O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu manter o ritmo de ajustes e cortou a taxa básica de juros pela sexta reunião consecutiva: em decisão unânime, o colegiado reduziu a Selic em 0,50 ponto percentual, para 10,75% ao ano.
A decisão foi tomada por unanimidade e já era esperada pelo mercado financeiro, embora o setor produtivo esperasse um ritmo mais acelerado na redução do indicador, que está em seu menor patamar desde março de 2022.
“Considerando a evolução do processo de desinflação, os cenários avaliados, o balanço de riscos e o amplo conjunto de informações disponíveis, o Copom decidiu reduzir a taxa básica de juros em 0,50 ponto percentual, para 10,75% a.a., e entende que essa decisão é compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante, que inclui o ano de 2024 e, em grau maior, o de 2025”, disse o colegiado, em nota divulgada após a reunião.
Segundo o Copom, a conjuntura atual – definida por um estágio mais lento no processo desinflacionário, expectativas de inflação com reancoragem parcial e um cenário global visto como “desafiador” – “demanda serenidade e moderação na condução da política monetária”.
Embora o cenário-base não tenha apresentado mudanças expressivas, os integrantes do Copom decidiram comunicar que os juros serão reduzidos em 0,50 ponto na próxima reunião “em se confirmando o cenário esperado”, o que aumenta a percepção de que o ciclo de cortes será pausado a partir de junho.
Repercussão
No mercado financeiro, os analistas afirmam que a decisão tomada tanto no Brasil como nos Estados Unidos está dentro do que era esperado, embora alguns pontos suscitem alguma atenção no médio e longo prazo.
“Precisamos observar o seguinte: se não tiver nenhum agravamento de conflito global que puxe, estimulem problemas logísticos que gerem inflação, que mexam com o petróleo, o Brasil vai seguir reduzindo os juros. Mas, ao que parece, o ritmo da redução será mais rápido, em comparação ao ritmo dos Estados Unidos – e por conta disso não conseguirão se mover, vão encontrar a limitação dos juros americanos”, afirma Bruno Carano, economista e investidor da Corano Capital.
Já Fabrício Gonçalvez, CEO da Box Asset Management, afirma que a decisão reflete um posicionamento cauteloso seja do cenário doméstico quanto do mercado internacional.
“Ao considerar a desaceleração da atividade econômica, a trajetória de desinflação da inflação ao consumidor e os riscos tanto para cima quanto para baixo, o Copom optou por uma medida que busca equilibrar a necessidade de estimular a economia e manter a estabilidade de preços”, diz Gonçalvez.
Embora a decisão possa ser interpretada como estímulo ao crescimento, o mercado também acompanha as futuras decisões do colegiado, principalmente quanto à magnitude e frequência das próximas reduções.
“A clareza na comunicação do Copom sobre os próximos passos da política monetária será fundamental para orientar as expectativas dos agentes econômicos e influenciar as condições financeiras no país”, diz Fabrício Gonçalvez.
Por outro lado, o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Ricardo Alban, considera que a decisão é “insuficiente” e penalizará ainda mais a atividade econômica no Brasil, uma vez que o quadro é compatível com o atual cenário de inflação sob controle e fundamental para reduzir os custos de financiamento.
“A situação da inflação no Brasil já permite, há algum tempo, uma redução mais intensa dos juros reais. O Copom também tem que considerar em suas decisões o prejuízo que a elevada taxa básica de juros vem provocando à economia”, afirma o presidente da CNI. “A CNI entende que, mantido o cenário de inflação sob controle, é imprescindível uma aceleração no ritmo de redução da taxa Selic já na próxima reunião do Copom”, acrescenta Alban.
Para José Marcio Camargo, economista-chefe da Genial Investimentos, o que surpreendeu o mercado foi a sinalização de que haverá um novo corte de 0,50 na próxima reunião, e não ‘nas próximas reuniões’ como vinha sendo indicado nos comunicados anteriores.
“Segundo Copom, essa mudança se justifica devido ao aumento da incerteza e da necessidade de se dar mais flexibilidade na condução da política monetária”, explica. “Ao mudar a frase para o singular, o Copom repete o que já havia prometido na reunião passada, que estipulava corte de mesma magnitude nas próximas reuniões (…) Essa mudança sinaliza uma trajetória mais contracionista da política monetária a partir de agora, no comunicado o Copom também chamou a atenção para o fato de ter um aumento de incerteza importante e que o cenário não mudou de forma substantiva, mas o aumento da incerteza foi muito importante”.
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Caro Nassif, estão focando na desaprovação, que é preocupante, e esquecendo do esqueleto autoritário e de extrema direita nos estados. Li uma notícia hoje em que os alunos do 3° ano fundamental, não terão aulas de FÍSICA,BIOLOGIA, HISTÓRIA, GEOGRAFIA e nem FILOSOFIA, e em Belo Horizonte a comissão de justiça aprovou ensino religioso cristão nas escolas públicas, não vi nenhum deputado ou mídia progressista discutir essas aberrações, nem o próprio governo.
Pois e, viva a distração, lembro que no governo Paulo Guedes, essa TX chegou a 2 %, no que ajudou? Um pacote de Arroz encontra se na média deR$ 30,00 mas a inflamação diminuiu, onde?