repetido. Na Operação Lava Jato, a publicação de informações sob segredo de justiça parece ser a regra e não a exceção.
 
Nem mesmo o STF foi poupado. Em agosto de 2016, foi divulgado que o Min. Dias Toffoli teria sido delatado por um dos empreiteiros colaboradores. Quando o depoimento veio a lume, constatou-se que o crime do Ministro não foi corrupção ou lavagem de dinheiro. Foi receber a indicação de um encanador, para consertar vazamento em sua residência.
 
Eu mesmo me manifestei publicamente sobre esse lamentável fenômeno em mais de uma oportunidade. Cheguei a propor, no final do ano passado, o descarte do material vazado, uma espécie de contaminação de provas colhidas licitamente, mas divulgadas ilicitamente.
 
Até aí, o quadro é conhecido. A novidade trazida pela publicação da Ombudsman está na divulgação de um novo instrumento de relacionamento com a imprensa: a “entrevista coletiva em off”.
 
De acordo com a matéria, após “receberem a garantia de que não seriam identificados, representantes do Ministério Público Federal se reuniram com jornalistas, em conjunto”, e passaram informações da chamada “segunda lista de Janot”.
 
É importante destacar a fonte da denúncia. A imprensa parece acomodada com esse acordo de traslado de informações. Pouca relevância dá ao fato inescapável de que, quando praticado por funcionário público, vazamento é eufemismo para um crime: a violação de sigilo funcional, art. 325 do CP. Foi necessária uma jornalista independente, dentro da estrutura da grande imprensa, para arejar a situação.
 
Mais grave é que a notícia dá conta da prática de dentro da estrutura da Procuradoria-Geral da República. Essa não seria a primeira vez, como afirma a matéria e transparece da experiência recente.
 
Tenho que a Procuradoria-Geral da República tem que prestar explicações sobre esses fatos.
 
Não haverá justiça com procedimentos à margem da lei. As investigações devem ter por objetivo produzir provas, não entreter a opinião pública ou demonstrar autoridade.
 
Esse não é um problema externo, que não nos diz respeito. O Poder Judiciário tem um compromisso com a forma como suas ordens são executadas.
 
Recordo de uma representação que recebi pela realização de busca e apreensão na sede do Senado da República. Vislumbrando a gravidade institucional que a medida representaria, procurei cercar o cumprimento da busca de todas as cautelas possíveis, determinando que fosse executada, sem estardalhaço, por pessoal descaracterizado. Alguns dias depois, a Procuradoria-Geral da República desistiu da medida cautelar.
 
Em outro caso, a Procuradoria-Geral da República representou pela vinda aos autos de lista em que determinado advogado esteve nesta Corte. Não contente em requerer a diligência, o Ministério Público pediu também que as informações fossem colhidas do sistema do STF diretamente por Procuradores da República – Pet 6.323, atual Inq 4.367.
 
Faço esse registro, para marcar a gravidade do noticiado e lembrar a imperiosidade de constante vigilância não só quanto ao conteúdo, mas também quanto à forma como nossas ordens são executadas.
 
Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

27 Comentários

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  1. Esse nababo fará o papel de

    Esse nababo fará o papel de Castelo Branco e poderá, para se eleger, prometer eleições em 2018…da mesma forma que essa mesma elite golpista prometeu eleições em 1965 mas mijou pra trás pq sabia que JK era imbativel como Lula é imbativel em 2018…se bem que o script pode mudar se impinxarem Lula…e ai Gilmar passará a faixa para um tucano….simples assim…

  2. Se acontecer, tomara que a

    Se acontecer, tomara que a môsca azul cause efeitos colaterais e torne o veneno da vibora inócuo.

    E aí será o merecido fim do G. Quaresma.

  3. Exige distinções porque são

    Exige distinções porque são duas coisas perfeitamente diferentes: a) as críticas PERTINENTES feitas de maneira recorrente às extrapolações do Ministério Público, da Polícia Federal e algumas vezes do próprio Judiciário, em especial as da lavra do Juiz Moro; e b) as motivações políticas que subjazem a essas manifestações, dentre elas a blindagem dos políticos tucanos, máxime os grão-duques, e agora esse fato novo com relação às ambições políticas do ministro Gilmar Mendes.

    Fato novo, esclareça-se, só referente a picada do maribondo, digo, “mosca-azul, porque quero ir pretinho por inferno se desde o princípio dessa Acaba com o Brasil a Jato seu desejo, por razões óbvias, sempre foi a contemporização e a hipótese do “zera tudo” vocalizada pelo senador Romero Jucá. 

    De fato, sem a delação do senador Sérgio Machado o golpe teria sido perfeito: no esteio de uma Lava a Jato ainda mais centrada na “geni”, ou seja, no PT e no Lula; de uma imprensa diuturnamente demonizando ambos; e de manifestações de rua protagonizadas pelo dito “andar de riba”, o impeachment da presidente Dilma e a posterior condenação e prisão de Lula seria uma barbada. Na sequência um governo trapalhão, digo, “tampão” sob a égide do PMDB e PSDB, cuja missão principal seria a “grande articulação” para parar “essa coisa aí”, nas palavas do “Juca”, sob as cinzas do PT e do Lula, envolvendo partidos, MP(Janó) e Judiciário. Este certamente representado por quem? Por quem mesmo? Por um alguém com as iniciais GM, ex-advogado Geral da União, carne-e-unha de Serra e FHC, e oriundo de um estado da região Centro-Oeste. Quem seria o danado? 

    Tal qual epílogo de contos de fadas, “e aí todos seriam felizes para sempre”. O problema são o diabo das contingências. Ou do “déstino”, no falar do matuto. 

    Nesse faroeste Gilmar Mendes fez e faz um duplo papel: o de vilão e de falso mocinho. 

  4. eles que são golpitas que se entendam

    E para a governabilidade a primeira medida será fechar o stf e colocar onze toffolis a enfeitar o lupanar.

    Encostou-se no FORA TEMER, dele tirou todos os segredinhos, a ele prometeu vida eterna no planalto…..e agora bota no…

     

  5. Gilmar lá nomeia um pra sua
    Gilmar lá nomeia um pra sua vaga, outro pra da presidente, que já renunciou no ano que vem, mais um pra vaga do celso de melo que nesse caso, para facilitar as coisas, acompanha carmem e, se o gil conseguir esticar um pouquinho, além de 2018, ainda momeia um pra vaga do marco antônio mello. Barbada, vão fazer barba, cabelo e bigode. Acho que não foi mosca azul, foi uma reunião com os marinhos, acertando o futuro da pátria amada.

  6. Gilmar

    Gilmar parece mais um moleque mimado fazendo beicinho

    Se ele  foi mordido por algum inseto ,  que  tenha sido um marimbondo, como disse JB, e tomara que comece a 

    doer  logo,  pra ver se ele se manca.

    Ele precisa se lembrar que a Globo manda nele.

  7. Tucanilmar Mentes…

    … desqualificou a observação de Carmen Lucia (que tb não é lá grande coisa), falando sobre os mil modelos internacionais e, de quebra, desqualificou o povo como ignorante.

    Se o povo é ignorante, veremos quem, em 500 anos, construiu e deixou de construir escolas, mais e melhores.

    Se for verdade o que Tucanilmar declara, coloque os membros – o santo, o careca, o mais chato, o homem das mil memórias todas falsas – dentro do contexto.

     

  8. Se ninguem da esquerda tem a

    Se ninguem da esquerda tem a coragem e a competência de mostrar os absurdos atuais e fazer as críticas necessáiras, por que não ?

    Alguem tem nome melhor ?

  9. Por incrível que pareça acho

    Por incrível que pareça acho bom. Gilmar assumir de vez que é um político e não um juiz. Talvez o mais competente da direita atualmente.

    Só tem um “detalhe”:  Sendo eleito indiretamente para ser tampão até 2018, aceitaria concorrer nas eleições diretas ou daria um golpe e estenderia seu mandato ad infinitum? Acho que não há muitas dúvidas a respeito

  10. Te cuida Michel

    Portanto, é possível concluir que a lista de pretendentes no âmbito do judiciario só cresce: Moro, Carmem Lúcia, Barroso e, agora, Gilmar Mendes. A GLOBO terá papel prepotente na escolha.

  11. “Ameaça de mentirinha, pois

    “Ameaça de mentirinha, pois ainda tem uma carreira profícua no Supremo Tribunal Federal”. Informação mais correta impossível, pois ele faz carreira política no STF.

  12. E o pau quebrando entre Janot

    E o pau quebrando entre Janot e Gilmar Mendes.
    Já tiraram os grampos, desembainharam giletes, passaram o risco no chão, mas por enquanto só na base do “Tá pensando que tenho medo de tu?”
    Façam suas apostas. Fosse aqui no Ceará, o povo gritava: 
    “Queima raparigal!”

    1. Eu tô vivo prá ouvir uma mentira deslavada destas…

      ……”Procuramos nos distanciar dos banquetes palacianos. Fugimos dos círculos de comensais que cortejam desavergonhadamente o poder político. E repudiamos a relação promíscua com a imprensa”, disse Janot aos procuradores.

    2. Que marketing!

      Por tratar-se de eleição indireta, o Janot está fazendo uma enorme levantada de Ibope ao Gilmar. É como PSol cuspindo em Bolsonaro…., a melhor propaganda para quem se nutre de fatores “anti” qualquer coisa.

      É tudo o que Gilmar espera para ser Presidente, se depender da turma do congresso.

  13. Do judiciário seria o melhor

    Do judiciário seria o melhor nome, disso nao tenho dúvida.

    Ou alguem prefere Moro, Carmem Lúcia  ou Barroso/Globo ? 

    Gilmar pelo menos está mostrando que sabe jogar o jogo do Poder. Saberá colocar as corporações no seu lugar.

    E é razoavelmente independente.

    O problema que vejo é que ele teria pouco tempo para Governar e como irá justificar que tirou o Temer para pegar o seu lugar ?

    Se contar que seus negócios poderão vir a tona, ai pode ser problema.

    Fora isso, é um bom nome sim.

    Parem de ilusão, de achar que o Lula teria alguma chance de governar caso vença em 2018.

     

     

    1. Acho que ele é o melhor.

      Acho que ele é o melhor. Trará estabilidade afastando – dando um chega pra lá – em quem paga o grosso dos impostos: miseraveis, pobres e classe media. E poderá ficar até 2026 – SEMPRE SE REELEGENDO POR ELEIÇÃO INDERETA. Sim, sempre haverá eleição indireta para não haver qualquer quebra da normalidade democrática. E de quebra, será SEU PRESIDENTE.

  14.    Ele é O  CARA !!!!!

       Ele é O  CARA !!!!!  Enquanto presidente do TSE, vai derrubar Temer, depois vai organizar o processo eleitoral, para então concorrer e vencer a eleição.         🙂

  15. Gilmar , coberto de razão

    Para quê servir-se de fantoches incompetentes ? Faz ele mesmo o serviço .

    Quanto a Temer , se fosse outro seria um coitado , mas como é ele mesmo , tinha plena consciência do papel a que se prestaria – e topou , então não há por que constranger-se em ser esse verme rastejante , que vive diariamente com o cu na mão , todo dia tendo que pedir socorro e proteção a algum manda chuva para não se ver enrascado ! Cada dia que passa , para ele , é um exercício de humilhação . 

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