Andre Motta Araujo
Advogado, foi dirigente do Sindicato Nacional da Indústria Elétrica, presidente da Emplasa-Empresa de Planejamento Urbano do Estado de S. Paulo
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A primavera gerou o ISIS, por André Araújo

Por André Araújo

Os velhos colonialistas franco-britânicos do Acordo Sykes Picot, Sir Mark Sykes e Georges Picot,  nunca tiveram ilusões quanto ao Oriente Médio. Um vasta civilização baseada na religião, na etnia e nos clãs. Os caminhos da sobrevivência por todo o Oriente (e se quiser por toda a Ásia) não tem nada a ver com a cultura greco-latina e com o iluminismo que antecedem e lastreiam o conceito de democracia moderna. Absolutamente nada.

Em territórios onde um clã ou seita tem como maior objetivo matar o clã ou seita vizinha, aparece um ditador que impede que um mate o outro, isso é o máximo que se pode esperar. Saddam era terrível, mas sob seu regime sunitas governavam mas era permitido aos xiitas e aos curdos viverem se ficassem quietos. Enquanto isso o Iraque era um Estado uno e definido, relativamente organizado e com projeto de desenvolvimento e educação que ao longo do tempo frutificaria.
 
Muhamar Kaddafi reuniu três regiões que, por milênios, eram de clãs antagônicos e transformou em um Estado conhecido como Líbia, que já tinha existência  no tempo dos romanos, depois como colônia da Itália moderna e por alguns anos como um reinado anárquico sob um rei inexpressivo (Idri I). Os próprios italianos que fizeram da Líbia uma colônia em 1911, arrancada dos turcos não a governavam como um território uno e sim em três províncias. Kaddafi construiu um Estado. Era um monstro, mas esse Estado era definido e ele impedia que a Cirenaica liquidasse com a Tripolitania e que uma tribo não passasse pela espada o pescoço da outra, enquanto isso desenvolvia um plano de modernização e de educação.
 
A ideia absurda que veio junto com a segunda invasão do Iraque, de que lá seria possível implantar uma democracia de estilo ocidental deu em um imenso fracasso, não havia base alguma para esse projeto.
 
Terceira tentativa foi deslanchada no Egito, o que acabou jogando novamente o reino dos faraós na mão dos militares, verdadeiro poder de fato desde a deposição do Rei Farouk em 1952. Uma falsa primavera que não podia dar em nada.
 
Quarta e trágica tentativa na Síria ao se tentar desestabilizar e derrubar um ditador moderado (pelos padrãos da região), de educação britânica e casado com uma vice presidente do Banco J.P.Morgan, gerou a distribuição do País e a maior onda de refugiados do pós Segunda Guerra. O projeto de derrubar Assad foi um desastre total que está alterando a geopolítica regional e por desdobramento o próprio sistema mundial de pesos e contrapesos abrindo espaço para protagonismo da nova Rússia, algo que terá implicações a longo prazo, graças a estupidez da diplomacia americana na região.
 
O mais complicado subproduto da cegueira da política externa dos EUA foi o desmonte institucional do Iraque a que se seguiu a invasão de 2003. Se Saddam era insustentável, a primeira coisa a fazer era um acordo com o Exército, uma força de 450.000 homens, cujo Alto Comando também estava farto de Saddam. O primeiro governador americano, Paul Brunner, não teve a inspiração de manter no lugar o Exército e a Polícia, preferiu dissolver as duas corporações. Dessa dissolução nasceu o atual Estado Islâmico, composto basicamente por sunitas que eram militares ou policiais de Saddam.
 
O principismo da política externa americana quando ataca é arrasador. É uma miopia absoluta, sem o refinamento cultural dos franceses e ingleses que sabiam lidar com as lideranças locais com todas suas diferenças. Os ingleses governaram a Índia (que incluia o Paquistão e o Bangladesh de hoje) com quatro regimentos, o resto era feito por acordos políticos, quando os britânicos jogavam um marajá contra o outro, empregavam soldados Gurkas e Siks como mercenários contra os demais indianos. Era um poder baseado na inteligência, na astúcia e na negociação.
 
Os americanos não sabem ter esse manejo fino. Desmontaram o Iraque e hoje não sabem remontá-lo, no processo criaram o ISIS.  Porque os americanos implicaram com Bashar al Assad? Porque Assad é aliado do Irã e o Irã é o maior inimigo de Israel. Com base nisso, para agradar Israel é preciso combater Assad, no processo implodiram a Síria e Assad continua no palácio presidencial em Damasco, o Irã continua seu aliado e agora precisa ser convocado para ajudar a apagar o incêndio. Os iranianos são xiitas, o ISIS é sunita e isso pode cimentar uma aliança Rússia-EUA-Irã, algo absurdo há apenas um ano atrás, mas essa é a constante do xadrez do poder mundial, o inimigo de ontem pode ser o aliado de hoje.
 
Foi-se o tempo dos grandes estrategistas e diplomatas americanos, com visão ampla de processos históricos, homens como George Keenan, Dean Acheson, John Mc Cloy, Averrel Harriman, Edward Stettinius,  Cordell Hull, George Marshall, Dwight Eisenhower, John Foster Dulles. Hoje é uma mediocridade impressionante, burocratas mais ativistas de movimentos liberais, cheio de princípios e ideias de reformar o mundo sem noção da crua realidade histórica.
 
O Estado Islâmico é subproduto de todos esses erros e sua extirpação vai custar muito caro, será obra de profissionais.
 
 
Acima , porta aviões atravessando o Canal de Suez.
Andre Motta Araujo

Advogado, foi dirigente do Sindicato Nacional da Indústria Elétrica, presidente da Emplasa-Empresa de Planejamento Urbano do Estado de S. Paulo

86 Comentários

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    1. diria mais, Parabéns… e BRILHANTE!

      diria mais, Parabéns… e BRILHANTE!

      … para uma retrospectiva analítica analógica com a cabeça pensante de avestruz enterrada no século XX de volta ao passado a limpo… 

      O problema hoje é que o futuro já não é o que costumava ser – Paul Valéry

      no século XXI inaugural em marcha ligeira e firme da insensatez atroz nenhuma análise geopolítica que se preste ou se pretenda pretenciosa deve passar ao largo da força-tarefa de porta-aviões algorítmicos digitais dos cinco paradigmas científico-tecnológicos atuantes na sociedade da informação, na política econômica / cultural / ideológica / militar de ocupação dos territórios afetivos nacionais tanto os físicos como econômicos, etnoculturais, mentais e religiosos:

      Modo de vida INTERNET em redes sociais tribais globais

      Teatro / Atos de GUERRA eletrônico-cibernéticos

      Icônicos ágeis fuzis russos de assalto AK-47

      Robustas e adaptáveis picapes TOYOTA

      Onvis objetos obscuros do DESEJO.

  1. Diplomatas americanos sem preparo para tal

    Acho que já li em algum lugar que os diplomatas americanos não são como os do Brasil que são preparados para tal função. Lá, pessoas que conseguem as maiores arecadções para presidente, e este sendo eleito, é premiado com essa vaga.

    1. Não é bem assim. O

      Não é bem assim. O Departamento de Estado tem o Foreing Service Institute que foi fundado em 1915 e é o modelo do nosso Instituto Rio Branco, criado em 1946. O uso de Embaixadas para premiar doadores de camapnha é uma realidade mas sempre mais de dois terços dos Embaixadores são de carreira. Já o pessoal abaixo, de Ministro Conselheiro a Consules são de carreira. Os grandes diplomatas americanos do pré e pós Segunda Guerra normalmente não eram de carreira (apenas Keenan era), vinham da elite americana, como Averrel Harriman, milionario herceiro de ferrovias, John Mc Cloy, banqueiro do Cahse Manhattan, Dean Acheson e Foster Dulles , advogados de grandes corporações.

  2. Os Estados Unidos fizeram

    Os Estados Unidos fizeram acordos e deram ensinamentos a Saddan e Bin Laden quando viram neles homens importantes para suas missões beligerantes, e depois os perseguiram e os mataram. Pior: tanta riqueza iraquiana, construída por Saddan foi ao chão, e no lugar dos escombros e de tantas mortes não se fizeram substituições. Deixaram o povo sem Saddan, e sem nada também no lugar dele, que pudesse mostrar a importância daquela guerra.

    O que vimos na França pode ser uma mostra do que está por vir, na medida em que o problema é difuso e está generalizado. 

     

  3. Porém, esse primarismo pode

    Porém, esse primarismo pode ser proposital. A indústria de armas precisa continuar vendendo. A existência de inimigos “poderosos” que querem destruir o mundo ocidental mantém a população sob o domínio do medo e outras demandas importantes, como a criação de empregos ou distribuição de renda, ficam em segundo plano. 

  4. Artigo para se guardar e a

    Artigo para se guardar e a cada dez anos tirá-lo da gaveta, dar uma lida e entender o que se passa no mundo. Acho que daqui a 905 anos ele ainda terá validade. Principalmente pela parte “Em territórios onde um clã ou seita tem como maior objetivo matar o clã ou seita vizinha, aparece um ditador que impede que um mate o outro, isso é o máximo que se pode esperar.”

    Só acrescentaria: Mercados vitalícios de compra de armamentos americanos e soviéticos.

     

     

  5. Já falaram o mesmo da América

    Já falaram o mesmo da América Latina, que nossa “cultura latina” seria incompatível com a democracia.

     

    Apesar disso, a democracia floresceu ao sul da fronteira apesar de todos os ditadores que os “grandes estrategistas e diplomatas americanos” nos empurraram goela abiaxo.

    1. Nada a ver. A America Latina

      Nada a ver. A America Latina é de cultura ocidental plena, não é sociedade tribal, apesar dos esforços da FUNAI pra transformar o Brasil numa taba de indios e eu desconheço que exista alguma tese que diz que a America Latina é incompativel com a democracia.

      1. Preconceito
        Nassif, o que

        Preconceito

        Nassif, o que você tem contra os índios?

        “apesar dos esforços da FUNAI pra transformar o Brasil numa taba de indios”

      2. Seus comentários são

        Seus comentários são contraditórios, falta-lhe cultura. Um exemplo: 

        “Em territórios onde um clã ou seita tem como maior objetivo matar o clã ou seita vizinha, aparece um ditador que impede que um mate o outro, isso é o máximo que se pode esperar.”

        Essa é a descrição do Estado de Guerra presente no Leviatã, no qual Hobbes discorria sobre o estado das coisas na Inglaterra, país que, aparentemente, não é de “cultura ocidental plena”(plágio da surrada tese neoconservadora de Samuel Huntington sobre um suposto conflito de civilizações. Huntington que foi conselheiro do gal. Golbery no período da abertura gradual, tendo sugerido que o Brasil criasse um partido político guarda-chuva, nos moldes do PRI mexicano. Taí o PMDB, mais uma maravilha da “cultura ocidental plena”).

        Dizer que a guerra é fruto de diferenças religiosas é mistificação, ignorância ou má-fé. O Oriente Médio teve um longo período pacífico durante o domínio Otomano, apenas para se transformar em um barril de polvorá diante da situação criada pela partilha imperialista imposta por França e Reino Unido.

        A questão no Oriente Médio é geopolítica, como 99% das questões da política internacional. O resto é história pra boi dormir.

  6. Tem que ver os profissionais do Manhattan Connection…

    Sei que não devo assistir a este programa mas ontem dei uma olhada de 30 segundos (foi o tempo que aguentei). A visão política dos caras são fracas demais e se representa o pensamento americano então o pessoal do oriente médio está fudido.

    Falo isto porque brasileiro no exterior gosta de copiar a idéia dos outros…

    1. Cara,
       
      O Manhattan está

      Cara,

       

      O Manhattan está passando no canal errado. Deveria passar no Discovery ou no Mundo Animal, pois é um “Pet Show” com várias poodles disputando prá ver quem late mais alto em inglês.

  7. O artigo discorre sobre um

    O artigo discorre sobre um tema sem abordar seu ponto central. 

    Porque os americanos implicaram com Bashar al Assad? Porque Assad é aliado do Irã e o Irã é o maior inimigo de Israel.

    Não, porque Assad, assim como Saddam e Gaddafi, são legados do nacionalismo árabe, movimento de cunho secular e modernizante que é, há décadas, a maior ameaça aos interesses americanos na região.

    O Imperialismo ocidental é o culpado pela instabilidade do Oriente Médio. Questões étnicas e religiosas existem há milênios na região, assim, como explicar que uma região relativamente estável e pacífica sob o domínio Otomano, se tornou tão sectária e conflituosa à partir de sua reorganização nos moldes imperialistas do Acordo Picott-Sykes?

    A explicação é relativamente simples. O Imperialismo se baseia na constituição de regimes débeis, controlados, preferencialmente, por uma elite incompetente e corrupta, que, para manter seu poder, depende do apoio de uma potência externa. 

    É por isso que os aliados preferenciais do Ocidente na região são líderes sem apoio popular, que governam segundo os interesses de uma minoria local e seus aliados estrangeiros. Exemplos: o Xá no Irã e as petromonarquias do Golfo Pérsico, cuja única função é garantir o suprimento de recursos energéticos aos aliados ocidentais, e não desenvolverem seus países, objetivo principal de qualquer líder nacionalista.

    Dizer que o regime de Saddam era mais estável que o Iraque atual, apesar de correto, é uma análise superficial, já que Saddam só estava no Poder para resolver os problemas causados pela formação do Estado iraquiano nos moldes imperialistas(fronteiras essas delineadas por Winston Churchill, um dos maiores criminosos da história da humanidade).

    O modelo iraquiano seguia a risca a estratégia de “dividir e conquistar” do imperialismo europeu: divida um país em várias etniais e coloque a menor delas no poder, de forma a garantir sua dependência da potência externa.

    Foi assim no Iraque, onde a minoria sunita estava no poder por meio d eum monarca estrangeiro(o rei Faisal), o mesmo na Síria, com os alauitas.

    O problema do ocidente decorre do processo bem sucedido de modernização desses países mesmo no contexto imperialista de sua criação. Tanto no Iraque quanto na Síria, esse processo de modernização foi implementado por meio das diretrizes do partido Baath. Na Líbia, Gaddafi, de igual maneira, seguindo o exemplo de Nasser, conduziu um bem sucedido processo de modernização baseado em modelos seculares, como sua Jamahiriya, ou “estado das massas”, denunciado no ocidente como uma forma de “socialismo árabe”.

    De qualquer ponto de vista, Iraque, Líbia e Síria são exemplos de progressismo e modernização se comparados à Arábia Saudita e outros países do Golfo Pérsico, com seus governos teocráticos,d e cunho medieval.

    O Estado Islâmico, armado e treinado pelos EUA seus aliados, é parte da estratégia atual do combate histórico dos americanos contra forças modernizantes no Oriente Médio, e produto direto do combate a modernização do Afganistão em fins dos anos 70, quando um governo socialista foi combatido por extremistas(no ocidente essa história é contada como uma “invasão soviética”). Foi no Afeganistão que os EUA, para combater a formação de um governo laico, apoiou extremistas islâmicos, dentre eles Osama bin Laden, mentor da Al-Qaeda, na qual o Estado Islâmico se origina(antes do rompimento, os líderes do Estado Islâmico eram membros da Al-Qaeda no Iraque).

    Interessante como esses grupos radicais, como Al-Qaeda e Estado Islâmico, SEMPRE atuam segundo os interesses de governantes ocidentais. Faz anos que os EUA e França estão supostamente bombardeando o ISIS no Iraque, mas só agora, com a bem sucedida intervenção russa, eles resolveram atacar a França, de forma a justificar maior engajamento desse país na região. A estratégia dos EUA na Ásia Central(reserva energética e rota estratégica no “coração cordial” do território-mundo)só pode ser implementado, com retumbante fracasso(graças, principalmente, às intervenções de Rússia e China, organizados com outros países na Organização para Cooperação de Xangai), parte do plano para Um Novo Século Americano(elaborado por, entre outros, por Paul Wolfovitz, um dos principais mentores da política externa americana durante o governo Bush Jr)só foi possível como reação aos ataques terroristas de 11 de setembro, nos quais, mais uma vez, os extremistas islâmicos coincidentemente ajudaram seus “inimigos” ocidentais a levar adiante seus objetivos.

    O Estado Islâmico não foi um erro dos ameircanos, mas seu objetivo deliberado, com a intenção de promover a instabilidade em países modernizadores do Oriente Médio, ameaça ao projeto imperialista de Estados subalternos, como a Arábia Saudita, e, também, de expandir essa instabilidade para as fronteiras de Rússia e China, como forma de causar problemas a esses países, assim como impedir a consittuição da Nova Rota da Seda, que promete conectar a Europa e a Ásia, criando o maior mercado do mundo, do qual os EUA estariam de fora(daí a aliança com a França em oposição à Alemanha, que demonstra interesse no projeto e na aproximação com Rússia e China).

     

    1. Daytona, tua análise fica restrita a ação norte-americana, ….

      Daytona, tua análise fica restrita a ação norte-americana, esquecendo a influência da Arábia Saudita. Os movimentos tipo ISIS, Al Quaeda foram gestados e mantidos pelos Sauditas, e grande parte do recrutamento das tropas do EI é feito através de mesquistas com orientação wahhabista.

      NENHUM SERVIÇO SECRETO DE UM PAÍS OCIDENTAL TERIA CONDIÇÕES DE INDUZIR UM HOMEM BOMBA A SE EXPLODIR.

      1. Maestri, sim, me limitei ao

        Maestri, sim, me limitei ao papel dos EUA, senão ficaria muito extenso. Fiz outro comentário no qual discorri sobre o papel dos sauditas. Li seu comentário, concordo em partes, estou em pleno acordo sobre o papel dos sauditas na disseminação do fundamentalismo islâmico wahabita, mas discordo do elemento religioso, que, na minha opinião, é só fachada. As verdadeiras causas são geopolíticas.

        Por exemplo, o problema com o Irã se deve, principalmente, à disputa pela hegemonia no Golfo Pérsico, verdadeiro lago iraniano(foi recente o processo de ocupação iraniano das ilhas no Golfo Pérsico). Óbvia também a preocupação da casa de Saud do apoio que pode ser fornecido pelo Irã em eventual sublevação de sua população xiita, não por questões religiosas(apesar de que seria essa a retórica), mas simplesmente porque a Arábia Saudita é o país mais sujeito a uma sublevação em todo o Oriente Médio. A diferença está em quem apoiaria um levante sunita, população igualmente oprimida pela monarquia medieval da casa de Saud?Os vizinhos do golfo, que se encontram na mesma situação?

        E por que o Estado Islâmico, que deveria ter a Arábia Saudita, país de suas cidades sagradas, como alvo principal, apenas empreende ações contra o Iraque e a Síria?

        Assim, noto que o Irã representa a maior ameaça de fragmentação do reino saudita. Além disso, uma suposta ameaça xiita é utilizada pelos sauditas como fator de coesão.

        São as mesmas mentiras da Guerra Fria, onde o embate ideológico apenas servia para mascarar as disputas geopolíticas e manter a coesão interna diante de uma suposta ameaça externa.

        1. Daytona, repito a pergunta que já fiz em outro local.

          Há algum serviço secreto em algum país do mundo que induza três pessoas se imolarem para não obter nenhum resultado?

          Para explicar isto é necessário ir bem mais longe do que explicações políticas e econômicas.

          1. Maestri, devia ler o

            Maestri, devia ler o comentário que fiz antes de responder a pergunta, porque já está nele sua resposta.

            Claro que um sujeito que se explode com uma bomba possui um senso de religiosidade muito forte, ou vingança, afinal, são décadas de guerras, muitos amigos e familiares mortos.

            Porém, isso também é uma causa política, e as lideranças locais manipulam essas pessoas da mesma forma que governos ocidentais utilizam o nacionalismo, o ódio e, com frequência cada vez maior, o medo de suas populações.

            MAS, e esse é o ponto, esses casos não são a causa, mas o efeito. Os mesmos líderes religiosos que fomentam ações extremas poderiam estar disseminando discursos de tolerância, não o fazem por conta de outros interesses, como é o caso da Arábia Saudita, país exportar exportador desse fundamentalismo.

            As causas são interesses geopolíticos, o resto é apenas retórica manipuladora, o que você diria do embate ideológico da Guerra Fria?Era essa a causa, ou a disputa geopolítica entre as duas grandes potências?

            O Brasil de hoje está convulsionado por conta de grandes interesses ou pela movimentação de imbecis liderados por Revoltados Online, Kim Katuguiri e cia?

            No caso brasileiro, assim que houver uma acomodação das elites políticas, veremos o fim de Revoltados Online e afins.

          2. Agora, respondendo mais

            Agora, respondendo mais diretamente, há estratégias políticas que são definidas com base no fomento do ódio, medo, e implementadas por certos países, no caso dos wahabitas, uma política de Estado adotada pelos sauditas.

            Atribuir isso à religião é adotar a visão superficial e preconceituosa do Araújo, que em comentário nesse tópico afirmou que todos os muçulmanos nos consideram infiéis.

      2.  
        Li um livro (ficção) que

         

        Li um livro (ficção) que descrevia a vida de uma família no Afeganistão. No drama havia relatos sobre prisioneiros que, drogados, eram forçados por agentes ocidentais a cometer atentados suicidas. Será que isso não ocorre de fato?

      3. Em suma, na minha opinião, a

        Em suma, na minha opinião, a disputa na região se dá entre opositores e defensores da modernização dos países islâmicos. Países com estruturas políticas arcaicas tendem a se aliar com as potências ocidentasi, seguindo a lógica básica de sistemas imperiais, entrando em confronto com países que buscam a modernização.

        Nesse ponto, esqueci de citar a verdadeira mãe do processo de modernização de países islâmicos, que foi a criação da República da Turquia, com a vitória e expulsão das forças estrangeiras pelos turcos, liderados por Mustafa Ataturk. Não fosse por isso, a Turquia de hoje certamente seria um estado atrasado, como a Arábia Saudita, ou pior.

        Basicamente é isso, as forças retrógradas no Oriente Média e seus aliados ocidentais temem o surgimento de “jovens turcos” pelo Oriente Médio.

    1. Em parte, sim

      Ocidente exagerou na dose e na velocidade de tentativa de implantação da globalização econômica nos países islâmicos, deixando aqueles territórios mais radicais do que nunca e, ainda, os poucos seguidores de ocidente que havia nesses territórios, ao invés de ocidentalizar gradativamente o restante, acabaram mortos ou fugindo na direção da mão que sempre os alimentou.

    2. Você só ouve essa história há

      Você só ouve essa história há 40 anos? Então ainda perdeu boa parte dela. Os EUA interferem agressivamente na política mundial desde o fim da segunda guerra.

      1. Muito antes, os EUA foram

        Muito antes, os EUA foram protagonista determinante na Primeira Guerra e por sua iniciativa foi criada a Liga das Nações.

        Foi tambem o “padrinho” da formação de um Estado na Peninsula Arabica, considerado até hoje area de influencia americana.

         

    3. A culpa norte-americana é clara na facilitação de determinadas..

      A culpa norte-americana é clara na facilitação e reforço de determinadas tendências internas dos países muçulmanos que assumem políticas religiosas extremas.

  8. Confusões e meias-verdades

    O título está em desacordo com o prórpio texto. Quem iniciou todo esse processo que culminou com a criação do ISIS não foram os ativistas liberais denunciados pelo texto, ainda que eles possam ter e estar contribuindo bastante para isso, mas os falcões da desastrosa política externa do presidente anterior, George W. Bush. A política interna e externa dos EUA estão sendo prejudicadas pela quase liquidação da ala moderada do Partido Republicano e sua substituição pelo fundamentalismo do tipo Bush e sua visão religiosa da atuação dos EUA no mundo. Basta olhar quais são os candidatos republicanos (incluindo o Donald Trump e o Jeb Bush, irmão do George) e suas propostas insandecidas, tanto na política econômica (alguns defendem a volta do padrão ouro…), quanto na política externa. Lembrem-se que o próprio senado Mccain foi um dos maiores intusiastas da tentativa de derrubar Assad…

  9. Justificativa

    A criação e a atuação do ISIS tem sido muito útil para os EUA e UE, pois agora têm uma justificativa mais aceitável, para a opinião pública, para continuarem com a invasão e rapinagem em países do Oriente Médio.

  10. Oriente Médio não é para amadores,

    e, como amador, eu não deveria falar sobre o assunto.

    Mas a análise do André Araújo me parece uma uma espécie de cherry picking em que só os fatos que endossam a tese premeditada são citados, por isso ousarei opinar, apesar da minha ignorância.

    O Oriente Médio, principalmente a área do Levante, são o berço da civilização ocidental. Quando, em 335 a.C, Alexandre invadiu o imperio Persa de Dario III, que dominava tudo, desde o Cáucaso até o Egito, ficou deslumbrado com o refinamento cultural do império. Teve polêmicas por cartas com seu antigo tutor Aristóteles, que qualificava os não-helênicos como bárbaros. Cidades como Susa, Persépolis e Babilônia tinham arquiteturas muito mais refinadas que a grega. Alexandre adotou Babilônia como capital do seu império, casou-se com uma afegã e com a filha de Dario, aderiu aos costumes persas e obrigou 10 mil soldados macedâonios a se casarem com moças da região em cerimônias típicas do antigo império. Quando conquistou o Egito, manteve o faraó e o poder dos sacerdotes, e entregou só o comando do exército a um macedônio. Fundou Alexandria para ser a capital cultural do mundo helênico, o que acabou se tornando realidade. Na verdade, a própria civiização helênica teve origem na costa da atual Turquia, onde os gregos fundaram algumas cidades.

    No livro O ornamento do Mundo, a cubana Maria Rosa Menecal, professora de Yale, conta a história do Califado de Córdoba, fundado pela dinastina Omíada em 929, que transformou a península ibérica na região de cultura humanística mais refinada da época. A biblioteca do Califa, uma das 70 bibliotecas do califado, chegou a ter 400 mil volumes, quando a biblioteca de Paris tinha mil volumes. A única coisa capaz de se assemelhar ao califado de Córdoba era o califado de Bagdá, da dinastia abássida. Neste califado (Bagdá) desenvolveu-se a álgebra, reviveu-se a geometria e grande parte da cultura grega.

    A decadência cultural e econômica da região foi causada pelas Cruzadas, a grande jihad cristã. Quando os colonizadores europeus do século 19 chegaram à região, o OM já tinha sido devastado.

    1. André Araújo é um sujeito

      André Araújo é um sujeito preconceituoso, e seu preconceito limita sua visão de mundo. O comentário abaixo, que ele fez nesse tópico, é um exemplo disse:

      Nada a ver. A America Latina é de cultura ocidental plena, não é sociedade tribal, apesar dos esforços da FUNAI pra transformar o Brasil numa taba de indios 

  11. Pois é…

     

    “Hoje é uma mediocridade impressionante…”, pois é André, então espera para ver o que será os EUA sob a presidencia de um Donald Trump.

     

    Você tem acompanhado os debates das primárias americanas? Cara, muito divertido, melhor do que qualquer programa de humor de sábado a noite, Trump, Ben Carson, Ted Cruz, aquela ex-CEO da HP, Jeff Bush, se nós achamos nosso congresso e políticos ruins, putz, aquilo é pior. Adoro ver os “fact checks” depois dos debates, do tipo “50% dos americanos estão desempregados”, como é que é????? que numero é esse???? De onde veio?????.

     

    O Trump quer deportar 11 milhões de imigrantes (como?, com que dinheiro?), construiri mais um muro com o México, para ele o TPP é para beneficiar a China (como é que é Sr. Trump???? nessa eu ri muito!!!!), e por aí vai…, pelo menos ele foi honesto ao dizer que não quer sabe deste bla bla bla de democracia no oriente médio, ele quer é o petróleo.

     

    E os jornalistas que conduzem os debates então?!?!?!

     

  12. Não há atalhos da Historia
    Não posso comentar sobre politica americana do oriente medio porque não tenho conhecimento suficiente embora ja tenha lido dezenas de artigos.

    Mas uma coisa eu aprendi: não há atalho na Historia.
    A Europa é o que é por ter passado pelo iluminismo, reforma protestante, renascença, revoluções liberais etc, etc, etc.

    Neste periodo o oriente medio era um provincia Otomana, depois colonia francesa e inglesa.

    Não dá para implantar um democracia estilo ocidental por decreto de lei.

  13. Algumas estranhas contradições do ISIS

    André, ótimo ler seu texto após tanta embromação sobre o tema na mídia tradicional. Pergunto: por que os sunitas do ex-exército da Saddam, agora no ISIS, nunca deram uma única declaração de apoio aos palestinos, também de formação sunita? Aliás, o ISIS nunca protestou contra a acupação das colinas de Golã por Israel. Nem a chamada “oposição moderada” síria, mesmo estas colinas terem pertencido a Síria.

    1. Os palestinos são sunitas, o ISIS são sunitas-wahhabistas,

      Como os palestinos são de uma tendência laica, isto não é aceito pelos sunitas-wahhabistas.

      1. Os palestinos NÃO podem ser

        Os palestinos NÃO podem ser rotulados por religião, uma grande parte é cristã e os mussulmanos são muito mais

        moderados do que os demais arabes, os palestinos são mais ocidentalizados do que os demais arabes, no mesmo nivel dos libaneses. O conflito na região da Palestina é estritamente TERRITORIAL e não religioso.

      2. São?

        Wahhbistas são aqueles fundamentalistas ortodoxos que supostamente jogaram seus aviões nas torres do World Trade Center, certo? Interessante como são devotos: vários jornais americanos registraram que antes dos atentados eles saíram com prostitutas, beberam álcool e cheiraram muita cocaína. O clip destas notícias pode ser lido aqui:

        http://www.historycommons.org/context.jsp?item=a091101beforepinkpony#a091101beforepinkpony

         

    2. Porque esse suposto conflito

      Porque esse suposto conflito entre sunitas e xiitas é mera mistificação para esconder o que realmente está em disputa.

      O islamismo wahabita(a vertente do sunismo que propaga esse fundamentalismo radical) é consequência do arranjo entre a dinastia Saud e o clero wahabita, com origens no se´culo XVIII, que é a base de sustentação do Estado saudita.

      Após a desintegração do Império Otomano, o Oriente Médio ficou aberto para a constituição de diferentes formas de governo, dividindo-se, basicamente, em duas vertentes principais: os estados teocráticos(Arábia Saudita e outros países do Golfo Pérsico)e estados que buscaram, de uma forma ou outra, a construção de estados laicos e modernos(Egito de Nasser, Síria e Iraque do Baath). 

      O Irã é um caso diferente, pois foi um país que conseguiu, com sucesso, conciliar o processo de modernização levado adiante pelo governo autoritário e secular do Xá com as tradições muçulmanas. O processo revolucionário se deu por meio de uma aliança entre forças modernizantes(sindicatos, movimento estudantil, classe média urbana)e setores tradicionais, mais influentes em áreas rurais, organizados por lideranças religiosas(Khomeine).

      Quem invadiu a embaixada americana após a revolução não foram religiosos, mas jovens membros do movimento estudantil(consegue imaginar um movimento estudantil ou sindicato na Arábia Saudita?).

      Nesse sentido, o Irã é um país cujo processo político é chave para entender a situação no Oriente Médio. A retórica Revolução Islâmica é de cunho nacionalista, foi isso que uniu estudantes sindicatos e religiosos. Mesmo a retórica dos aiatolás, no caso iraniano, adquire um tom nacionalista, pois o discurso do nacionalismo se opunha ao imperialismo ocidental, o qual, no caso iraniano, se referia aos americanos.

      Assim, a suposta divisão entre sunitas e xiitas é apenas retórica que serve para dividir os povos do Oriente Médio é evitar a difusão de discursos de cunho nacionalista, que teriam como alvo justamente as potências ocidentais, principalmente os EUA.

      Há uma convergência de interesses, nesse sentido, entre os EUA e a Arábia Saudita, cujo regime, baseado no fanatismo religioso, teme a disseminação de discursos nacionalistas, com seu componente modernizante. Israel, igualmente, prefere débeis estados teocráticos, de natureza medieval, a estados modernos e desenvolvidos(Israel bombardeou e destruiu os projetos nucleares de Iraque e Síria, e é o mais forte opositor do programa iraniano, mas não parece ter problemas com a Arábia Saudita, núcleo sagrado do islamismo, o que, em termos religiosos, deveria ser o maior inimigo de Israel). Há muitas informações sobre as relações entre a Arábia Saudita e Israel(que não possuem relações diplomáticas), que são sempre prontamente negadas pelo governo saudita, que não pode ter sua imagem no mundo árabe prejudicada por manter relações com Israel.

      Por que o Estado Islâmico não ataca a Arábia Saudita?

      99% dos fundamentalismos islâmicos são produto do sunismo wahabismo disseminado pela Arábia Saudita, que financia vários desses movimentos, mesmo assim, não há qualquer atribuição de culpa aos sauditas por esses atos terroristas. No ataque de 11 de setembro, a maioria dos envolvidos eram sauditas, mesmo assim, os EUA optaram por atacar o Iraque, mesmo não havendo qualquer iraquiano envolvido ou qualquer indício da participação daquele país nos ataques.

      Há uma convergência de interesses que une os países do Conselho de Cooperação do Golfo, Israel e as potências ocidentais, por isso a negligência diante do caso palestino.

      Há também uma convergência de interesses entre a Rússia e os países do Oriente Médio que buscam a modernização, e isso desde de Nasser, que só conseguiu construir a represa de Assuã, importante projeto para o desenvolvimento do Egito, graças ao financiamento soviético. Os ocidentais não se interessavam pelo desenvolvimento egípcio, assim como, dadas sua spolíticas imperialistas, não se interessam pelo desenvolvimento de ninguém, a não ser eles mesmos.

  14. Manhattan connection

    “A visão política dos caras são fracas demais e se representa o pensamento americano” Representam o pensamento americano sim, mas como sempre, apenas da direita americana. Por que mesmo nos EUA existe o contraponto, em programas como Overtime- Bill Mahher (HBO), onde falam abertamente da responsabilidade deles pelo horror atual no Oriente Médio. Até no último debate dos candidatos democratas foi abordado o assunto. 

    Aqui, na Globo e em todo o PIG, mais realistas que o rei, nem a mais remota menção da  realidade  mostrada pelo post do AA. 

  15. Tirando o adjetivismo….

    Muito bom não fosse os adjetivos, tipo “monstro”, etc….

    De fato, por erro ou calculado, estou mais para o calculado; os EUA criaram esta situação no Oriente Medio, Ásia e África, que, agora, virou uma questão mundial. Quem se favoresse?…Ora, a poderosa indústria de armas estadunidense!…

      1. Na realidade o meu comentário estava com um título bobo e …

        Cedric PA, obrigado pela crítica pertinente.

        Na realidade o meu comentário estava com um título bobo e pretensioso, recoloco-o exatamente como ele estava sem o título petulante de minha parte, não é auto-censura, é na realidade auto-crítica.

        .

        .

        Olhar o problema do mundo Islâmico sem saber das suas diferenças é não entender porque tanto no Iraque como em outros países mesquitas são explodidas por bombas postas por islamitas. O raciocínio mais automático é dizer que quem coloca estas bombas são serviços de inteligência ocidentais para acirrar as disputas entre muçulmanos.

        Desde muito tempo, antes do petróleo ser importante no Oriente Médio, já haviam sérias desavenças entre xiitas, sunitas, sunitas wahhabista e outras pequenas seitas, o poder temporal nunca se desligou do poder religioso, e a partir desta combinação nefasta o Islã lutou mais contra si mesmo do que contra os “infiéis”.

        Tradições locais e restritas a alguns países, como o uso da Burka pelas mulheres afegãs era algo que já existia antes da islamização do país.

        Assim como a Bíblia (principalmente o antigo testamento) que apresenta no seu texto contradições irreconciliáveis o Al Corão também possui estas mesmas contradições. Assim como os cristãos tiveram guerras religiosas durante séculos, os muçulmanos também padeceram deste problema, originário da mistura do Estado com a Religião.

        Porém, querer explicar o levante por causas meramente externas de intervenções das nações europeias e os Estados Unidos é simplesmente uma simplificação que não leva a compreensão de nada.

        A luta dos xiitas versus sunitas tem origem histórica de muitos séculos, para dizer a verdade desde a morte do profeta.

        Não adianta procurarmos tentar entender a guerra Irã-Iraque só dentro da perspectiva moderna, pois a explicação fica incompleta e alguma coisas simplesmente não fecham.

  16. Será

    Muitos erros no texto, começando pelo preconceito contra as formas de organização socio-cultural existentes no oriente médio. E como comumente acontece, o preconceito é acompanhado de extrema arrogância que fica subentendida quando se menciona ideiais iluministas e a democracia moderna.

    Os comentários a respeito dos ‘estadudinenses’ serem inferiores aos europeus em suas excursões intervencionistas é por si só contraditório com a idéia de sociedades iluministas e democráticas, porque tal forma de ação é fruto de uma postura imperialista (ou seja, de ser – ou fingir ser – iluminista e democrático somente no próprio território e não com outros povos e culturas).

    E, claro, a comparação não possue nenhuma sustentação histórica, sendo, na verdade, absolutamente ingênua em tempos de Wikileaks. Não tem sustentatação histórica porque os EUA foram fundamentais na constituição da Arabia do Saud – que se costuma chamar Arabia Saudita e significa isso mesmo: Arábia do Saud (ela tem dono), o principal agente mundial no mercado de petróleo e defensor da manutenção do comércio do barril em dólares.

    Achar que os EUA não sabem lidar com as diferenças etnicas do oriente médio é também de uma ingenuidade tremenda. Basta olhar as empresas privadas que possuem concessão para explorar o petróleo iraquiano (ops, tem empresa privada no oriente médio? Sim, tem sim), cuja produção tem crescido sistematicamente desde a intervenção americana e tem sido poupada pela presença do ISIS, que tem representado um fator de instabilidade do governo iraquiano xiita.

    Por fim, a sugestão de uma aliança entre EUA e Rússia é um pouco fantasiosa. A resposta dos EUA a intervenção Russa na Síria (que, diga-se de passagem, tem um papel estratégico para os planos de expansão energética europeus, visando escapar à uma possível dependência do gas russo) é colocar uma pequena tropa no território ocupado pelos rebeldes anti-Assad, que tem sido bombardeados, para apoiá-los no combate ao regime. Querem constranger os russos a suspenderem os ataques.

     

     

    1. Não há preconceito algum , há

      Não há preconceito algum , há CONCEITO formado sobre o que é a realidade do mundo islamico ou a realidade não pode ser descrita e analisada por terceiros? Os islamicos tambem nos analisam e nos descrevem como infiéis, no conceito deles.

      1. Comentário.

        André Araújo é exemplo de uma pessoa bem informada que escreve sem conhecimento de causa!

        Afinal, ele não tem preconceito, ele afirma como conceito aquilo que é preconceito. Enfim, é um problema lógico por ausência de fatos. Disto, deduz outros equívocos.

        Tá ficando difícil acompanhar o blog do Nassif.

        1. Li no blog do Nassif que o

          Li no blog do Nassif que o objetivo da FUNAI é transformar o Brasil numa “taba de índios”. Também já tinha lido no mesmo blog que o presidente da Bolívia era um “índio sujo” de “cabelo lambido”.

          Enfim, não entendo essa campanha contra os indígenas.

          1. Esta na pauta de votação do

            Esta na pauta de votação do Congresso um projeto de lei para LIMITAR a absurda febre de demarcação de terras indigenas

            que já destacaram 13% (treze por cento) do territorio nacional, o objetivo do projeto é tirar da FINAI o poder de demarcar terra

            para indios, há 500 pedidos na fila, transferindo esse poder para o Congresso, se a FUNAI continuar nessa linha os habitantes não indios do Brasil vão ter que se refugiar em outros paises, não vai haver mais espaço no Brasil para não indios.

            Um linhão fundamental de energia eletrica, de Boa Vista em Roraima a Manaus teve a CONCESSÃO DEVOLVIDA porque há

            anos se espera o licenciamento da FUNAI que não sai e nunca sairá porque na area tem 1.600 indios que auerem dinheiro

            para autorizar a passagem dos cabos, eles já recebem R$6 milhões por ano e querem mais R$4 milhões. O Ministro das Minas e Energia pediu à AGU para processar a FUNAI, a concessionaria saiu da concessão depois de empatar R$250 milhões em torres e cabos.

          2. “há 500 pedidos na fila,

            “há 500 pedidos na fila, transferindo esse poder para o Congresso, se a FUNAI continuar nessa linha os habitantes não indios do Brasil vão ter que se refugiar em outros paises, não vai haver mais espaço no Brasil para não indios.”

            Boa pauta para o Brasilianas: onde iremos morar?

  17. Será que erraram?

    Os EUA nunca pretenderam implementar uma democracia nesses países.

    A questão a se perguntar é se os poços de petróleo antes controlados por governos nacionalistas estão hoje em mãos dos “states”…

    Vários dos contratos da Líbia eram com Rússia e China… Dizem que Kadafhi também pretendia substituir o dólar como moeda reserva…

    E existindo estado, vc tem que gastar mais dinheiro com funcionalismo público, escolas, hospitais, militares e tudo que estados minimamente organizados propiciam…

    Assim, hoje vc não tem mais estados e  são clãs controlando os poços de petróleo, negociando diretamente com os “states”. Como os clãs não gastam com hospitais, escolas e funcionalismo, seus gastos são apenas caminhotes novas e armas modernas… Não precisam produzir nada!! Nesse sentido, o petróleo é negociado ainda mais barato.

    Talvez, os EUA não previssem que a desestabilização iria gerar essa massa de refugiados… Mas será que isso é importante para os EUA? Os refugiados não vão atravessar o oceano atlântico… Aliás, a maioria dos refugiados nem para a Europa vão, ficam uns 8% por lá, a maioria tem ido para Turquia, Irã, Paquistão, Líbano, Jordânia e Etiópia…(http://www.cartacapital.com.br/revista/871/o-exodo-do-seculo-xxi-3395.html)

  18. O Comandante Supremo da OTAN,

    O Comandante Supremo da OTAN, General de Philip Breedlove, declarou durante uma Conferência de Imprensa no Pentágono, no dia 30 de outubro (“Department of Defense Press Briefing by General Breedlove in the Pentagon Briefing Room”, October 30, 2015) que a situação na Síria estava evoluindo rapidamente e ameaçava a segurança na Europa. Evoluindo rapidamente em direção a uma derrota total do Estado Islâmico e a uma vitória completa da Rússia e do governo sírio, com os bombardeios aéreos intensos e precisos possibilitando o avanço progressivo das tropas governamentais e a seguida recuperação de cidades, vilas e áreas estratégicas, como aconteceu nesta semana passada com a retomada da base aérea de Kowaires, que significa praticamente a retomada da cidade de Aleppo, segunda maior do país. Esta base aérea e uma estrada que lhe dá acesso foram tomadas pelo exército governamental graças a um acontecimento completamente inusitado na guerra – a cooperação entre russos e agentes da inteligência da própria oposição síria, que estão agora colaborando ativamente com a Rússia, o que deve ter deixado os Estados Unidos embasbacados.   

    Depois dos bombardeios russos, a maior parte da infraestrutura do Estado Islâmico está destruída. Muitos de seus maiores líderes foram mortos, mas a Rússia ataca também outros grupos terroristas na Síria, como o braço da Al Qaeda chamado Frente Al Nusra e o grupo terrorista “Jaysh al-Islam”, apoiado pela Arábia Saudita, cujo líder máximo, o famoso mercenário Zahran Alloush, foi morto por um formidável bombardeio russo que destruiu seu bunker subterrâneo. Combatentes terroristas fogem aos montes para a Turquia e para o Iraque. E com isso, o parlamento do Iraque aprovou uma moção para permitir aos russos que bombardeassem seu território onde se encontravam focos do Estado Islâmico, mas de imediato os Estados Unidos conseguiram vetar esta permissão, vista por eles como suprema humilhação, já que o Iraque é quase um país ainda ocupado. Atitudes assim emperram e atrasam a derrota total do EI.

    Quando o general Breedlove fala que a derrota do Estado Islâmico diante da Rússia iria ameaçar a segurança da Europa, ele certamente faz uma previsão bem fundamentada de que, fracassando no intento de tomar o mundo, ou pelo menos de tomar a Síria e se definir como grande estado, o EI se concentraria para seu segundo objetivo: O terrorismo contra os países que o atacam. Isto ameaçaria em primeiro lugar a Rússia, mas também a segurança de países como a França, que já apoiaram grupos terroristas com o fim de derrubar Assad e retalhar a Síria em sete pequenos países, mas que ultimamente vinham também bombardeiando o EI na Síria e no Iraque.

    Uma coisa é certa: O Estado Islâmico não chegaria onde chegou, com tamto poder e tanta organização e em muito pouco tempo, sem a ajuda intensa de algum grande país.

    E para o povaréu ocidental, as notícias são destorcidas, em função da acirrada guerra de informação semi-oculta que EU + UE estão a levar contra a Rússia. Neste contexto, vemos a imprensa ocidental, por exemplo a rede Globo no Brasil, destorcer as notícias com o fim de sempre atacar a Rússia, em qualquer oportunidade. A rede Globo falou em seu noticiário matutino que a Rússia só tem atacado os rebeldes apoiados pelos Estados Unidos para derrubarem o “ditador” Assad e têm deixado o Estado Islâmico agir em paz. Nada mais distante da verdade.

  19. Pessoal vou dizer a verdade

    Pessoal vou dizer a verdade aqui e futuramente talvez você vejam que eu estava certo. O objetivo dessa bagunça toda no OM é acabar com os Estados Nacionais fortes, dividir a Síria e o Iraq, e quem sabe futuramente também a Jordânia e outros, para que se tornem pequenos conclaves tribais, e com isso ocupar e dominar por completo, alí tem outro recurso que pouca gente se lembra, além do pétroleo, é a agua dos rios Tigre e Eufrates.

    1. Pois é, parece que a

      Pois é, parece que a existência de Saddam Hussein, Kaddafi e outros similares fariam parte do curso da história em direção à formação de estados nacionais que acabariam superando, do jeito que fosse, as divisões tribais, religiosas ou outras. Isto não aconteceria da noite para o dia, é claro.  O que estão fazendo é interferir no curso da história pra que isso não aconteça. Além disso, a localização geográfica da Síria é estratégica e um governo (ou desgoverno) pró ocidente poderia permitir que seu território se tornasse rota para petróleo e gás que atualmente tem que fazer a volta e cruzar o Canal de Suez para chegar ao Mediterrâneo, entre outras coisas. Estarei muito errado? A coisa toda envolve muitos detalhes, mas, a grosso modo, parece que adotaram duas ideias: O inimigo do meu inimigo é meu amigo e Dividir para reinar. Tá dando nisso aí.

  20. André, divirjo frontalmente na análise histórica do Islã.

    O Islã tem que ser visto no seu aspecto histórico não através dos Mujaidines do Afeganistão, este país é um país de islamização tardia já na época em que o Islã perdia o seu esplendor como civilização mais avançada e liberal que o ocidente.

    Temos que comparar o comparável, o islã dos séculos VIII até o século XIII, onde o Islã era o centro cultural de todo o mundo ocidental. Esta época é conhecida como a idade de ouro do Islã. Se compararmos estes séculos com a região dominada pelo catolicismo pode-se dizer o inverso do que na primeira frase “Um vasta civilização baseada na religião, na etnia e nos clãs.” , mas desta vez para os países cristãos.

    Ou seja, são 500 anos em que a cultura greco-romana foi conservada exatamente pelo Islã e não pelo oscidente tradicional.

    Agora voltando ao Afeganistão, no século XIII, exatamente no fim da idade de ouro do Islã, ele é invadido pelos mongóis criando um processo de perda de memória cultural que é parcialmente recomposto posteriormente, porém torna-se uma região sem nenhum referencial cultural.

    Por outro lado, outro foco do atraso do Islã está exatamente na Arábia Saudita, este país simplesmente não existia até que 1774 unem-se forças Muhammad bin Saud, o patriarca da dinastia Saud com o um reformador do Islã, Muhammad Abd Al-Wahhab, dando origem ao movimento Wahhabista, este sim responsável por toda a regressão cultural e civilizatória do Islã.

    Não esqueçam que movimentos como  Irmandade Muçulmana no Egito, a Al-Qaeda e o Estado Islâmico do Iraque e do Levante são todos eles movimentos Wahhabistas.

    Até a Arábia Saudita começar a subvencionar Mesquitas e escolas religiosas por todo o mundo, o islamismo xiita e sunita tradicional conviviam com os países em que existiam sem maiores problemas.

    Lembre-se que os Wahhabistas lutam contra os xiitas desde os primórdios do seu movimento, festas religiosas dos xiitas são proibidas.

    Desde a revolução no Irão o ocidente tomou os xiitas como os radicais muçulmanos, simplesmente porque o governo da Arábia Saudita e de outros países do golfo adotam uma política liberal em termos de exportação de petróleo, e como para os norte-americanos isto é sinal de civilização eles são tidos como aliados. No Catar e  Emirados Árabes Unidos 47% e 45% da população são wahhabistas, enquanto na Arábia Saudita, onde eles são 23% da população eles são tidos como a “minoria dominante”.

    A simplificação que o ocidente faz com o Islã, e como foi feita neste artigo é uma das origens dos problemas e da manipulação dos governos dos grandes países com o objetivo de confundir a todos.

    O wahhabismo é a origem de todos estes movimentos terroristas, porém como eles são “bonzinhos” e vendem o seu petróleo sem nenhuma pergunta, o que é passado para o público em geral é a mesma imagem que há décadas era utilizada para os orientais, ou seja, são todos iguais, japoneses, chineses, vietnamitas….

    O trabalho de doutrinação que são feitas em escolas religiosas financiadas pela a Arábia Saudita é imenso, por isto os franceses, por exemplo, querem impedir toda e qualquer construção de mesquitas excetuando aquelas que são financiadas por muçulmanos franceses.

     

    Só para documentar, leiam:

    http://www.theguardian.com/world/2010/dec/05/wikileaks-cables-saudi-terrorist-funding

    Descreve o financiameno da Al Qaeda e de outros pela dinastias do Golfo.

    1. Não falei absolutamente nada

      Não falei absolutamente nada sobre o Afganistão, um territorio não arabe islamizado e que tem uma historia bem distinta das antigas provincias turcas dispersadas após a queda do Imperio Otomano. Poucos sabem que o Imperio Britanico ao tempo da Rainha Vitoria travou quatro guerras no Afganistão, uma região de eternos conflitos e onde nunca teve Estado.

  21. Sobre o ponto feito acerca da

    Sobre o ponto feito acerca da suposta falta de visão do governo americano, discordo. Primeiro, os EUA não erraram ao criar e fortalecer o ISIS, muito pelo contrário. O ISIS é peça fundamental da estratégia norte-americana de desestabilizar o Oriente Médio, estratégia essa, por sinal, adotada em outros países, como Ucrânia e mesmo o Brasil(vide o tópico sobre um ex-agente duplo cubano).

    Segundo, o belicismo americano não está orientado para a defesa dos interesses nacionais daquele país, mas para os interesses econômicos de uma plutocracia que se apoderou da máquina do Estado desde meados do século passado(denunciada pelo Fareweel Speech do presidente Eisenhower).

    1. Certeza absoluta.

      Período de 10 anos ou mais de paz mundial é o terror para o governo americano.

      Enquanto o oriente médio for assim os EUA ficam tranquilos.

  22. Salutar artigo

    Interessante observar que o André teve o cuidado de classificar Bashar como um “ditador moderado”. O Bashar chegou ao poder porque o seu irmão Bassel morreu em 1994 o e pai, Hafez, encarregou-se de mandar pro exílio o próprio irmão, Rifaat (que mora ainda hoje em Londres). Sobrou o Bashar, tido no mundo árabe como uma sombra do irmão Bassel. Inimigo jurado de Israel, era óbvio que o estado sirio seria o próximo, por se tratar de um governo baathista e alauita (xiita, como o Irã e a maioria no Iraque).

    Tenho pra mim que a catástrofe do colapso do impêrio otomano e o vácuo que ficou, com o desenho de fronteiras aritificiais como o acordo Sykes-Picot, está na origem do desastre. Como bem diz o André, a miopia e a estupidez da política externa americana é um fator altamente complicador.

  23. Acho que os erros americanos

    Acho que os erros americanos começaram bem antes, por ocasião da revolução iraniana em 1979, e também na ajuda aos afegãos contra os soviéticos no mesmo ano.

    No Irã, para combater o aiatolá Khomeini, armaram o Iraque até os dentes e fomentaram uma guerra sangrenta entre os países que durou quase uma década. Além de não resultar na queda de Khomeini, ainda armou o Iraque para invadir o Kuwait, desestabilizando ainda mais a região e jogando os preços do petróleo nas alturas.

    No Afeganistão, processo parecido, armaram os afegãos até os dentes para combater os invasores soviéticos, época de guerra fria. O máximo que conseguiram foi fomentar o nascimento do talibã e o fortalecimento de Osama Bin Laden, aliado histórico da família Bush que tanto mal criaria no futuro aos americanos.

    Daí para o processo de primavera árabe não demorou, e estados seculares como o Iraque de Saddam e a Líbia de Gaddafi se desfacelaram totalmente e desaguaram no Estado Islâmico, sem rosto a ser combatido e com o poder de espalhar o terror pelo mundo.

    E pensar que o IDH da Líbia já foi o maior da África, um dou poucos países do continente a apresentar um alto padrão nesse quesito. Hoje o que vemos é uma grande parte da população líbia fugindo do caos que virou o país para tentar entrar na Europa, aumentando ainda mais o contingente de refugiados.

  24. Não entendo a política de

    Não entendo a política de censura do blog. Fiz comentários lógicos, educados e sem ofensas, mesmo assim foram censurados.

    Parece que o blog tenta orientar as discussões em certo sentido, impedindo algumas manifestações de opinião.

    1. Sabe por que? É que o senhor

      Sabe por que? É que o senhor coloca a culpa de absolutamente tudo nos americanos. Só falta dizer que as barragens ruiram por sabotagem estadunidense.

      1. Não coloco a culpa de tudo

        Não coloco a culpa de tudo nos americanos, nesse tópico, apenas constatei o óbvio: os americanos armaram e treinaram os membros do ISIS e da Al-Qaeda, o que é um fato reconhecido até pelos próprios americanos.

        Impressionante é a posição de gente como o senhor, que não vê qualquer responsabilidade dos americanos, “eles apenas treinaram e armaram o Estado Islâmico, só isso”!

        Esse é um tipo de cinismo e mau-caratismo que beira a insanidade.

    2. Pelo que sei, quem é usuário

      Pelo que sei, quem é usuário cadastrado tem seu comentário publicado automaticamente; para sofrer “censura” só se depois o comentário for denunciado.

      1. Os comentários nem foram

        Os comentários nem foram postados, alguns são, outros, não. Não entendo o critério.

        Parece que há vários moderadores, também. Há vezes que nenhum comentário discordando do André Araújo são postados.

        1. Sim, mas talvez não foram

          Sim, mas talvez não foram postados por ineficiência do trabalho dos moderadores e não por censura.

          Experimente se cadastrar e depois verifique se os seus comentários são sempre publicados automaticamente.

  25. Sou apenas uma curiosa …

    Estou tentando juntar as peças nesse tabuleiro tão dificil e tão distante da nossa cultura herdeira da Razão  e do Iluminismo. O Andre só confirma minhas suspeitas. Os Estados Unidos possuem as piores lideranças de nosso tempo. São tão “fundamentalistas” quanto aqueles que eles dizem combater. Não conseguem raciocinar para além da invenção de um “inimigo” a quem devem combater, em nome da humanidade.  Ora o “comunismo”, ora o Irã, e por ai vai. São  simplorios e estupidos. Foram assim com Cuba, com o Vietnam, e agora com o Oriente Medio. É preto no braco, sem nenhum tom de cinza. Também nunca me enganei com as revoltas no Egito, na Tunisia, na Libia e por ultimo na Síria. De “revolução” ou “primavera” nada tinham. Representam um retrocesso feroz, um retorno ao Islã medieval da época dos califados. Um horror.  

    1. A meu ver o primarismo da

      A meu ver o primarismo da diplomacia americana se deve ao imediatismo dos interesses de suas corporações e ao servilismo daquela aos interesses de Israel. As Colinas de Golã, parece que escondem um lençol petrolífero… 

    2. A época de ouro do Islã foi a dos califados

      …um retorno ao Islã medieval da época dos califados.

      Entre os séculos IX e XIII, quando a Europa estava mergulhada na Idade Média e dividida em cerca de 5 mil unidades admnistrativas, com mais de 90% da população vivendo como servos em uma unidade feudal, o mundo árabe, mobilzado pela crença no Islã, estava muito mais bem estruturado politicamente. Um califado era uma estrutura bem similar a um Estado não democrático sob uma realeza. O mundo árabe tinha a cultura mais avançada da época. A Renascença e a Revolução Científica devem muito à cultura árabe, que precedeu esses dois movimentos culturais europeus.

      Além do mais, o Islã da época era muito mais tolerante do que o cristianismo. No Califado de Córdoba, muçulmanos, cristãos e judeus viviam em harmonia, do que resultou uma cultura muito rica. Exemplo emblemático dessa harmonia é o fato de o vizir (espécie de primeiro ministro) de um dos califas de Córdoba ter sido um judeu. Não sou islâmico, na verdade não professo qualquer religião. Mas acho que a visão de que o islamismo seja inerentemente intolerante é incorreta e também a maior barreira para que sua intolerância atual seja superada. 

       

  26. Preciso o post do senhor

    Preciso o post do senhor Andre. Parece que também já leu Uma historia dos povos árabes, de Albert Hourani. Esta obra é básica para os que pretendem conhecer as motivações atuais dos povos islamitas. A afirmação contida no post que a base é de religião, etnia e clãs é demonstrada no referido livro. O senhor André acerta tambem quanto ao fator desestabilizador. O verdadeiro instigador de uma provavel catástrofe mundial chama-se Benjamin Netanyahu. 

  27. Não, a Primavera Árabe não criou o ISIS

    Nassif e caros, o ISIS foi formado em sua grande maioria por ex-combatentes iugoslavos (bósnios e croatas) de fé islâmica, reagrupados por ocasião da dissolução daquele país para lutar contra os sérvios. Aliciados por setores de comunidades de inteligência ocidentais (MI6, CIA, e afins), armados e patrocinados por estes, foram a espinha dorsal de uma lista e um grupo cujo arquivo é mantido a sete chaves no Depto. de Estado dos EUA…

    O nome deste arquivo era Al-Qaeda Mahlumat – cuja tradução literal do árabe significa “banco de dados”…

    Hoje, este mesmo grupo trabalha a soldo da Casa de Saud – tendo sido grandemente aumentada por terroristas sauditas, da facção islâmica sunita (esta ainda mais radical que a xiita, ao contrário do que a mídia internacional nos faz crer). Apesar do acrescimo tardio de árabes, o grupo original de chefes e lugares-tenentes (todos de formação militar sólida) sempre foi formado por uma maioria islâmica branca, caucasiana e de origem européia!

    O AA sabe disso, certamente…

    P.S.: Recomendo veementemente o documentário “Zero – uma investigação sobre o 9/11”, de Dario Fo. Là, muitas das origens do terrorismo internacional (especialmente o “terrorismo de estado”) são desmascarados

  28. Baathismo e Iraque

        Caro Mestre Andre,

         Vc. já sabe minha opinião, a solução de compromisso que poderia ter controlado os clãs tribais, as diferenças de interpretação religiosa ( caso dos islamicos ), o convivio entre credos diferentes, como cristãos ocidentais, orientais, minorias judaicas e de crenças regionais, poderia ter sido o “baathismo”, cuja unico representante que sobrou é Al Assad, que é um ditador , bem menos sanguinario que seu pai – para a região é quase um “democrata”.

          Mas o “desbastamento” do baathismo, do nacionalismo arabe laico, foi torpedeado pelas pótencias ocidentais inserido no contexto da guerra fria, e posteriormente, já nos ’90/10, pela péssima condução da politica externa norte-americana, feita tanto para agradar o lobby AIPAC, como o fortissimo lobby ( que a midia insiste em não reconhecer ), exercido em Washington/Londres/Paris, pelas monarquias do Golfo.

           Iraque: O Baath iraquiano, muito próximo ao Baath sirio, mesmo quando Saddam exercia ditatorialmente o poder, era bem capilarizado nas instancias controladoras da sociedade, mesmo que o poder central fosse emanado diretamente do Clã Al-Tikrit , na estrutura politca do Baath havia espaço para outras “tribos”, incluindo cristãos e xiitas, algo que a idiotice americana reduziu a pó.

            Vc. comenta sobre o desmonte do exército iraquiano, o qual conheci relativamente ( anos 80/90 ); eram “dois exércitos”, um deles o “regular”, poderia ter sido desmobilizado sem consequencias – era um lixo, “carne para canhão” – mas as divisões ( 3 titulares + 2 reserva ) da Guarda Republicana, altamente treinadas, experimentadas em batalha, profissionais, deveriam ter sido mantidas ( um ou dois atuais “estrategistas” do Daesch foram comandantes graduaods da GR ), outra “cagada” americana, foi ter acabado com a Mukhabarat iraquiana ( serviço secreto interno ), e em uma descisão absurda, terem deixado os iraquianos levarem a maioria dos arquivos existentes.

             Hoje, pelo que sei, por algumas informações que me chegam ( arabes falam demais, e lembram de vc. – como eles dizem – “pelas batidas do coração ” ), é mais facil o atual exercito iraquiano negociar armamentos com o ISIS do que combate-lo, que as unidades que mais atuam em combate, são as milicias xiitas apoiadas por membros iranianos da “Força Quds – IRIRG ( Islamic Republic of Irã Revolucionary Guards ), que na vitória recente iraquiana, o “corte” da estrada entre Mossul ( Iraque ) e Raqqa ( Siria ), “cintaram” as unidades regulares iraquianas.

    1. A melhor forma de passar uma

      A melhor forma de passar uma mentira é contá-la embalada em verdades…

      Esse vídeo começa apresentando fatos e contextos históricos verdadeiros, mas bate na mesma tecla de que a Síria vive uma guerra civil enquanto em nenhum momento fala que a luta é travada contra combatentes estrangeiros que são financiados, armados e conduzidos para dentro da Síria por Estados bem conhecidos.

      Ou seja, não é uma guerra civil, é uma guerra de invasão cujo objetivo é impedir por tabela a ascensão da hegemonia do Irã no Oriente Médio que constitui o ponto de alavanca para a derrubada de todas as monarquias do Golfo; o que por sua vez seria o fim da festa dos petrodólares.

      1. Prezado Cesar Ferreira,

        A “didática” do vídeo não adentra no sentido do seu comentário (o interesse e/ou intervenções de outros estados), eis que, apenas, explica a origem da crise naquela região.

  29. Inacreditável que o Iraque

    Inacreditável que o Iraque para onde muitos operários brasileiros iram trabalhar na Mendes Jr e noutras empresas brasileiras lá instaladas (e expulsas após a invasão e, hoje, expulsas do Brasil pelo lavajato do mouro), a par do seu ditador sanguinário, fosse se transforma nisso:

    Fotos mostram Estado Islâmico jogando gays de cima de prédios

    http://extra.globo.com/noticias/mundo/estado-islamico-volta-divulgar-fotos-de-gays-sendo-atirados-de-predio-16340241.html

     

     

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