Presente de Mandetta ao Brasil, capitã cloroquina recorre ao STF para silenciar na CPI

Mayra Pinheiro entrou no governo Bolsonaro após vaiar médicos cubanos. Ela distribuiu cloroquina pelo Brasil e defende "autonomia médica" na pandemia

Jornal GGN – “Uma vida inteira dedicada a medicina, são mais de 30 anos de estudos, mestrados e doutoramentos até chegar ao Ministério da Saúde (sic)”. É assim que a doutora Mayra Pinheiro, a “capitã cloroquina”, se apresenta em uma rede social. Ela é um presente ao Brasil deixado pelo ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta, atraído pelo barulho que Mayra fez contra o programa Mais Médicos. Ela aparece em registros fotográficos de manifestação que recepcionou com vaias e xingamentos os médicos cubanos em Fortaleza, ainda em 2013.

Filiada ao PSDB, influente em entidades representativas de classe e candidata virtual ao Senado, Mayra assumiu a Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde (STGES) do Ministério da Saúde a convite de Mandetta antes mesmo de Jair Bolsonaro tomar posse como presidente da República. Na pandemia, ela recebeu a missão de distribuir o chamado Kit Covid por estados e municípios aliados do bolsonarismo, com destaque especial para o Amazonas, que recebeu o kit poucas semanas antes da capital viver uma grande crise de falta de oxigênio. Ela responde a uma ação de improbidade administrativa pela crise no sistema de saúde do Amazonas.

Mayra terá de explicar esse papel de “capitã cloroquina” na gestão desastrosa da pandemia, que já tirou a vida de mais de 430 mil de brasileiros, à CPI da Covid no Senado. Seguindo os passos do general Eduardo Pazuello, sucesso de Mandetta, a médica bolsonarista fanática recorreu ao Supremo Tribunal Federal em busca de um habeas corpus, para garantir o direito ao silêncio em questões em que ela pode se auto-incriminar.

Professora universitária, Mayra é quem ajuda Bolsonaro a pregar a “autonomia médica” como argumento para respaldar a distribuição de medicamentos que não têm eficácia comprovada no tratamento para coronavírus. Nas redes sociais, ela posta imagens defendendo incitando médicos a tomarem a coragem de decidir pelo “tratamento precoce”, desde que o paciente dê autorização.

No começo da pandemia, em março de 2020, ela compartilhou nas redes sociais uma peça de propaganda com o logo do Ministério da Saúde, não recomendando o uso de máscaras.

Mandetta, então líder da bancada de médicos na Câmara, viu em Mayra uma voz estrondosa no ataque ao programa Mais Médicos. Provavelmente a bolsonarista será questionada sobre isso na CPI. Essencialmente contra a atuação de cubanos nos rincões do Brasil, ela insiste que o programa tinha “distorções”. Foi incumbida por Mandetta de providenciar uma legislação nova para o programa, que “contempla a formação médica, o ensino nas universidades, especialização de profissionais e o Programa de Valorização do Profissional da Atenção Básica (Provab).”

Pediatra, Mayra também foi presidente do Sindicato dos Médicos do Ceará. A entidade emitiu uma nota em apoio a Bolsonaro, que vem sendo chamado de genocída por políticos e cientistas brasileiros, além de setores da comunidade internacional. Para Mayra, a culpa pela tragédia humanitária no Brasil, contudo, é de governadores e prefeitos que não “dificultaram” a entrada do tratamento precoce em suas regiões.

Segundo dados do jornal O Globo do último final de semana, Bolsonaro enviou 1,3 milhão de comprimidos de cloroquina até dezembro de 2020 a estados e municípios, sendo 80% deles para aliados. Os estados que mais receberam o medicamento foram Minas Gerais, Santa Catarina, Amazonas e Roraima. Eles ficaram 646 mil comprimidos distribuídos pelo Ministério da Saúde apenas entre setembro e dezembro de 2020.

Redação

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