Gilberto Maringoni
Gilberto Maringoni de Oliveira é um jornalista, cartunista e professor universitário brasileiro. É professor de Relações Internacionais da Universidade Federal do ABC, tendo lecionado também na Faculdade Cásper Líbero e na Universidade Federal de São Paulo.
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A privatização da testagem de uma doença pública, por Gilberto Maringoni

A pandemia se espalha no espaço público e tem de ser combatida por políticas públicas, ou de Estado, e não por lógicas privadas de mercado

Agência Brasil

A privatização da testagem de uma doença pública

por Gilberto Maringoni

De todos os crimes cometidos pela quadrilha que governa o país, nenhum é maior hoje do que a falta de testagem pública e gratuita para a covid-19. A isso se associa o providencial apagão de dados no site do Ministério da Saúde. Bolsonaro perdeu a sabotagem que pretendia fazer na vacinação, mas aqui ele segue com larga vantagem.

A falta de testes implica absoluto descontrole e perda de referências da difusão da variante ômicron e sucedâneas. Não se trata de desleixo.

OS TESTES PRIVADOS FORMAM a chance de ouro para que máfias oficiais ganhem grana graúda, como a planejada no caso das propinas que seriam cobradas de cada injeção aplicada. Foram pegos com a boca na botija pela CPI.

O teste antígeno Swab custa R$ 110 nas farmácias e o RT-PCR sai por R$ 350 em laboratórios. São preços estratosféricos que apenas uma minoria pode pagar.

Mas o central não é o preço (já absurdo), e sim a ideia de direcionar a testagem ao mercado. Tem direito ao diagnóstico quem pode pagar e tranfere-se o controle da pandemia da esfera pública para uma ordem privada e individual. Ou seja, o governo brasileiro estabelece um padrão censitário na prevenção da doença. Privatiza-se o combate a uma doença “imprivatizável” e cada um que se vire.

A UFABC – UNIVERSIDADE NA QUAL TENHO ORGULHO de ser professor – desenvolveu uma modalidade de testes simples, rápidos e eficazes, sem uso de nenhuma verba adicional ao seu já apertado orçamento. O custo da produção em pequena escala – para aferição inicial na comunidade acadêmica – é de R$ 20 por unidade. Não há royalties, não há patentes. A fórmula já pertence ao Estado brasileiro. Não é produzida em larguíssima escala – mo que baratearia custos – pela opção genocida do presidente da República e de seus cúmplices.

A pandemia se espalha no espaço público, isto é, no espaço estatal. Tem de ser combatida por políticas públicas, ou de Estado, e não por lógicas privadas de mercado (totalmente inúteis nesse caso).

VÁRIOS PAÍSES DA EUROPA já testam suas populações periodicamente e de forma gratuita. É o que devemos exigir aqui.

Gilberto Maringoni de Oliveira é um jornalista, cartunista e professor universitário brasileiro. É professor de Relações Internacionais da Universidade Federal do ABC, tendo lecionado também na Faculdade Cásper Líbero e na Universidade Federal de São Paulo.

Este texto não expressa necessariamente a opinião do Jornal GGN

Gilberto Maringoni

Gilberto Maringoni de Oliveira é um jornalista, cartunista e professor universitário brasileiro. É professor de Relações Internacionais da Universidade Federal do ABC, tendo lecionado também na Faculdade Cásper Líbero e na Universidade Federal de São Paulo.

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