Ações da AB Inbev caem mais de 50% e colocam em xeque estilo Lehmann de gestão, por Luis Nassif

A queda fez a empresa a acelerar a tomada de US$ 9 bilhões em empréstimos, especialmente para enfrentar a queda de vendas e US$ 3 bilhões em títulos com vencimento em 2020. Não se trata de tarefa fácil. O grupo tem dívida total de US$ 95 bilhões. Se a queda das ações refletir a queda do mercado, significa dobrar o peso do serviço da dívida.

Jorge Paulo Lehman e seus dois sócios implementaram um modelo vencedor nas últimas décadas. Entraram em setores sujeitos a pouca inovação – como o das cervejas -, adquiriram empresas em cima de alavancagem pesada e viabilizaram através de políticas draconianas de cortes de gastos e passaram a apostar cada vez mais na cartelização

Ao mesmo tempo, estimularam o curtoprazismo de seus executivos, com a abertura para participação em resultados (e em compras de ações da empresa) sempre tendo em vista o próximo balanço. Por serem empresa de setores tradicionais, pouco se investia em inovação, estudos de mercado, visão de futuro.

Esse curto prazo impediu que o grupo entendesse as mudanças no setor de alimentação, com a Kraft Heinz. Demorasse um pouco mais para perceber o avanço das cervejas artesanais. E, agora, com a coronavirus, não conseguisse desenvolver estratégias para enfrentar a queda de vendas.

Com isso, as ações da AB InBev estão derretendo. Desde o início do ano, a maior cervejaria do mundo perdeu 50% do seu valor, com as ações caindo de e 74,70 euros para 34,88.

A queda fez a empresa a acelerar a tomada de US$ 9 bilhões em empréstimos, especialmente para enfrentar a queda de vendas e US$ 3 bilhões em títulos com vencimento em 2020.

Não se trata de tarefa fácil. O grupo tem dívida total de US$ 95 bilhões. Se a queda das ações refletir a queda do mercado, significa dobrar o peso do serviço da dívida.

Hoje em dia, a AB Inbev tem cerca de US$ 56 bilhões ano em faturamento, lucro de US$ 4,4 bilhões e LAJIR (lucros antes de juros e imposto de renda) de US$ 17 bilhões.

Luis Nassif

25 Comentários

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  1. Não tô nem aí. Não me embriago mais. Eu não sou mais um desesperado, tipo o Dinho paparicando o $érgio Moro.

    Vão se f***r
    Eu toô só esperando o que vai acontecer

  2. Mas ohar a cotação agora, no meio da crise não é assim tão correto né.

    E o tanto que subiu antes ?

    Ademais, para se avaliar uma empresa, devemos fazer pelos seus resultados (receitas, lucros, ebtda, endividamente) e não pela cotação.

    No longo prazo, a cotação sempre vai acompanhar os resultados. No curto prazo, TUDO pode acontecer.

  3. Prezado Nassif

    Sinto pena dos funcionários e trabalhadores, que vão perder seus empregos.
    Este velho sacana vai deixar de ser muito bilionário para passar a ser bilionário. Não vai mudar nada em sua vida execrável.
    E Ceres Cervisae (a deusa romana da cerveja) agradece, porque estes caras transformaram em lixo nossas cervejas, inclusive nossa primeira cerveja premium, a Antarctica Original (a “faixa azul”). Cervejarias artesanais e cervejarias industriais que prezam pela qualidade vão tomar ligeiro o lugar da AmBev

  4. Prezado Mouro

    Quase todas as grandes empresas perderam esse porcentual de valor de mercado!!!

    Essa crise (provocada pela China) só quem vai ganhar é ela!!!

    Abração

  5. bão precisa ser psicanalista pra perceber que a queda das ações desse setor cervejeiro não decorre só do coronobavírus, mas ´tb e principamente do neonliberalismo…cuja inerência é ser brochante.
    sem tesão, não há ALEGRIA…
    SEM ALEGRIA, NÃO HÁ TESÃO NEM FESTA….
    cai vbeber em nome de que?
    esses caras desse ramo – os golpísts – são carrancudos,
    portanto, infelizes!

  6. A Heineken está destruindo a Ambev que tem produtos horrorosos. Todas as cervejas são feitas de milho transgênico, enquanto as de puro malte estão dominando o mercado. E as de puro malte que ela produz são muito ruins.

  7. Fiquei curioso e fui olhar os balance sheet 2019 da AB-InBev (ambev consolidado). Não olhei com detalhes, por falta de tempo, mas alguns fatos despertam atenção ao primeiro olhar.

    A atividade é lucrativa, menos que em 2018, mas lucrativa em níveis considerados satisfatórios. Logo, o problema não é de modelo de gestão, mas de estratégia de crescimento, provavelmente, vindo das levaraged buyouts (LBO’s) realizadas nos últimos anos (Budweiser, Miller, e outras).

    LBO é a aquisição de outra empresa usando financiamentos para cobrir o custo de aquisição usando os ativos da empresa que está sendo adquirida como garantia para os empréstimos e o seu cash flow para amortizar a dívida. Esse tipo de aquisição é estratégia comum aos hedge funds e bancos de investimento. A aquisição da Nabisco pela JR Reynolds e sua posterior aquisição por especuladores de Wall Street ficou notória e foi objeto do livro e filme, Barbarians at gate. Ambos, são recomendáveis como entretenimento e para se ter uma ideia de como os tubarões nadam e se alimentam no mercado de M&A, sendo o livro, como de hábito, muito melhor que o filme.

    Quanto a IN Ambev o que se vê é que está, como acontece com esse tipo de estrutura de aquisição, se equilibrando sobre um castelo de cartas. Tem ativos de USD 236MM, dos quais 128 são registrados como goodwil (valor da marca) e 42 como intangíveis. Os passivos de financiamento oneroso (empréstimos, financiamentos e derivativos) representam cerca de USD 107MM, a maior parte no longo prazo. O patrimônio liquido soma USD 85MM.

    Uma conclusão simples : há um enorme risco envolvido nessa estrutura resultante de um endividamento elevado. Isso deixa implícita a necessidade de captação de recursos para rolagem dessa dívida ao passo em que futuros resultados positivos irão absorver esse desequilíbrio. O risco se consolida no aspecto em que isso poderá não ser possível, seja por conta de comportamento de mercado, seja por impossibilidade de geração de recursos suficiente para fazer frente a possíveis cenários desfavoráveis, dado o efeito de variáveis que venha a afetar a performance do negócio. Este é um ponto vital, trata-se do nível de dependência criado com fatores pouco ou nada controláveis e a fragilidade inerente que se criou. Em suma, se algo der errado dará tudo errado.

    O goodwill e os ativos intangíveis têm valor na medida da sua capacidade em alavancar positivamente a operação, mas essa capacidade é tão presente quanto é presente a imagem de solidez da operação, dos seus negócios e da própria companhia. Tal capacidade e em consequência, o seu valor, diminui e até, in extremis, pode desaparecer na medida em que a percepção de solidez e a confiança desvanecem. Isso, em termos contábeis, implica em que diminuindo o valor do goodwil e dos ativos intangíveis se diminui, no mesmo montante, o patrimônio líquido. Face seu valor equiparar-se ao dos ativos tangíveis e superar em muito o valor do PL, uma eventual perda de confiança abalará a estrutura de capitais da companhia e poderá chagar ao ponte ameaçar sua existência. Ao menos, ameaçar a posição dos atuais acionistas controladores o que, no caso, seria o mais provável de ocorrer.

    A Ambev InBev vêm perdendo impulso. Parte deve-se ao excesso de volúpia pelo gigantismo e de ambição por market share, parte deve-se a uma prática de takeover agressiva, parte vem da desaceleração do consumo em regiões como a América Latina e, em boa parte, deve-se à mentalidade egocêntrica, insensível e predatória dos seus principais acionistas, com Lemann à frente.

    Acredito que, admirados e bajulados por uns, são odiados por muita gente. Alguns, por inveja, outros por terem sofrido em suas mãos e outros, como eu, por não aceitarem por princípio a imoralidade presente em tamanha concentração de riqueza e pela consciência que isso traz mais mal do que bem.
    Não importa a razão, nem quem os odeia. O que importa é que, tubarões nadando em meio de tubarões, se feridos serão devorados.

    E, no caso AB-ImBev a mensagem foi dada, há sangue na água!

      1. Muito boa análise, valeu mesmo. Pergunta de neófito: Algum tempo atrás li que a estrátegia de Lehmann et caterva era comprar marcas consagradas nos setores de A&B dos EUA/Europa e alavancar essas com as vendas nos mercados latino-americanos. Confere? Se sim, alguma relação dessa queda com a retração desses mercados? Thanks, man.

  8. Há uma preocupação com os empregados, porém todos esquecem que estas grandes cervejarias são ECONOMIZADORAS DE MÃO DE OBRA, ou seja, como o Brasileiro não vai deixar de consumir cerveja, ele poderá comprar uma quantidade menor de cervejas artesanais mais caras e MELHORES, diminuir o alcolismo, beber melhor e CRIAR MAIS EMPREGO NAS CERVEJARIAS ARTESANAIS. Só quem perde é o Lehman os seus sócios e acionistas e ganham dez vezes mais pessoas (além de deixarem de consumir cervejas de milho).
    Ou seja, este é o verdadeiro Win-win para os 99%, os 1 % que se explodam.

  9. Essa cara é um canalha, financiou a impeachment da Dilma e passou a fazer na Ambev do Brasil um sistema de rodízio, demitindo funcionários com 3 anos de casa, além do mais transferiu a sede da Ambev pra Bruxelas, dando uma banana ? para o país que o ajudou a crescer, por torço para que quebre e eu não bebo nada que venha dessa empresa.

    1. Faz tempo que não tomo esse mijo fermentado que eles chamam de cerveja , não somente pelas razões que vc escreveu (golpistas canalhas), mas porque faz mal pra saúde! Cerveja só artesanal, no máximo uma Heineken que também não é lá essas coisas.

  10. Como se vê com frequência, o articulista falha alho e comentaristas entendem bugalho. Digo articulista porque não é só com o Nassif. Neste caso uma análise econômico-financeira. Está errada ? É só contestar, mas tem que ser na mesma linha. O Nassif fala de gestão, de dívida, de lucro e de queda de valor na bolsa. Aí se contesta alegando a queda generalizada na bolsa. Tudo bem, é verdade, a queda é generalizada nas bolsas do mundo todo. Mas isso salva a Ambev ?

  11. Como os senhores apreciadores de cervejas estão calejados de tanto provar o sabor das mesmas, peço a gentiliza de fazerem uma lista em que as do senhor Lehman fiquem no nível que sempre estiveram: cervejas de péssima qualidade. E elevem as artesanais ao patamar que merecem. Gosto de cerveja, mas desconheço as mais palatáveis. Façam a lista, por favor;

  12. Cerveja sempre foi Comunhão, Comemoração, Compartilhamento…
    Imagino a Origem do Ritual de Beber onde Homens e Mulheres se sentavam em Círculo com a Fogueira Tribal ao Centro.
    Olhem o Marketing da InBev/Ambev e Compare com a Heineken.
    Vai de Genialidades do tipo “Água, Malte, Lúpulo, e Nada Mais”, até o “Homens também bebem Coquetéis”…
    A Comunicação da Ambev é Burocrática, onde fica claro que o Marqueteiro não quer errar para não receber um Pé na Bunda do Lemman.
    Simples assim.

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