São Paulo quer mudar nomes de ruas que homenageiam a ditadura

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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“Quem já se propôs a morrer pela democracia sabe o valor desse ato”, disse o prefeito Fernando Haddad no evento
 
 
Jornal GGN – A prefeitura de São Paulo lançou, nesta manhã (13), o projeto Ruas de Memória, para retirar o nome de violadores dos direitos humanos das ruas da capital. A partir das primeiras modificações, o projeto pretende estender e, progressivamente, alterar os nomes de logradouros e equipamentos públicos de São Paulo que fazem referências a pessoas, fatos ou datas vinculadas à repressão durante a ditadura militar. 
 
No mesmo evento, que contou com a participação do prefeito Fernando Haddad, do Secretário de Direitos Humanos da cidade, Eduardo Suplicy, do Secretário-adjunto da pasta, Rogério Sotilli, da coordenadora de Direito à Memória e à Verdade, Carla Borges, e da procuradora presidente Comissão Especial Sobre Mortos e Desaparecidos Políticos, Eugênia Gonzaga, foram encaminhados à Câmara dos Vereadores dois projetos de lei sobre o tema.
 
Um deles impede novas nomeações de logradouros com nomes de violadores e o outro propõe alterar o nome do Viaduto 31 de Março para Viaduto Thereza Zerbini. O local, que fica próximo ao Terminal Parque Dom Pedro, no centro da cidade, foi batizado em homenagem ao golpe de 1964 por um decreto do então prefeito Paulo Maluf. Therezinha Zerbini foi responsável pela criação do Movimento Feminino pela Anistia, em 1975.
 
 
“É inaceitável que pessoas que notadamente cometeram crimes e graves violações aos direitos humanos continuem a ser reverenciadas como referências nacionais em nossas ruas, pontes, avenidas e praças”, afirmou a Coordenação de Direito à Memória e à Verdade, na divulgação do evento.
 
O programa, segundo a pasta, “representa reparação simbólica fundamental para as vítimas diretas destes crimes, demonstra o reconhecimento do Estado dos crimes cometidos por seus agentes e o posicionamento de que não tolerará mais esses atos, traz à tona para toda a sociedade a verdade sobre os fatos e personalidades presentes no cotidiano das cidades e ajuda a reconstruir a memória histórica do país, a partir da valorização da cultura democrática e de promoção dos direitos humanos”. 
 
“Quem já se propôs a morrer pela democracia sabe o valor desse ato”, disse o prefeito Fernando Haddad, durante o lançamento do programa.
 
Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

34 Comentários

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  1. Nomes de ruas

    Deviam aproveitar e retirar o nome do jornalista (sic) Roberto Marinho, da antiga avenida Águas Espraiadas, que a ex-prefeita Marta Suplicy, ex-PT, quis e homenageou, durante o seu mandato, esse apoiador de golpes do regime militar!  

    1. São Paulo vai muito bem. A

      São Paulo vai muito bem. A cidade é uma maravilha. Aqui, todos passeamos de bicicleta nas magníficas ciclovias muito bem construídas e, agora, ao que parece, poderemos até nos dar ao luxo de estender cadeiras de praia na Av. Paulista aos domingos.

      Afinal, vivemos numa São Paulo mais humana, então soa injusto termos ruas com nomes de pessoas ligadas à ditadura.

      Tudo é perfeito aqui. Os hospitais funcionam que é uma beleza, o transporte é excelente, o serviço público de um modo geral é exemplar.

      Portanto, o prefeito tem tempo de sobra para se dedicar a essas causas. E vai ter mais ainda, daqui a um ano, quando tomar um pé dos eleitores.

       

      Haddad, a maior piada – de mau gosto – que sentou na cadeira de prefeito.

       

      1. Daqui há um ano você, que

        Daqui há um ano você, que como todo paulistano deve ter PhD em política, poderá escolher no 2o Turno entre Datena e Russomano. Good luck para a sua cidade! 

  2. bandeirantes

    Sugiro também eliminar as “homenagens”  aos facínoras, sanguinários, genocidas chamados de bandeirantes, assim como a implosão da horrenda estátua do borba gato.

  3. Questionável!…

    Deveria ser proibido mudar nome de logradouros públicos, isso sim! Não dá para apagar a história. Essas coisas aconteceram, que fiquem registradas, pois são verdadeiros testemunhos da história política deste País, tanto para o bem quanto para o mal!…

    Esclarecedor é saber que um prefeito chamado Paulo Maluf  homenageou o Golpe de 31 de março com nome de rua!…

    Ora, a contra-revolução paulista de 32 é cheia de homenagens em São Paulo!…

  4. Uma boa oportunidade para nós

    Uma boa oportunidade para nós mineiros continuarmos ( sua derrota, aqui, nas últimas eleições foi só o início) a  nos redimir por termos permitido o surgimento do Aócio(DEPENDENTE CÍNICO DAS DROGAS DA DISSIMULAÇÃO E DO ENGODO).  O político mais NEFASTO e HIPÓCRITA já produzido nesse Estado.

    1. O comentário está deslocado.

      O comentário está deslocado. Postarei no devido lugar que é o post sobre o SARAU PELA DEMOCRACIA. Desculpem-me.

  5. A idéia é boa, o timing é

    A idéia é boa, o timing é péssimo. Isso gera custo pra população. Alteração contratual, atualização de endereço nos órgãos, etc. A prefeitura vai arcar com estes custos do contribuinte? No papel é lindo, mas não vai refazer a história. Melhor focar em iniciativas pro presente/futuro. Os ditadores já estão no lixo da história, não é isso que vai mudar

     

    1. No lixo da história… é… estão sim… mas…

      …basta ver as faixas nas ruas pedindo Intervenção Militar pra gente perceber que muita gente ainda quer a volta deles.

      O prefeito está corretíssimo! É um acinte essas homenagens que São Paulo presta a esses ditadores.

      Mas agora está aberta a oportunidade para homenagear os jornalistas que apoiaram o golpe, como a Marta Suplicy fez trocando o nome da “Águas Espraiadas” para “Jornalista Roberto Marinho”.

      Tem lógica isso? :S

  6. Alguém tem uma lista desses

    Alguém tem uma lista desses nomes? Me lembro de cabeça: Elevado Costa e Silva, Pnte Estaiada, Avenida jornalista (jornalista?) robert marinho, havia uma praça se não me engano com o nome do fleury, ….Concordo com quem sugeriu implodir o borba gato, avenida dos bandeirantes, etc.. Meu Deus como São Paulo é reaça! 

  7. Quanta hipocrisia… como se

    Quanta hipocrisia… como se isso fosse resolver as mazelas do país.

     

    Se é pra apagar os vestígios do governo militar. deviam demolir a ponte Rio-Niteroi, as usinas de Angra, Itaipu e quase toda a infraestrurura do país nos “anos de chumbo”.

     

    Aí podem trocar os nomes para Che Guevara, Karl Marx, Fidel Castro, Hugo Chavez, Vladmir Lênin, Josef Stalin…

     

    Quem sabe, até Adolf Hitler, afinal ele era nacional-SOCIALISTA, não é mesmo??

     

  8. “Rua dos Pingussos” me soa

    “Rua dos Pingussos” me soa otimo pra Sao Paulo -nao eh la que Todos Os Delegados Sao Pingussos?  Exceto pelos delegados de merda evangelicos, claro, ruas deles vao se chamar “Rua dos Pingussos Evangelicos Trebados”.

    “Avenida dos Milicos de Merda” ta excelente pra Belo Horizonte.

    “Alameda Judicioides Hemorroides” ta otimo pro Parana, claro.

    Em Brasilia em si nao cabe nome de rua, tem que ser coisa como “Bloco 24 da quadra 171”!  Evidente que os “Blocos 7 das Quadras 7” so cabem no bairro Gilberto Solomao, mas…

    Ambos Maranhao e Amapa aceitam tranquilamente qualquer rua chamada “Abjeta Nodoa Deflorada”.

    Pra nao mencionar a “Viela Torturas” do Rio de Janeiro…

  9. mudança de nome de rua homenageando a ditadura

    É interessante a mudança, porém não mudaria por outro nome em caso de nome dos chamados presidentes da época da ditadura, apenas faria uma modificaçao simples, exemplo: Rua General Castelo Branco, mudaria para Rua Ditador Gen. Castelo Branco. Assim poderemos fazer com que a pessoas lembrem quem foi realmente essas pessoas e ao mesmo tempo estaremos reconduzindo a história como ela realmente foi e portanto estaremos ensinando a população a realidade do que foi a Ditadura Militar.

  10. coisa de gente que não tem o

    coisa de gente que não tem o que fazer né?

    arrumam umas Ongs chapa branca para sair dizendo por ai que é o povo que ta pedindo isso…rs

  11. Entendo a iniciativa, mas

    Entendo a iniciativa, mas penso de outra forma. Acho que o correto seria manter esses nomes, com textos curtos e explicativos sobre essas figuras. Rua Marechal Castelo Branco, por exemplo “conspirou contra a democracia, insurgiu-se contra a ordem institucional e implantou um regime de ditadura responsável pela morte e tortura de brasileiros”. Porque se formos levar a idéia a sua raiz, deveríamos repensar as Praças Pedro II (escravidão e guerra do Paraguai, etc), Arthur Bernardes (governou sobre estado de sítio todo o mandato), Getúlio Vargas, etc…etc…História é história, não se pode pagá-la, pode-se e deve-se reescreve-la quando necessário.

    1. caro Sergio,
      Não !!!
      Temos

      caro Sergio,

      Não !!!

      Temos que abrir todas as frentes possíveis para resgatar a história deste pais.

      Passar por uma rua com nome de torturador, incomoda mais do que perder uma eleição.

      Temos que mostrar alguma diferença do que estava ai, mesmo que pagamos um preço por isto.

      Grande iniciativa do prefeito.

       

       

       

       

      1. Perder eleição, dependendo

        Perder eleição, dependendo para quem, significa paralizar obras, diminuir empregos e oportunidades, frear investimentos em educação e cultura que venham a impedir que erros cometidos no passado voltem a ocorrer, seria sábio escolher o momento oportuno, para levar a cabo determinados projetos.

        Imperativo determinar prioridades.

  12. Não concordo

     Memórias de épocas tenebrosas, devem sim ser colocadas a claro, deixem o “Viaduto 31 de março” com este nome, e com a placa coloquem: Um atentado contra a democracia; já na Avenida Castelo Branco, que se coloque: Um dos ditadores militares; na rua Sérgio Fleury: que seja colocado – “assassino” e “traficante”, ou se for para ser mais claro: um “filho da puta”.

       Simbolismo mais importante, não é apagar a história recente, e sim mostrar aos paulistanos jovens, que não passaram pelas agruras da ditadura, pela censura, pelos desaparecimentos, pelas mortes ocorridas, que pessoas que são nomes de logradouros, foram responsaveis, ou no minimo colaboraram, para o que ocorreu, sendo tão mais “assassinos”, do que os que cometeram diretamente tais crimes – foram piores: ordenaram ou financiaram.

        Assim como, a Pça. Yara Yavelberg ( Pirituba), ou o Viaduto Honestino Guimarães ( Marginal Pinheiros – proximo ao Jd. São Luis ), deveriam possuir, abaixo de suas placas, um adendo: “assassinados pela Ditadura Militar”.

        Apagar a história, com um factóide – aliás bem a feição dos atuais promotores e do obnubilado Pref. Haddad – as novas gerações, pós – democratização, tem o direito e o DEVER, de serem expostas e aprenderem que tais nomes de logradouros, homenageiam assassinos, corruptos, inimigos da democracia, pulhas covardes, retratos de uma época tenebrosa, que não foi feita apenas pela conjuntura existente, mas que  pessoas a FIZERAM.

         Cada placa destas, é um aviso, cada vez que por elas passamos, elas nos auxiliam a lembrar , do que muitos sofreram para chegar aonde estamos, das torturas, da falta de liberdade, dos desaparecidos, dos mortos, da censura, do escarnio, da corrupção endemica, somente é possivel avaliar um caminho percorrido, se temos condições de olhar para trás, só assim é possivel impedir que tais fatos novamente ocorram.

     

  13. Vou além

    Sou contra nomes de bandeirantes também, assassinaram milhares de índios em suas buscas por ouro.

    Rodovias: Anhanguera, Fernão Dias, dos Bandeirantes, etc

    estátua de Borba Gato…..

    já é tempo de mudar 

  14. É complicado…

    Tiraram o nome da bela cidade bahiana  Mimoso do Oeste, e colocaram no lugar o nome do falecido filho do Antonio Carlos Magalhães. Nome de falecido pode nomear cidades, mas lá houve protestos.

    i62524.jpg

    No Maranhão tem (ou tinha?) cidades com os nomes de vivos, vivíssimos, Sarney e  Edson Lobão.  Quanto a esta última, o MPF deu 90 dias para trocarem o nome, mas será que trocaram? – No Maranhão, tudo é possível, como se sabe:

    http://g1.globo.com/ma/maranhao/noticia/2013/08/cidade-do-maranhao-tera-que-mudar-de-nome-segundo-justica-federal.html

    A regra ideal, a meu ver, seria que todas as ruas no Brasil tivessem nomes de árvores, flores, animais, não é?

    Porém, aí poderia ainda assim  haver  protestos por causa de Rua do Burro, rua do Jacu, rua do Jumento, rua da Periquita.

    Mas, sejamos diretos e francos:  mexer com esta história de nomes de ruas nas vésperas dos anunciados possíveis tumultos de domingo é tudo o que um Bolsonaro mais gostaria.

  15. Petraglias!

    Querem apaghar a memória maraveleosa do períodho em que os saudozos milictares esptavam no podher!

    Os petraglias chamam de Dictadura um tempo onde havia paz, ongde não havia corrupcção, onde os jorgnais sempre nocticiavam coisas boas a respeicto do Barasil. Era um momencto de felicidade, de ligberdade, onde as pessoa podia ir e vir livregmente.

    Agora os petraglias querem torocar os nomes dos peresidentes milictares e apagar a memória magnífica deste tempo dourado que tancto orgúlea os amanctes da Páctria!

  16. Aqui em Minas nos submetemos

    Aqui em Minas nos submetemos à suprema vergonha de manter “Magalhães Pinto” como nome oficial do nosso Mineirão. Passou da hora de extirpar essa excrescência. Ali é o lugar onde o povo se encontra com sua maior paixão e alegria. E, por falar em alegria, lembro que, por ter exposta toda a dissimulação e hipocrisia do pusilânime “Vovô” Tancredo no episódio das “Diretas Já”, a oligarquia mais conservadora e reacionária do país, que por aqui viceja, nunca permitiu que se homenageasse, com pompa e circunstância à altura do personagem, o nosso HENRIQUE DE SOUZA FILHO, o HENFIL . Fica a sugestão.
    Lembro que, ainda sob o regime militar, foi retirado de uma rua o nome do carniceiro agente americano, instrutor de práticas de tortura, Dan Mitrione e, ainda, recentemente um importante viaduto da Capital teve o nome “Costa e Silva” substituído pelo de Helena Greco, incansável militante de causas de interesse popular, notadamente a luta pela anistia e a dos Direitos Humanos.
    http://www.otempo.com.br/cidades/elevado-castelo-branco-passa-a-se-chamar-helena-greco-1.830940

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