
Horas Trabalhadas no Mundo
por Fernando Nogueira da Costa
Os dados da Organização Internacional do Trabalho (OIT) são valores projetados para 2024 com base nos últimos dados disponíveis em novembro de 2023. Os dados incluem funcionários de período integral e parcial em contratos de trabalho tradicionais, bem como trabalhadores autônomos. Já a maioria dos dados da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) são os valores mais recentes disponíveis, referentes ao ano de 2022 senão 2021.
A OIT e a OCDE usam técnicas diferentes para coletar e compilar dados. Como tal, suas projeções finais diferem significativamente umas das outras.
Indivíduos com estilos de vida de subsistência, fora dos acordos de emprego convencionais, como proprietários rurais ou sociedades tribais, não são incluídos. No Brasil, por exemplo, existem 14,3 milhões empregados no setor privado sem carteira de trabalho assinada, 5,9 milhões trabalhadores domésticos, 25,4 milhões trabalhadores por conta própria e 1,4 milhão trabalhadores familiares auxiliares. Essas 47 milhões pessoas são classificadas como informais.
As estimativas da OIT para a média global de horas trabalhadas por semana são de 41,1 no total, 43,7 para homens e 37,2 para mulheres. Nos Estados Unidos, as horas trabalhadas por semana (OIT) foram 36,4, sendo homens 38,5 horas e mulheres 34.1 horas, sendo 1810.9 a média de horas trabalhadas no ano (OCDE).
No Brasil se trabalha mais, porque foi estimado 37,9 h por semana, 39,8 h por homens e 35,4 h por mulheres. Não é disponível a informação anual.
Na Coréia do Sul, a média foi igual à brasileira: 37,9 h, mas homens trabalham mais: 40.2 h, e mulheres menos: 34,8 h. Anualmente, 1901 h superam a norte-americana.
No Japão, 36,7 h de média foi menor, mas a dos homens (41,3 h) supera a brasileira e a das mulheres fica abaixo (31.1 h). No ano, 1607 h é abaixo desses países.
Na China, supera todos esses países citados: 45 h de média, 45,7 h por homens, 44.1 h por mulheres. Não há informação por ano.
O PIB per capita sozinho não fornece uma impressão completa da produtividade. Não considera o número de horas trabalhadas, em uma semana de trabalho média, variar bastante entre os países, sendo vital ao medir a produtividade.
Para fornecer uma análise econômica mais rigorosa, os economistas criaram medidas como o PIB por hora trabalhada. Essa medida da produtividade de um país exclui desemprego ou horas não trabalhadas por semana.
O PIB se refere ao valor monetário total dos bens e serviços produzidos dentro de um país. A Paridade do Poder de Compra (PPC) ou Purchase Power Parity (PPP) (PPP) é uma métrica macroeconômica usada para comparar a produtividade econômica e os padrões de vida entre nações. O PIB PPP usa o PIB nominal ajustado para o custo relativo de bens, serviços e taxas de inflação locais do país, em vez de usar taxas de câmbio do mercado internacional.
O PIB PPC por hora trabalhada mede a eficiência com a qual o insumo de trabalho – o total de horas trabalhadas por todas as pessoas envolvidas na produção – é combinado com outros fatores de produção e usado no processo de produção. Por isso, costuma-se referir ao PIB PPC por hora como produtividade por hora.
Em todo o mundo, a semana de trabalho média varia de menos de 40 horas de duração a quase 50 horas. Países de alta renda e/ou desenvolvidos com ênfase cultural no equilíbrio entre trabalho e vida pessoal e tempo adequado para lazer e/ou família, geralmente, têm semanas de trabalho oficiais mais curtas – algumas tão curtas quanto quatro dias – e mais dias de férias. São mais civilizados.
Esses países também tendem a uma compensação de horas extras mais generosa, regulamentações mais favoráveis aos trabalhadores, leis de licença parental mais favoráveis e uma chance maior de entrar na lista dos países mais felizes do mundo. Em contraste, países com semanas de trabalho mais longas, menos proteções aos trabalhadores e comodidades reduzidas, geralmente, são classificados como “países trabalhadores”, mas têm uma população menos feliz e sobrecarregada.
A OIT rastreia muitas estatísticas trabalhistas, incluindo horas realmente trabalhadas por semana por empregados e pessoas ocupadas. Embora esses dois termos sejam intercambiáveis, na maioria dos casos, eles têm significados diferentes com relação às estatísticas trabalhistas.
Empregados são pessoas trabalhadoras em período integral ou parcial em um acordo de emprego tradicional. Pessoas ocupadas, em comparação, incluem não apenas os empregados tradicionais, mas também indivíduos autônomos.
Determinar a média de horas trabalhadas por semana de trabalho em um determinado país, em comparação a outro, é difícil, devido a diferentes filosofias sobre quais atividades se qualificam como trabalho e quem é considerado um trabalhador. No entanto, havendo dados suficientes para compilar e considerar, as tendências emergem para a análise da opinião especializada.
Como regra, países de alta renda, como Alemanha e França, costumam ter semanas de trabalho mais curtas diante países de renda média e em desenvolvimento. As semanas de trabalho nos países de baixa renda e menos desenvolvidos costumam ser as mais longas de todas, para as pessoas com sorte de encontrar trabalho, mas é difícil obter dados confiáveis.
Entre os países com as semanas de trabalho mais longas, a tendência predominante é a maioria, se não todas, serem economias ainda não amadurecidas completamente. Em horas, segundo a OIT 2022, os países com as semanas de trabalho mais longas são: Butão 54,3 h, Emirados Árabes Unidos 52 h, Lesoto 49,5 h, Catar 48,2 h, Líbano 48 h, Libéria 48 h, República do Congo 47,9 h, Jordânia 47 h, Paquistão 46,6 h.
Os países com as semanas de trabalho mais curtas são: Síria 25,3 h, Iémen 25,4 h, Holanda 26,7 h, Noruega 27,1 h, Vanuatu 27,6 h, Finlândia 28,9 h, Suécia 29,2 h, Moçambique 29,4 h, Áustria 29,4 h, Dinamarca 29,5 h.
A Noruega, país da OCDE com uma semana de trabalho curta (e uma das melhores pontuações do Índice de Desenvolvimento Humano – IDH do mundo), está buscando profissionais de tecnologia, como engenheiros de software e desenvolvedores de hardware, bem como engenheiros especializados no setor de energia (petróleo e gás, eólica, hidrelétrica).
Segundo o World Population Review, a produtividade por hora da Noruega é de US$ 85,60. A Noruega tem a terceira menor semana de trabalho média do mundo de 38 horas por semana – dado distinto da OIT apresentado acima. O equilíbrio entre vida pessoal e profissional é altamente valorizado, e a família é uma prioridade maior diante o trabalho.
Os pais geralmente têm permissão para sair do trabalho mais cedo para buscar os filhos na escola. Os noruegueses são conhecidos por serem extremamente eficientes e orientados para tarefas no trabalho, mas excluem seus empregos de suas vidas quando o relógio bate 16h: é o horário típico de término de um dia de trabalho norueguês.
Embora a maioria das “indústrias” (atividades) seja focada em lucro, algumas são mais eficientes diante outras, e algumas obscuras desempenham um grande papel em ajudar seus respectivos países a ficarem no top 10 mais “produtivos”. Luxemburgo, Cingapura, Bermudas, Suíça e Ilhas Cayman estão todos entre os principais paraísos fiscais do mundo, assim como a Irlanda por também ser e por muitos outros incentivos fiscais atraentes de transacionais. Todos com pequenas populações geram negócios de grande valor nos sistemas financeiros.
A produtividade por hora de Luxemburgo é de US$ 110,80. A semana de trabalho média em Luxemburgo é de cerca de 40 horas. A principal razão para os altos níveis de produtividade de Luxemburgo é a concentração financeira lá. Se adotasse o equilíbrio trabalho-vida escandinavo, a produtividade aumentaria ainda mais!
O Catar tem uma população pequena, mas é um dos principais exportadores mundiais de petróleo e gás natural. O Catar também se beneficia de uma forte indústria do turismo, assim como Macau, Bermudas e Ilhas Cayman.
Em contraste, com a terceira maior população do mundo, os Estados Unidos é o sexto país mais produtivo por hora com produtividade de US$ 79,60 / h. Funcionários americanos em tempo integral trabalham 41,5 horas por semana e cerca de 11,1% dos funcionários trabalham mais de 50 horas por semana. Vivem para trabalhar em vez de trabalhar como um meio de vida. A “sorte de berço” é receberem em dólar, o padrão monetário globalmente apreciado…
Fernando Nogueira da Costa – Professor Titular do IE-UNICAMP. Baixe seus livros digitais em “Obras (Quase) Completas”: http://fernandonogueiracosta.wordpress.com/ E-mail: [email protected].
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