Em suas primeiras entrevistas, presidente Dilma prega união por mudanças

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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Jornal GGN – A presidente Dilma Rousseff deu suas primeiras entrevistas depois de reeleita. Dilma pregou a união de todos, inclusive com aqueles que não a apoiaram, para a realização de reformas necessárias. À Record, a presidente deu entrevista no Palácio do Planalto. À Globo, a entrevista foi concedida via satélite. Leia a matéria do Estadão, que traz um breve resumo de cada uma das entrevistas.

Estadão

Dilma rechaça tese do ‘3º turno’ e propõe diálogo como lema

Ricardo Galhardo e Valmar Hupsel Filho

Em entrevistas na TV, presidente reeleita afirma que no próximo mês anunciará medidas para tentar melhorar o crescimento da economia

Em suas primeiras entrevistas depois de ser reeleita para mais quatro anos de governo, a presidente Dilma Rousseff rechaçou a possibilidade de um “3.º turno” da disputa política e disse que o momento é de união de todos os brasileiros e diálogo, inclusive com setores que não a apoiaram, para a realização das reformas estruturais que o país precisa. E afirmou que vai anunciar até o fim do ano medidas para “transformar e melhorar o crescimento da economia”.

“Eu externei ontem (domingo) que não ia esperar a conclusão do meu primeiro mandato para iniciar ações no sentido de transformar e melhorar o crescimento da nossa economia.” Ela disse que pretende colocar “de forma muito clara” as medidas que pretende tomar. “Agora, não é hoje”, afirmou durante entrevista ao Jornal Nacional, da TV Globo. “No mês que se inicia na semana que vem”, disse ela, quando questionada quando seria o anúncio.

Ao Jornal da Record, a presidente defendeu a união entre os segmentos da sociedade para a garantia de um futuro melhor para o País e a abertura de um diálogo amplo com todas as forças produtivas, sociais e o setor financeiro. “A partir de agora o clima é de construção de pontes e não de buscar a diferença entre as pessoas.” Segundo a presidente reeleita, não se trata de uma “unidade perfeita de ideias nem tampouco de ação monolítica conjunta”, mas de ouvir os diferentes segmentos e cotejar ideias. 

André Dusek/Estadão
Presidente disse que o “recado das urnas” é de mudança

3.º turno. Diante da reação negativa de setores da oposição que prometem não dar trégua à Dilma no segundo mandato, a presidente rechaçou a possibilidade de um “3.º turno” eleitoral. “Não acredito porque quem tentar um 3.º turno estará fazendo um desserviço ao Brasil. Em um país democrático ganha a eleição quem conquista a maioria e foi isso que aconteceu”, afirmou.

Reforma política. Dilma sinalizou que no segundo mandato pretende insistir na proposta de plebiscito para implantar a reforma política, sua principal bandeira em reação às manifestações de junho de 2013. E citou alguns temas a serem discutidos, como o fim do financiamento de campanhas por empresas privadas e da reeleição. “Tudo isso tem que ser avaliado pela população. Acredito que o Congresso vai ter sensibilidade para perceber que isso é uma onda que avança.”

Petrobrás. Apesar do clima mais ameno que nas entrevistas durante a campanha, Dilma teve que responder questões sobre os desvios na Petrobrás investigados pela Operação Lava Jato. Ela afirmou não acreditar que as denúncias possam desestabilizar politicamente seu segundo governo. “Não acredito em instabilidade política em se prender corrupto e corruptores.”

“O que leva à crise são as suposições, ilações e insinuações”, disse ela, fazendo uma defesa das instituições. “Acho que a sociedade brasileira exige uma atitude que interrompa uma sistemática impunidade que ocorreu neste país ao longo da nossa história.” Dilma afirmou que não vai permitir que as denúncias sejam esquecidas após a eleição. “Vou investigar, vou me empenhar, doa a quem doer, não vai ficar pedra sobre pedra”, disse ela, dizendo-se indignada com o uso eleitoral do caso na última semana da campanha.

Ministério. A presidente reeleita demonstrou irritação ao ser questionada a possibilidade de nomear o presidente executivo do Bradesco para o Ministério da Fazenda. “Você está lançando um nome?”Citando a frase “governo novo, ideias novas” dita durante a campanha, ela indicou pretende fazer uma reforma ampla do ministério, e não apenas substituir Guido Mantega na Fazenda. “Eu gosto muito do Trabuco mas não acho que seja o momento nem a hora de discutir nomes. No tempo exato darei o nome e o perfil de todos meus ministros. Não vou só discutir um ministro, vou discutir todo o meu ministério”, disse Dilma.

São Paulo. Ao comentar a baixa votação que teve nos dois turnos em São Paulo, Dilma creditou o desempenho à desinformação dos eleitores em relação à crise hídrica. “Por que uma crise daquela proporção não se reflete na campanha eleitoral? Só posso atribuir ao fato de ela não ter sido iluminada. Os refletores não foram colocados na crise.”

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

10 Comentários

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  1. Pregar “união”. Passou a

    Pregar “união”. Passou a campanha toda falando do “nós” contra “eles” e agora vem com essa.

    Quanto aos paulistas, eles sabem muito bem que não chove há um ano e meio e que não tem rio São Francisco para fazer transposição.

    Aliás, gostaria de saber 1 obra, só uma que o Governo Federal tenha feito em São Paulo…

      1. Qual dos 20 bilhões que o

        Qual dos 20 bilhões que o governo federal enviou para São Paulo dos 230 bilhões em impostos que São Paulo gerou foi aplicado no Rodoanel?

    1. Uai, sô…

      E eu  que pensei que a gente se organizasse tanto, em tanta burocracia, tivesse inventado essa tal de Democracia, governos, gestão, impostos, enfim, tivesse descido das árvores e saído das cavernas para dotar alguns poucos representantes de poderes para intervir e minorar os efeitos da imponderável natureza e da violência alheia (razão de ser do próprio Estado)…

      Então é só isso: quando dá errado algo que a gente apóia, é culpa da natureza ou de deus?

      Quer dizer que podemos então colocar a questão da Petrobras na conta do diabo que seduziu pessoas corretas?

      Não chove a um ano e basta?

      Ah, então tá…

       

      1. É simples… devolve o $$$

        É simples… devolve o $$$ que pagamos em impostos para o Estado e vc verá que “belezura” (como diria Morta Suplicy) nós fazemos por aqui…

      1. Ignorância é a sua!
        Veja o

        Ignorância é a sua!

        Veja o que encontrei por lá…

        … e a construção do Trem de Alta Velocidade Rio/São Paulo/Campinas…

        Tô rindo até agora…

  2. O canto dos idiotas ou todos os idiotas no mesmo canto?

    A mídia PIG (e alguns outros que se reivindicam anti-mainstream) descobriu a pólvora e segue para inventar a roda: Nosso país está dividido…

     

    Uauuuu, que novidade…

     

    Bem, é fato que ele está bem menos que em 1994 ou em 2002, quando recebemos o país quebrado, com inflação de 12% ano, desemprego de 15% e salário de 90 dólares, e juros de 30% (já tinham chegados a 45% com Armínio Fraga) cevando os porcos da banca…

     

    Esse país nasce dividido e seguiu bem dividido até ontem: Aos ricos quase tudo e aos pobres quase nada!

     

    E o que manteve as coisas assim, acomodadas? Muita porrada, polícia, violência institucional, controle ideológico, igrejas, e, no século XX, muita, mas muita manipulação e monopólio de informação!

     

    Em tempos recentes (1994-2002), o fosso social só não levava o país a convulsão social à custa de muita “liberdade de imprensa” para adular o “príncipe” ffhhcc, e para manter a negrada nas senzalas…Quando não desse, a velha receita: Era só mandar a polícia baixar o pau, ou inventar alguma atração nova na TV…

     

    Ainda era o tempo que o JN podia dizer que capim curava câncer, e no outro dia não sobraria nenhum jardim intacto…

     

    Hoje as coisas mudaram um pouco, mas o fato é que não na velocidade necessária e seguimos partidos:

     

    Um branco AINDA ganha em média 30% a mais que um negro na mesma função, e esse negro, por sua vez, tem 4 chances a a mais de ser morto ou preso que esse branco.

     

    60% dos negros são os presos nas masmorras, e outros 70% deles,  sendo 80% de 15 até 24 anos, lotam os necrotérios, 93% dos mortos são por arma de fogo.

     

    Negros são ínfima minoria entre os que detêm 3º Grau, e entre médicos são estatisticamente desprezíveis, embora muito se tenha avançado.

     

    Dezenas e talvez algumas centenas de milhares de mulheres ainda seguem apanhando, e é verdade, nesse caso pouco importa a classe social, basta ter uma buceta e pronto…É pau no lombo, e isso não é uma metáfgora sexista…

     

    5 famílias detêm 80% do mercado de comunicação e publicitário brasileiro.

     

    Rico paga, proporcionalmente, 1/3 dos impostos do resto da negrada…

     

    A maior parte da riqueza nacional ainda está nas mãos de menos 10% das famílias…

     

    E qual a estranheza?

     

    É que talvez, pela primeira vez, dois projetos de poder tenham antagonizado a ponto de expor as diferenças a um patamar incômodo e irreconciliável…

     

    Aparentemente, o que é cantado como derrota da presidenta pelos “vitoriosos” tucanos e seus cúmplices da mídia, é de fato uma vitória estarrecedora: Rasgamos o véu da hipocrisia dessa sociedade segregadora, que gosta de se imaginar solidária e cortês…

     

    “Somos todos brasileiros”…

     

    Nossa mãe do céu, como deve ser brasileira aquela menina que vivia confinada em um quartinho de empregada, ganhando 1/2 salário para limpar as privadas da classe mé(r)dia e ainda servir de iniciação sexual ao filho playboy da patroa…

     

    Este é um povo tão “cortês”, que bastou alguma diminuição nas diferenças, para berrarem contra a “partição” do país…

     

    União sim, dizem-nos eles, mas cada um no seu lugar: elite na casa grande e negrada na senzala…ora bolas!

    Que fique bem claro: Essa União caracu nunca mais…

  3. Reforma Política

    Não querendo azedar a proposta da presidente, mas sustentar uma Reforma Política via plebiscito na atual conjuntura do país pode ser um tiro no pé para o governo. Afirmo isso porque o governo obteve uma das vitorias mais apertadas dos últimos tempos e a onda de anti-petismo está muito forte no momento. Qualquer proposta que a presidente e o PT apoiem terá uma resistência muito grande, mesmo que a proposta sejam justa e correta, apenas pelo fato de ter o apoio do PT. Naturalmente, as propostas de reformas profundas no sistema político terão uma resistência grande por parte dos setores que se beneficiam por décadas do atual modelo. Com a forte pressão anti-PT a resistência será ainda maior, principalmente em temas complexos e de difícil compreensão pela maioria da população, como financiamento privado de campanhas. O exemplo do que foi o plebiscito contra o desarmamento deve ficar no horizonte de visão do governo quando pensar em fazer a Reforma Política por consulta popular. O melhor que pode fazer é preparar o terreno com grande antecedência, por meio do convencimento de formadores de opinião, tanto na mídia, quanto nas redes sociais, sem se restringir ao círculo restrito dos seus frequentes apoiadores.

  4. Ouvir dizer que a Dilma vetou

    Ouvir dizer que a Dilma vetou a entrevista ao vivo no JN, por isso foi feito por videoconferência, ao contrário da Record que a reporter esteve no palcio.

    Será verdade ?

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