Covid-19 – A pandemia segue seu curso. Vem aí a ressaca do Carnaval?, por Felipe Costa

Em números absolutos, os 20 países mais afetados estão a concentrar 73% dos casos (total de 509.451.952) e 71% das mortes (de 6.217.710)

Covid-19 – A pandemia segue seu curso. Vem aí a ressaca do Carnaval?

Por Felipe A. P. L. Costa [*].

RESUMO. – Este artigo atualiza as estatísticas mundiais a respeito da pandemia da Covid-19 divulgadas em artigo anterior (aqui). Em escala mundial, já são 509 milhões de casos e 6,22 milhões de mortes. No caso específico do Brasil, o artigo também atualiza os valores das taxas de crescimento publicadas em outro artigo da semana passada. Entre 18 e 24/4, os valores ficaram em 0,0457% (casos) e 0,0148% (mortes). As taxas seguem a cair, mas o ritmo de queda também caiu. É preocupante e de pronto levanta uma questão inquietante: Vem aí a ressaca do Carnaval?

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1. UM BALANÇO DA SITUAÇÃO MUNDIAL.

Levando em conta as estatísticas obtidas na noite de ontem (24/4) [1], eis um balanço da situação mundial.

(A) – Em números absolutos, os 20 países [2] mais afetados estão a concentrar 73% dos casos (de um total de 509.451.952) e 71% das mortes (de um total de 6.217.710) [3].

(B) – Entre esses 20 países, a taxa de letalidade segue em 1,2%. A taxa brasileira está em 2,2%. (Dois países vizinhos que também estão no topo da lista mostram os seguintes valores: Argentina, 1,4%; e Colômbia, 2,3%.)

(C) – Nesses 20 países, receberam alta 332 milhões de indivíduos, o que corresponde a 89% dos casos. Em escala global, 462 milhões de indivíduos já receberam alta [4].

2. O RITMO DA PANDEMIA NO PAÍS.

De acordo com o Conselho Nacional de Secretários de Saúde, foram registrados ontem (24) em todo o país mais 3.809 casos e 36 mortes. Teríamos chegado assim a um total de 30.349.463 casos e 662.646 mortes (compare com o conteúdo de artigo anterior).

Na semana encerrada ontem (18-24/4), foram registrados 96.845 novos casos – uma queda de 3% em relação à semana anterior (11-17/4: 100.216).

Entre 18 e 24/4, infelizmente, foram registradas ainda 686 mortes – uma queda de 2% em relação ao que foi anotado na semana anterior (11-17/4: 702).

3. TAXAS DE CRESCIMENTO.

Em dois anos (2020-2022) de esforço visando monitorar de perto o ritmo e o rumo da pandemia [5], sigo a usar como guias as taxas de crescimento no número de casos e de mortes. Ambas seguem em trajetórias decrescentes (ver a figura que acompanha este artigo), embora o ritmo de queda tenha quase que estacionado na última semana.

Vejamos os resultados mais recentes.

A taxa de crescimento no número de casos caiu de 0,0474% (11-17/4) para 0,0457% (18-24/4) – uma queda diminuta, mas, a rigor, a sexta queda consecutiva [6, 7].

A taxa de crescimento no número de mortes, por sua vez, caiu de 0,0152% (11-17/4) para 0,0148% (18-24/4) – igualmente diminuta, mas foi a décima queda consecutiva. Se nós ignoramos as semanas afetadas pela ‘pane de dezembro’ (ver a figura que acompanha este artigo), este valor é o mais baixo desde o início da pandemia.

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FIGURA. A figura que acompanha este artigo ilustra o comportamento das médias semanais das taxas de crescimento no número de casos (pontos em azul escuro) e no número de óbitos (pontos em vermelho escuro) em todo o país (valores expressos em porcentagem), entre 12/9/2021 e 24/4/2022. (Para resultados anteriores, ver aqui.) Note que alguns pares de pontos são coincidentes ou quase isso.

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4. CODA.

As médias semanais das taxas de crescimento (casos e mortes) seguem a cair (ver a figura que acompanha este artigo).

A taxa de mortes, especificamente, atingiu o valor mais baixo desde o início da pandemia (salvo os valores registrados durante a ‘pane de dezembro’).

Que as taxas sigam a cair é, sem dúvida, uma boa notícia [8]. Mas o ritmo de queda também caiu. É preocupante e de pronto levanta a questão: Vem aí a ressaca do Carnaval? (Ao longo desta e da próxima semana, com tantas autoridades sanitárias de braços cruzados, saberemos a resposta.)

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NOTAS.

[*] Há uma campanha de comercialização em curso envolvendo os livros do autor – ver o artigo Ciência e poesia em quatro volumes. Para mais informações ou para adquirir (por via postal) os quatro volumes (ou algum volume específico), faça contato pelo endereço [email protected]. Para conhecer outros artigos e livros, ver aqui.

[1] Vale notar que certos países atualizam suas estatísticas uma única vez ao longo do dia; outros atualizam duas vezes ou mais; e há uns poucos que estão a fazê-lo de modo mais ou menos errático. Acompanho as estatísticas mundiais em dois painéis, Mapping 2019-nCov (Johns Hopkins University, EUA) e Worldometer: Coronavirus (Dadax, EUA).

[2] Os 20 primeiros países da lista podem ser arranjados em 10 grupos: (a) Entre 80 e 85 milhões de casos – Estados Unidos; (b) Entre 40 e 45 milhões – Índia; (c) Entre 30 e 35 milhões – Brasil; (d) Entre 25 e 30 milhões – França; (e) Entre 20 e 25 milhões – Alemanha e Reino Unido; (f) Entre 15 e 20 milhões – Rússia, Coreia do Sul, Itália e Turquia; (g) Entre 10 e 12 milhões – Espanha e Vietnã; (h) Entre 8 e 10 milhões – Argentina e Países Baixos; (i) 6 e 8 milhões – Japão, Irã, Colômbia e Indonésia; e (j) Entre 5,7 e 6 milhões – Polônia e México.

Olhando apenas para as estatísticas (casos e mortes) das últimas quatro semanas, eis um breve resumo da situação atual: (i) em números absolutos, a lista está a ser encabeçada pela Coreia do Sul, com 5,08 milhões de novos casos; (ii) a lista dos cinco primeiros tem ainda os seguintes países: Alemanha (4,69 milhões), França (3,33), Itália (1,78) e Vietnã (1,64). O Brasil (507 mil) está na 12ª posição; e (iii) a lista dos países com mais mortes segue sendo encabeçada pelos EUA (14,14 mil); em seguida aparecem Reino Unido (8,94 mil) Rússia (7,51 mil), Coreia do Sul (7,23) e Alemanha (6,58). O Brasil (3,81) está na 7ª posição.

[3] Para detalhes e discussões a respeito do comportamento da pandemia desde março de 2020, tanto em escala mundial como nacional, ver os volumes da coletânea A pandemia e a lenta agonia de um país desgovernado, vols. 1-5 (aqui, aqui, aqui, aqui e aqui).

[4] Como comentei em ocasiões anteriores, fui levado a promover a seguinte mudança metodológica: as estatísticas de casos e mortes continuam a seguir o painel Mapping 2019-nCov, enquanto as de altas estão agora a seguir o painel Worldometer: Coronavirus.

[5] Para capturar e antever a dinâmica de processos populacionais, como é o caso da disseminação de uma doença contagiosa, devemos recorrer a um parâmetro que tenha algum poder preditivo. Não é o caso da média móvel. Mas é o caso da taxa de crescimento. Para detalhes e discussões a respeito do comportamento da pandemia desde março de 2020, tanto em escala mundial como nacional, ver qualquer um dos três primeiros volumes da coletânea mencionada na nota 3.

[6] Entre 27/12/2021 e 24/4/2022 (para as semanas anteriores, ver aqui), as médias semanais exibiram os seguintes valores: (1) casos: 0,0345% (27/12-2/1), 0,1472% (3-9/1), 0,2997% (10-16/1), 0,6359% (17-23/1), 0,7576% (24-30/1), 0,6544% (31/1-6/2), 0,5022% (7-13/2), 0,3744% (14-20/2), 0,2812% (21-27/2), 0,1389% (28/2-6/3), 0,1565% (7-13/3), 0,1268% (14-20/3), 0,1019% (21-27/3), 0,0750% (28/3-3/4), 0,0727% (4-10/4), 0,0474% (11-17/4) e 0,0457% (18-24/4); e (2) mortes: 0,0151% (27/12-2/1), 0,0196% (3-9/1), 0,0245% (10-16/1), 0,0471% (17-23/1), 0,0859% (24-30/1), 0,1212% (31/1-6/2), 0,1388% (7-13/2), 0,1320% (14-20/2), 0,1071% (21-27/2), 0,0661% (28/2-6/3), 0,0642% (7-13/3), 0,0463% (14-20/3), 0,0363% (21-27/3), 0,0275% (28/3-3/4), 0,0240% (4-10/4), 0,0152% (11-17/4) e 0,0148% (18-24/4).

[7] Sobre o cálculo das taxas de crescimento, ver os volumes da coletânea A pandemia e a lenta agonia de um país desgovernado, vols. 1-5 (aqui, aqui, aqui, aqui e aqui).

[8] Como escrevi em ocasiões anteriores, uma saída rápida para a crise (minimizando o número de novos casos e, sobretudo, o de mortes) dependeria de dois fatores: (i) a adoção de medidas efetivas de proteção e confinamento; e (ii) uma massiva e acelerada campanha de vacinação.

Cabe ressaltar que o ritmo da vacinação oscilou muito ao longo da campanha. Levamos 34 dias (24/8-27/9), por exemplo, para ir de 60% a 70% da população com ao menos uma dose da vacina. (Hoje, 25/4, este percentual ainda está em 85,23%.) Antes disso, porém, levamos 25 dias (9/7-3/8) para ir de 40% a 50% e apenas 21 dias (3-24/8) para ir de 50% a 60%. Sobre os percentuais, ver ‘Coronavirus (COVID-19) Vaccinations’ (Our World in Data, Oxford, Inglaterra).

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Redação

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