O Raio X da crise de 2013: os alertas não ouvidos, por Luis Nassif

Os pontos centrais da crise já estavam na mesa, e com algum tempo para agir.

Encontro nos arquivos o fluxograma da crise política, que preparei no início de 2013.

Os pontos centrais da crise já estavam na mesa, e com algum tempo para agir.

Repare lá. 

Os canais de instabilidade política:

Mídia —> influenciando Judiciário e Congresso

Haveria duas  maneiras de reduzir o trabalho de desestabilização da mídia:

  1. Escandalização: tratar rapidamente dos financiamentos aos campeões nacionais, antecipando a correção de qualquer irregularidade que fosse levantada. Havia receios de que o novo sistema de licitação, o RDC, também desse margem a escandalização. Especialmente em redação à Lei dos Portos, que tinha alguma coisa malcheirosa.
  2. Economia: dois problemas imediatos. Um, a macroeconomia, com problemas de inflação e crescimento. Outro, de gestão, com a centralização excessiva provocando a paralisação  ampla das políticas públicas, especialmente no Pré-Sal e no PAC. Sugeria-se fortalecer a Petrobras, acabando com a compressão tarifária, desengessar os Ministérios e gerenciar melhor o PAC.

A Economia ajudaria a reduzir o clamor da mídia e a garantir a reeleição. Em um primeiro momento, fortaleceria o Executivo frente o Congresso, para dar tempo de providencias mais efetivas: colocar na Secretaria de Relações Institucionais um operador político eficiente e valer-se de Lula para aparar as arestas com o Congresso.

Na outra ponta, cuidados especiais no tratamento com a Procuradoria Geral da República e com o Supremo Tribunal Federal, especialmente nas novas nomeações. 

Nada foi feito. Perdeu-se em um republicanismo incompreensível.

Luis Nassif

18 Comentários

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  1. Na época, o time de assessores para todas as áreas era de ótimo padrão, mas a mídia acima de todas as coisas,inteiramente comprometida com a oposição, não ajudava em nada e o governo assistia calado aquele espetáculo de non sense.
    Se não existir apoio da população, tudo sempre ficará mais difícil e a desinformação ganhará espaço, para conferir, basta perguntar às pessoas o que é a transposição do São Francisco, o nome das três usinas hidrelétricas construídas quase simultaneamente, sendo que duas delas estavam entre as maiores obras de construção civil do mundo. E naquela fase, quanto ao pesadíssimo lobby exercido pelas construtoras no momento das licitações de obras grande valor, algumas delas desertas para provocar uma subida de $$$ apesar de terem preços inteiramente compatíveis com a realidade, é assunto que parece não ter existido.
    E sobre os royalties do pré-sal destinados à Saúde e Educação, quem sabe disto? Afinal, são alguns bilhões de reais que sabe-se lá como vêm sendo administrados e por quem.
    Ou seja, se um determinado governo faz e faz , o caso do governo de 2013, mas quase ninguém consegue tomar conhecimento do que acontece, será que aquele tal governo é eficiente ou, na verdade, tem prazer ao ser ridicularizado e ignorado pela população?
    Aquele silêncio teve grande parcela de responsabilidade na guinada pro abismo que o país sofreu.

    1. Sua análise é de uma clareza exemplar. Trata-se, na minha humilde opinião, da comunicação que acontece e flui na verticalidade entre o poder governamental (no caso, os governos petistas) e a classe desprestigiada nacional (o chamado povão). De tudo que você elencou, tomo como exemplo o Pré-Sal. A importância desse projeto deveria ser vista em função das novas gerações de brasileiros, e mostrar-se, portanto, o quão revolucionário ele é, pois resgata a vida, visando a resolução das duas questões essenciais para um país carente como o nosso: A saúde e a Educação. A saúde pode ser definida aqui nas nossas terras como o prato de comida saudável que repousa diariamente sobre a mesa de um povo cuja energia física, e portanto psicológica, está sendo suprida adequadamente. Note-se que o alimento saudável e bem provido implica diretamente na saúde da população, sobretudo das crianças e dos idosos. A população de um país tem, por conseguinte, dois marcos vitais: A comida das crianças, que gerará adultos saudáveis; e a comida dos idosos, que proverá, quanto mais tiverem energia e tempo de vida, a transferência de cultura entre gerações, pois foram agentes experimentados e passaram por uma vida “longa”. No meu caso, por exemplo, de tudo que aprendi, a maior parte adveio dos ensinamentos de meus avós e tios paternos. Num país decente, as transferências de conhecimento e de postura diante do mundo se dão em uma certa homogeneidade entre a geração que está dando espaço para aquela que irá assumir as rédias e o protagonismo diante do tempo presente. Tudo isso encontra ressonância, portanto, no nível cultural e educacional das gerações vindouras, as quais serão deficientes ou eficientes, conforme a alimentação, educação e cultura que tiveram. Neste ponto, não há como olvidar o ex-presidente Lula quando evoca a mãe como a protagonista primordial de seus conhecimentos diante do mundo.
      Em suma:
      – Boa alimentação na infância = saúde e capacidade de aprendizado.
      – Boa saúde e cuidados médicos na velhice = ânimo e desejo de transferir conhecimentos a sua prole.
      Mas, enfim, chegamos à dura realidade: O povão não sabe, ou não entende, o projeto do Pré-Sal. A maior parte das conquistas dos governos Lula e Dilma não desceram até a classe que terminou por dar a vitória aos representantes do medo e da morte. Houve falhas terríveis de comunicação entre as conquistas vitoriosas de Lula e Dilma e o povão que ficou à mercê, cegado pela mídia e as notícias mentirosas lançadas na internet pelo projeto de destruição do país. Há um rio enorme a ser atravessado, seja o Nilo, seja o Amazonas, pelo povão brasileiro. É como aquela brincadeira das festas do Interior, subir no pau de sebo e apanhar o prêmio da conquista. A ligação vertical entre os governos que visam a Justiça Social e o povão está interrompida. Mas somos navegantes e temos força e experiência necessárias para conduzir o remo até o lado da vida.

  2. Parecia coisa de iniciante…de partido inexperiente, de amadores…

    O PT parece que não nasceu pra ser governo, é muito cheio de teorias, mas na prática deixa a desejar…

    Em especial a Dilma, que bastava tocar as obras do PAC. Enquanto o dinheiro estivesse rolando na economia, estava todo mundo feliz.

    Mas o que ela fez?
    Engessou as obras do PAC, depois foi se meter naquele rolo dos portos, donde acabou perdendo o PSB e parte do PMDB.
    E nos protestos de 2013 ficou paralizada sem entender o que aconteceu. Me parece que travou ali. O PT gosta tanto de fazer movimentos populares e parece que não teve ninguem a analizar aqueles eventos…já o outro lado aprendeu bastante (não acho que eles começaram, mas viram o potencial daquilo)

    Depois vieram os movimentos embrionários do que temos hoje.

    e nos eventos que antecederam o impichement, a Dilma ficou sem ação, deixando o PSDB encabeçar as bandeiras do combate a corrupção, e a Globo assumir literalmente o comando do judiciário.

    em nenhum momento eu vi a Dilma valente a exigir o cumprimento da constituição, daí Moro e companhia fizeram o que bem entenderam, e o judiciário e a midia cumplices.

    Desde o começo, mesmo tendo errado em algumas nomeações, o simples bater na mesa e exigir o cumprimento da constituição teria bastado para conter certos arroubos exibicionista de procuradores.

    Hoje quem temos batendo na mesa é o General Heleno….

    Apesar de a Dilma ser a mais inocente das governantes, eu acho que ela deveria ter renunciado. Ela não estava preparada para um segundo mandato.

  3. Exatamente por causa dessas nomeações para ministros do STF é que não desejo a volta do PT ao poder.
    Além de não fazer a auto-crítica , ainda temos que ouvir o Ze´Dirceu dizer que ;´”e´o que podia ser feito.
    Ora vão plantar batatas.

    1. Estava escrito na cara que eram canalhas?
      Só pra te lembrar Fachim era advogado do MST.
      Plantamos sim batatas e você se fartou palhaço.
      E auto crítica que tem que fazer foram os imbecis que apoiaram a insanidade de 2013,
      Compare os números da era PT se é que sabe interpretar seu bosta.

  4. 2013, o ano que ainda não terminou.

    Talvez porque não tenha começado no Brasil.

    Talvez porque tenha começado antes, na primavera árabe, em 2011, ou mesmo em Honduras é que o ovo da serpente começou a ser gerado.

    Talvez porque nosso governo não tenha dado importância ao alerta de Erdogan e Putin, de que se tratava de uma tentativa de golpear um país de democracia frágil ainda e que era preciso endurecer, nem que fosse por um breve período.

    O fato concreto é que só a Turquia escapou do Tsunami, recrudescendo o governo e prendendo milhares.

    Aqui prevaleceu o republicanismo cardoziano de araque – o araque aqui vale tanto para um como para o outro – e a completa inação da executiva do PT, Rui Falcão a frente em analizar a conjuntura interna e externa e apontar caminhos.

    O fato concreto é que a meu juízo, ninguém até agora conseguiu fazer uma narrativa convincente sobre aqueles acontecimentos e por isso esse ano ainda não teve o seu fechamento político.

  5. As declarações de Lula para os episódios do acordo nuclear do Irã e do telefonema de Obama sobre o dólar, demonstram um elevado grau de voluntarismo no trato das relações internacionais. Principalmente com as questões sensíveis do império.
    Não sei o que Dilma estava fazendo nos bastidores, que acordos estava costurando, mas que assustou o Tio Sam, isso assustou. A ponto de desencadear toda essa operação de desmonte da estrutura política brasileira.

  6. Segue a criminalização da vítima.

    Oh! Santa ingenuidade Bat Nassif.

    Quem assistiu o documentário sobre a Cambridge Analytics tem opinião bem diferente.

    Rodaram aqui em 2013 um pequeno (grande) ensaio daquilo que também fizeram no Brexit e depois nas eleições de Trump.

    Ahhhhh…mas dirão que os ingredientes para o cozido de algoritmos foram oferecidos pelo PT…pela “turrona” Dilma e etc.

    Uai…mas será que Dilma foi a causa de cada golpe de direita pelo mundo?

    Contagiou tudo?

    Será que o internacionalismo ingênuo do PT é a causa da onda neo fascista mundial?

    Então…e dentro da lógica de Nassif como explicar a “estabilidade” atual, tocada aos picos de trend topics do bozo e sua bozo family e a demora dos meninos de SP de cobrar os .20 centavos?

    Já estamos em 13% de desemprego e renda do pobre em queda livre caos na saúde e nadaaaa?

    Santa ingenuidade Bat Nassif.

  7. Está confirmado:

    Efeito Dilma e PT contaminam ingleses.

    Boris Johnson aumenta seu poder e confirma: vírus da idiotia petista agora é pandemia mundial.

    O NHS em frangalhos e o inglês vota no bozo de lá

    Como se vê a incompreensão sobre os eventos que nos cercam não é exclusividade nossa.

    Podemos agora dizer que erramos em companhia de gente rica e civilizada.

    Hehehehehe.

  8. Nunca houve tanta mudança estrutural com repercussões tão dramáticas na vida dos mais f#didos e tanta resiliência.

    E a gente debatendo as esquisitices ensaiadas dos bozos.

    Previdência petróleo educação saúde pelo ralo e a gente atentando para damares.

    Heheh.

    Nunca foi tão fácil
    Previdencia petróleo renda etc.

  9. Muitos dos petistas e simpatizantes (me incluo entre os segundos) ainda hão de entender o efeito extremamente negativo que a postura ao mesmo tempo arrogante e autista de Dilma Roussef teve na sucessão dos acontecimentos.

    A “coração valente”, claramente possuidora de nojo pela política ao mesmo tempo em que ocupava o maior e mais importante cargo político da nação, confundiu honestidade com a mais absoluta inação. Diante do incêndio, lavou apenas as próprias mãos e assim se deu por satisfeita.

  10. Imagina se o Aécio tivesse ganhado a eleição? Qualquer do PT que ganhasse, com a composição do congresso eleita pelo povo, teria dificuldade em governar.

    Uma coisa é correta: as escolhas do LULA e da Dilma para a PGR e STF foram lamentáveis. Em política não há republicanismo!

    O que está acontecendo poderá ser um aprendizado para a população.

  11. Junho de 2013 ainda é fatídica encruzilhada na qual até agora mesmo o Brasil está sendo devorado, incapaz de se decifrar.

    por quê? porque nos recusamos a assumir a dimensão trágica da História – como se tivéssemos opção. e assim experimentamos a tragédia como uma tragicômica autodestruição.

    ontem, quinta-feira 12/12//2019, em evento contra a privatização da Petrobrás, pela soberania nacional e pelo desenvolvimento, Roberto Requião mais uma vez, repetidamente, defendeu um frente ampla democrática.

    não há sequer um único exemplo de frente ampla democrática bem sucedida na História brasileira. e não será agora a vez e agora da primeira exceção.

    o que precisamos é de um movimento de massas, como no Equador, no Chile e na Colômbia. foi assim que a ditadura empresarial-militar teve seu fim acelerado, e não por obra graciosa de alguma frente democrática.

    mas não parou por aí, Requião reescreveu a história recente do capitalismo, creditando ao New Deal a recuperação da economia dos EUA, num acinte aos milhões de vidas ceifadas nos campos de batalha da II Guerra Mundial.

    todos sabemos que está por fio. todos fingimos não saber que basta uma faísca. e tudo irá pelos ares. o Brasil é uma explosão pronta para acontecer.
    .

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