A visita oficial do presidente Lula ao Chile já estava marcada antes da crise política da Venezuela que abalou a América Latina. Não foi cancelado, mas o encontro, previsto para fechar diversos acordos bilaterais, traz como pano de fundo a posição conflitante de ambos os países sobre o vizinho latino-americano.
Quando o resultado das eleições na Venezuela foi divulgado há uma semana dando vitória a Nicolás Maduro para a reeleição no país, em anúncio que ainda gera preocupações e inseguranças, o presidente do Chile foi o primeiro a marcar posição que chamou a atenção: a de questionar diretamente a validade eleitoral e levantar a hipótese de fraude.
Naquele dia, as instituições eleitorais venezuelanas não tinham trazido provas de que o resultado era confiável, mas tampouco apresentaram provas do contrário. Por isso, a postura de Gabriel Boric foi duramente criticada na região, interpretada como uma oposição política direta à Venezuela. E as falas de Boric fugiram das expectativas regionais, uma vez que o presidente é apontado como liderança de esquerda na região.
Enquanto isso, transcorreu a postura do presidente Lula, de não defender e tampouco questionar, somente elogiar o processo eleitoral e esperar os registros eleitorais para parabenizar formalmente Maduro.
Essas reações opostas chegaram a balançar as relações entre os países, com Maduro opondo-se veemenetemente ao Chile. E somente uma semana após o início do grave conflito político da Venezuela, Lula desembarca em Santiago para consolidar relações internacionais diretamente com Boric.
Da mesma forma como as representações brasileiras na Venezuela aceitaram assumir temporariamente a embaixada da Argentina no país, após um pedido formal do considerado opositor político de Lula, Javier Milei, a expectativa com o encontro do presidente Lula a Boric não é de “companheirismo” entre as lideranças, mas de acordos formais.
Nesse sentido, o presidente brasileiro participará de cerimônias formais, no palácio de La Moneda, visitas ao Congresso e à Suprema Corte. A agenda inclui a assinatura de 17 acordos bilaterais, em áreas que incluem ciência e tecnologia, direitos humanos, segurança cibernética e edução. Os presidentes também participarão de um fórum empresarial organizado pela Apex Brasil.
Leia mais:
Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.
Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.
Lula parabeniza Rebeca Andrade no Chile.
O Edmundo González se auto-proclamou presidente eleito da Venezuela. “Se eu testifico de mim mesmo, o meu testemunho não é verdadeiro” (Jo 5.31).
Boric diz não ter dúvida de que houve fraude em eleição na Venezuela.
Resta saber é se o Boric tem provas da alegada fraude.