Idade da Nação, por Carlos Dantas

Idade da Nação

por Carlos Dantas

No dia 11 de agosto de 1924 a UFPE completou 197 anos, nesse dia em 1827 Dom Pedro I assinou o decreto criando os Cursos Jurídicos de Olinda e São Paulo. O Reitor e o Vice professores Alfredo Gomes e Moacyr Araújo celebraram a data com Programação Institucional e Selo Comemorativo: 197 anos Conectando Gerações. A Idade da Razão, sugeriu: “Todos os caminhos do mundo estarão perdidos se não houver a origem para o reencontro”. O texto recebeu adesões no Campus e da Reitoria.

O que é uma data? A UFPE como a instituição mais antiga de Pernambuco é a matriz das profissões de nível superior e integrou a pesquisa científica ao ensino. Trabalhar essa História sob a perspectiva de Conectar Gerações é necessário? Jacques Bossuet responde: “A História é o grande espelho da vida; instrui com a experiência e corrige com o exemplo”. Os próximos duzentos anos começam em 2027.

A Revolução Praieira 1842-1850, de Izabel Andrade Marson, professora da USP, livro publicado em 2009, afirma que os líderes integravam uma geração de bacharéis formados no curso Jurídico de Olinda. A Educação como causa na História é digna de atenção. A autora foca nas interpretações: liberal de Urbano Melo, conservadora baseada no julgamento do Juiz Nabuco de Araújo, cultuada pelo filho, Joaquim Nabuco, contestada por Amaro Quintas, com uma visão revolucionária. Podemos observar que Urbano Melo e Nabuco de Araújo, estudaram em Olinda e os outros na Faculdade de Direito do Recife (FDR).

No contexto da formação do Estado Nacional no Brasil a Educação esteve presente. A Faculdade de Direito de Olinda se transferiu para o Recife em 1854. Nos anos 1870, começou o movimento do qual Ariano Suassuna se declarou discípulo, A Escola do Recife. Tese de doutorado de Ivan F. Barbosa, A Escola do Recife e a Sociologia no Brasil, 2010, é orientada por Jorge Morais e José Luiz Ratton, UFPE. Retoma o debate de temas atuais como a leitura científica do Brasil e a questão racial.

A proposta das raízes da Sociologia e da cultura científica, sintoniza com a Filosofia das Ciências Naturais na Escola do Recife, do professor da Faculdade de Medicina Aluízio Bezerra Coutinho, em 1988. Luiz Freire, Professor da Escola de Engenharia de Pernambuco, requisitou a instalação no Recife de um Reator Nuclear, em 1961; a ousadia remete, certamente, à cultura determinística diagnosticada na Escola do Recife. No mesmo ano, veio ao Brasil o pai da bomba atômica Robert Oppenheimer e repetiu o que já tinha dito na primeira visita em 1945, a riqueza de um país é a sua Ciência e Tecnologia.

A pesquisa é uma fonte de captação de recursos federais, nesse segundo semestre de 2024, projeto do Departamento de Energia Nuclear conseguiu recursos para a aquisição de um Tomógrafo de Raios X. Será instalado na mesma sala de um conjunto subcrítico, que veio em substituição ao Reator Nuclear, sonhado por Luiz Freire há sessenta anos. Usualmente, as instalações de aulas práticas e laboratórios modernos são obtidas por meio de projetos de pesquisa, muitos em cooperação com outras instituições. Educação com sugestões para ampliar a participação na Economia.

Cerca de 30 mil alunos estudam na Graduação e 8 mil na Pós-Graduação. O fluxo de jovens que entra e sai cada ano é função do mercado de trabalho. Saindo de Olinda os bacharéis iam para a administração da monarquia, o diretor depois Marquês de Olinda foi presidente do Conselho de Ministros do Império, enquanto a Faculdade estava alojada no Mosteiro de São Bento e sobreviveu 80 anos sem casa própria, antes do magnífico edifício da atual FDR. Os dois mudaram muito ao longo do tempo sem conseguir a sinergia do casamento.

O mercado de trabalho precisa do conhecimento para ser competitivo e a UFPE está entre as 13 melhores Universidades do país, produzindo conhecimento. Construir a ponte é um desafio no limiar dos 200 anos. O ex-aluno Joaquim Nabuco está presente Conectando Gerações, sua luta para integrar a população ao projeto da nação requer mais Universidade Pública Gratuita. A energia que salda dívidas e constrói o futuro é a Educação.

Carlos Costa Dantas – Professor, Departamento de Energia Nuclear. CTG – UFPE

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