
Empossado em dezembro, presidente da Argentina, Javier Milei, anunciou, na última quarta-feira (14), os números oficiais da inflação no país e celebrou que o índice mensal de preços caiu de 25,5% em 2023 para 4,6% em junho, desaceleração considerada um ponto positivo para o governo argentino.
Porém, com exceção da inflação, que segue em um nível alto, todos os demais indicadores do país são péssimos, como aponta o professor de Economia da UFABC, Ramón García Fernández, convidado do programa Nova Economia da última quinta-feira (15).
“A Argentina tem o aumento da pobreza extraordinário. O pessoal se escandalizava que no fim do governo Alberto Fernández estava em 40%, agora foi para 55%. A indigência foi para 21%”, comenta o docente. “A única coisa que dá para dizer é que ao custo de parar toda a economia? A inflação está caindo, mas o preço dessa queda, dessa desinflação, é absurdo.”
Diante da realidade argentina, 40% da população já se mostra revoltada, segundo Fernández, mas parte dela se mantém esperançosa, em especial o empresariado, que mesmo prejudicado pela recessão, segue apoiando o governo na esperança de que Milei faça as reformas econômicas de longo prazo, entre elas a modificação das leis trabalhistas.
“Neste ano, até o momento, teve 120 mil demissões. Mas tudo bem, isso aí é o custo de ajustar a logística”, afirmou o professor parafraseando os empresários argentinos.
Para o jornalista e doutor em ciência política pela UFRGS, Bruno Lima Rocha, Milei está tentando acabar com a infraestrutura do país, que conta, por exemplo, com uma indústria responsável por quase 20% do produto interno bruto dos ‘hermanos’.
“Ele está tentando criar uma política de terra arrasada, para não ter como reconstruir e assim criar um novo modelo de acumulação. Aí, o modelo de acumulação é reforçar a condição argentina de ser uma fazenda mundial, com a mineração a céu aberto, e no máximo ser uma indústria de montagem final, tipo uma maquiladora gigante, e não ter capacidade de produzir, de produção técnico científica”, pontua Rocha.
Outro ponto que chama a atenção do jornalista é a política externa de Milei, influenciada pelos Estados Unidos a ponto de rechaçar um acordo com os países do Sul Global.
“O acordo com os Brics era perfeito, porque a gente poderia trocar a sua dívida de curto prazo para uma dívida de longo prazo, lastreada em UEN e podendo securitizar ela em grãos. Ou seja, é perfeito. E o governo que ganhou a eleição abriu mão dos Brics, abriu mão do acordo de troca da dívida. Há uma decisão orgânica de aprofundar o modelo de acumulação financeira, mineral exportadora, dependente, e ao mesmo tempo alinhar a Argentina com as antigas relações carnais com o Ocidente. Parece lugar comum, parece o governo do [Carlos] Menem, mas é exatamente o que está acontecendo”, continua Bruno Rocha.
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Essa ideia maluca de centrar toda a economia no campo, me parece estratégia indochinesa, adotada também pela arrogância americana, que sempre transborda para os mais que arrogantes, porque estúpidos, latino-americanos, a encherem a boca tais quais os ex-inexpugnáveis confederados, sulistas, obviamente, e sua colossais produções de algodão.
A última potência como nação agrícola foi o Egito faraônico. Que começou a cair em 1250 a.C., frente aos “Povos do Mar” , ou seja, hordas de assaltantes da Europa. Desde estão, o grande exemplo é a velha Ucrânia, mera fornecedora de alimentos desde Tróia. E gregos, obviamente.
Crise na Argentina é quase um pleonasmo…
Uma pobre crise que atravessa um terrível país…