O pior Natal brasileiro de todos os tempos, por J. Carlos de Assis

O pior Natal brasileiro de todos os tempos

por J. Carlos de Assis

Este é o pior Natal de todos os tempos na história do país. Mais do que milhões de desempregados e subempregados tem sofrido, mais do que centenas de milhares de trabalhadores tem perdido em renda e perspectiva de vida, mais do que o povo tem enfrentado com insegurança generalizada, mais que tudo isso tivemos a tragédia de caminhar para o fim de um ano sem ter a menor idéia do que pode acontecer no próximo. A indefinição começa pela atitude já prenunciada pelo tribunal federal de Porto Alegre, politicamente enviesada no sentido de impedir a candidatura de Lula.

É evidente que esse não será ainda o começo da guerra civil. A guerra civil vai começar quando os resultados da política de Meirelles/Temer mostrarem de forma plena seus frutos malignos. Alguma coisa já se percebe como conseqüência da aplicação da lei trabalhista: dezenas de milhares de trabalhadores são despedidos em larga escala para se converterem em pessoas jurídicas e com isso serem obrigados a se filiar a alguma previdência privada comandada pelo sistema bancário.

O grau de torpeza social desse processo se revela quando examinamos essas demissões e estímulo ao subemprego em confronto com a situação econômica do país. Não importa quanto dinheiro de propaganda o Governo despeje na grande mídia, especialmente na Globo, pois continuamos em forte contração. Se fosse numa situação normal  de flutuação de crescimento, o desemprego poderia ser tomado como um desconforto casual. Na depressão, é um fenômeno permanente, pois há uma tremenda barreira para o re-emprego.

O mais grave é que seja no Executivo, seja no Legislativo, não há iniciativas reais para enfrentar e reverter o desemprego. O Presidente gasta praticamente todo o seu tempo entre Brasília e São Paulo para se livrar de acusações públicas de corrupção, e toma o resto de tempo para  vender aos parlamentares da base a reforma da Previdência. É possível que algum idiota, ou pessoa extremamente mal informada, acredite nas suas prédicas cansativas com a alegação hipócrita de que a reforma é para combater privilégios.

Do meu ponto de vista, a primeira obrigação de qualquer governo numa democracia é combater o desemprego e promover o pleno emprego. Isso foi uma das minhas teses de pós-graduação, sob o título “Trabalho como Direito”, no longínquo 1984. Partindo da constatação de que as bases da democracia moderna, especialmente nas revoluções americana e francesa, colocaram como fundamental para a convivência social  e a liberdade civil o direito à propriedade privada, vinha logo a pergunta: e quem não tem propriedade, como fica?

Desconsiderando-se a solução marxista para o problema (socialização dos meios de produção), é politicamente inevitável concluir que, numa democracia moderna, ao direito de propriedade privada deve corresponder o direito ao trabalho remunerado. É claro que esse direito difuso não pode ser um dever do setor privado isoladamente. É um dever do Estado. Cabe ao Estado promover políticas econômicas que assegurem a conquista do pleno emprego, ou pelo menos o que diz a legislação norte-americana, o emprego máximo.

Isso não é difícil. Keynes, o maior economista do século XX, reconheceu a inevitabilidade do ciclo econômico – expansões seguidas de recessão – e propôs uma teoria original para regular o ciclo e promover o pleno emprego. O presidente Roosevelt enfrentou com eficácia a Grande Depressão dos anos 30, assim como Hjalmar Schacht, o braço econômico de Hitler, responsável pela recuperação do poderio industrial alemão.  Temos, pois, duas alternativas, ambas eficazes economicamente: ou a de Roosevelt, ou a de Hitler!

Prefiro a de Roosevelt. Mas vejo o país caminhar para a de Hitler. A série de ajustes  impostos ao país nos últimos três anos é do mesmo tipo da que o que o chanceler Brunning impôs  na Alemanha em 1930 e 1931. No começo eram 12 deputados nazistas. No fim mais de 200. Vendo Meirelles buscando espaço de candidato na televisão com seus esgares vampirescos e sua fraseologia hipócrita de Goebbels, imagino como o país, preocupado exclusivamente em cortar gastos, pode superar seus gigantescos problemas de emprego no próximo ano.

P.S. Atendendo ao apelo do senador Roberto Requião, vamos todos ao Fórum Social Mundial Extraordinário do dia 24 em Porto Alegre.

Redação

15 Comentários

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  1. Muitos ternos e gravatas Hérmes e bolsas Louis Vuitton em 2018

    O representante dos czares de togas está exultante com o resultado do golpe de 2016 :

    ASSOCIAÇÃO DE JUÍZES CELEBRA MANUTENÇÃO DE SALÁRIOS ACIMA DO TETO

     

    “Apesar de toda campanha para nos atingir financeiramente, não perdemos nada. O projeto do extrateto, que estava em vias de aprovação, não foi votado este ano”, escreveu  o presidente da Associação dos Juízes Federais, Roberto Veloso, a seus associados .

      1. Dos urubús retratados na foto

        Dos urubús retratados na foto Antonio Carlos, o único que pode ter a carcaça aproveitada para adubo, é a carcaça do salafrário do eduardo cunha. A dos demais, manda a carroça levar para o Aterro Sanitário da Prefeitura.

        Orlando

  2. Até iluminação de natal este

    Até iluminação de natal este ano foi bem menor!

    No governo Dilma o salário mínimo comprava cerca de 18 butijões de gás, neste desgoverno compra 9!

    1. Jingle bell

      Como não dá para pendurar botijões de gás enfeitando as árvores de Natal, a decoração mais apropriada neste momento que o país atravessa seria colocar uma vistosa ferradura no pescoço de cada membro do Executivo federal. 

  3. Máfia maçonaria tucana dos inférno! Tomaram os 3 poderes e tudo+

    Mais uma matéria que, se não fosse construída por alguns que estão conscientes das atrocidades que estão sendo praticadas pelos golpistas criminosos, poderiamos afirmar categóricamente que é uma matéria paga, bancada exatamente pelos golpistas assassinos, nacionais e estrangeiros, cujo título na verdade, oculto, é: “Missões cumprindas… e em andamento rumo ao esfacelamento!

  4. Brasil SOS!

    O artigo certeiro de J. Carlos de Assis me deixa um pouco mais angustiada pelo que sera desse 2018. Eu nem sei como poderemos festejar o ano novo com um desmonte tal de todo e qualquer desenvolvimento e progresso do Pais. Acho que a unica forma de desejar um “feliz ano novo”, seria uma manifestação nos arredores do Palacio do Planalto, com faixas e cartazes com os dados da miséria que ja estamos vivendo e a que aumentara em breve.

    Eh claro que a turma da toga e do Direito, em grande parte, não esta preocupada com isso. Nunca ganhou-se tanto quanto agora. Uma reforma de salarios e adjacências do funcionalismo publico é necessaria. Acho que so nos paises escandinavos, com um PIB muito superior ao brasileiro, ganha-se o que se ganha em certos estamentos do funcionalismo publico brasileiro, principalmente no Judiciario e MP.

  5. Nunca julgue pelas
    Nunca julgue pelas aparências, você poderá cometer uma injustiça com J. Carlos de Assis.
    Mas,o país já teve momentos bem mais tristes economicamente na segunda metade do século passado.

  6. golpe fez o país entrar em desgraça…

    pior é que os que não querem assumir a desgraça julgam-se independentes, classe média coxinha

    e Globo dá maior força, iludindo-os, para que sintam-se independentes ou inatingíveis pela desgraça

    que tolos eles são

    porque se é preciso se isolar para de nada participar em protesto, não existe vantagem nenhuma em ser independente

  7. Natal amargo

    Acabei de vir de um shopping e encontrei algumas famílias passeando mas ninguém comprava nada. E estamos às vésperas do Natal! E supondo que no ano que vem não se realizem eleições podem crer que em 2018 teremos um Natal de sangue!

  8. Natal amargo

    Acabei de vir de um shopping e encontrei algumas famílias passeando mas ninguém comprava nada. E estamos às vésperas do Natal! E supondo que no ano que vem não se realizem eleições podem crer que em 2018 teremos um Natal de sangue!

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