A estratégia brilhante de Glenn Greenwald, por Renato Janine Ribeiro

Ele previu até o argumento que iam usar: a defesa da lei e da privacidade. E respondeu a isso domingo, antes mesmo da reação do grupo: vcs não fizeram isso com Dilma?

A estratégia brilhante de Glenn Greenwald, por Renato Janine Ribeiro

Brilhante, a estratégia de Glenn Greenwald:

1. Assumiu o protagonismo do jogo. Seus alvos estão fazendo exatamente o que ele quis ou previu. Ele controla o tabuleiro. Pela primeira vez desde 2015, a extrema-direita perdeu a iniciativa.

2. Os procuradores e Moro responderam a ele justamente o que ele queria: confirmaram a autenticidade das fitas. Foram debater a forma, não o conteúdo. Assim disseram: você, Glenn, diz a verdade.

3. Ele previu até o argumento que iam usar: a defesa da lei e da privacidade. E respondeu a isso domingo, antes mesmo da reação do grupo: vcs não fizeram isso com Dilma? Que moral têm? Assim, tirou deles o argumento moral, que era o principal da LavaJato e que esta conduziu para a ideia de que os fins justificam os meios.

4. Enquadrou a mídia pátria. A imprensa internacional caiu matando. A Folha de hoje tem um relato bom das reações no estrangeiro. E os jornais de fora que li chamam todos nosso governo de exceção de “extrema-direita”. Nenhum usa o eufemismo “direita” (direita é Merkel, cara-pálida!) ou “liberal” (liberal é o Economist, stupid!). Vai ser difícil passar pano por muito tempo.

5. Ao dizer que não divulgaria as intimidades dos membros do grupo , mostrou-se superior a eles (que publicaram conversas privadas de dona Mariza – sem falar na subtração do iPad do pequeno, hoje falecido, Artur) – e deve ter causado medo de que divulgue. Acuou-os.

6. Finalmente, anunciou que soltará mais dados a conta-gotas. Tornou-se senhor do tempo ou, se quiserem, é quem decide quais serão as próximas etapas, o desdobramento do assunto (até porque ninguém sabe o que ele sabe).

Redação

10 Comentários

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  1. Aqui mesmo no GGN disse certa feita que o Judiciário tinha se submetido totalmente à imprensa, razão pela qual a atividade dos juízes havia se tornado irrelevante. Afinal, aualquer um pode subscrever uma sentença condenatória divulgada por jornalistas https://jornalggn.com.br/direitos/fim-de-jogo-o-neoliberalismo-venceu-e-os-juizes-se-tornaram-irrelevantes/.

    Em outra oportunidade disse que como “…órgão do Estado, o poder judiciário deveria se opor à dinâmica social que está sendo lentamente construída pelas empresas de comunicação e igrejas evangélicas. Todavia, em troca de privilégios ainda maiores, milhares de juízes aderiram ao golpe de 2016. São eles que proferem as decisões ilegais que legitimam a perseguição dos representantes do povo. Os adversários do neoliberalismo estão sendo arrastados das suas casas para as Delegacias da PF e delas para os presídios. Em algum momento eles comerão a ser torturados ou executados no caminho.” https://jornalggn.com.br/crise/o-poder-do-mercado-e-a-impotencia-dos-juizes/

    O The Intercept enfiou uma cunha mortal nesta união sagrada entre os donos das empresas de comunicação e o Judiciário. Doravante não será mais possível manter as aparências do jogo. Se não assumir suas funções institucionais, o STF mergulhará na irrelevância e ninguém irá defendê-lo quando as hordas fascistas resolverem invadir e saquear o prédio onde ele funciona.

  2. Modestamente,para o meu gáudio,parece até que o Prof.Janine Ribeiro leu meu comentário antes de editar o seu correto texto.Operação conta-gotas,ninguém sabe o que está por vir,o “magistralismo del Gringo”,etc,etc.Politica Partidária Brasileira,eu só respeito Nassif.Sobre a figura de Luis Inácio,só Da.Marisa,que a Lava Jato dolosamente,abreviou-lhe a vida,sabia mais que o acima assinado.

  3. Provavelmente devo ter usado alguma palavra indevida no comentário que o Blog sustou.Retifico então.Disse eu ,que o Prof.Janine Ribeiro,para o meu gaudio,deve ter lido meu comentário em outro post.Está lá que o Gringo tornou-se “senhor da vida e da morte”,”ninguém sabe o que está por vir”,”o magistralismo da estrategia que adotou”,”a operação conta-gotas” etc,etc,o que me leva a afirmar peremptoriamente,que nesse caso,a semelhança é apenas mera coincidência.

  4. Conteúdo postado por um hacker (fonte anônima), com mensagens truncadas, pela metade, não significam muita coisa até que um especialista analise, até então, não é nenhuma prova contra absolutamente NADA.

  5. Isso só acontece porque essa M.. de País não tem Leis e sim alguma coisa escrita para inglês ver. Num País sério a história seria outra. Pobre do povo (de nós), ter os políticos que temos, o Judiciário que temos, o Congresso que temos, o Senado que temos, e assim vai….todos podres e sem moral.

    1. José Serafim
      Pobre de nós, nada.
      Nós os colocamos naqueles lugares. Nós, um coletivo, uma sociedade.
      Eles são corruptos? Pois são a representação da sociedade. Isso é simples e cristalino.
      O bolsonaro é um desgraçado? Pois nossa sociedade também é. Afinal, ele representa os 55% dos votos válidos.
      – Ah! Mas a rejeição dele é maior do que a quantidade de votos válidos.
      E é verdade, se contabilizarmos os votos não direcionados (brancos, nulos e abstenções) mais os votos na chapa contrária nós teremos uma taxa de rejeição perto de 60%. Mas eu vejo de outra forma.
      Eu vejo os milhões de votos não direcionados como cúmplices. São pessoas que sabiam dos riscos e optaram por não optar.
      Logo, bolsonaro os representa também. Assumiram o risco e vão pagar a conta da mesmíssima forma.

      Peço que reconsidere sua opinião sobre esse assunto, meu caro. Essa culpa é exclusiva daqueles que tem o real poder de eleger seus representantes.
      Então, ratificando minhas considerações acima, “pobre de nós o povo” que nada.
      A culpa é nossa!

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