
A Zona Franca de Manaus como base da Nova Indústria Brasileira
por Augusto Cesar Barreto Rocha
Silenciosamente a nova política industrial vai criando suas realizações. Em paralelo a isso, a Zona Franca de Manaus (ZFM) cresce com um PIB industrial relevante. Foi aprovado um programa para alavancar investimento em semicondutores, coincidindo com o período até quando teremos a ZFM. Há um conjunto amplo de boas notícias, muito diferente de poucos anos atrás, quando o Brasil parecia querer acabar com sua indústria.
Todavia, quando se analisa o Plano Safra, onde serão investidos R$ 76 bilhões, com 43,3% a mais do que anunciado na safra 2022/2023 e 6,2% maior do que o da safra passada. Ao ver este tipo de investimento percebemos o quanto as indústrias ainda estão distantes de ter a importância semelhante ao que há destinado para a agricultura.
A mudança de tom é visível, mas há muito o que avançar na indústria nacional, em especial ao apoiar e ampliar o que já existe. Precisamos parar de ter dúvidas se indústrias são importantes. Os recursos injetados em um Programa para inserir Mestres e Doutores na indústria, alocará R$ 61 milhões para projetos. É melhor do que antes, mas como é pouco para o tamanho do país e para a carência da indústria nacional.
Como parâmetro, apenas em um convênio com a Alemanha, o Brasil recebeu R$ 136 milhões para projetos de descarbonização da indústria nacional. Há uma diversidade de oportunidades, mas as prioridades de infraestrutura e pessoas parecem não ser as prioridades. As deficiências estruturais aparentam ser as fraquezas não enfrentadas pelo país de muitas lacunas.
O desenvolvimento industrial regionalizado, em estudo atualmente, poderá ser uma medida importante se considerar as fortalezas que já existem e potencializar as estruturas produtivas que funcionam, como é o caso da indústria baseada em Manaus. Com frequência há estudos que, por exemplo, falam em novas matrizes ou oportunidades industriais, deixando de potencializar o que já existe.
O que falta para produzirmos drones em Manaus? Estas indústrias deveriam estar em construção e operação. Vê-se empresas de drones voltadas para o agronegócio e o início para setores de infraestrutura e minérios, mas falta uma base mais forte da indústria de defesa a um amplo espectro de aplicações que ainda são feitas por equipamentos importados.
Quando entraremos no negócio de veículos autônomos em escala? Como ampliar o que Lume Robotics vem fazendo no país em uma gama muito maior de veículos? O que falta para isso? Precisamos construir aqui a indústria do presente-futuro, ao invés de só olhar para o passado-presente. Há de se operacionalizar as indústrias do século XXI. A potencialização da indústria brasileira é uma necessidade fundamental e isso se fará muito mais rapidamente se ampliarmos o que já temos.
Augusto Cesar Barreto Rocha – Professor da UFAM.
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Qual a vantagem de se abrir indústrias em Manaus? Favor não falar em Zona Franca
⁸manter a floresta em pé
Dê uma olhada nos números de faturamento da zona franca e vc vai entender o que ela representa para o Brasil e sua contribuição para o saldo positivo da balança comercial. O Amazonas tem mais de 95% da floresta preservada justamente por causa do polo industrial de Manaus.
Há produção no Polo Industrial de Manaus (antiga Zona Franca)? Ou são simples montadoras com os insumos sendo importados?
Parecem as “maquiladoras” no México.