Três respostas simples, por Delfim Netto

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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do Valor

Três respostas simples

Por Antonio Delfim Netto

Terminou o primeiro tempo da campanha presidencial onde nada se esclareceu. Apenas exercitou-se a máxima de La Rochefoucauld: “C’est une grande habilité que de savoir cacher son habilité”. Os candidatos com grande habilidade esconderam cuidadosamente o seu pensamento. Chegou a hora da onça beber água.

Combinemos inicialmente: 1) que a economia brasileira está em situação desagradável, mas não à beira do apocalipse; 2) que sua recuperação exige ajustes importantes, mas não catastróficos;

3) que pouco menos da metade da sociedade brasileira reconheceu “sentir” uma melhoria no seu nível de vida. É exatamente por isso que seu “querer mais” não pode ser ignorado;

O resto é puro “marquetismo” para vender sabonete!

4) que 70% dos cidadãos que clamam por “mudanças” temem retrocesso aos bem-sucedidos programas de integração social, da redução da pobreza e da ênfase ao continuado aumento da “igualdade de oportunidades” (ampliação do acesso à saúde e à educação, ambos precários, mas com avanços significativos!);

5) que parte da deterioração da economia deve-se à mudança do ambiente externo não percebido a tempo pelo governo, o que exigia melhor harmonia entre a política econômica e a social;

6) que a disponibilidade de recursos diminuiu a partir de 2010 quando o “vento de cauda”, (a melhoria das relações de troca) terminou;

7) que parte significativa da deterioração fiscal é devida à dramática redução da taxa de crescimento do PIB interpretada como “falta de demanda” interna do setor industrial. Na verdade, ela não faltou. Foi substituída pela importação de produtos manufaturados, consequência da sobrevalorização cambial;

8) que “a cobra mordeu o rabo”. A murcha do PIB foi, basicamente, devida à redução da produção de manufaturados nacionais. Na análise das contas nacionais, é perceptível a cointegração entre indústria e serviços, que constituem 90% do PIB. Os outros 10%, que afetam tanto indústria como serviços, vêm da “agricultura” que tem tido um aumento de produtividade de 3% ao ano, devido à Embrapa e planos de safra cada vez melhores. Até aqui, a alta dos preços externos a isolaram dos efeitos deletérios da valorização cambial. A má notícia é que a situação parece estar mudando devido à acumulação de estoques mundiais e pela esperada valorização do dólar. E, finalmente, mas sem exaurir a lista;

9) que é evidente que, mesmo protegidos por uma reserva de US$ 380 bilhões, não podemos continuar a ter déficits em conta corrente de US$ 80 bilhões por ano, principalmente agora que as exportações agropecuárias vão, provavelmente, crescer menos.

Vamos precisar aumentar as exportações de manufaturados em condições muito adversas: a) boa parte dos exportadores perderam seus clientes e transformaram-se em eficientes importadores; b) estamos tecnologicamente atrasados por falta de investimentos; c) perdemos o passo na integração das cadeias produtivas; d) as exportações de manufaturados, produzidos pelas empresas estrangeiras, dependem das decisões políticas das matrizes e teremos de negociar com elas “bônus de porta-luvas”; e) há sérias desconfianças sobre os créditos tributários nas exportações; f) a situação da economia é de lenta recuperação nos nossos clientes industriais (EUA e Eurolândia), o que atrasa um eventual “efeito câmbio”; g) é preciso convencer os exportadores que, daqui para a frente, “linguiça não é cobra”, ou seja, que a sobrevalorização cambial não será mais substituta das políticas monetária, fiscal e salarial no combate à inflação.

Combinado isso, é preciso que os dois competidores esqueçam o protagonismo teatral e deseducador que os “marqueteiros” lhes impuseram no primeiro turno e apresentem pessoal e claramente, sem clipes mistificadores, como vão enfrentar o problema da volta ao crescimento do PIB nas atuais condições de que dispomos:

a) uma estrutura demográfica que envelhece e vai limitar a oferta de mão de obra a, no máximo, 1% ao ano nos próximos 4 anos; b) se desejamos um crescimento do PIB per capita de 3% ao ano, que dobra a renda a cada geração (25 anos), precisamos que a produtividade de cada trabalhador cresça à mesma taxa de 3%; c) a produtividade do trabalhador depende da quantidade da infraestrutura (determinada pelo sucesso das concessões) somado ao estoque de capital privado (determinado pela eventual recuperação do “espírito animal” do empresariado); d) o aumento do PIB passa pela recuperação da produção industrial que, para aproveitar as economias de escala, precisa complementar a demanda interna de 200 milhões de habitantes com uma exportação competitiva, que absorva parte dos seus custos fixos.

O que se espera de cada candidato é que explicite, nas cinco horas que cada um disporá na televisão, sua resposta a três perguntas elementares: 1) como vai aumentar a poupança pública, sem a qual todo o resto é mais difícil e instável?; 2) como espera atrair o setor privado para aumentar o investimento em infraestrutura e produzir um ambiente econômico propício a que ele aumente o seu próprio investimento?; e 3) como vai estimular a construção de um mecanismo eficaz para devolver ao setor industrial o seu dinamismo exportador?

Antonio Delfim Netto é professor emérito da FEA-USP, ex-ministro da Fazenda, Agricultura e Planejamento. Escreve às terças-feiras

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

22 Comentários

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  1. A Dilma tem que

    deixar claro para o povo:

    “que 70% dos cidadãos que clamam por “mudanças” temem retrocesso aos bem-sucedidos programas de integração social, da redução da pobreza e da ênfase ao continuado aumento da “igualdade de oportunidades” (ampliação do acesso à saúde e à educação, ambos precários, mas com avanços significativos!)”

    E se ela perder o país vai voltar a continuar ser de 1/3 (ou seja, a elite) como antes do Lula era.

     

  2. E SE O PSDB GANHAR AS ELEIŌES?

    Se o PSDB chegar ao poder vai reimplantar a miséria no Brasil ao se dessedentar de 12 anos à míngua. Fato. Vai trazer a crise de desemprego dos EUA e Europa para cá. Fato. Vai congelar o salário mínimo e as aposentadorias. Fato. Vai privatizar a Petrobras depois de fazer um brutal aumento do preço dos derivados, que causará forte inflaçāo. Fato. Vai elevar os juros a níveis estratosféricos para beneficiar o capital americano e os bancos nacionais. Em menos de dois anos as empresas médias e pequenas irão á falência por elevaçāo dos custos e queda de demanda: milhōes ficarāo desempregados em pouquíssima tempo. Fato. Como na Europa e nos Estados Unidos, as pessoas que perderāo aeus empregos ficarāo inadimplentes e perderāo também seus imóveis e outros bens. Os miseráveis voltarāo a povoar as calçadas e a se proteger sob pontes e viadutos. Nosso Fundo Soberando será desfalcado e nem ficaremos sabendo disso porque a mídia estará acumpliciada com os desfalcadores. A destinaçāo do pré-sal para a educaçāo será revista por motivo de “força maior”, como sustentar a falência inevitável da Previdência Social. Nāo é preciso dar asas à imaginaçāo: basta lembrar como foi nos anos 90.

     

  3. De bate pronto só sei responder uma das perguntas a 3

    Uma idéia que defendo aqui no blog desde o primeiro dia que escrevi aqui, porque é uma bandeira muito mais antiga, da década de 80. 

    A criação das Zonas Especiais de Produção, verdadeiros enclaves industriais e comerciais, dotados de uma extraterritorialidade no que concerne às Leis Tibutárias, Fiscais e Trabalhistas do Brasil, um lugar onde não se nasce e não se morre, como em Delos na Grécia há 3 mil anos atrás, um lugar onde se trabalha, lucra, produz, vende, inova, se produz a engenharia e a reengenharia de produtos que importamos e conslumimos no Brasil.

    Enfim, verdadeiras ilhas de produção, com no mínimo 100 hectares cada, espalhadas às centenas por este Brasilsão afora, cercadas e delimitadas, com uma política de internação de exportação de produtos própria que retire todos os entraves de se produzir no Brasil, assim ganhamos, da noite para o dia, como a China e o resto do planeta fez, competitividade mundial sem entrar em questões miudas e infindáveis de discussões de privilégios bizântinos, como os defendidos pelo Confaz por exemplo, e passamos a qualificar indústria e mão de obra nacional para a competição que hoje assistimos da arquibancada.

    Acorda, Dilma!

    1. Economia brasileira

      A primeira vista sua ideia é genial. Tem toda uma racionalidade econômica e ganhos para todos os atores. Mas, quando falamos em extraterritorialidade trabalhista e tributária, falamos em mexer com sindicatos, membros da federação brasileira e, obviamente, várias emendas constitucionais. Infelizmente não vejo maturidade no Brasil para isto.

      1. Se fosse fácil já teriam feito, mas não é impossível

        Dificuldades são aquelas coisas que vemos, quando tiramos os olhos do objetivo.

        O que o Brasil e o seu povo não podem é ficar parado esperando a desgraça chegar.

        Pela sua conclusão, nenhum dos dois candidatos tem condição de governar, logo, eleito quem seja, teremos um golpe e uma revolução.

        Não me parece a melhor saida.

         

      1. Mais para um xadrez econômico

        História do Xadrez

        Em seu simbolismo o xadrez é o mais significativo de todos os jogos. Ele têm sido chamado de -“O Jogo Real”- o passatempo dos Reis.

        Assim como as cartas de Tarot, as peças de xadrez representam os elementos da Vida e da Filosofia. O jogo era praticado na Índia e na China bem antes de ser introduzido na Europa. Príncipes do leste da Índia usualmente sentavam nos balcões de seus palácios e jogavam xadrez com pessoas vivas de pé sobre  pavimentos xadrez feitos de mármore branco e preto nos terraços inferiores.

        Acredita-se popularmente que os Faraós Egípcios  jogavam xadrez, mas um exame de suas esculturas e murais  levou a conclusão de que o jogo Egípcio era uma forma de Dama. Na China, peças de xadrez eram freqüentemente esculpidas para representar dinastias de guerreiros, como os Manchu e os Mings.

        O tabuleiro de Xadrez é composto de 64 quadrados que representam o chão da Casa dos Mistérios. Sobre este campo da existência ou do pensamento movem-se um números de estranhas figuras esculpidas, cada uma de acordo com uma lei fixa.

        O Rei branco é Ormuzd; o Rei preto, Ahriman; e sobre o plano do Cosmos a grande guerra entre a Luz e as Sombras é travada durante todas as idades.

        Sobre a constituição filosófica do homem, os reis representam o espírito; as rainhas a mente; os bispos as emoções; os cavalos a vitalidade; os castelos,  ou torres, o corpo físico. As   peças do lado do rei são positivas, aquelas do lado da rainha, negativas. Os peões são os impulsos sensórios e as faculdades perceptivas – as oito  partes da alma. O rei branco e seu conjunto representam o Ego e seus veículos; O rei preto e sua comitiva, o não-Eu – o falso-Ego e sua legião.

        O jogo de xadrez , desta forma, entabula a lide entre cada parte da natureza composta do homem contra a sombra de si mesmo. A natureza de cada peça de xadrez é revelada pelo modo como ela se move; geometria é a chave para sua interpretação. Por exemplo: A Torre ( o corpo) move-se nos quadrados; os bispos ( as emoções) movem-se nas direções obliquas; o rei, sendo o espírito, não pode ser capturado, mas perde a batalha quando é cercado e não pode escapar.

        ( Mainly P. Hall – The Secret Teaching of all Ages. Pg .132)

         sábado, 24 de agosto de 2002

        1. Oito partes da alma

          Alma egípcia

          Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre. 

          Alma egípcia é um conceito metafísico egípcio de alma-coração, o princípio de sete almas que seria levado durante toda a vida.

          Para os antigos egípcios, a religião focava a imortalidade. Portanto, a vida futura era altamente desejável. Isso pressupõe a crença de que havia uma alma imortal que viveria após a morte do corpo físico e essa alma, para nós, atualmente, é um conceito bastante complexo.

          A alma, seu ser, era composto de partes diversas. Não existia apenas a forma física, e sim, havia oito partes imortais ou semi divinas, que sobreviviam à morte. Portanto as oito partes imortais mais o corpo completariam as nove partes do ser humano.

          O significado exato de Ka, Ba, Akh, Sekhem, e outras expressões não são ainda muito claros para nós. Os estudiosos partem do princípio de comparar a cultura egípcia antiga com a nossa e assim ficamos mais confusos porque as ideias são diferentes.

          Livro dos mortos de Ani, pesagem do coração

          Nas tumbas, o Livro dos Mortos, que na verdade tem o nome de Saída para a Luz do Dia, é uma coleção de textos que aborda toda a viagem do morto rumo a vida pós morte. Através da leitura desses textos é possível tentar entender os conceitos dos antigos egípcios.

           

          Índice

          1 Ib (coração)2 O Livro3 Partes da Alma Egípcia4 Os campos de Ialu5 Referências6 Ligações externas

           

          Ib (coração)

          A parte mais importante da alma egípcia era o Ib (jb) ou coração. O Ib,1 ou coração metafísico, era concebido como uma gota do coração da mãe para a criança durante a concepção.2 Achados arqueológicos retratam esta concepção com a imagem de uma pessoa que é encaminhada pela deusaMaat após a morte.

          O termo ab ou ib foi usado também pelos hebreus para denominar a divindade máxima da religião monoteísta, Deus. Segundo esta etimologia3 absão as duas primeiras letras do alfabeto hebraico e grego, respectivamente: a=aleph e alpha ou no hebraico pai; e b=bet e beta ou no hebarico úteroou casa e é uma palavra feminina. A união destas compõe a própria palavra alfabeto ou A Palavra, o Verbo, segundo a Bíblia, o próprio Deus ou ainda, dentro de uma concepção hebraica, pai e mãe; numa concepção egípcia o coração da deusa.4

          O Livro

          Na verdade não era um livro e sim uma coletânea de textos creditados ao deus Thot e seu objetivo era ajudar a alma do morto a enfrentar e vencer os obstáculos, num caminho muito difícil.

          Para chegar ao Amenti, era preciso cruzar os 21 pilares, passar pelas 15 entradas, cruzar 7 salas para chegar ao Saguão das Duas Verdades onde seu coração, frente a Osíris e aos 42 juízes vai ser pesado.

          Caso o julgamento fosse favorável ao morto, Hórus o conduzia ao trono de Osíris que indicava seu lugar no reino além da morte. Se o morto estivesse cheio de pecados, seria comido pelo Ammut, o devorador de mortos, então adeus vida eterna.

          Partes da Alma Egípcia

          As partes da alma egípcia incluem:

          estátua representando o Ka do faraó Hor

          Khat – A forma física, o corpo que pode se desintegrar após a morte, a parte externa dos mortais que pode ser preservada apenas pela mumificação.

          O Ka, o Ba e o Akh são às vezes traduzidos como o Duplo, a Alma e o Espírito, mas isso não explica todas as nuances que estão implícitas nesses conceitos.

          Ka – Imagine que o deus criador Khnum, criou o Ka da pessoa quando criou essa pessoa em sua roda de oleiro. O Ka então passa a seguir a pessoa como uma sombra ou um duplo, durante toda a vida, mas quando a pessoa morre, o Ka retorna para sua morada celeste.

          A preservação do corpo, as oferendas de comida, sejam reais ou apenas gravadas nas paredes da tumba, propiciavam energia ao Ka. Não que ele comesse, mas assim como as estátuas dos deuses, o Ka assimilava energia.

          Os egípcios acreditavam que os animais, plantas, água e as pedras, por exemplo, todos possuíam seu próprio Ka. O Ka humano até podia habitar uma planta, enquanto a pessoa a quem ele pertencia, dormia.

          O Ka podia se manifestar, como um fantasma para outras pessoas, tanto fazia se a pessoa a quem ele pertencia estivesse viva ou morta. Podia até apavorar as pessoas que por acaso tivessem feito algum mal para seu possuidor – se, por exemplo, a família não tivesse feito as oferendas devidas, o Ka faminto e sedento, os assombraria até que corrigissem seu erro.

          o Ba e a múmia

          Na vida diária, ao dar comida e bebida para alguém, os antigos egípcios costumavam usar a frase Para o seu Ka, para desejar energia vital do Ka.

          Ba – O Ba podia assumir a forma que desejasse, em geral ele se apresenta na forma de um pássaro com cabeça humana, que flutua em torno da tumba durante o dia, alimentando o falecido com água e comida.

          A função mais importante do Ba era tornar possível que o morto, abandonasse a tumba para se reunir ao seu Ka, de modo que pudesse viver para sempre e se tornar um Akh, um ancestral.

          O conceito de Ba era mais ligado ao corpo físico e não como alma ou espírito.

          Akh (Akhu, Khu, Ikhu) – É o resultado da união do Ba e do Ka. É a parte imortal, o ser radiante que vive dentro do Sahu. Significa o intelecto, os desejos e intenções do falecido. O Akh se transfigura na morte, e sobe aos céus para viver com os deuses entre as estrelas.

          Sahu – É o corpo espiritual. Caso o morto se saia bem no Julgamento de Osíris, o Sahu sobe aos céus saindo do corpo físico, como todas as habilidades mentais de um ser humano vivo.

          escaravelho representando o coração, tumba de Hatnofer

          Sekhem – É a personificação incorpórea da força vital do homem, que passa a viver entre as estrelas junto com o Akh, após a morte física.

          Ab (Ib) – O coração, esta é a fonte do bem e do mal dentro de uma pessoa. É o caráter e o centro dos pensamentos, que pode abandonar o corpo de acordo com sua vontade, e viver junto com os deuses após a morte, ou ser engolida por Ammut, assim tendo a morte final, quando os pratos da balança de Ma´at não se equilibram.

          Ren – O nome verdadeiro. É a parte vital do homem em sua jornada através da vida e do pós vida. Para compreender melhor, basta saber que o deus criador (em Mênfis) Ptah, criou o mundo dizendo o nome de todas as coisas.

          Um recém nascido, devia receber um nome imediatamente senão estaria vivendo uma existência incompleta.

          As cerimônias de nomeação eram secretas, de modo que, uma pessoa podia viver toda sua vida usando um apelido para que ninguém descobrisse seu nome verdadeiro.

          Destruir ou apagar o nome de uma pessoa podia certamente trazer a desgraça. Muitos sequer pronunciavam o nome verdadeiro de um deus, usavam sinônimos em seu lugar, como Yinepu (Anúbis) era sempre chamado: “Aquele que está de frente para a tenda divina, que significava a casa da mumificação. Desse modo o nome verdadeiro do deus ficava escondido e protegido.

          Os egípcios acreditavam que aquele cujo nome fosse falado, vivia. Assim sendo, fazer oferendas e dizer o nome de um falecido amado, significava que aquela pessoa vivia entre os iluminados.

          A única pessoa que podia destruir os poderes dos demônios, era aquela que soubesse seus nomes. Ao viajar através do mundo subterrâneo, se usava dizer: eu conheço você e sei seus nomes.

          Shwt – Num país como o Egito, com um sol escaldante, é possível fazer uma analogia com a proteção e a bênção que é sombra.

          Assim, a sombra era vista também como uma entidade que podia se separar do corpo, participar das oferendas funerárias e viajar com grande velocidade.

          a barca de Ra

          Os campos de Ialu

          Era o local onde o morto passaria sua pós vida, também poderia ser dito, entre as estrelas ou nas Terras do Oeste.

          Enquanto o Khat descansa na tumba, pronto para ser reanimado pelo Ka, o Ba pode estar viajando com no mundo subterrâneo com Ra. Enquanto o Ab está com os deuses, a Shwt (sombra) pode estar com Ba na barca, ou na tumba comendo as oferendas. Ao mesmo tempo, o Akh, Sekhem e Sahu podem estar felizes vivendo entre as estrelas, olhando para a Terra lá embaixo.

          Referências

          Ir para cima↑ Britannica, IbIr para cima↑ Slider, Ab, Egyptian heart and soul conceptionIr para cima↑ Greater Things, FatherIr para cima↑ Google Book Search, African presence in early Asia

          Ligações externas

          Conceito da alma por Caroline Seawright e J. J. Poortman, Vehicles of Consciousness – The Concept of Hylic Pluralism, Lionel Casson, Ancient EgyptReligião egípciaPartes da almaAlma egípcia Obtida de “http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Alma_egípcia&oldid=39068034

           

        2. O fogo do espírito animal embotado brasileiro

          A física da Estoá antiga

           

          A física da Estoá antiga é uma forma (talvez a primeira forma) de materialismo monista e panteísta.

          a) O ser, dizem os estóicos, é só aquilo que tem a capacidade de agir e sofrer. Mas este é apenas o corpo: “ser e corpo são idênticos” é, portanto, a sua conclusão. Corpóreos são também as virtudes e corpóreos os vícios, o bem e a verdade.

          b) Esse materialismo, embora tome a forma do mecanicismo pluralista atomista, como nos epicuristas, configura-se, num sentido hilemórfico, como hilozoísta e monista.

          Os estóicos falam, na verdade, de dois princípios do universo, um “passivo” e um “ativo”, mas identificam o primeiro com a matéria e o segundo com a forma (ou melhor, com o princípio enformante) e sustentam que um é inseparável do outro. A forma, além disso, segundo eles, é a Razão divina, o Logos, Deus. Eis dois significativos testemunhos antigos: “Segundo os estóicos, os prin­cípios do universo são dois, o ativo e o passivo. O princípio passivo é a substância sem qualidade, a matéria; o princípio ativo é a razão na matéria, isto é, Deus. E Deus, que é eterno, é demiurgo criador de todas as coisas no processo da matéria”; “Os discípulos de Zenão concordam em sustentar que Deus penetra em toda a realidade e que ora é inteligência, ora alma, ora natureza […].”

          Compreende-se bem, deste modo, que os estóicos pudessem identificar o seu Deus-physis-logos com o “fogo artífice”, com o heraclídeo “raio que tudo governa” ou ainda com opneuma, que é “sopro ardente”, ou seja, ar dotado de calor. O fogo, com efeito, é o princípio, que tudo transforma e tudo penetra; o calor é o princípio sine qua non(imprescindível) de todo nascimento, crescimento e, em geral, de toda forma de vida.

          Para o estoicismo a penetração de Deus (que é corpóreo) através da matéria e de toda a realidade (que também é corpórea) é possível em virtude do dogma da “mescla total dos corpos”. Recusando a teoria dos átomos dos epicuristas, os estóicos admi­tem a divisibilidade dos corpos ao infinito e, assim, a possibilidade de que as partes dos corpos possam unir-se intimamente entre si, de modo que dois corpos possam, perfeitamente, fundir-se num só. E evidente que essa tese comporta a afirmação da “penetrabilidade dos corpos”, aliás coincide com ela. Por mais aporética que seja, essa tese, em todo caso, é requerida pela forma de materialismo monista adotado pela Estoá.

          O monismo da Estoá pode ser compreendido ainda melhor se considerarmos a doutrina das assim chamadas “razões seminais”. O mundo e as coisas do mundo nascem da única matéria-substrato qualificado, através do logos imanente que, em si, é uno, mas capaz de diferenciar-se nas infinitas coisas. O logos é como o sêmem de todas as coisas, é como um sêmem que contém muitos sêmens (os logoi spermatokói), que os latinos traduziriam com a expressão rationes seminales (razões seminais). Uma fonte antiga diz: “Os estóicos afirmam que Deus é inteligente, fogo artífice, que meto­dicamente procede à geração do cosmo e que inclui em si todas as razões seminais, segundo as quais as coisas são geradas segundo o fado. Deus é […] a razão seminal do cosmo.”

          As Idéias ou Formas platônicas e as formas aristotélicas são assim assumidas no únicoLogos, que se manifesta em infinitos sêmens criativos, forças ou potências germinativasque operam no interior da matéria, imanentes à estrutura da matéria a ponto de serem inteiramente inseparáveis dela. O universo inteiro é assim como que um único grande organismo, no qual o todo e as partes se harmonizam e “simpatizam”, ou seja, sentem em correspon­dência uma com a outra e em correspondência com o todo (doutrina da “simpatia” universal).

          c) Dado que o princípio ativo, que é Deus, é inseparável da matéria e como não existe matéria sem forma, Deus está em tudo e Deus é tudo. Deus coincide com o cosmos. Dizem as fontes antigas: “Zenão indica o cosmos inteiro e o céu como substância de Deus.” Ou ainda: “Chamam de Deus o cosmo inteiro e as suas partes”. O ser de Deus é Tino com o ser do mundo, a ponto de tudo (o mundo e as suas partes) ser Deus. Essa é a primeira concepção explícita e temática da Antigüidade (a dos pré-socráticos era somente uma forma de panteísmo implícito e inconsciente; só depois da distinção dos planos da realidade em Platão e da negação crítica desta distinção é que se torna possível um panteísmo consciente de si mesmo).

          Com base no que foi aqui precisado, é possível compreender plenamente a curiosa posição que os estóicos assumiram em relação ao “incorpóreo”. A redução do ser ao corpo comporta, como conseqüência necessária, a redução do in-corpóreo (daquilo que é privado de corpo) a algo que é privado de ser. O incorpóreo, faltando-lhe exatamente a corporeidade, carece das conotações que são distintivas do ser, ou seja, não pode agir nem sofrer. Assim, os estóicos, além dos conceitos universais, consideram “incorpó­reos” também o ‘lugar”, o “tempo” e o “infinito”, exatamente porque são coisas incapazes de agir e sofrer (e, por acréscimo, as duas últimas são também infinitas).

          Esta concepção do “incorpóreo” suscita numerosíssimas aporias, das quais, pelo menos em parte, os próprios estóicos tiveram consciência. De fato, espontaneamente surge a pergunta: se o “incorpóreo” não tem ser porque não é corpo, então é não-ser, é nada? Para fugir a +.al dificuldade, alguns estóicos foram obriga­dos a negar que o ser seja o gênero supremo e que seja atribuível a todas as coisas, bem como a afirmar que o gênero mais amplo de todos é o “algo”.

          E claro que tal doutrina, subvertendo o próprio estatuto da ontologia clássica, devia fatalmente cair num cipoal de contradi­ções, o que explica a perplexidade dos próprios estóicos.

          Naturalmente, nesse contexto perdia todo sentido o quadro aristotélico das categorias, que são as supremas “divisões” ou os supremos “gêneros” do ser. Os estóicos reduziram as categorias a duas categorias fundamentais, às quais acrescentaram outras duas que, contudo, estão num plano muito diferente. As duas categorias fundamentais são: a substância, entendida como subs­trato material, e a qualidade, entendida como qualidade que, em união inseparável com o substrato, determina a essência das coisas singulares. As outras duas categorias são constituídas pelos modos e pelos modos relativos. Mas os estóicos não se pronunciaram claramente sobre o estatuto ontológico destas duas últimas.

          Contra o mecanicismo dos epicuristas, os estóicos defendem a ferro e fogo uma rigorosa concepção finalística. Com efeito, se todas as coisas sem exceção são produzidas pelo princípio divino imanente, que é Logos, inteligência e razão, tudo é rigorosa e pro­fundamente racional, tudo é como a razão quer que seja e, como ela não pode deixar de querer que seja, tudo é como deve ser e como é bom que seja; então, o conjunto de todas as coisas é perfeito; não existe obstáculo ontológico à obra do Artificie imanente, dado que a própria matéria é o veículo de Deus; assim, tudo o que existe tem um significado preciso e é feito do melhor dos modos possíveis; o todo, em si, é perfeito; as coisas singulares, embora sendo imper­feitas, consideradas em si mesmas, têm a sua perfeição no esboço do todo.

          Estreitamente ligada a esta concepção encontra-se a noção de “Providência” (Pronoia). A Providência estóica, afirma-se, nada tem a ver com a Providência de um Deus pessoal. É o finalismo universal que faz com que cada coisa (mesmo a menor das coisas) seja feita como é bom e como é melhor que seja. É uma Providência imanente e não transcendente, que coincide com o Artífice imanente, com a Alma do mundo.

          Desse modo, a Providência imanente dos Estóicos, vista por outra perspectiva, revela-se como “Fado” e como “Destino” (Heimarméne), ou seja, como inelutável Necessidade. Os estóicos entendiam esse Fado como a série irreversível das causas, como a “ordem natural e necessária de todas as coisa”, como a indissolúvel trama que liga todos os seres, como ologos segundo o qual as coisas acontecidas aconteceram: “aquelas que acontecem, acontecem; e aquelas que acontecerão, acontecerão.” E, posto que tudo depende do logosimanente, tudo é necessário (assim como tudo é providen­cial, do modo como vimos), mesmo o acontecimento mais insigni­ficante. Estamos diante de uma antípoda da visão epicurista, que, com a “declinação dos átomos”, ao contrário, havia colocado todas as coisas ao sabor do acaso e do fortuito.

          Mas, no contexto desse fatalismo, como se salva a liberdade do homem? A verdadeira liberdade do sábio consiste em conformar a própria vontade à do Destino, consiste em querer, com o Fado, aquilo que o Fado quer. Isso é “liberdade”, enquanto aceitação racional do Fado, que é racionalidade: com efeito, o Destino é o Logos; por isso, querer os quereres do Destino é querer os quereres do Logos. Liberdade, pois, é pôr a vida em total sintonia com o Logos. Por isso Cleanto escrevia:

          Guia-me, ó Júpiter, e tu, Destino, ao fim, qualquer que este seja, que vos praza assinalar-me. Seguirei imediatamente, pois se me atraso, por ser vil, mesmo assim deverei alcançar-vos.

          Eis uma bela passagem, referida por fonte antiga, que exemplifica muito bem o conceito expresso acima: “Os estóicos também afirmaram com certeza que todas as coisas ocorrem por fado, servindo-se do seguinte exemplo: um cão que está amarrado a um carro, se quiser segui-lo é puxado e o segue, fazendo necessariamente aquilo que também faz por sua vontade; se, ao contrário, não quiser segui-lo, será obrigado, de toda forma, a fazê-lo. A mesma coisa na verdade ocorre com os homens. Mesmo se não quiserem seguir [o Destino], serão em todo caso obrigados a chegar ao que foi estabelecido pelo fado.” Sêneca o diria, traduzindo um verso de Cleanto com a sentença lapidar: “Ducunt volentem fata, nolentem trahunt” (“O destino conduz aquele que quer, quanto quem não quer”).

          Mas há ainda um ponto essencial a ser ilustrado no que se refere à cosmologia dos estóicos. Como os pré-socráticos, os estóicos propuseram um mundo gerado e, em conseqüência, corruptível (aquilo que nasce deve, num certo momento, morrer). De resto, era a própria experiência que lhes dizia que, como existe um fogo que cria, existe também um fogo ou um aspecto do fogo que queima, incinera e destrói. No entanto, era impensável que as coisas singu­lares do mundo fossem sujeitas à corrupção mas não o mundo que é constituído por elas. Assim, a conclusão era obrigatória: o fogo alternadamente cria e destrói; em conseqüência, no fatídico final dos tempos haverá a “conflagração universal”, uma combustão geral do cosmos (ekpyrosis), que será ao mesmo tempo a purificação do universo, passando a haver somente fogo. A destruição do mundo se seguirá um “renascimento” (palingénesis), pelo qual “tudo renascerá de novo exatamente como antes” (apocatástase): então renascerá o cosmos, esse mesmo cosmos que continuará pela eternidade a ser destruído e depois reproduzido, não só na estrutura geral, mas também nos acontecimentos particulares (numa espécie de eterno retomo), e renascerá cada homem sobre a terra, cuja vida será como foi na sua vida anterior, até nas mínimas particulari­dades. De resto, idêntico é o Logos-fogo, idêntico é o sêmem, idênticas são as razões seminais, idênticas são as leis em sua explicação, idênticas são as concatenações das causas segundo as quais as razões seminais se desenvolvem em geral e em particular.

          Como vimos, o homem ocupa uma posição predominante no âmbito do mundo. Esse privilégio, em última análise, deriva do fato de que, mais do que qualquer outro ser, o homem participa do Logos divino. Com efeito, o homem é constituído de corpo e alma, a qual é um fragmento da Alma Cósmica; é, pois, um fragmento de Deus, já que a Alma Universal, como sabemos, é Deus. Naturalmente, a alma é corpórea, ou seja, fogo ou pneuma.

          A alma permeia o organismo físico interno, vivificando-o; o fato de este ser material não é impedimento para isso, já que, como sabemos, os estóicos admitem a penetrabilidade dos corpos. Exata­mente por permear todo o organismo humano e presidir às suas funções essenciais, a alma é dividida em oito partes pelos estóicos: uma, central, chamada “hegemônica”, isto é, a parte que dirige, coincidindo essencialmente com a razão; cinco partes constituindo os cinco sentidos; a parte que preside à formação; finalmente, a que preside à geração.

          Além das oito “partes”, os estóicos distinguiram, numa mesma parte, diferentes “funções”: assim, a parte hegemônica ou parte principal da alma tem em si a capacidade de perceber, assentir, apetecer e raciocinar.

          A alma sobrevive à morte do corpo, pelo menos por um certo período; segundo alguns estóicos, as almas dos sábios sobrevivem até a próxima conflagração.

           

  4. ninguém duvida que delfim

    ninguém duvida que delfim entende de

    economia como mostra o texto.

    mas a discussão e o debate devem ser político.

    para evitar que ocorra o que aconteceu na europa,

    onde o neonliberalismo economico

    dominou a política

    e os financistas acabaram

    se apropriando dos governos europeus.

    fato que criou mais desemprego.

    exemplo: na espanha 60% dos jovens

    não conseguem arranjar emprego.

    no brasil, tivemos n era fhc, ntes de lula,

    experiencias neonliberais

    traumatizantes,

    com a famigerada privataria tucana.

    (quando fhc vendeu estatais a preço de banana,

    impunemente.

    inflação a 12 por cento.

    juros a 45 por cento, com os mesmos economistas

    que representam esse modelo vampiresco de nossas riquezas.

    os quais propõem a mesma coisa de sempre.

    vade retro….

    prefiro o modelo da inclusão social com lula e dilma….

     

     

  5. é facil iludir temporariamente o povo

    “se desejamos um crescimento do PIB per capita de 3% ao ano, que dobra a renda a cada geração (25 anos), precisamos que a produtividade de cada trabalhador cresça à mesma taxa de 3%”.

    Essa é uma afirmação de caráter puramente matemático, tipo 3 – 3 = 0. Mas há governistas sonháticos para os quais as questões econômicas podem ser resolvidas com medidas políticas. Logram fazer temporariamente o milagre da multiplicação dos peixes, criando deficits que inicialmente não parecem óbvios para o povo. O final é clássico, dramático e demonstrado por vários exemplos históricos: a ruína econômica total. A produtividade do trabalhador brasileiro nos últimos tempos tem crescido menos de 1%, menos do que a de toda a AL. Os avisos de cobrança estão chegando e sendo jogados na lata de lixo. O governo se apega à demagogia e à esperança salvadora do pré-sal. Todos os países que apostaram excessivamente no petróleo foram igualmente para a lata de lixo, como me disse recentemente um ilustre pensador peruano.

  6. O Dellfim não nasceu ontem, é

    O Dellfim não nasceu ontem, é claro. Mas como é economista não parece entender uma coisa importante. Ele diz: “é preciso que os dois competidores esqueçam o protagonismo teatral e deseducador que os “marqueteiros” lhes impuseram no primeiro turno e apresentem pessoal e claramente, sem clipes mistificadores, como vão enfrentar o problema da volta ao crescimento do PIB nas atuais condições de que dispomos:”

    Ora, a marquetagem não é feita só pelos marqueteiros. Ela é feita para o circuito intelectual e para os salões. E Esse circuito “intelectual”, leia-se imprensa, também só fala a línga da marquetagem. E formam um circuito fechado. E jjá foi o tempo em que se ganahava eleições falando só para um público restrito.

    Um exemplo da resistência desse grupo fechado de comunicação foi a discussão dsobre o BC independente. Imediatamente espantaram-se com o fato de um assunto desses ser exposto assim para o povão, até que a justiça – nenhuma surpresa – foi acionada pra mandar retirar o filmete da tv.

    Outro exemplo no sentido inverso. No início da campanha o candidato da oposição – ai, sim, no circuito fechado dos salões – falou em “medidas impopulares”. A coisa vazou e todos entenderam; rapidamente -mas nem tanto – ele teve que pronunciar um que “não se trata disso” – da boca pra fora, é claro – mas, mesmo assim, sem nenhuma interpelação do tal circuito “intelectual”.

    Ou seja, só há uma candidatura que poe dar respostas para as questões ele colocou. E é provável que o Delfim saiba bem disso mas, espertamente, não quis dizer.

  7. As respostas

    1) como vai aumentar a poupança pública, sem a qual todo o resto é mais difícil e instável?

    Aécio tranquilamente, tem muito espaço para cortar sem grandes traumas, é só ser efeciente e querer. Ajuda tambem não fazer renúncias fiscais insanas.

    2) como espera atrair o setor privado para aumentar o investimento em infraestrutura e produzir um ambiente econômico propício a que ele aumente o seu próprio investimento?;

    Aécio tranquilamente, é só não tentar controlar cada aspecto mínimo do investimento e deixar mais liberdade para quem tenha condições de fornecer o serviço ter um retorno adequado, com regras que não sejam hostis ao setor privado.

    3) como vai estimular a construção de um mecanismo eficaz para devolver ao setor industrial o seu dinamismo exportador?

    Em 2010 a resposta a essa pergunta era a Dilma. Aparentemente ela não conseguiu implementar isso em seu mandato. Continuo achando a campanha dela péssima. Todos os fatores que leveram alguns antigos eleitores dela a não repetir o voto no domingo simplesmente não foram abordados. Ele pode ganhar, mas não leva; se seguir o rumo dos últimos 4 anos, em 2018 o PT será varrido do mapa.

    Desanima também no momento em que a gente vê uma liderança como o novo governador de Minas (do PT) ser bombardeado por alguns aqui no blog ao propor uma campanha de alto nível. Fica a impressão que a administração dela de 2014-2018 será tão medíocre quanto a 2010-2014…

    1. Também estou achando essa

      Também estou achando essa campanha péssima. O ambiente está completamente intoxicado por um discurso de ódio ao “outro lado”.

      Respeitosamente pergunto:

      1) cortar o quê como e onde? Se é “sem traumas” por que a oposição nesses 12 nos não conseguiu formular e explicitar uma proposta minimamente consistente até agora, já passado inclusive o primeiro turno?

      2) Os leilões de infraestrutura e as PPPs estão acontecendo, qual a taxa de retorno que é adequada? O que mais querem?

      3) Sem mexer no cambio acredito que fica difícil. Como sair dessa armadilha sem falar seriamente de controle de capitais? Ou será que o “espirito animal” – ou a “fada da confiança”- só despertará com um brutal corte de gastos para conseguir um superavite real que garanta a parcela de juros do estamento financeiro [e aí andamos em cículo para o ponto 1] causando uma recessão enorme enquanto o país inteiro espera por uma saída da mesma armadilha de liquidez que a europa se enfiou?

      Saudações.

       

      1. Ao Lucinei

         

        1) Lucinei, quem é servidor público aqui sabe disso, existe alguma gordura (bem menos do que há dez anos) p/queimar no governo federal. Se você pegar prefeituras ou estados então, aí é piada, o corte pode chegar a 50% sem trauma (claro que não é prejudicar professor, bombeiro e médico). Não duvido que diversas prefeituras do país tenham mais de 10% de servidores fantasmas, que nunca trabalharam. Ela não pode interferir diretamente nas outras esferas, mas pode liderar e pressionar.

        Não sei na realidade se o Aécio pode fazer isso. Mas sei quem não pode: a atual Presidente. Não há salvação sem aumentar a poupança pública, e ela rema (infelizmente) na direção contrária. Sabe quem era um dos defensores do déficit nominal zero em 2007? O Sr. Mantega! Sei que a conjuntura mudou, mas tem que haver redução de gasto sim. Nossa situação não é europeia, acho que um corte razoável já permitiria crescimento em pouco tempo (como o Lula em 2004).

        2) Sobre essa parte da infraestrutura realmente não sei, o que consta é que o governo é excessivamente intervencionista e burocrático. Talvez o Nassif possa comentar sobre isso.

        3) Sem mexer no câmbio não é difícil não, é simplesmente impossível…

        Dito isso, acho que a Presidente tem que apontar claramente o que vai fazer nos próximos 4 anos. Ou pelo menos ano que vem. Não é verdade que o Aécio tenha escondido o jogo, o foco é gestão, e nesta parte ela simplesmente não fala o que vai fazer. Se demitiu o Mantega informalmente, por que não anuncia de uma vez por todas o novo Ministro da Fazenda? Um simples nome poderia recuperar muitos votos de ex-eleitores dela de 2010. Reduzir a Selic não foi errado, o problema foi fazer isso enquanto aumentava intensamente o gasto público.

        Outra coisa, usar preço administrado para reduzir inflação é piada. Isso destruiu o etanol e está destruindo a Petrobrás.

        Discordando da comparação feita aqui no blog, a Dilma que tomar posse em 2015 não será de jeito nenhum o Lula de 2007. A grande maioria da população fora do Nordeste (sem nenhum preconceito) repudia fortemente a forma pela qual ela conduz o governo. Serão 4 anos “infernais”. E diferentemente do Aécio ela está presa nesta contradição: se aplicar o receituário conservador, trairá sua base; mas se não fizer nada, afunda totalmente.

        PS: Não gostei da indicação do Armínio pelo Aécio, não achei que ele teve boa atuação no Bacen no período turbulento de 2002, é mais um motivo para a Dilma indicar o Ministro da Fazenda dela…

        1. Olá, LC. Agradeço a resposta

          Olá, LC. Agradeço a resposta e no mesmo tom respeitoso ofereço algumas ponderações.

          1) Os números acerca do funcionalismo público federal foram mencionados aqui num post recente (infelizmente não consigo recuperar). Eles mostram que o total de servidores está nos níveis de 90, sem ter ocorrido o tal “inchaço da máquina pública”. No nível municipal há uma diversidde muito grande. Em alguns casos aprofissionalização da burocracia pública (no melhor senntido do termo) é bem recente, face às atribuições que os municípios têm. Ademais, acho que falta um calculo pelomenos estimado da ordem de grandeza dessa “economia” que viria a ser feita. Falar de diminuiçao de ministérios ou corte de salário de executivos me parece ainda muito longe de uma proposta acabada. Eu, inclusive (muito modestamente) já expús meu ponnto de vista acerca do congelamento dos salários das carreiras que eu considero comm nível de remuneração privilegiada relativamente aaos ganhos do restante da população, como Juízes, Promotores, Fiscais, Agências reguladoras e Polícia Federal. Ainda assim supondo que o efeito vem a ser menos “fiscal” do que o de corrigir distorções (não acredito que um Juiz, etc. seja merecedor de um salário tatantas e tantas vezes maior do que o de um Professor, tampouco de um Professor Doutor).

          Continuo pensando que cortes têm que ser “postos na mesa” para serem discutidos de uma maneira clara inclusive porque, sabemos, a vida não é manual; sempre haverá resistência. Note que o fator previidenciário está senndo discutido de modo relativamente aberto nessa campanha, diferentemente de quando foi instituído.

          2) Concordo que é um assunto que o blog (nassif e demais) poderiam acrescentar muito. Dos “donos da comunicaçao” eu não espero nada. E suspeito que se eles não estão falando tanto e tão mal significa que poode estar indo relativamente bem.

          3) Também não tenho certeza emm que medida anunciar um novo ministro da economia vai gerar mais ou menos confiança; mais ou menos perturbação nos mercados. Do Armínio pode-se esperar a receita de sempre, me permito especular da mesma maneira que o tal mercado especula. E isso pra mim não é bom sinal, dadas as “expectativas” que o tal mercado nutre e dada a declaração – lembro de novo – que foi dada pelo presidenciável após uma reunião lá no início da campanha; as tais “medidas impopulares”

          Sobre os reajustes das tarifas a coisa é parecida. Uma empresa pública ou SA tem compromissos público a cumprir; e quem compra ações dela deve entender isso. É claro também que ninguém propõe quebrar a empresa para ganhar eleições; tanto quanto ela não deve satisfazer somente os acionistas conforme parece ter acontecido com o “modelo SABESP”.

          Acredito que no mercado, mais uma vez, todos saibam que as ações da PETROBRAS, por exemplo vão só subir, afinal é uma petroleira que tem petroleo e está batendo recordes sucessivos de produção. NNão acredito,portanto que ela “perdeu valor”. Isso só aconteceria se ela fosse vendida aos preços atuais, coisa que não defendo e até temo que aconteça.

          No setor elétrico muita rede de ttransmissão foi criada e novas turbinas de Santo Antônio e Girau estão entrando em ação, aumentando a capacidade de geração e afastando o riisco de desabastecimento. Se o regime de chuvas melhorar um pouco o preço só tende a baixar.

          Enfim, acho que tem um cenário de crescimento adiante, que só aumenta se houver alguma recupperação do ambiente externo.  Ou seja, há perspectivas realistas de se atravessar esse período sem choques exemplares, mas com responsabilidade e estabilidade.

          Saudações.

  8. o Armínio é trapaceiro profissional

    A prova é que ele propõe o impossível, face as condições atuais do planeta. 

    No PSDB não tem refresco:

    Discurso de campanha é tapeação

    Prática do governo sobre o discurso também é tapeação.

    Pensam que todo mundo é burro e ignorante como eles.

     Nuvens no céu da economia

    global
    São Paulo, 07/10 (Enfoque) –

    (Por Pedro Paulo Silveira) – Hoje foram divulgados os dados da
    produção industrial de agosto na Alemanha e eles vieram muito ruins. A produção
    industrial de agosto caiu 4% contra uma alta de 1,6% em julho e as encomendas
    caíram outros 5,7%. A produção de bens de capital, principal indicador do
    investimento, derreteu 8,8% e a construção 2%. A menor queda, como seria de se
    esperar, foi a de bens de consumo, que recuaram 0,4%1. A queda da produção
    industrial decorre da contração das economias da Zona do Euro e da queda da
    confiança em função do conflito na Ucrânia.

    A intensa discussão eleitoral
    tem impedido que os brasileiros olhem, com um pouco mais de atenção, para os
    desequilíbrios globais e isso pode ser um problema mais à frente. Toda a
    responsabilidade acerca da forte desaceleração industrial brasileira tem sido
    jogada nos ombros da política econômica levada a cabo por Guido Mantega. Pouco
    se fala sobre a influência da crise externa por aqui, refletida na deterioração
    do déficit externo e na queda da produção industrial. Mas isso vai bater em
    nossa porta no dia seguinte em que a eleição for decidida. Afinal, como tenho
    repetido, é o cachorro que abana o rabo.

    Ontem o provável ministro da
    economia de Aécio Neves, o economista Armínio Fraga, explicitou duas coisas
    importantes: nem os aumentos de tarifas nem o ajuste fiscal serão feitos de
    forma abrupta; serão feitos cortes de despesas graduais, assim como o aumento de
    tarifas. A convergência às metas (de inflação e de superávit primário) será
    sinalizada para que sejam atingidas em alguns anos. Ele defende essa sinalização
    ao mercado como forma de evitar mais uma mudança em nossa nota de crédito
    (downgrade), o que tornaria a confiança no país ainda pior. Isso mostra que
    Armínio, como seria de se esperar, sabe que uma ação abrupta (como já defenderam
    alguns “paladinos dos ajustes”) colocaria a inflação em trajetória explosiva e o
    nível de atividades em derretimento. Vale lembrar que há fatores nos preços que
    são relacionados aos constrangimentos de oferta, decorrentes da forte seca que
    assola o Sudeste Centro Oeste, e que, da mesma forma, há fatores cíclicos
    atuando para a piora do superávit primário (a queda da arrecadação de impostos
    por conta da desaceleração da economia). Fazer os ajustes de forma “heroica”,
    sem levar em conta o estado da economia, seria de um amadorismo fenomenal. E é
    sobre isso que Olivier Blanchard, o economista do FMI, está falando ao liberar
    mais uma parte do relatório World Economic Outlook em, Washington. Um bom
    indicador da desaceleração global é a queda dos preços das commodities. Já citei
    aqui a queda do minério de ferro. Outra que está em forte queda é o petróleo,
    que caiu 18% desde junho, veja o gráfico:

    O mundo, exceto os EUA, está passando por um momento de
    desaceleração da economia, com reflexos diferentes em cada região do planeta.
    Como comentei de passagem, Christine Lagard, a diretora gerente do fundo, já
    havia levantado a questão sob a forma do nome “A Nova Mediocridade”. Os países
    estão com baixas taxas de crescimento, com queda em suas produções industriais,
    altas taxas de desemprego, pouco investimento em infraestrutura e cooperando
    muito pouco entre si. A diretora oferece uma política: fazer os ajustes fiscais
    de forma lenta e moderada (para evitar a queda ainda mais abrupta da demanda!),
    melhorar os gastos, investindo em educação e infraestrutura, e buscar a
    cooperação. Vale a pena assistir a palestra de Largarde, dada aos alunos da
    Georgetown University : http://www.imf.org/external/mmedia/view.aspx?vid=3817919392001.

    Se o mundo continuar insistindo em “consolidar" suas dívidas
    públicas – que explodiram para salvar o setor bancário na Grande Recessão –
    todos os esforços para a recuperação da economia global serão jogados no lixo.
    Curiosamente, a Comissão Europeia acabou de convocar a França a apertar ainda
    mais os cintos, em um novo esforço para a consolidação de sua dívida
    pública.

    A projeção do FMI para o crescimento global, adiantada hoje por
    Olivier Blanchard, recuou, mais uma vez: de 3,4% em julho para 3,3%. Para 2015 a
    projeção caiu de 4% para 3,8%. A política responsável por isso foi a da
    austeridade na União Europeia. O efeito colateral da política de estímulo
    monetário dos EUA é o forte crescimento das dívidas dos países emergentes (as
    dívidas privadas!), caracterizando, como tenho dito, uma mega bolha de crédito.
    Assim, como disse Lagarde, ainda que exista um céu azul por trás, ele está
    encobertos por nuvens muito cinzentas. E o novo governo estreará 2015 com esses
    desafios.

    (1) Independentemente dos fatores que levaram à queda, se
    cíclicos, se estruturais, uma coisa fica clara: o consumo oscila menos que o
    investimento. Para um estudante de primeiro ano de Economia essa é uma afirmação
    trivial. No entanto, todo o “consenso”; sobre política econômica atual se baseia
    nos DSGE (Dynamic Stochastic General Equilibrium), que consideram o Consumo como
    a variável mais importante, seja do lado da demanda, como do lado da poupança. O
    Investimento sequer entra como fator relevante para a política. No entanto, eles
    ainda insistem em chamar esse ‘modelo' de keynesiano. Como já citei aqui, é como
    considerar o U2 um conjunto de Funk.

    (por André Teixeira)

  9. Os rentistas……

    LC e Lucinei, com cordialidade, deram uma aula de proposições, e embora bem intecionados, não chegaram a meu ver a nehuma conclusão, infelizmente. O artigo do Delfim, também faz avaliações, e embora tenha sido, no passado, Ministro da Fazenda, sabe de antemão como funciona o mercado, as pressões que se fazem, e a dificuldade de se implantar as reformas necessárias para a estabilidade economica e politica em nosso país, de dimensões gigantescas, tanto territorial quanto de demandas  sociais!

    As demandas sociais, se atendidas, realmente geram  custos, os quais devem ser bancados, dentro de limites, pelos que produzem, tanto trabalhadores como donos de capital.

    O grande nó, a meu ver, é que os capitalistas transformaram-se em rentistas, que ao invés de aplicarem o capital na produção, acham mais lucrativo o merfcado financeiro, daí a pressão para que não se mexa nas taxas de juros, ao contrário, os deixem livres para transfer seus lucros, desonerados, ao exterior.

    Mudar isto, é complicado, tendo em vista sermos um país que não tem poupança interna e necessitar do capital para investimentos.

    Assim meus caros, acredito que no início do segundo governo Dilma, que faço votos vença, a equipe nomeada para a pasta da Fazenda e do comando do Banco Central, sejam técnicas e faça realmente o que é preciso fazer, para controlar as contas, e voltarmos a crescer e gerar empregos, como de fato foi o governo do PT.

    Sabemos que não há almoço de graça, mas devemos evitar o que acontece nos EUA e na UE, onde se previlegia o mercado em detrimento das populações, como a dizer, – “Somos capitalistas no lucro, mas socialistas no prejuízo”! 

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