Eugênio Aragão: A astúcia da indústria tabagista e o “raciocínio” de Moro

Moro quer baixar impostos sobre cigarros para combater o contrabando de cigarros. Ele quer o câncer nacional e o enfisema pulmonar 100% made in Brazil

Por Eugênio Aragão

Quando fui ministro da Justiça, recebi, tal qual, agora, o ex-juiz de piso de Curitiba, representantes da indústria tabagista, que me propunham uma ação junto ao ministro da Fazenda para baixar a alíquota de IPI de uma nova classe de cigarros de “baixo custo”, para concorrer com os cigarros paraguaios contrabandeados para o Brasil.

Sustentavam que os cigarros do Paraguai causavam não só prejuízo à indústria brasileira pela concorrência desleal, como também causavam um rombo na arrecadação.

A alternativa seria, pois, à indústria nacional entrar nesse segmento de atender tabagistas de baixa renda. Claro, com apoio do Estado, para oferecer um produto muito mais nocivo aos mais pobres.

Rejeitei a proposta categoricamente.

A solução para a concorrência desleal do país vizinho seria uma ação mais contundente contra o contrabando, não, porém, estimular a indústria tabagista brasileira, quando nosso esforço em política pública era eliminar, ou, pelo menos, reduzir drasticamente o tabagismo, que não só causa doenças letais muito sofridas naqueles que não conseguem largar o hábito, como também impõe um custo elevado ao sistema de saúde pública.

Mas isso talvez seja muito complexo para o ex-juizinho da província que hoje senta na cadeira de ministro da Justiça.

Está querendo vender a ideia de que baixar a alíquota do imposto para cigarros faz bem à indústria, sem se dar conta do mal que faz para a sociedade, que tem que arcar com os custos do tabagismo.

Querer baixar IPI para uma classe de cigarros de “baixo custo” – e, claro, de baixíssima qualidade – é fazer o governo subvencionar mata-ratos para pobres.

Só falta o cinismo aqui – “afinal, pobre já não se envenena com mata-ratos paraguaios? Deixe-os se envenenarem com o brasileiro, que, ao menos, traz receita para o Estado e lucro para a indústria!”

A proposta é indecente e imoral. Que o Sr. Moro se empenhe na repressão ao contrabando. Afinal, reprimir é com ele mesmo!

Mas não nos faça de idiotas, sugerindo que cigarro barato para pobre faz bem ao Brasil!

Redação

14 Comentários

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  1. O ex-juiz faz parte do tipo de mentalidade que causa malefícios ao Brasil: preferiu ser adestrado por estadunidenses a exterminar políticos, partidos, empresas, empregos dos brasileiros que pagam seus abastados toldos. Preferiu se unir ao movimento podre de justiceiros, revanchistas bem remunerados para liquidar com direitos constitucionais e sociais. Escolheu participar de métodos torpes de fazer a lei não a mesma ser para todos.
    No ministério prefere propor formas que tragam a mortandade, insalubridade e aprisionamento de pessoas.
    Em breve vai ser um personagem do passado, pois não parece ter coisas boas a nos deixar, mas infelizmente junto com outros indivíduos destes sombrios tempos da filosofia do terror olavo-bolsonarianas, vai deixar muito estrago e perturbações.

  2. Usando o mesmo “raciocínio” do Moro, seria o caso de financiar uma indústria nacional de cocaína batizada, para concorrer com o produto vindo de traficantes do exterior.

  3. Um Burrominion veio pra mim se lamentando, dizendo que comprou um ventilador e no primeiro dia de uso o aparelho caiu e sua hélice e sua tela de proteção frontal quebraram, ficando o referido aparelho inulizável.
    Eu disse a ele que é possível consertar o aparelho, bastando substituir as 2 peças quebradas. Ele pergunta se eu sei substituir e eu digo que sim, bastando ele comprar uma hélice é uma tela de proteção frontal, ou apenas uma delas, a indispensável. Animado, o Burrominion vai a uma loja comprar as peças.
    Depois de um tempo o Burrominion volta, dizendo que, em virtude de ter perdido o emprego depois que o Mito assumiu a Prizidença, por culpa do Lula, o dinheiro que tinha não foi suficiente para comprar as duas peças, mas que, como eu disse que bastava uma das peças para o ventilador funcionar, ele comprou a grade de proteção frontal, pedindo que eu a substitua, para o ventilador ir quebrando o galho até que o Mito crie empregos e ele possa, enfim, comprar a hélice.
    O $érgio Moro tem o nível mental de um Burrominion.

  4. Nem sequer tiveram acesso aos parágrafos das medidas a serem adotadas por Sérgio Moro e os especialistas de plantão já visualizaram o “resultado”. Engraçado que muitos destes querem um combate pesado contra o cigarro mas são a favor da legalização das drogas ilícitas.

  5. Acho que quem critica esse estudo, eu disse estudo, sobre a redução de impostos dos cigarros quer, na verdade, proteger os sonegadores, contrbandistas e malfeitores que se beneficiam do imenso contrabando de cigarros que entram no país.
    Como podem, pessoas que querem o combate ao tabagismo por causar mal à saúde e essas mesma pessoas defenderem a legalização da venda de drogas no país?
    Como podem se dizer contra os grandes devedores de impostos e previdencia social no Brasil e ao mesmo tempo defender os sonegadores de bilhões em impostos uma vez quer o contrabando não paga nada?

    1. Seria estranho se alguém quisesse legalizar a maconha e proibir o tabaco. Mas ninguém ao que eu saiba propõe isso, por que proibir o tabaco não resultaria na redução do consumo, e sim na criação de redes de criminosos vivendo do “tráfico do tabaco”. O que se propõe é a legalização da maconha, para desmontar as quadrilhas que vivem do tráfico de maconha. E aí campanhas de saúde pública similares às que já existem contra o tabagismo, para reduzir o adoecimento das pessoas pela cannabis. Não, com certeza, redução de impostos da produção nacional de maconha para combater o contrabando vindo do Paraguai…

    2. Esse imprestável, que “comprou” o cargo de Ministro da Justiça e Segurança Pública, usando como moeda, a condenação de um inocente, utilizando como “provas”, tão somente depoimentos forjados entre ele e delatores criminosos, não teria algo muito mais relevante a propor e, efetivamente fazer, em prol da Justiça e da Segurança Pública, ao invés de fazer lobby para a indústria tabagista?

  6. Será que o justiceiro de toga sabe porque os impostos sobre bebidas e cigarros são tão altos, atingindo mais de 80% do preço do produto? Alguém tem de explicar a ele que não é só para proteger a saúde da população, mas também tem implicações econômicas, pois quanto mais pessoas doentes devido ao vício com esses produtos, mais o serviço de saúde será penalizado e mais a previdência será onerada. Cada trabalhador que for vitimado por doenças como câncer, enfisema pulmonar e outras decorrentes pelo abuso do álcool ocupará uma vaga no já ineficiente sistema de saúde e e inevitavelmente, se contribuinte do INSS, será aposentado por invalidez. Simples assim.

  7. Sr. ou Sra. Li de Brusque, eu sou a favor da saúde pública, sou contra os contrabandistas, sou contra a redução de impostos sobre cigarros, sou contra a criminalização do uso e cultivo do fumo, sou a favor de da descriminalização da maconha, com incidência de impostos.
    E você?

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