Andre Motta Araujo
Advogado, foi dirigente do Sindicato Nacional da Indústria Elétrica, presidente da Emplasa-Empresa de Planejamento Urbano do Estado de S. Paulo
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Carga rápida no crescimento, por André Araújo

Carga rápida no crescimento, por André Araújo

Os dados sobre a queda no setor de serviços em maio são assustadores. Transportes caíram mais de 9% em relação a maio de 2015, cabeleireiros, lanchonetes, lavanderias… todos os setores de serviços caíram entre 6 e 9%, uma tragédia porque são setores que empregam muita gente.

Hoje estive em uma fábrica de móveis para escritório. Marca nobre. O faturamento necessário e que conseguiam até meados de 2014 era de R$ 3 milhões mensais. Este ano têm faturado em média R$ 300 mil por mês. Têm 200 empregados. Vão demitir todos e fechar. Essa é uma realidade entre firmas médias. Como disse o dono, quem vai comprar móveis de escritório se estão fechando andares inteiros de escritórios? Um terço dos clientes está na Lava Jato, estão se desintegrando, estão vendendo tudo, até mesas e cadeiras, não têm mercado para móveis novos.

O Brasil esta afundando numa recessão brutal nunca vista antes e persiste nos fatores que causaram essa recessão.

1. Política monetária restritiva, não só juros absurdos mas também pouco dinheiro em circulação. Ontem havia no Brasil R$ 208,8 bilhões de meio circulante físico em Reais para um PIB, em 2015, de R$5,9 trilhões, o que dá 3,53% do PIB. Nos EUA existe US$1,46 trilhões em circulação para um PIB de US$17,9 trilhões, o que dá 8,13%,. Portanto os EUA tem um meio circulante duas vezes e meia maior que o do Brasil. A pergunta é PORQUE o Brasil tem tão pouco dinheiro em circulação? Pior ainda, nível parado: em 2013 era de R$199,6 bilhões, um crescimento de 5% em três anos, muito abaixo da inflação. A falta de liquidez na economia é impressionante, irracional.

Falta de liquidez, falta de crédito, economia travada pela política monetária e só vai ficar pior com a política econômica minimalista, medíocre, de “trazer a inflação para o centro da meta”, enquanto o problema real da economia não é a inflação, é a recessão. Pouca moeda em circulação, Real valorizado muito além da lógica, moeda forte e economia em ruínas. Como se pode, diante da realidade à vista de todos, propor tal política monetária insana?

2. Falta de um programa agressivo de estímulos ao investimento em infraestrutura, mais de 1.500 obras paralisadas, imensas carências em saneamento, moradia, ferrovias, prédios escolares em péssimo estado pelo Brasil todo.

Um Banco de Obras S.A. com R$1,6 trilhão de capital terminando obras e jogando pesado na infraestrutura, o desembolso é espaçado, a base produtiva tem enorme capacidade ociosa, enquanto há desemprego não haverá inflação na mão de obra, estímulo à economia produtiva (e não ao consumo) puxa a saída da recessão.

3. A Lava jato precisa encerrar seus trabalhos para permitir o início de uma nova fase de crescimento, que necessita de um clima de otimismo fundamental para uma retomada. Prisões anunciadas como troféus e desmantelamento de empresas grandes e tradicionais, não há processo de crescimento nesse clima.

Todo ciclo de crescimento exige ousadia. JK fez o Brasil crescer com audácia e correndo riscos. Amanuenses da austeridade, contadores de feijões, gente que conhece economia só pela tela do computador e que nunca pisou em um chão de fábrica ou em um pátio de transportadora não tem o faro fino, a sensibilidade para dar saltos na economia.

Presidente algum vai puxar o crescimento com planilheiros que não entusiasmam nem seu motorista, e que jamais irão transmitir aquela faísca essencial para criar um “clima” de entusiasmo para os empresários ousarem.

Crescimento não é obra do acaso, exige elementos psicológicos definidos, liderança, disponibilidade de moeda, crédito em abudância, pouca burocracia, apoio da máquina toda voltada para o desenvolvimento, como foram os 30 grupos de trabalho de JK, ambiente pró-negócios, campanhas no exterior para trazer investidores.

Sem uma concentração de vários fatores o Brasil não sai da crise.

Andre Motta Araujo

Advogado, foi dirigente do Sindicato Nacional da Indústria Elétrica, presidente da Emplasa-Empresa de Planejamento Urbano do Estado de S. Paulo

39 Comentários

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  1. A imprensa agravou a crise

    A imprensa agravou a crise econômica espalhando pânico, amplificando a crise política e paralisando o governo Dilma Rousseff.

    Ao levar o país para o fundo do poço, Rede Globo, Estadão, Veja e Folha conseguiram o que desejavam: entronizar Michel Temer.

    Mas nem Temer (um imbecil desonesto e incompetente cercado de marginais que querem ficar impunes), nem a imprensa (que gosta de extorquir rios de dinheiro do Estado para falar bem do “novo governo”) conseguem debelar a crise que eles mesmos criaram.

    A única forma de resolver o impasse será mediante um artifício: desviar a atenção da população.

    Quem será o inimigo interno que o governo ilegítimo e sua imprensa sórdida apontará como causador do fracasso da economia, do país e do Estado: o PT.

    Os petistas que se cuidem. Além de perderem o poder serão tratados como bodes-expiatórios de uma nova ditadura brutal. 

     

  2. Minha proposta de mais de 15 anos atrás, ZPE 100 pelo Brasil

    Já que no oficial não dá mais, como o Brasil é soberano no seu território, crie Zonas Especiais de Produção espalhadas por este Brasilzão afora, umas 100 pelo menos, com no mínimo 100 hectares cada, o terreno é uma migalha perto da extensão territorial do país, não vai fazer a menor falta e os empreendimentos e a arrecadação que irão proporcionar, fora as divísas em outras moedas, vão cair do Céu.

    O que está ai não tem mais jeito, logo é o que é, não vai mudar, importa é começar de novo, evitando os erros do passado e harmonizando com o antigo.

    Política interna com P maiúsculo.

    O Temer não irá propor isto, vamos precisar de alguém que tenha visão empreendedora no comando e espírito animal correndo nas veias, gente que goste trabalhar, produzir, lucrar e desfrutar dos ganhos do seu empenho.

    Em suma, vamos precisar Acordar o Brasil!

    Acorda, Brasil!

  3. Carga rápida no crescimento, por André Araújo

    Realmente a condução econômica tem sido ruim. Com o governicho Temer aprofundou-se pela completa incapacidade de gestão face à fraqueza, movimentos interessados e a premente necessidade de se manter.

    Quanto à lava-jato diria que o melhor, a longo prazo, seria a imparcialidade, a estrita legalidade nos trabalhos do “grupo”. A corrupção no Brasil, existente desde 1500, é um mal a ser duramente atacado e sem vieses ideológicos, partidários ou messiânicos. Aos que se locupletam com o dinheiro público o destino deve ser a prisão.

    Entretanto, vemos uma aparente divisória temporal e indeológica nos trabalhos. Ficou famoso o “não vem ao caso” além de delações que, a julgar pelo que corre na rede,  só são aceitas se incriminarem os suspeitos adrede definidos.

    A punição de corruptos e corruptores não pode resvalar para a redução ou destruição de empresas nacionais e profundamente inseridas no processo econômico. Isso só serve aos interesses estrangeiros.

    Sou mais mais pela continuidade e aprofundamento das investigações dentro do estrito marco legal e sem vieses, preservando-se as empresas com a introdução de governanças transparentes e éticas segundo a legislação vidente.

  4. Nosso castelinho de cartas
    Para o nosso castelinho de cartas bastou pequeno sobro. E desmoronou.

    Sua visão é bacana, romântica, daria um bom enredo de quadrinhos.

    O buraco entretanto é muito mais fundo, abrange outro nível de conhecimentos.

    1. Se você acha esta análise táo

      Se você acha esta análise táo absurda, e, além disso, diz que o buraco é mais fundo. Pode nos explicar com sua mente brilhante o quê quer dizer com isso?

    2. Então,  esse buraco “muito

      Então,  esse buraco “muito mais fundo”  demanda uma análise com “outro nível de conhecimentos” que o André Araújo não tem? Sendo assim, é de supor que vc certamente possui a capacidade de abordar a questão com mais saber. Poderia, assim, nos brindar com uma análise mais profunda, com o “nível de conhecimentos” necessário,  segundo a sua avaliação. 

  5. Como o objetivo (unico) é
    Como o objetivo (unico) é trazer a inflação pra o centro da meta a qualquer preço, enxugar o meio circulante faz sentido. O Collor e a Zélia bloquearam todas as contas bancárias do país não foi?
    Tem maluco pra tudo que acha que somos todos ratinhos de laboratório.
    O problema é a lógica do médico que para eliminar a doença não se importa de matar o doente.

    1. O mias impressionante é que

      O mias impressionante é que em um Pais com uma ABUNDANCIA de bons economistas, alguns muito experientes

      e com visão MACRO da economia se aceita um banqueiro de banco medio que nem existe mais cuja carreira foi construida a base de carissima assessoria de imprensa para aparecer como “personalidade do ano” e que não consta que tnha grande conhecimento de economia que por sua vez indica um economisa estrangeiro de papel, cultura, sotaque e postura para presidir o Banco Central, mas será que não tinha outro?  O Brasil tratado como um pequeno pais centro americano.

      O Presidente do Banco Central precisa ter dimensão nacional, o pior é que na sabatina no Senado ninguem tem o trabalho de sabatinar o sujeito, nos EUA 20% dos indicados pelo Presidente e que são sabatinados no Senado NÃO são aprovados.

  6. Digo com conhecimento de

    Digo com conhecimento de causa que a maioria dos seus empresários são incompetentes demais para prosperarem sem se envolverem com a criminalidade. E se isso não é ruim o bastante por si próprio, o seu governo atual é claramente contra o seu próprio país (coisa que eu mesmo sendo estrangeiro discordo, por  preferir lidar com parceiros ao invés de vassalos). Vocês estão voltando para um modelo de “colônia” dos tempos medievais aonde toda a produção é destinada para exportação e dane-se o mercado interno, com o seu empresariado cometendo novamente o erro de acreditar que os seus empregados “vêm das árvores” e que eles não precisam comer, se vestir e muito menos morar em algum lugar.

  7. Duro é ler em blogs sobre

    Duro é ler em blogs sobre automóveis, autores, colunistas achando que o real valorizado é uma boa. Fica subentendido pelo simples fato de carrões importados ficarem mais acessíveis para uma minoria endinheirada do Brasil (bem que eu queria um corvette, mas ao preço do emprego e renda de quantos milhões?)

  8. e o dólar descendo a

    e o dólar descendo a ladeira…..Com juros beirando a zero no mundo o Brasil é um oásis pro capital especulativo.

    A única chance é se as comodities continuarem a escalada de recuperação dos preços e assim atrair investimento

    externo. Fora isso é o que o André colocou, recessão brutal e prolongada.

  9. Perfeito o comentário do

    Perfeito o comentário do economista André Motta Araújo, a não ser pelo fato elipsado de que estamos com recessão e inflação, aí a receita é outra, não cabe aumentar a liquidez.

  10. Lesa-Pátria

    Profundos e memoráveis ‘agradecimentos’ aos serviços lesa-pátria do juizinho Sérgio Moro e os moleques liderados por Deltan Dellagnol. ‘Heróis’ de apostilas e gibis, deslumbrados com viagens à terra do Tio Sam: sonho padrão de promotores e juízes veersão “sessão da tarde”.

    Rezem! 

  11. Meio circulante brasileiro é adequado e cresceu muito

    Em 1993, último ano antes da implementação do Plano Real de Itamar Franco, o meio circulante no país não chegava a 01 por cento do PIB. 

    Hoje está aproximadamente em 3,5 por cento do PIB. Ou seja, um aumento de quase 300 por cento no meio circulante nacional em menos de 25 anos! 

    A atual recessão não tem nada a ver com o meio circulante nacional. Aliás, e para destacar, não tem absolutamente nada a ver com o meio circulante nacional. 

    Dá para escrever uns 187 textos a respeito dos fatores que ajudaram a aprofundar a recessão em Pindorama.

    Em nenhum destes textos, por ser uma tese absurda, cabe a questão do meio circulante nacional. 

    Quanto à Lava Jato, já está no final mesmo. Mas atribuir a recessão única e exclusivamente a essa operação é um disparate completo e absoluto. 

    Que tal falar, entre outros pontos relevantes, nas desonerações fiscais e na terrível queda no valor das commodities, que atingiram o piso no ano passado?

    1. http://www.diariodopoder.com.

      http://www.diariodopoder.com.br/noticia.php?i=60180791970

      O meio circulante é adequado a 14 MILHÕES DE DESEMPREGADOS, não é mesmo?

      Quanto ao preço das commodities, caiu para todo mundo, para o Chile, Peru, Colombia, Mexico, paises que tiverem crescimento bem positivo apesar da queda das commodities, como explicar?

      A recessão brutal tem sim varios fatores mas um dos centrais é a absurda POLITICA DE JUROS ALTOS, unica no mundo.

      O resto do mundo está com juros abaixo da inflação, juros negativos ou de 0,5% ao ano são a regra.

      Porque a desoneração fiscal causou recessão?   Gostaria de saber a relação de causa e efeito.

      1. O resto do mundo e um pequeno detalhe
        Caro André, de fato a maioria dos países estão praticando juros baixíssimos, quando não negativos.

        Porém, nenhum destes países apresenta inflação sequer próxima da inflação brasileira. Queira ou não, o país tem profundos problemas estruturais que impedem a inflação de cair mesmo em um clima de recessão.

        Lembrando que a inflação promove a transferência de renda da sociedade para o governo, um imposto disfarçado.

        1. https://ineteconomics.org/ide

          https://ineteconomics.org/ideas-papers/blog/another-banking-crisis-in-europe-this-time-save-banks-not-bankers

          Os EUA tem inflação, pequena mas tem e a taxa basica está em 0,5% ao ano, ABAIXO DA INFLAÇÃO AMERICANA,  na Europa há uma só moeda portanto a analise é unica, no Japão há secularmente um excesso de poupança, é uma economia especialissima, sem comparação com a europeia ou a americana.

          Juros positivos acima da inflaççao no Brasil poderia ser hoje 10%, porque 14,25% ? Dez  por cento menos inflação é ainda juro real, na Europa e Japão não tem juro real acima da inflação.

      2. .

        O meio circulante, como eu disse no comentário anterior, aumentou em quase 300 por cento nos últimos vinte e poucos anos. É evidente que um aumento nesse meio circulante poderia injetar um certo ânimo na economia, mas isso não é o fundamental. Em 1993, como também já foi dito, o meio circulante era de menos de 01 por cento do PIB e o país cresceu economicamente. 

        Falar da política monetária dos EUA, da Zona do Euro, do Reino Unido ou do Japão, entre outros, para contrastar com a política monetária brasileira, é uma falácia. A Zona do Euro tem taxa de juros de zero por cento ao ano porque a inflação é microscópica (quase uma deflação). O mesmo vale para o Japão. Aliás, os países centrais não tem feito outra coisa nos últimos anos, de 2008 para cá, que não seja uma tentativa desesperada e pertinaz para impedir que a deflação se instale e arrebente de vez as suas economias. Aí está a explicação básica para a política monetária ultra expansionista. 

        O Brasil não tem nada a ver com deflação, muito antes pelo contrário. Não consegue sequer ter uma inflação condizente com a meta oficial do Banco Central. Para tentar resumir, se pode dizer o seguinte: tivesse o Brasil a taxa anual de inflação que tem a Alemanha, o Japão ou os EUA e a nossa taxa Selic seria similar às taxas de juros que existem nestes países. Por outro lado, se japoneses e alemães tivessem tido uma inflação de mais de 10 por cento no ano passado (caso do Brasil), as suas respectivas taxas de juros JAMAIS estariam no patamar atual, de zero por cento ao ano. 

        Finalizo, para demonstrar cabalmente que o debate econômico não se resume a taxas de juros ou a meio circulante, dizendo que a Espanha e a Grécia, que tem taxas de juros de zero por cento ao ano, estão com 24 por cento de desempregados (mais que o dobro do Brasil). 

        Ah, e antes que eu me esqueça: as desonerações fiscais impedem que o governo tenha dinheiro em caixa para fazer investimentos. O empresariado entesourou as desonerações e não investiu um centavo furado. Melhor seria retirar esta ampla gama de renúncias fiscais para que o governo gerasse ele própria a demanda agregada. 

  12. Essa informação da fabrica de
    Essa informação da fabrica de moveis de escritório, é a confirmação do tenho enfrentado ultimamente, pelo que sou um pequeno varejista de moveis de escritório e digo que em 10 anos de portas abertas, se a situação não melhorar, ficarei igual ao fabricante.

  13. Você continua sonhando com os tempos da bossa nova…

    Você continua sonhando com os tempos da bossa nova, do otimismo de JK, dos cinquenta anos em cinco, depois o “milagre” dos militares… tudo isso feito à custa de emissão de moeda. O Brasil cresceu, mas depois a conta chegou, e chegou pesada. Chegou nos anos 80, e foi paga pela minha geração. Não vou esquecer disto.

    Conforme eu já expliquei aqui muitas vezes, a mágica do crescimento daqueles anos foi possível graças a um contexto específico da época. O Brasil de 50, 60 anos atrás era um país jovem e tinha uma baixa carga tributária. Assim dava para hipotecar a futuro em benefício do presente, bem como criar um “imposto inflacionário” para bancar as obras. Mas agora isso acabou. O Brasil de hoje é um país cheio de aposentados e com alta carga tributária. É tarde, o jantar já foi vendido para pagar o almoço. Tentar repetir esse receituário nas condições presentes só vai surtir como efeito a destruição de todas melhorias que a estabilidade da moeda proporcionou à população nos anos Lula, uma sandice tão grande que nem Dilma quis fazer, do contrário estaríamos hoje em situação idêntica à da Venezuela e da Argentina.

    O remédio é tocar um CD de bossa nova e chorar, porque o relógio só anda para a frente.

    1. O seu pensamento segue

      O seu pensamento segue certilhas. Como vc explica a mega crise financeira de 2008 nos EUA, quando o Tesouro foi obrigado em prazo curtissimo a desembolsar US$730 bilhões no programa TART, para a economia não implodir pelo efeito cascara, quando todas as peças do “”mainstream economics” estavam  lá direitinho no tabuleiro?

      Como cv explica nesse contexto a quebra de um banco super solido e centenario como Lehman Bros. que sempre fez tudo direitinho e como explicar que dias antes as agencias de rating deram excelente nota ao Lehman Bros.?

      Economia não é matematica e nem racionalidade absoluta, há fatores politicos, piscologicos, geopoliticos, historicos que alteram os quadradinhos das cartilhas, há muito mais fantasmas nos desvãos do que se ensina na PUC-rIO.

      O Plano Real NÃO corrigiu as distorções historicas da economia brasileira, apenas as empurrou para debaixo do tapete e

      e fiNgiu que estaVA tudo resolvido pela troca de moeda, mera operação grafica que não alterou as distorções historicas que antes tinham gerado inflação e continuaram agora agravada pela estabilidade, durante os 50 anos de inflação os os funcionarios do Estado ganhavam pouco porque a inflação comia os salarios deles durante o ano mas em compensação tinham, estabilidade, aposentadoria integral e trabalhavam muito menos do que os empregados das empresas privadas, hoje os sAlarios dos funcionarios dos quadros de carreira são muito maiores do que os da iniciativa privada, motorista de tribunal ganha mais que gerente de banco privado e as vantagens antigas continuam as mesmas, então temos um Estado pagando supersalarios de 80 mil por mês, dinheiro que nem empresario medio leva para casa, porque estabilizaram a moeda e esqueceram de corrigir as causas de inflação.

      A inflação ajudava a pagar a conta das distorções, sem inflação a conta ficou muito mais alta e qubrou o Estado brasileiro.

      Meu caro, vc tem excelente nivel de conhecimento mas deu um pulo para fora do quadrado e veja como pode funcionar uma economia dentro do caos, caos no Brasil e no mundo, regrinhas não servem para vc guiar no caos de transito de Napoles,

      tampouco regras de bom comportamento  servem para o super caos do Brasil economico e politico.

      O mundo europeu estava com serissimas distorções economicas pelo excesso de ortodoxia , o Brexit é apenas a primeira dessas manifestações contra o bom mocismo, pense fora do quadrado, apud Joseph Stiglitz, Premio Nobel de Economia.

      1. Economia, alhos e bugalhos

        Comparar a atual crise brasileira com a crise americana de 2008 ou a atual crise européia que gerou o Brexit, é misturar alhos com bugalhos. O Plano Real não corrigiu distorções históricas da economia brasileira, nem era esse o seu propósito. A derrubada da inflação é condição sine qua non para qualquer projeto econômico sustentável a longo prazo, mas por si só não faz isso. É possível ter um setor público inchado com supersalários dentro de um quadro econômico estável. Todo pai de família sabe que somente poderá obter uma conquista a longo prazo, como comprar uma geladeira ou um automóvel, se não gastar mais do que recebe no fim do mês, mas isso é condição necessária, e não condição suficiente. Afinal, nada impede que ele gaste em bebida o dinheiro que deveria pagar a prestação da geladeira ou do automóvel, mesmo que no geral continue gastando menos do que ganha no fim do mês.

        A inflação ajudava a pagar as contas das distorções porque agia como um imposto invisível, ora abatendo altos salários, ora tapando rombos das contas do governo, mas era uma fórmula tosca e malévola, pois a inflação tende a concentrar renda – quem tem aplicações no banco lucra com a inflação, quem só tem papel moeda sai perdendo. Os governos antigamente gostavam da inflação justamente por causa disto, ela permitia criar um novo imposto sem aquela chatice de ter que comprar deputados no congresso, mas o resultado final era a desordem e a concentração da renda.

        Um bom exemplo da ingenuidade com que os governantes antigos julgavam a inflação pode ser encontrado em uma passagem narrada no livro de memórias de Roberto Campos, intitulado Lanterna de Popa. Ele estava conversando com o presidente Juscelino Kubitchek, que lhe disse: “sou contra emitir moeda para aumentar o funcionalismo, mas sou a favor quando se trata de fazer obras”. Como se a cédula que sai da prensa da Casa da Moeda estivesse ciente de prestar-se a um salário ou a uma obra! Atualmente é possível implantar chip´s que controlam o saldo de um cartão, mas um chip capaz de discernir se a cédula serve ou não ao progresso do país, isso por enquanto está além das possibilidade da tecnologia.

        Em tempo: não leio cartilhas, leio livros e observo a História. Concordo que a economia não é matemática nem racionalidade absoluta, e é um grande perigo julgar que domina todos os fatores intervenientes. Um bom exemplo de como essa pretensão pode provocar a ruína de um país inteiro por mais de uma geração é encontrado em uma carta enviada pelo então presidente argentino Juan Domingo Perón a seu colega chileno, isso uns 60 anos atrás, quando a economia argentina estava “bombando” e o dinheiro circulava a rodo. Escreveu ele:

        “Dê ao povo, sobretudo aos trabalhadores, tudo o que for possível. Quando achar que está dando demais, dê mais ainda. Verá os resultados. Como de costume,todos procurarão assustá-lo com o fantasma do colapso da economia. Mas é tudo mentira. Não há nada mais elástico do que a economia, que todos temem porque ninguém entende”

        Tampouco ele entendia…

        1. Meu caro, vamos reduzir os

          Meu caro, vamos reduzir os fatores a seus elementos mais simples. De um lado o Pais tem 14 milhões de desempregados, fabricas de cimento, aço, tubos de concreto, pedreiras, extração de areia,  temos um parque de maquinas para construção mais de 60% ocioso, as maquinas estão paradas, temos sem necessitar de importação todos os faotes para um extenso programa de obras para saneamento, moradias, rodovias.  Toda essa movimentação fisica da economia não tem impedimentos ou limitações externas, os desempregados de uma forma ou de outro consomem alimentos, luz,

          usam o sistema de saude. Qual o fator IMPEDITIVO dessas pessoas trabalharem em obras de infra estrutura ou diretamente ou indiretamente nas fabricas que suprem essas obras, se todos os fatores necessarios para esse investimento que puxará a economia para o ciclo virtuoso do crescimento estão aqui dentro do Pais? Não precisamos usar reservas internacionais para reiniciar a economia em um ciclo de crescimento, o que impede esse relançamento da economia atraves de investimentos necessarios? Na minha opinião a extrema limitação mental de uma forma de pensamento que não consegue ver as conexões politicas da economia fora de formulas matermaticas.

          Regimes de paises em ruinas usaram a moeda como combustivel de uma fase de grandes investimentos que fizeram a economia crescer, essa foi uma decisão politico por politicos e não uma decisão economica por economistas.

          Não confunde a ditado de Peron, completamente irracional com programas inteligentes de recuperação economica

          DESDE QUE não existam fatores limitantes na area externa. Se os fatores estão todos dentro do Pais , qual a limitação?

           

          1. Se fosse assim…

            As condições operacionais e materiais para manter as fábricas produzindo existem? Sim, existem. Mas se as coisas fossem assim, então tudo o que o presidente americano Herbert Hoover precisaria fazer no dia seguinte à quebra da bolsa de Nova York seria um discurso no rádio nesses termos: “As fábricas continuam onde estão? Os navios continuam indo e vindo carregados de suprimentos? Os trabalhadores estão a postos? Então declaro a crise encerrada!” – E no dia seguinte todos os desempregados estariam de volta ao trabalho…

            Produzir é bom, desde que se produza aquilo que o consumidor possa e deseje consumir. E a vontade de produzir sempre existe, tanto da parte do empregador quanto da parte do empregado. Se a sua visão se encerra nos portões da fábrica, então tudo o que você tem a fazer é ordenar ao contramestre do turno para iniciar as atividades. Mas se você expande a sua visão ao país inteiro, verá que a economia é algo muito mais complexo. Mal comparando, é como uma fábrica gigantesca onde não existe um gerente, e cada máquina trabalha independente do todo, obedecendo apenas às forças invisíveis do mercado que incidem sobre ela. Esse mecanismo gigantesco pode facilmente sair de sincronismo, e então o remédio é parar tudo e ver o que há de errado. É quando saem os engenheiros e entram os economistas. Os sintomas do desarranjo são os indicadores econômicos como a inflação, e ignorá-los é tão estúpido e perigoso quanto ignorar os sintomas de uma doença.

  14. Não sai…

    Excelente texto que apresenta um alerta dramático da situação do país.

    Observando a frase final:

    “Sem uma concentração de vários fatores o Brasil não sai da crise.”

    E lembrando do GOLPE e dos LADRÕES alojados no gabinete GOLPISTA ilegítimo, vendo a atuação lamentável de um Congresso mafioso, um MPF ensandecido com a ilusão do poder absoluto e sem compromisso com o País e um judiciário completamente omisso, preocupado cada qual com o seu prórpio (e presíssimo) RABO, só podemos chegar a uma triste e desanimadora conclusão:

    O BRASIL NÃO SAI DA CRISE

     

    1. Milícias e a quebra do Estado de Direito

      Pior, o que já estamos assistindo no Rio de Janeiro, com a tropa da Força Nacional sitiada num campo de concentração pelas Milícias, ou seja, um governo paralelo ao oficial, que não jurou a constituição e se move por regras própias indica o processo de secessão de território nacional.

      Não é o que o Brasil não sai da crise, o Brasil está num estágio adiantado de pré-guerra civil.

      O Caos está na porta e os fatores elencados pelo Andre para fazer o país andar logo logo não existirão mais.

      A banca, antes de perder o privilégio prefere arrazar o Brasil, está é a verdade. O PSDB é o executor desta maldade contra a Nação e a população, não há escapatória.

  15. Cobremos a Moro,Globo e

    Cobremos a Moro,Globo e cia,não consigo entender que depois deste caos, tem político fazendo

    chacota com o momento,deram um chocolate a Kátia Abreu de nome GOLPE,como empresários

    ainda anunciam na GLOBO? Sabe, ñ são mais golpistas,são LESA-PÁTRIA mais grave ainda !!!

  16. “Inflação” falsificada

    Excelente artigo, Sr. Araújo, concordo e acrescento mais: O Brasil, tem muitas outras causas além das que o Sr. especificou, para ter “inflação” e recessão ao mesmo tempo.

    Os economistas brasileiros não sabem o que falam, ou melhor, eles até sabem, mas seus patrões, os bancos os obrigam a dizer apenas argumentos pró juros.

    Como um país pode ter recessão e inflação ao mesmo tempo? Ter falta de liquidez e inflação?

    Seria como ter muito sol, numa noite chuvosa.

    A explicação é simples. A forma como se mede “inflação no Brasil, é falsa. Em países mais desenvolvidos, muitos fatores estariam de fora da tabela de cálculo inflacionário. Por exemplo, uma safra ruim de tomates que ocasionasse preço alto, jamais deveria ser computada como “alta inflacionária”. Isto são sazonalidades do clima, flutuações na oferta e procura, causada por agentes naturais. Na verdade a inflação brasileira é bem mais baixa do que anunciam.

    Somente a emissão de dinheiro sem lastro, ou aumento de impostos sem contrapartida de melhoria de serviços poderiam ser computada como inflação, mas não como inflação de demanda, e sim como inflação administrada. A inflação administrada jamais seria combatida com alta de juros, pelo menos não em países de primeiro mundo. A alta dos juros, ao contrário, criam mais inflação ainda, pois endividam o governo obrigando-o a aumentar mais ainda os impostos. Por isto o centro da meta dificilmente será obtido com alta de juros, antes que o país despenque do abismo.

    Alta do dólar sendo considerada inflação, é outro absurdo. Deveriam descontar a alta do dólar no cálculo inflacionário. Tudo é desculpa para aumentarem a Selic.

    Tudo isto é sabido dos bancos, porém estes em sua ganância,( como a parábola do escorpião que atravessava o rio sobre o casco de uma tartaruga, e a ferroou , com ambos morrendo afogados), estes bancos preferem destruir o país, e se destruirem consequentemente, à renunciar à sua pressão por alta de  juros na Selic.

    Vespeiros na economia que ninguém tem coragem de enfrentar.

     

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    Eu poderia citar muito mais, como o fato de os impostos brasileiros incidirem sobre o setor produtivo, e pouparem o improdutivo, como no caso do imposto por herança, um dos mais baixos do mundo, em contrapartida a Japão EUA e Europa, onde este imposto chega a 50% do valor do imóvel.

    Temos muitos escorpiões ferroando a nossa economia, que está na iminência de morrer afogada, levando os escorpiões consigo para o fundo do rio.

    1. Temos é deflação e não inflação

      Venho apontando isto desde o começo do ano, o Dólar mais barato, as comoditties mais baratas, etc… ou seja, o Real está se valorizando e não desvalorizando, por isto o desemprego galopante que estamos assistindo.

      Mas eu falar não vale, né.

    2. Impressionante como todos amam a inflação

      Impressiona ver a benevolência com que todos aqui encaram a inflação, o maior fenômeno concentrador de renda já criado, a ponto de maldizer o seu combate, dizer que é falsificada, desviar a atenção para outros aspectos que nada têm a ver, etc. etc. Virou uma cultura. Está inculcado na mentalidade dessa gente que a inflação é a mãe do progresso, e que o Plano Real foi uma grande sacanagem.

      Pode haver recessão e inflação ao mesmo tempo? É claro que pode. Você esqueceu, ou omitiu deliberadamente a triste década perdida, os anos 80.

      Então você acha que o problema da inflação pode ser resolvido expurgando alguns ítens de seu cálculo, como o tomate e os preços puxados pelo dólar? Foi isso que Cristina Kirshner fez na Argentina. Pergunta se ela venceu a eleição… Pois é, falsificar os índices é fácil, difícil é convencer o povão no supermercado que os preços não aumentaram.

      Os bancos não lucram mais com juros altos, pois com juros altos menos gente pode tomar empréstimos. Vender muitos ítens baratos para os pobres sempre rendeu mais do que vender poucos ítens caros para os ricos, sejam esses ítens automóveis ou empréstimos. Quem determina a alta dos juros é o governo, e a causa primal da inflação tem sido a emissão de moeda sem lastro pelos bancos estatais. Os juros altos pagos pelos particulares permitem que os empresários amigos-do-rei paguem juros baratinhos aos bancos estatais.

       

      1. Comentário ingênuo

        Caro Sr. Mundim. Seu comentário foi de uma ingenuidade tal que decidi responder-lhe.

        Primeiro: Comparar a inflação de hoje com a da era Sarney, é absurdo, naquela época a inflação chegava a quase 2000 % ao ano (1989) e hoje  chegamos a 10%. só para se ter uma idéia, na era JK, a inflação anual era de 25% ao ano. Comparação fora da realidade. A década perdida de 80 que o Sr. citou não tinha nem de longe o desemprego de hoje, e o PIB crescia muito mais vigorosamente do que hoje, mesmo com inflação galopante.

        Segundo: O maior tomador de emprestimos dos bancos não é o publico, mas sim o governo; quando emite titulos do tesouro, o governo empresta dos bancos, por conseguinte, quanto mais o juros subir, mais o banco lucra. E faça chuva ou sol, o governo continua a emitir titulos da divida interna.

        Terceiro: comparar a inflação da Argentina com o Brasil, é outro absurdo. A inflação Argentina é de 35% ao ano, e a nossa de 10%.

        Quarto, aumento de juros não diminui na inflação, mas sim gera a recessão que o Sr. falou. A recessão é real, mas a inflação é administrada pelo governo, no nosso caso. Não é uma inflação de demanda, mas sim de alta de impostos para cobrir gastos do governo. aumentar juros não resolve, só piora.

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