O que se espera da visita de Lula ao Chile, em meio à crise da Venezuela

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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O encontro, para fechar diversos acordos bilaterais, traz como pano de fundo a posição conflitante de ambos os países sobre o vizinho latino-americano

Foto: Ricardo Stuckert/Gov

A visita oficial do presidente Lula ao Chile já estava marcada antes da crise política da Venezuela que abalou a América Latina. Não foi cancelado, mas o encontro, previsto para fechar diversos acordos bilaterais, traz como pano de fundo a posição conflitante de ambos os países sobre o vizinho latino-americano.

Quando o resultado das eleições na Venezuela foi divulgado há uma semana dando vitória a Nicolás Maduro para a reeleição no país, em anúncio que ainda gera preocupações e inseguranças, o presidente do Chile foi o primeiro a marcar posição que chamou a atenção: a de questionar diretamente a validade eleitoral e levantar a hipótese de fraude.

Naquele dia, as instituições eleitorais venezuelanas não tinham trazido provas de que o resultado era confiável, mas tampouco apresentaram provas do contrário. Por isso, a postura de Gabriel Boric foi duramente criticada na região, interpretada como uma oposição política direta à Venezuela. E as falas de Boric fugiram das expectativas regionais, uma vez que o presidente é apontado como liderança de esquerda na região.

Enquanto isso, transcorreu a postura do presidente Lula, de não defender e tampouco questionar, somente elogiar o processo eleitoral e esperar os registros eleitorais para parabenizar formalmente Maduro.

Essas reações opostas chegaram a balançar as relações entre os países, com Maduro opondo-se veemenetemente ao Chile. E somente uma semana após o início do grave conflito político da Venezuela, Lula desembarca em Santiago para consolidar relações internacionais diretamente com Boric.

Da mesma forma como as representações brasileiras na Venezuela aceitaram assumir temporariamente a embaixada da Argentina no país, após um pedido formal do considerado opositor político de Lula, Javier Milei, a expectativa com o encontro do presidente Lula a Boric não é de “companheirismo” entre as lideranças, mas de acordos formais.

Nesse sentido, o presidente brasileiro participará de cerimônias formais, no palácio de La Moneda, visitas ao Congresso e à Suprema Corte. A agenda inclui a assinatura de 17 acordos bilaterais, em áreas que incluem ciência e tecnologia, direitos humanos, segurança cibernética e edução. Os presidentes também participarão de um fórum empresarial organizado pela Apex Brasil.

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  1. O Edmundo González se auto-proclamou presidente eleito da Venezuela. “Se eu testifico de mim mesmo, o meu testemunho não é verdadeiro” (Jo 5.31).

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