Oposição chegou ao limite de sua força, por Tarso Genro

Enviado por Webster Franklin

Da Carta Maior

Os dilemas do golpismo paraguaio

A oposição formada por Bolsonaro, FHC e Eduardo Cunha chegou ao limite da sua força porque não tem densidade moral para tirar o país da crise de confiança.

Tarso Genro

Após quase dez meses de massacre diário, promovido pela ampla maioria da mídia tradicional, período em que Governo Federal mostrou graves limitações de natureza política e assim colaborou para o desgaste a que está submetido – após quase 10 meses – a oposição, capitaneada pela direita, ganhou: desgastou o Governo e, ao mesmo tempo, seu programa tornou-se hegemônico no Governo; promoveu o início de um “ajuste”, através do Governo, e mostrou-se contra o “ajuste”, porque ele é “fraco”; teve vários dos seus líderes denunciados, mas as denúncias não levaram a nenhum desgaste. 
Só que agora oposição não sabe o que fazer, mas sabe que não pode ajudar o país a sair da crise, porque isso poderia bloquear as suas pretensões em 2018. Boa parte da oposição não quer o impedimento porque certamente o PMDB pediria que esta oposição assumisse as rédeas da macroeconomia do país.
 
Mas esta vitória é uma vitória parcial. Nem terminou, ainda, o primeiro tempo. Se é verdade, que já pode ter se formado uma maioria, na Câmara, para permitir o início do processo de impedimento, a  maioria qualificada para realizá-lo ainda está longe de se formar. E agora, a oposição, cujo centro dirigente espontâneo está formado por Bolsonaro, Eduardo Cunha e Fernando Henrique Cardoso – cada um com as suas funções – começa a apresentar fissuras. A verdadeira natureza do golpismo paraguaio é um ajuste de interesses políticos imediatos de uma oposição sem projeto e sem unidade, para chegar ao poder sem as urnas, que começa a expressar suas ambiguidades.
 
Bolsonaro pode estar se perguntado: “será que FHC gosta mesmo de mim, ou só está me utilizando?” Eduardo Cunha deve estar cogitando: “com o recebimento da denúncia do Janot, contra mim, vou conseguir manter o cargo, para depois poder chantagear o novo Governo?” Fernando Henrique deve estar calculando: “será conveniente, mesmo, estar no Governo agora, para fazer um ajuste ainda mais duro, como querem as agências de risco que eu amo?” A estas inquietações,  FHC deve somar mais uma, remota, mas que em momentos de radicalização política e de “enquadramento” dos políticos pelos editorais da grande mídia, pode acontecer: “será que alguns jornalistas, petralhas ou comunistas, não vão querer reviver a “injustiça” da chamada ‘compra de votos’, para a minha reeleição, nunca investigada?”
 
É uma hora de muitas angústias, porque os seguidos erros de condução política do Governo – combinados com a natureza do “ajuste” escolhido – deram à oposição a incrível oportunidade de, amparada pela mídia oligopolizada  (antes mesmo da posse da Presidenta para o segundo mandato), iniciar o  mais formidável processo de desgaste que um Governo eleito jamais sofreu na história republicana. Ocorre que este desgaste planejado continha uma promessa: a de que, como a crise pela qual o país atravessa se origina dos governos do PT e, especialmente, do primeiro Governo Dilma, basta removê-la para termos, novamente, o país em crescimento e em relativa paz.
 
Essa tese da oposição descartou duas questões, que agora a atormentam: os efeitos da crise mundial e a forma de resolvê-la são, na verdade, as duas motivações fundamentais do desgosto popular e, tanto na oposição que está “dentro” do Governo, como na oposição que segue as ordens de “fora”  (do tripé Bolsonaro-Cunha-FHC), está a defesa de um ajuste ainda mais “duro”. E restrições a políticas sociais ainda mais expressivas do que aquelas que estão em pauta até agora.
 
Este mesmo descontentamento contra Dilma, radicalizado, duplicaria contra um Governo que, ao substituí-la, não resolvesse imediatamente os problemas do país, pois a oposição semeou a ilusão de fazê-lo num passe de mágica, porque a questão da crise seria apenas uma questão de “iniciativa” e “competência”.
 
A nossa situação – dos que defendem o direito da Presidenta concluir o seu mandato – não é fácil, no quadro atual, mas, acreditem, a oposição chegou ao limite da sua força, porque não tem nem unidade programática nem densidade moral,  para tirar o país da crise de confiança e de estagnação econômica que nos encontramos.
 
Seria a hora de o Governo Dilma apresentar uma pauta organizada, de meia dúzia de compromissos estratégicos do seu Governo, que não fossem substituídos no dia seguinte, para dizer que seu Governo tem rumo e que vai sair da crise com crescimento, produção, emprego, diálogo social ampliado e organizado, com uma política de juros compatíveis com isso e, sobretudo, deixando claro que, quem vai pagar esta conta, não são os pobres,  assalariados de renda baixa, nem os setores médios que pagam um Imposto de Renda muito superior, proporcionalmente, ao que pagam os bilionários e os muito ricos. Se não der certo, pelo menos fica para a História que foi tentado.

Redação

17 Comentários

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  1.  
     
     
    Procurador da Lava Jato

     

     

     

    Procurador da Lava Jato acha que Moro é o único juiz honesto do Brasil?

    Por conspícuo e impávido jornalista Fernando Brito

    21/09/2015

     (…)

    FONTE [LÍMPIDA!]: http://TIJOLACO.COM.BR/BLOG/PROCURADOR-DA-LAVA-JATO-ACHA-QUE-MORO-E-O-UNICO-JUIZ-HONESTO-DO-BRASIL/COMMENT-PAGE-1/#COMMENT-226144

    LÁ VEM O MATUTO QUE SENTE CHEIRO DE GOLPE DESDE O DIA EM QUE NASCEU EM PINDORAMA!

    … Este tal “procurador” é perigosíssimo!

    Mais uma prova cabal:

     

    MERVAL TAMBÉM VÊ LULA COMO O PRÓXIMO ALVO

     

    Segundo o colunista Merval Pereira, “nunca a Lava Jato chegou tão perto dele, por enquanto apenas na retórica de seus procuradores ou do próprio juiz Sérgio Moro, mas com ações que se aproximam cada vez mais de denúncias que envolvem diretamente Lula no esquema de desvio de dinheiro da Petrobras”; ele cita a declaração de Carlos Fernando dos Santos Lima que afirmou que “não tem dúvida nenhuma” de que os escândalos de corrupção tiveram origem na Casa Civil do governo Lula, cujo titular mais famoso, o ex- ministro José Dirceu, está preso pela segunda vez; e a condenação de João Vaccari, ex-tesoureiro do PT 

     

    22 DE SETEMBRO DE 2015 ÀS 06:37

     

    (…)

     

    EM TEMPO:

    o PT e o governo federal deveriam, urgentemente, denunciar à nação brasileira e ao mundo:

    ‘o senhor João Vaccari Neto é um preso político. Está mantido preso – e condenado – em função de delações premiadas, e nenhuma prova documental!

    Ademais, cadê os tesoureiros dos demais partidos políticos beneficiados pelas doações das mesmas empreiteiras envolvidas na corrupção? Portanto, a selvageria jurídica objetiva – de forma canalha, covarde e golpista – prender o melhor presidente da história do Brasil. Um atentado à democracia e um acinte inaceitável contra o honesto, leal, sapiente e impávido povo trabalhador brasileiro.”

     

    RESCALDO:

    será que ainda há tempo?!…

     

    Messias Franca de Macedo

    Feira de Santana, Bahia

    Brasil?! A conferir!

     

     

  2. Governo fraco

    Então podemos concluir que este governo é fraco mesmo, tanto que adotou política econômica conservadora, a qual criticava na campanha eleitoral ??

    Sinceramente, não vejo por que continuar um governo que implementa uma política que foi derrotada nas urnas !

    1. É isso aí

      Tem razão Emerson.

      Um governo tucano no lugar deste iria implementar a política econômica vencedora nas urnas.

      É cada uma que aparece, sô.

       

    2. Tucanos propõem “ajuste” que faz Levy parecer um “socialista”

      Tucanos propõem “ajuste” que faz Levy parecer um “socialista radical”

      http://tijolaco.com.br/blog/tucanos-propoem-ajuste-que-faz-levy-parecer-um-socialista-radical/

      A  coluna de Ilimar Franco, em O Globo, revela as receitas propostas ontem para o ” no caso de uma vitória de Aécio Neves à Presidência, do seu ministro da Fazenda, Armínio Fraga”.

      (Curioso, eu devo ser muito distraído, mesmo: pensei que as eleições tivessem sido em outubro passado e que, agora, só em 2018)

      O cardápio é aterrorizante:

      – idade(mínima) de 65 anos para a aposentadoria;

      – fim da estabilidade  para o servidor público;

      – no setor privado, acordo prevalecendo (claro, imposto pelo patronato a ferro e fogo, nos tempos bicudos de uma crise) sobre aquilo previsto em lei;

      – fim das vinculações obrigatórias das verbas destinadas à Saúde e  à Educação, para que possam ser reduzidas

      Isso, claro, sem eliminar as medidas de do atual “pacote” e acrescentando a desvinculação da aposentadoria do salário-mínimo.

      É de fazer Joaquim Levy parecer um bolchevique.

      Será que os nossos leais tucanos, que vivem acusando Dilma de não ter falado a verdade na campanha, vão aproveitar seu programa de televisão, agora no dia 28?

      O valentão Neves vai ser capaz de dizer isso em público?

      Alguém vai convocar um panelaço?

      Não?

      Ah, eu sou muito distraído, mesmo.

      1. Exatamente

        E podemos acrescentar mais umas propostas que foram ditas por  Aécio para a crise que seriam de arrepiar:

        Desvincular o salário mínimo da aposentadoria.

        Privatizar o Banco do Brasil, a Caixa Econômica Federal e a Petrobrás.

        Aderir a um acordo de “livre” comércio com os EUA, e a União Européia.

        Chamar o FMI de volta

        Subir os juros, talvez para 45% ao ano

        avançar na lei de tercerização

        “Flexibilizar” direitos trabalhistas

        “Flexibilizar” o mercosul, que neste ponto seria apenas uma abreviação sem sentido

         

        Enfim, seria a volta dos tempos de FHC

         

         

  3. …”Projeto de país”…

    Conversa mole.

    Não deram o golpe até agora porque não sabem qual é a do Supremo. E somente isso. O executivo atropelariam fácil fácil. Basta dizer logo em seguida que vão “arrumar a casa” e que todo sacrifício é justificado por  causa do “desgoverno do PT”. Sacrificado o bode exxpiaatório tudo mais é aliviado. A máquina de propaganda já tem a campanha toda engatilhada, prontinha pra ser disparada. Não há a menor dúvida de que pra essa turma da oposição o importante é tomar o poder que o resto depois se resolve. Só esses “cavalheiros” do PT que não compreendem a vontade desse pessoal…. Realmente acham que estão lidando com “cavalheiros” como eles…

    Alás, também a quase totalidade dos cientistas e dos analistas políticos até há pouco se recusavam até a reconhecer a disposição da oposição pra derrubar o governo….

    A questão, portanto, é: qual a garantia que Cunha, Renan, ou até mesmo Temer têm de que a oposição e a imprensa não vão rifá-los logo depois do golpe se até mesmo um setor inteiro da engenharia nacional “rodou” por colaborar com o “lulopetismo”? A oposição têm como se comprometer de que não vai apontaar a “estrela vermelha” na testa dos peemedebistas? A oposição têm condições de garantir que vai “comprar o barulho” deles diante do STF? Vão atropelar o STF, é, e continuar dizendo que estão ” defendendo” a Democracia? Vão mandar fechar a Corte “bolivariana”, é?

    A ultima parte é até facil pra esses golpistas, mas como convencer Cunha, Renan e Temer de que vão ter êxito ou mesmo de que estão dispostos a tudo isso? Eles querem “declarções” mais convincentes.

    …”Projeto de país”…

  4. “A oposição formada por

    “A oposição formada por Bolsonaro, FHC e Eduardo Cunha”.

    Quem disse que a oposição ao governo é Bolsonaro, fhc, e Cunha?

    A oposição ao governo e o povo mesmo, estes descritos ai apenas pegam carona.

     

    1. A oposição mesmo é a mídia de


      A oposição mesmo é a mídia de todo o país, isto é, O Globo, Fôlha de São Paulo, Correio Braziliense, etc, etc, etc

    2. Sem povo

      A oposição é a mídia e apenas a mídia. Bolsonaro, FHC e Eduardo Cunha são palhaços, fantoches manipulados pela mídia.

      E mão tem povo nenhum. Se tivesse povo o golpe já teria ocorrido. Se tivesse povo não precisava de golpe porque Dilma teria perdido nas urnas.

      Dilma ganhou nas urnas e está sofrendo sabotagens da imprensa. Ela não toma as melhores atitudes porque neste caso teria que ir para cima da imprensa e seus fantoches golpistas com tudo. Ela no entanto busca conciliação e aí está seu grande erro.

      O golpe não ocorrerá porque os golpistas sabem que se houver golpe haverá guerra e o tiro sairá pela culatra arrebentando as fuças de quem disparou. Não fosse isso já teriam tentado o golpe porque a imprensa está no tudo ou nada, já que vê seu poder de manipulação cair ano após ano.

      Esses são os fatos, o resto é proselitismo.

  5. Eu queria ver a cara do FHC

    Eu queria ver a cara do FHC ao ler este artigo!!! De príncipe da sociologia a companheiro de Bolsonaro e Eduardo Cunha. Tapa com luva de pelica…com estilo. Boa Tarso…

  6. Tarso Genro não é aquele moço

    Tarso Genro não é aquele moço que não conseguiu se reeleger em seu próprio estado? E êle acha que saberia fazer melhor do que a Dilma com esse monte de canalhas e traíras puxando o tapete dela? Alguem deveria lembra-lo que “se ele não é parte da solução, ele é parte do problema”.

    Gringo 

  7. Jair Boçalnato? Taisss brincando!

    Muito blablablá. Começa com a bobagem de dar alguma importância ou expressão a Jair Boçalnato. É tanta hipocrisia que fala que o  governo precisa apresentar uma pauta de meia duzia de ações estratégicas. Ele mesmo não dá nenhuma e, na verdade, nem o proprio PT. E ninguem critica o responsavel pela indicação de Dilma que é apenas aturada em nome da fidelidade partidária. A maior expressão do PT (no governo) é o Mercadante: um zero em materia de propostas e com péssimo transito entre os parlamentares. Fala do apoio que deve ser dado a Dilma mas a maioria dos petistas desaprova o ajuste. Porque não fala sobre os salarios pornográficos do governo, dos 23 mil cargos em comissão, etc. Deveria atribuir a si mesmo essa tal falta de densidade moral da oposição pois não propõe, por exemplo, acabar com a farra de pensões vitalícias a ex-governbadores. Não faria isso. É um dos beneficiários. E seu Estado está quebrado parcelando salarios do funcionalismo.   

  8. Eu só gostaria de ver a cara

    Eu só gostaria de ver a cara de FHC ao ler este artigo!!! De príncipe da sociologia a parceiro, no mesmo balaio, de Bolsonaro e Eduardo Cunha, as duas maiores “pérolas” da República . É muita decadência!!! Tapa com luva de pelica de Tarso Genro…e com estilo.

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